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Economia de Moçambique Depois da Independência

ECONOMIA SOCIALISTA EM MOÇAMBIQUE

Crise e Desagregação da Economia colonial em Moçambique (1974-1976).


Ilustre estudante,
Como já foi afirmado, Moçambique ficou independente em 1975. O ano de 1973 é
considerado como sendo o melhor ano económico de Moçambique colonial. Mas
com o advento da independência esse progresso foi interrompido e essa interrupção
inicia já em 1974 face a crise de desagregação do próprio sistema colonial. Assim
entre 1974 e 1976 temos a chamada economia de transição. Está a transitar-se de um
modelo para o outro sem que haja alguma definição dos mecanismos de
funcionamento e estruturação da economia.
Essa economia de transição foi caracterizada por uma crise que se manifestou
através dos seguintes aspectos: Saída do país da grande maioria dos empresários e
da mão-de-obra qualificada; queda da produção bruta da indústria transformadora;
queda da carga bruta manuseada nos portos; retracção de investimento aferida pela
diminuição do ritmo da criação de novas empresas; Abandono e destruição das
propriedades agro-pecuárias por parte dos colonos; queda do abastecimento de
alimentos aos centros urbanos e da produção de exportações (chá, algodão); queda
da produção do sector familiar para o mercado; aumento de desemprego; imigração
urbana e; rotura do fluxo migratório para as minas da África do Sul.
A queda da produção do sector familiar para o mercado foi devida aos seguintes
factores: desagregação da rede de comercialização e transporte rural; rotura dos
mecanismos de compulsão ao trabalho e á produção de certas cultura e; a queda de
rendimentos sazonais originada pelo aumento do desemprego rural.
Para conter a crise, o Estado moçambicano teve que tomar uma série de medidas
económicas tais como a manter em financiamento corrente as actividades das
empresas mesmo a descoberto, nomear as comissões administrativas para as
empresas abandonadas, Impedimento do despedimentos = conter problemas sociais,
nacionalizar os prédios de rendimento, transformar as cantinas abandonadas na zonas
rurais em lojas do povo.
Estas medidas foram desenvolvidas e continuadas ao longo do sistema económico
socialista oficializado em 1977 após o III Congresso da FRELIMO e que vamos
analisar o seu formato, organização, funcionamento, desempenho e colapso. Mas
iniciemos com os seus pressupostos teóricos.

1.1. Os pressupostos teóricos do sistema económico socialista.


O mundo e as sociedades humanas conheceram vários sistemas económicos. Os
mais antigos são o esclavagismo e o feudalismo. Os mais recentes e contemporâneos
são o socialismo e o capitalismo. O socialismo é um sistema antagónico ao
capitalismo e a sua teorização surge relativamente mais tarde com Karl Max. A
sua primeira implementação prática foi na actual Rússia após a chamada revolução
de Outubro liderada por Vladmir Lenine. Mais tarde foi implementado em todos os
países da Europa do Leste que estiveram sob a influência russa no pós II Guerra
Mundial. Expandiu-se pelo mundo principalmente entre os países latino-
americanos, asiáticos e africanos cujos povos tiveram que enveredar por uma luta
aramada contra a colonização estrangeira ou contra a repressão de ditadores locais
apoiados pelos países socialistas com destaque para a própria Rússia. Era assim
visto como um sistema que podia acabar com a exploração, desigualdade e injustiça
social.
As características principais do sistema económico são as seguintes: o governo toma
todas as decisões importantes acerca da produção e da repartição; o governo mantém
a posse da maior parte dos meios de produção (terra e capital); o Estado possui e
dirige a actividade das empresas na maior parte dos ramos de actividade; o Estado é
empregador da maioria dos trabalhadores e quem dirige a sua actividade; o Estado
decide como a produção da sociedade deve ser dividida pelos diversos bens e
serviços.
Note no entanto, é preciso notar que no mundo não há sistemas económicos puros.
Dentro do sistema socialista predominante podemos encontrar elementos do
capitalismo, como por exemplo empresas privadas. De igual forma podemos
encontrar elementos do socialismo num sistema capitalista, como por exemplo
empresas sob gestão e controlo do Estado. Assim o que podemos dizer é que se não
há sistemas económicos puros só podemos encontrar sistemas mistos.
1.1. A economia socialista em Moçambique e o Plano Estatal Central
(PEC)
O sistema económico socialistas é também denominado de Economia de Direcção
Central ou Economia Centralmente Planificada.
Em Moçambique o modelo foi adoptado oficialmente em 1977, após o III Congresso
da FRELIMO como partido único que acabava de libertar o país da colonização
portuguesa.
A economia passou a funcionar na base do Plano Económico Central (PEC) que era
feito anualmente.

