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Quadro Conceptual
Sector Informal em Moçambique
1
Economia de Moçambique
Andes Chivangue, Ph.D.
chivangue@gmail.com
1. Emergência e natureza do informal
2
Próximo da linha de raciocínio anterior está Byiers (2009) quando indica que a
predominância das microempresas informais nas economias dos países em
desenvolvimento constitui um sintoma de aspectos tais como altos custos de
transacção, altos níveis de risco das firmas, fraca base fiscal, pobres fluxos de
informação, altas e complexas barreiras regulatórias e existência de oficiais
governamentais corruptos.
1. Emergência e natureza do informal (Cont.)
5 A pressão exercida pela força de trabalho excedentária na procura de emprego,
quando este em termos de sector moderno é escasso, constitui a hipótese
explicativa de Tokman (2007). Este autor argumenta que o resultado acaba por ser
uma busca de soluções de baixa produtividade e rendimento através da
produção e venda de qualquer coisa que permita aos desempregados
sobreviverem. Acrescenta ser a lógica de sobrevivência o principal factor que leva
ao desenvolvimento de actividades informais.
Esta acepção não é nova, pois autores como Nyssens e Linder (2000,178) já a
colocaram anteriormente como se pode ver no excerto seguinte: “os segmentos
que compõem a economia informal são altamente diferenciados, indo desde
actividades orientadas para a sobrevivência até as que testemunham substancial
crescimento.”
1. Emergência e natureza do informal (Cont.)
6
Uma explicação alternativa é fornecida por Hart (1973) quando sugere que a
causa do sector informal está intimamente ligada aos baixos salários auferidos no
sector formal, o que obriga os agentes a procurarem alternativas de acréscimo de
rendimento. Esta constatação também é limitada, pois alguns segmentos da
economia informal só se espelham parcialmente nela, sendo o mukhero um dos
casos. A maioria dos mukheristas tem esta actividade como única alternativa de
auto-emprego, não possuindo outra forma de obtenção de rendimento.
O primeiro inquérito realizado pelo INE em 2005 aponta que 75% da população
economicamente activa em Moçambique tem emprego informal (INE 2006).
Esta avaliação fica aquém das projecções efectuadas na monografia de Francisco e Paulo
(2005) que fala de 90%.
Os valores avançados por Scheider situam o contributo da economia informal no PIB na ordem
dos 42.4%. E acrescenta que as estimativas das autoridades relativamente à força de trabalho
urbana que opera no informal são de 68%.
2. Reflexões em torno do informal em Moçambique
8
(Cont.)
O Economia Centralmente
Planificada como marco do
surgimento do sector informal
em Moçambique (Baptista-
Lundin (2003, 2011, Francisco e
Paulo 2006) [altamente
reprimido pelo Estado Socialista,
vulgarmente conhecido por
candonga, e que resultava da
fuga de produtos do mercado
formal para o sector informal ].
2. Reflexões em torno do informal em Moçambique
9
(Cont.)
Com a liberalização da economia, através da introdução dos programas de Estabilização e
Ajustamento sob a égide do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BM), a
economia informal alargou-se passando a ganhar cada vez maior importância como opção
de busca de rendimento adicional, emprego ou mesmo estratégia de sobrevivência. Aliás,
estas medidas do “Consenso de Washington” previam que a liberalização permitiria a
transformação dos operadores informais em pequenos e médios empresários, entretanto
estas previsões não se concretizaram.
Francisco e Paulo (2006,39) argumentam que “o que o PRE fez foi converter parte da
economia nacional reprimida em economia informal consentida.”
Na presente reflexão o termo informal prende-se com a ausência de registo da actividade junto das
autoridades formais competentes e ao processo de passagem pela fronteira, em muitos casos,
caracterizada por procedimentos semilegais ou mesmo ilegais.
4. Lógicas e Práticas dos mukheristas
12
Lógicas
Práticas
13
INQUIRIDOS
Género Masculino 128 42,5%
Feminino 173 57,5%
Estado civil Casado (a)/ vivendo 180 59,8%
maritalmente
Solteiro 121 40,2%
Qualificações académicas Ensino primário (1-7 classes) 160 53,1%
Ensino Básico (8-10 classes) 99 32,9%
Ensino Secundário (11-12 classes) 39 13,0%
Ensino superior 3 1,0%
Situação profissional Sem emprego formal 294 97,7%
Com emprego formal 7 2,3%
Agregado 1 a 5 pessoas 166 55,1%
familiar 5 a 10 pessoas 119 39,5%
Mais de 10 pessoas 16 5,3%
Dependente universitário Não 261 86,7%
Sim 40 13,3%
Motivos para a prática do Desemprego 236 73,4%
mukhero Deseja aumentar o rendimento 13 4,3%
Falta de instrução 39 13,0%
Pressão social envolvente 22 7,3%
Influência de familiares e amigos 6 2,0%
Tipo de actividade que Funcionário do Estado 17 5,6%
exercia antes Trabalhador numa empresa 44 14,6%
privada
Pequeno empresário formal 10 3,3%
Estudava 42 14,0%
Não fazia nada 50 16,6%
Outras actividades 138 45,8%
Passagem pela fronteira Ilegal 137 45,5%
Legal 164 54,5%
Se o mukhero não Outras actividades do informal 198 65,8%
existisse optaria por Actividades do formal 82 27,2%
Actividades ilícitas 2 0,7%
Ociosidade 19 6,3%
Factores que influenciaram para Religião 21 7,0%
a prática do mukhero Honestidade 79 26,2%
Percepção de que a criminalidade não 87 28,9%
compensa
14 Receio de represálias sociais 9 3,0%
Consciência individual (valores éticos 105 34,9%
e morais)
Transparência na Função Pública Não 234 77,7%
(FP) Sim 67 22,3%
Critérios de selecção na FP Mérito 65 21,6%
Laços de familiaridade 236 78,4%
Se tivesse oportunidade de Sim, meu rendimento seria maior. 46 15,3%
trabalhar na função pública Sim, estaria protegido pela lei. 169 56,1%
aceitaria? Sim, trabalharia em condições de 13 4,3%
higiene.
