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Abertura econômica brasileira e o

mercado de trabalho no espírito santo


Mauricio de Souza Sabadini1

RESUMO:
O objetivo deste artigo é o de mostrar as transformações na estrutura do mercado de
trabalho no Espírito Santo, nos anos 80 e 90, observando a evolução de seu grau de
informalidade bem como caracterizando o principal núcleo das atividades informais, os
trabalhadores por conta própria. Acreditamos que tais trabalhadores são funcionais à
lógica de reprodução do capital e que, na década de 90, aumentaram sua participação no
total dos ocupados em função, principalmente, das políticas de liberalização econômica
adotadas no Brasil. Essas políticas retiraram o papel intervencionista do Estado,
intensificando a desestruturação do mercado de trabalho no Espírito Santo. Indicamos
também que os conta própria possuíam baixa remuneração, além de não possuírem
nenhuma proteção social. Esses fatores caracterizam uma situação de precarização do
trabalho no Espírito Santo.

Palavras-chave:
Liberalismo econômico, mercado de trabalho, informalidade, precarização

Introdução
As transformações recentes no capitalismo contemporâneo alteraram
profundamente o mundo do trabalho e suas formas de organizar a produção. A lógica
capitalista, voltada para a produção de lucro e para a valorização do capital, promoveu
intensas modificações nas relações de trabalho através da reestruturação dos processos
produtivos, desregulamentação e maior flexibilização do mercado de trabalho.
Uma das constatações observadas no mundo do trabalho contemporâneo é o
crescimento do desemprego e da informalidade. Dados da Organização Internacional do
Trabalho (OIT, 2003) indicam que, na América Latina, 19 milhões de trabalhadores
estavam desempregados, em 2003, e que o desemprego urbano totalizou 10,7% da
população economicamente ativa. Tal situação sinaliza para um mercado de trabalho
estagnado. De cada dez latino-americanos, quatro têm renda insuficiente para satisfazer
suas necessidades essenciais e, depois de 1990, de cada dez empregos criados sete são
informais.
No Brasil, o crescimento da informalidade também pôde ser constatado. O grau de
informalidade que era de 36,6%, em 1986, aumentou para 37,6%, em 1990, 46,1%, em

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Professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

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1995, e 50,8% em 2000, segundo dados da PME/IBGE2. A reduzida capacidade de
criação de novos investimentos e, portanto, de novos empregos nos anos 90, nos indica
que o “(...) o setor informal tem servido como um amortecedor contra o impacto da
reestruturação, ocupando 60% da população trabalhadora” (Posthuma, 1999:16-17). Há
que se destacar também, o deslocamento do peso econômico da indústria para os
setores de comércio e serviços que alterou a estrutura produtiva brasileira e,
conseqüentemente, a demanda por força de trabalho.
Apesar desse crescimento significativo nos anos 90, a existência dos trabalhadores
exercendo atividades informais é antiga, sendo identificada ainda nos primórdios da
Revolução Industrial. Marx (1984) já indicava, em fins do século XIX, que a acumulação
capitalista produz uma população trabalhadora relativamente supérflua ou subsidiária e
que o número de trabalhadores ocupados está fortemente ligado às flutuações e à
produção transitória da superpopulação, que assume a forma de expulsão dos
trabalhadores ocupados ou, de maneira menos visível, de absorção dificultada da
população trabalhadora adicional.
Marx indica que a superpopulação relativa ou excedente está dividida em três
partes: a líquida (fluente), latente e estagnada. A superpopulação excedente líquida é
formada pelos trabalhadores que são admitidos, mesmo que em proporção decrescente
em relação à escala de produção, e expulsos da indústria moderna. A reserva móvel se
definirá pelo fato de que só um número muito reduzido de trabalhadores acabará ficando
empregado no mesmo ramo de atividade, enquanto a maioria será demitida.
A superpopulação latente é formada pelos trabalhadores do campo que,
subordinados à produção industrial, se transferem para as cidades engrossando as fileiras
do pauperismo. A terceira forma, a estagnada, é a mais importante para os nossos
propósitos. Constitui-se, segundo Marx (1984:208), em
“parte do exército ativo de trabalhadores, mas com ocupação completamente irregular. Ela
proporciona ao capital, um reservatório inesgotável de força de trabalho disponível. Sua
condição de vida cai abaixo do nível normal médio da classe trabalhadora, e exatamente
isso faz dela uma base ampla para certos ramos de exploração do capital. (...) Ela absorve
continuamente os redundantes da grande indústria e da agricultura e também de ramos
industriais decadentes (...) constitui ao mesmo tempo um elemento auto-reprodutor e auto-
perpetuador da classe operária (...)”.
Assim, o ‘emprego informal’ de hoje é o equivalente à superpopulação excedente
estagnada que Marx observava no século XIX. Essa superpopulação não deve ser

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Entendemos aqui por grau de informalidade, o somatório dos empregados sem carteira de trabalho e dos
conta própria dividido pelos total dos ocupados. Em 2002, esse grau foi, em média, de 50,1%. Fonte:
Sistema IBGE de Recuperação Automática - SIDRA.