A planificação central caracterizava pela existência de 2 escalões com 2 níveis de


organização económica.
O primeiro escalão era o escalão central ao nível da comissão nacional do plano
(CNP) e as estruturas de planificação dos órgãos do governo central. O segundo
escalão era dos níveis correspondentes às comissões províncias e distritais de
planificação.
O PEC definia 4 tipos de objectivos: os objectivos gerais da actividade económica e
social bem como as proporções e ritmos de crescimento das principais grandezas
macroeconómicas com destaque para o produto social global (PSG), o PIB na
economia capitalista. Objectivos e metas específicas para os ramos da indústria,
agricultura, construção, transportes, comércio (abastecimento do povo),
comercialização agrária e sector externo; objectivos para a balança de pagamentos
e por fim os objectivos e metas específicas para os sectores não económicos,
nomeadamente a habitação, saúde e educação.

1.1. As bases do modelo da política económica do socialismo em


Moçambique
As bases do modelo da economia socialista em Moçambique podem ser analisadas
na lógica de Mosca (2005) que usa como base da análise os mecanismos definidos
para se alcançar resultados positivos em certos indicadores macroeconómicos como
é o caso do crescimento económico, a acumulação da riqueza, a oferta monetária, o
investimento público e a forma de gestão do sector externo da economia. Assim,
para o indicador crescimento económico tinha como base o sector estatal e
cooperativo e tinha que assentar em elevados níveis de investimento, sacrifício do

consumo privado, modernização (capital intensivo) para elevar a produtividade.


Acumulação assentava no Estado para garantir o investimento público, prática de
salários baixos, controlo administrativo dos preços de bens e serviços, política fiscal
para garantir o controlo de baixo consumo e procura agregada.
Ao nível da acumulação planificou-se que a mesma devia realizar-se principalmente
no sector externo através da gestão das taxas de câmbio de forma a reter no Estado o
excedente das exportações, os diferenciais entre os preços dos mercados
internacionais e os mercados internos.
No respeitante a oferta monetária que era usada como instrumento para cobrir as
necessidades de pagamento dos fluxos de bens e serviços, o volume da moeda
dependia do nível dos preços que também dependiam das relações comerciais da
economia. A gestão da taxa de juro era secundarizada porque a banca pública cobria
os pagamentos do sector estatal com taxas de juros controladas e a política creditícia
era muito restrita para o financiamento do sector privado, agentes económicos de
pequena escala e da economia informal.
Numa primeira fase o investimento público foi concentrado no sector da agricultura
que era considerado a base do desenvolvimento e na segunda fase na indústria
considerado factor dinamizador rumo a independência económica.
O sector externo era gerido com base na cooperação com os países socialistas

através do planeamento a longo prazo, taxas de juro baixas, linhas de crédito


vantajosas, benefício do controlo de inflação nos países de origem das principais
importações de equipamento.
Para a aplicação do modelo era necessário utilizar certos instrumentos de gestão
macroeconómica que Mosca (2005) afirma como sendo, o Plano, o controlo
administrativo de preços; salários; taxas de câmbios e; taxas de juro, a Oferta
Monetária.
O Plano fazia a previsão das metas de produção, insumos, mão-de-obra necessária,
recursos financeiros e de investimento, necessidades de importação e definia a
distribuição da produção final.

1.1. O Plano Prospectivo Indicativo


O sistema socialista em Moçambique teve a especificidade de ser definido e
implementado num contexto de guerra de desestabilização rodesiana e sul-africana
cujos regimes viam no socialismo em Moçambique como sendo uma ameaça. Com
a independência do Zimbabwé (antiga Rodésia) em 1980, Moçambique redefiniu a
sua estratégia socialista rumo ao desenvolvimento. Assim, em 1980 foi elaborado o
Plano Prospectivo Indicativo (PPI) que pode ser definido como sendo um grandioso
programa de luta contra o sub-desenvolvimento. Os objectivos do PPI eram os
seguintes: acabar com o subdesenvolvimento em 10 anos (1980/1990), criar uma
indústria pesada e o fortalecimento da indústria ligada a agricultura, socialização do
campo através de: aldeias comunais/Predomínio das formas cooperativas e estatais
de produção, alfabetização, escolarização e formação de quadros especializados.
O PPI foi mais tarde criticado pela sua insustentabilidade. A insustentabilidade
tinha a ver com escassez de recursos externos, cooperação limitada por parte dos
países socialistas que apoiavam Moçambique, a guerra movida pela RENAMO que
destruía quase tudo e os custos da dívida externa considerados como sendo a
restrição fundamental do Plano.