Não, meu rendimento seria menor 41 13,6%
Não, no informal estou liberto da 3 1,0%
burocracia
Não, no informal sou patrão de mim 29 9,6%
mesmo
Fontes de financiamento Xitique 108 35,9%
Empréstimo recebido de familiares 94 31,9%
ou amigos
Financiamento através duma 55 18,3%
instituição de crédito
Poupanças pessoais 44 14,6%
Tipos de produtos importados da Produtos frescos 150 49,8%
RAS Diversos 29 9,6%
Loiça 3 1,0%
Produtos de beleza 1 0,3%
Roupa 60 19,9%
Bebidas 58 19,3%
Acha que o mukhero reduz a Não 28 9,3%
pobreza? Sim 273 90,7%
15 O que faz com o seu rendimento? Reinveste na minha actividade 17 5,6%
Guarda no banco 28 9,3%
Compra bens de luxo 2 0,7%
Despesas caseiras 254 84,4%
Acha que políticas públicas Não 217 72,1%
acomodam o mukhero? Sim 84 27,9%
Acha que está a ficar rico com o Não 137 45,5%
mukhero Sim 164 54,4%
Qual é a classificação que atribui às Muito boa 6 2,0%
associações Boa 94 31,2%
Razoável 146 48,5%
Má 46 15,3%
Muito má 9 3,0%
Quantas vezes recorreu à associação Nunca 176 58,5%
Uma vez 59 19,6%
2 a 5 vezes 57 18,9%
6 a 10 vezes 3 1,0%
Mais de 10 vez 6 2,0%
Acha que as associações estão Não 114 37,9%
partidarizadas Sim 187 62,1%
Regressões: Percepções de redução de pobreza e criação de
16 riqueza (correlacionados)
VARIÁVEIS PERCEPÇÃO DE POBREZA PERCEPÇÃO DE RIQUEZA
Constante -1.0005 -1.4315
(-1.00) (-2.06)**
0.0008 0.0005
Rendimento (2.04)** (2.11)**
Athro 0.2568
(1.68)
Rho
0.251
Wald test of rho=0: 2.6197
(0.1055)
Regressões: Percepções de redução da pobreza e criação de riqueza
(não correlacionados)
17
VARI ÁVEI S PERCEPÇÃO DE PERCEPÇÃO DE
POBREZA RI QUEZA
Consta nte -1 .0 0 0 5 -1 .4 3 1 5
(-1 .0 2 ) (-2 .0 7 )* *
Re ndime nto 0 .0 0 0 8 0 .0 0 0 5
(1 .9 9 )* * (2 .0 9 )* *
Agr e ga do -0 .1 3 1 7 -0 .5 3 0 8
(-2 .8 5 )* * (-1 .7 1 )
Se m e mpr e go no se ctor 2 .0 3 9 6 0 .4 4 7 5
f or ma l (2 .1 7 )* * (0 .6 9 )
Consciê ncia individua l 0 .5 3 1 1 0 .6 1 7 1
(1 .9 3 ) (3 .4 2 )*
Re pr e sá lia s socia is 5 .8 4 3 3 1 .3 8 8 8
(0 .0 0 ) (1 .8 8 )
Re cur so a a ssocia çã o: uma 5 .8 1 4 9 0 .7 4 6 1
ve z (0 .0 0 ) (3 .1 9 )*
Pr e ssã o socia l 0 .7 3 2 6 0 .5 0 8 1
(0 .1 6 ) (1 .7 2 )
Pr odutos f r e scos 0 .3 5 7 2 1 .0 2 1 1
(1 .2 2 ) (4 .9 5 )*
Be bida s 0 .1 8 7 3 0 .5 9 4 9
(0 .5 5 ) (2 .3 7 )* *
Fr e quê ncia com que le va nta -0 .9 3 1 2 -1 .6 3 1 7
pr odutos na Áf r ica do Sul: 3 (-1 .6 1 ) (-2 .9 1 )* *
ve z e s por se ma na
Athr ho 0 .2 5 6 8
(1 .5 9 )
Rho .2 5 1 3 0 8 2 .1 5 08 65 7 -.0 5 8 7 4 8 4 .5 1 7 1 44 3