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confundida com o exército industrial de reserva, pois os trabalhadores formavam um
exército industrial ativo, como o próprio Marx diz; portanto, desempenhavam algum tipo
de atividade, mesmo que uma atividade fora dos ‘padrões rotineiros’.
Por isso, acreditamos, assim como afirma Prandi (1978), que o ‘trabalho informal’ é
e, ao mesmo tempo, não é essencialmente capitalista. Não é capitalista porque está,
aparentemente, fora do circuito de reprodução formal do capital; mas, é capitalista, porque
não pode explicar-se senão como resultado da acumulação capitalista. Também devemos
levar em consideração que a própria sobrevivência de parte da população através do
auto-emprego permite uma redução no exército industrial de reserva, ao mesmo tempo
em que mantém um excedente populacional suficiente para manter o processo de
retração real dos salários e redução do desemprego aberto. Para nós, ele é, portanto,
funcional e necessário ao sistema capitalista.
Essas indicações sinalizam para um complexo relacionamento entre as diversas
funções desempenhadas pelos trabalhadores no mercado de trabalho. Lautier (1994)
sugere, por exemplo, que a visão ‘setorialista’, que divide o mercado de trabalho em
formal e informal, tem sérios problemas em suas análises. Um deles é a impossibilidade
de separar as atividades formais das informais e vice-versa, já que ambas fazem parte de
uma só estrutura; o outro é a heterogeneidade existente nas atividades consideradas
informais.
Todavia, o desenvolvimento das relações capital/trabalho e as diferentes formas de
regulamentação dessas relações impuseram uma noção de ‘emprego informal’. Essa
noção se define em oposição a uma formalização legal que, no Brasil, aparece sob a
forma de um registro na carteira de trabalho. Dessa maneira, os registros oficiais e os
dados das pesquisas são muito mais limitados para a apreensão dessa categoria de
trabalhadores. Entretanto, o estudo desses dados permite obter uma visão, certamente
parcial mas significativa, desse fenômeno crescente em todas as sociedades
contemporâneas e em particular, no Brasil. Por isso, neste trabalho, também utilizamos
esse conceito empírico, apesar de suas limitações.
De qualquer forma, o número de trabalhadores que desempenham alguma atividade
informal, definida em oposição ao formal, vem crescendo significativamente nos últimos
anos. Acreditamos, por hipótese, que esse crescimento é, também, conseqüência das
políticas neoliberais implantadas no Brasil, ao longo dos anos 90, que criaram um
mercado de trabalho onde prevalecem altas taxas de desemprego e baixa geração de
postos formais de trabalho.

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Como o Brasil é país um continental, as diversidades regionais aqui existentes
também sugerem que, nas suas diversas regiões administrativas, encontremos formas
diferentes de reprodução do capital e que essas formas configurem um mercado de
trabalho com particularidades e heterogeneidades. No interior dessa diversidade,
apresentaremos alguns condicionantes que influenciaram, nas últimas décadas, a
formação sócio-econômica do Estado do Espírito Santo, destacando as suas influências
sobre o mercado de trabalho local.
Nessa perspectiva, o objetivo deste artigo será o de mostrar as transformações na
estrutura do mercado de trabalho no Espírito Santo, nas décadas de 80 e 90, observando
a evolução da informalidade e dando destaque ao principal núcleo das atividades
informais, os trabalhadores por conta própria. Esse grupo de ocupação vem crescendo
significativamente nos últimos anos, sendo que os meios de comunicação de massa
sugerem que desempenhar uma atividade por conta própria representa, principalmente, a
independência financeira. Somado a isso, as mensagens veiculadas na mídia associam a
idéia de ‘ter o próprio negócio’ ao desejo da ‘vida sem patrão’, de ‘fazer o seu próprio
horário’, de ser ‘um empreendedor’; todas elas sugerindo, direta ou indiretamente, o
caminho para uma vida independente e feliz3.
Ao contrário dessa visão, procuraremos mostrar que as mudanças ocorridas no
mercado de trabalho capixaba, em especial o crescimento no número de trabalhadores
informais, são resultado de uma política econômica de liberalização adotada na economia
brasileira nos anos 90. Essa política provocou a estagnação econômica e, em função da
retirada do Estado de seu papel intervencionista, eliminou os instrumentos de política
industrial e regional que estruturaram a economia local nas décadas anteriores e que
promoveram o crescimento industrial e, consequentemente, a oferta de empregos na
economia local.
Nesse sentido, o crescimento da participação das atividades autônomas e/ou por
conta própria no total dos ocupados também deve ser compreendido como conseqüência
do desmantelamento das políticas regionais, na década de 90, em nome dos princípios do
livre-mercado.
Dividimos o artigo em três partes: na primeira, apresentaremos a metodologia de
tratamento dos dados; na segunda, o mercado de trabalho no Espírito Santo e suas