1.2. Análise Sectorial da Economia Socialista em Moçambique.

1.2.1. Comércio Externo.


O sector externo foi sempre importante na economia de Moçambique considerando
os seguintes aspectos, défice crónico da Balança Comercia, taxa de cobertura das
importações pelas exportações muito baixa, aumento do peso dos donativos,
balança de serviços negativa a partir dos anos `80 como consequência da saída dos
mineiros moçambicanos da África do Sul, redução do tráfego de mercadorias dos
países da região para os portos e caminhos-de-ferro com destaque para o tráfego
sul-africano e zimbabweano e, o crescimento da dívida externa. A tabela abaixo
mostra a evolução negativa da balança de pagamentos de Moçambique entre 1980 e
1986.
Tabela 2.1. Balança de Pagamentos (contos 106)

1976 1978 1980 1982 1984 1986


Balança Comercial Total -5.7 11.9 -16.8 -22.9 -18.8 -18.7
(BCT)
Exportações 5 5.3 9.1 8.7 4.1 3.2
Importações 10.7 17.2 25.9 31.6 22.9 21.9

Taxa de Cobertura 46.7 30.8 35.1 27.5 17.9 14.7


BCT/PIB (%)
Donativos Nd 1.8 3 7.1 8.6
Donativos: % PIB 4 2.3 3.2 6.5 5.4
Balança de captais -3.2 11.8 14.9 -3.1 -3.5.
Balança Global -1.1 -5,4 -15.2 -21.9

Fonte: Mosca (2005)


A tabela mostra que a balança comercial evolui de uma situação negativa de -5.7
milhões de contos em 1875 para -18.7 milhões de contos em 1986 com a taxa de
cobertura das importações a reduzir de46.7 milhões de contos em 1975 para 14.7
milhões de contos em 1986. A balança de serviços evolui de 1.8 milhões de contos em
1975 para -5.3 milhões de contos em 1986 e a balança global evolui de -1.1 milhões de
contos em 1978 para -21.9 milhões em 1986. Em contrapartida a dependência do país
em relação aos donativos foi crescendo de 1.8 milhões de contos em 1980 para 8.6
milhões de contos em 1986.

1.1.1. Agricultura
2. Foi na agricultura e sobretudo nas empesas estatais onde se concentram
elevados volumes de investimento público. Mas ao longo de todo o período
agricultura decresceu. As razões têm a ver com efeitos directos mais violentos e
com maiores consequências sobre a economia nas zonas rurais bem como erros
importantes na política económica para a agricultura com efeitos sobre a
produção.
3.
4. 2.6.3. Indústria
5. Na indústria transformadora a política industrial assentava num elevado
proteccionismo através da proibição de importação de bens concorrentes com a
produção nacional e proibição de exportação de matérias-primas antes de
abastecimento das fábricas. A prática de salários baixos e preços controlados
eram os mecanismos que permitiam o funcionamento das indústrias estatais
independentemente da rentabilidade financeira e económica das empresas
estatais.
6. A política proteccionista teve algumas implicações negativas no sector
agrícola. Os preços internos de bens agrícolas ficaram mais elevados. Os
materiais agrícolas passaram a ser de qualidade e a durabilidade inferiores.
Durante a economia de transição a indústria transformadora passou por uma
situação difícil. O abandono dos respectivos proprietários, a descapitalização, a
exportação ilegal de equipamento e de capitais e o cancelamento de requisição de
matérias-primas e peças sobressalentes são os factores que estiveram na origem da
crise. A implementação da economia socialista não conseguiu dissipar as
dificuldades. Por detrás dessas dificuldades houve vários factores nomeadamente, a
ruptura de fornecimento de matérias-primas e peças sobressalente, gestão deficiente
por falta de gestores e técnicos, sobreposição de funções e conflitos entre as
comissões administrativas, Grupos Dinamizadores (GD) e concelhos de produção,
gestão centralizada em órgãos não empresariais, défice de autonomia empresarial,
baixa produtividade e sobre-emprego em consequências da orientações no sentido
de se realizar esforços para manter os empregos, paralisações constantes e
prolongadas devido a cortes de energia por sabotagem das linhas de alta tensão,
ataques e sabotagens armadas nas indústrias localizadas no meio rural (açúcar/
algodão/ chá/copra) e, o estrangulamento das fábricas rurais devido à
impossibilidade de escoamento da produção como consequência dos ataques
armados nas estradas e vias férreas.
Como consequência dessas dificuldades a produção industrial reduziu
significativamente. Contam-se como principais determinantes da redução os
seguintes factores: a baixa da produção agrícola local e consequente redução do
abastecimento às fábricas em matérias-primas, a redução da importação de
matérias-primas e de peças sobressalentes por escassez de divisas. A guerra e crise
económica serviram como factores que acentuaram a redução da produção
industrial associada com as matérias-primas nacionais a partir dos meados dos anos
de 1980.
As principais quedas produtivas verificaram-se nas indústrias associadas com a
produção agrícola (maioritariamente de exportação) como consequência das baixas
de produção de matérias-primas.
No entanto, certos sectores da indústria transformadora tiveram um
comportamento positivo, nomeadamente as indústrias dependentes de matérias
primas com grande contributo da ajuda externa ( farinhas alimentares devido aos
donativos de trigo) e as indústrias cujas necessidades de matérias-primas
dependiam pouco da produção nacional, como era o caso da indústria têxtil.
A indústria extractiva tinha pouca importância. As principais extracções mineiras
eram o carvão em Moatize e pedras preciosas na Zambézia. Os níveis de extracção
baixaram entre 1976 e 1986. As causas da redução da extracção mineira têm a ver
com os ataques armados directos às unidades de produção, estradas e linhas férreas
para o escoamento da produção e rapto de técnicos estrangeiros.

2.6.4. Pesca
A industria pesqueira cresceu de forma consistente. Mas a pesca industrial no alto
mar foi sempre feita por embarcações russas espanhóis e japonesas com base em
acordos de cooperação. Mas o país nunca teve capacidade de fiscalizar as
quantidades pescadas e exportadas no alto mar, segundo Mosca (2005).

2.6.5. Transportes
A área dos portos e caminhos-de-ferro enfrentou várias dificuldades devido a
factores externos e internos.
Os factores externos estavam associados a mudanças no pós-independência com
que efeitos na eficiência e eficácia, investimento para a modernização dos portos e
vias que não acompanharam a evolução do sector ao nível internacional e regional,
perda da competitividade regional devido a falta de electrificação das vias e
contentorização do transporte marítimo, ataques e sabotagens armadas.
Os factores externos estão associados a políticas comerciais da África do Sul
destinadas a desviar o tráfego regional dos portos moçambicanos para os sul-
africanos, nomeadamente a política de subsídios e tarifas, rompimento unilateral de
acordos com a empresa Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique, investimentos
elevados na modernização do transporte de carga (contentorização) e formação de
monopólios de agências de navegação com contractos com os principais produtores
e exportadores da região austral.
O transporte ferroviário e rodoviário de passageiros inicialmente conheceu um
positivo, mas depois decaiu. Os factores por detrás desse aumento inicial foram o
aumento do poder aquisitivo devido ao aumento de salários no período de
transição, a manutenção das tarifas e os fenómenos migratórios no pós-
independência.
2.6.6. Turismo
O sector de turismo entrou em declínio imediatamente após a independência. Os
factores desse declínio estão associados a paralisação da caça nas coutadas e
fazendas de bravio devido a guerra, estagnação do turismo da praia praticada pelos
rodesianos e sul-africanos face a evolução da política regional, abandono dos
operadores turísticos no país, abandono e destruição pela guerra das infra-estruturas
operacionais do turismo, nacionalização das casas das praias e a sua entrega as
populações.

6.1. Avaliação Geral da Economia Centralmente Planificada em


Moçambique.
A economia não sofreu transformações. A dependência económica aumentou e na
maioria dos casos os indicadores económicos e produtivos não chegaram a
alcançaram os valores de 1972/1973. Entre 1977 e 1981 há alguns aspectos positivos
em alguns indicadores macroeconómicos: o nível de crescimento atingiu cerca de
5%, a taxa de inflação do mercado oficial a rondar entre 1% a 2%, as contas
públicas mantiveram-se equilibradas, o consumo privado contrariamente ao
consumo público aumentou, as exportações cresceram e a produção aumentou em
todos os sectores.

A recuperação económica registada entre 1977 e 1982/1983 sofreu um forte revés


exactamente a partir de 1983 face aos seguintes factores: intensificação da guerra pela

RENAMO, as contradições do próprio modelo de desenvolvimento socialista face a


falta de adaptação das opções económicas e sociais às realidades do pais, a
intensificação do conflito regional no quadro da guerra fria, maior importância
atribuída à agricultura, prioridade aos serviços sociais e beneficio aos cidadãos.

Leituras Obrigatórias

Cardoso, F. (1993). Gestão e Desenvolvimento Rural:


Moçambique no Contexto da África Sub-sahariana,
Lisboa: Novo Século, pp: 131-163.

Francisco, A. (2002). “Evolução da Economia de


Moçambique da Colónia à Transição para a Economia do
Mercado.” In: Rolim, C. (2002). Economia Moçambicana
Contemporânea, Maputo: Ministério do Plano e Finanças,
pp: 31-35.

FRELIMO (Vários anos). Directivas Económicas e Socais.


Maputo: FRELIMO.

Mosca, J. (2005). Economia de Moçambique, Lisboa:


Piaget, pp: 131 -308.

Nhabinde, S. (1997). Desestabilização e Guerra


Económica no Sistema Ferro-Portuário de Moçambique.
Maputo: Livraria universitária: 213P.

Nhabinde, S. (2000). “Desarticulação das Economias


Coloniais em África: O Caso de Moçambique. In: Ferreira,
I. (2000) Revista África Debate no 2 pp: 90- 104

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