3
Podemos citar como exemplo desses slogans, a reportagem de capa da revista Veja (no 24, 20/06/01) que
se intitula ‘A vida sem patrão’. Nela, vimos, numa montagem, a imagem de um jovem executivo em cima de
uma carteira cheia de notas de R$ 50,00 com um largo sorriso e com os punhos cerrados e para o alto. A
expressão era de uma pessoa contente e vitoriosa.

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transformações; e na terceira, os ocupados por conta própria. Por último, algumas
considerações finais.

1- A metodologia de tratamento dos dados


As informações apresentadas neste artigo são oriundas dos microdados da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) e referem-se aos anos de 1986,
1990, 1995 e 1999. A opção por esses anos está relacionada, principalmente, a intenção
de observarmos como foram as transformações ocorridas na estrutura do trabalho no
estado do Espírito Santo, face as mudanças provocadas pela liberalização dos mercados.
Já a escolha das PNADs, deve-se ao fato de que ainda não existe uma pesquisa mensal
de emprego e desemprego no estado.
Escolhemos, aleatoriamente, um ano da década de 80, o de 1986, para servir de
referência inicial da série. A partir dele, observarmos a evolução das principais categorias
ocupacionais no Espírito Santo. Acreditamos que, a partir de 1989, o Brasil, mesmo que
tardiamente, adotou as diretrizes de uma política econômica liberalista que já vinham
sendo implantadas na América Latina. Tal política prevê, dentre outras, a abertura
comercial e financeira dos mercados e a flexibilização da legislação trabalhista4. Os anos
de 1995 e 1999 retratam os efeitos do Plano Real, implantado em 1994.
Algumas alterações foram necessárias para homogeneizarmos, entre os respectivos
anos, os microdados da PNAD. A partir da PNAD de 1992, o conceito de trabalho tornou-
se mais abrangente. Assim, foram captados grupos de pessoas envolvidas em atividades
econômicas que, anteriormente, não eram incluídas na população ocupada. Em função
dessas alterações, para tornar compatíveis os dados recentes com os anteriores aos de
1992 e, conseqüentemente, observar a evolução das categorias ocupacionais, foi
necessário restringir esse conceito. Com isso, foram retirados dos microdados da PNAD
os trabalhadores envolvidos em atividades na produção e/ou construção para o próprio
consumo e os trabalhadores envolvidos em atividades não remuneradas em pelo menos 1
hora na semana.
Na ocupação dos conta própria, categoria ocupacional que analisaremos, não
tivemos grandes problemas de compatibilidade metodológica entre os referidos anos
estudados. Entretanto, como antes de 1992 não existia o item trabalhador doméstico,
alguns ocupados hoje inclusos nesse item, antes poderiam estar inseridos nos conta
própria. Ou seja, a partir de 1992, determinados grupos de trabalhadores domésticos

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Uma análise da implantação das políticas neoliberais no Brasil pode ser observada em Sabadini (2001).

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passaram a não mais fazer parte do conta própria para assumirem uma categoria
ocupacional própria.
E, finalmente, como a PNAD é uma pesquisa por amostra, a estimativa da
população é realizada mediante a utilização de um peso calculado pelo próprio Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no censo populacional. Com o
objetivo de tornar o mais próximo possível da realidade, todas as estimativas foram
realizadas com base nos pesos mais atualizados fornecidos pelo IBGE no momento de
elaboração desse artigo, qual seja, o censo de 1991.

2- O mercado de trabalho no Espírito Santo e seus condicionantes regionais


Resumidamente, podemos afirmar que a ‘economia capixaba’ pode ser entendida
através de dois momentos principais: o primeiro, que marcou a ruptura de um modelo
agrário exportador (de 1955 a 1975), foi comandado pelo pequeno capital local que
encontrou condições favoráveis para sua ampliação, tanto do ponto de vista do mercado
consumidor quanto da disponibilidade de incentivos fiscais oferecidos pelo setor público.
Tinha como principais representantes os produtores de gêneros tradicionais nas
atividades da pecuária, extrativa vegetal e indústria de transformação.
Num segundo momento, a partir de 1975, a economia local ganhou novas
características representadas, principalmente, pela implantação do denominado ‘grande
capital’, de origem ‘nacional’ ou estrangeira, que se localizava nos gêneros produtivos
mais dinâmicos, como a metalurgia, a mecânica, a química, dentre outros. Os principais
representantes desse ‘grande capital’ são a Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) e a
Aracruz Celulose. A partir desse momento, também o setor agrícola passou por um
intenso processo de reestruturação, ganhando contornos capitalistas de assalariamento.
Tanto na primeira fase quanto na segunda, prevaleceu a orientação de uma política
nacional desenvolvimentista que tinha no Estado um agente ativo e eficaz. Naturalmente,
os espaços permitidos aos estados periféricos para se integrar à economia brasileira no
processo de industrialização, estavam diretamente atrelados e dependentes à economia
paulista que controlava a dinâmica das transformações capitalistas no Brasil.
Nesse sentido, a economia capixaba, na estrutura de concentração industrial, ficou,
em princípio, à margem da integração econômica nacional. Por isso, houve, no Espírito
Santo, uma integração tardia à economia brasileira e com certas particularidades,
principalmente no que se refere aos instrumentos de incentivos fiscais criados

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internamente para estimular a produção industrial e diminuir, consequentemente, a
dependência econômica da produção cafeeira5.
Nos anos 90, as mudanças na economia brasileira, advindas da implantação das
políticas neoliberais, retiraram do debate a necessidade de implantação de uma política
regional, privilegiando as discussões sobre a necessidade do controle inflacionário
através de políticas fiscais e monetárias de cunho contracionistas. Como conseqüência, o
livre-mercado passou a ocupar os espaços que antes eram ocupados pelo Estado na
elaboração de políticas de desconcentração industrial e regional.
A aplicação dessas políticas liberais de cunho ortodoxo provocaram baixas taxas de
crescimento econômico, de cerca de 2,2% a.a., em média, elevado endividamento interno
e externo e intensa vulnerabilidade externa da economia brasileira. O reflexo imediato no
mercado de trabalho foi a crescente desestruturação do mercado de trabalho brasileiro
representada, principalmente, pelo aumento significativo nas taxas de desemprego6 e
pelo crescente aumento na informalidade7.
No Espírito Santo, a década de 90 marca, como afirma Mota (2002), a falência do
sistema estadual de fomento, representado pelo sistema de incentivos do
BANDES/GERES, bem como reduz e/ou elimina a participação do Estado na elaboração
de uma política industrial local. A crise nas finanças locais e a apropriação do aparelho de
Estado por empresários ligados ao comércio exterior, fez com que as estratégias de
desenvolvimento local, baseadas na produção da riqueza industrial, desaparecessem da
agenda dos formuladores das políticas locais.
Apesar disso, alguns setores tradicionais, ao longo da década de 90, apresentaram
crescimento significativo, tanto em termos do volume da produção física quanto no
número de empregos gerados. Podemos exemplificar como mais importantes, os setores
de rochas ornamentais (mármore e granito), o de confecções e o moveleiro, alguns deles

5
A ‘economia capixaba’ sempre esteve baseada na monocultura exportadora de café. Somente a partir do
final dos anos 70 é que se iniciou o processo de industrialização. Nos anos 70 e até meados dos anos 80,
parte do crescimento industrial do estado foi devido ao sistema de incentivos do GERES/BANDES e aos
citados ‘grandes capitais’, como a implantação da Aracruz, em 1979, e da CST, em 1983. Para entender o
processo de transição da economia agrária exportadora para a industrial bem como a integração da
economia capixaba à nacional, consultar Morandi & Rocha (1991) e Mota (2002).
6
Pela metodologia do IBGE, a taxa de desemprego cresceu na virada dos anos 80 para os anos 90, saindo
de 3,3%, em 1989, para 4,3% em 1990. Daí em diante, principalmente a partir de 1995, as taxas médias de
desemprego foram de: 4,6%, em 1995, 7,6%, em 1998, 7,8% em 1999 e 7,1%, em 2000. Os indicadores do
DIEESE mostram a mesma escala ascendente, crescendo de 8,8%, em 1989, para 10%, em 1990, 13,2%,
em 1995, 18,3%, em 1998, 19,5%, em 1999, diminuindo para 17,6% em 2000.
7
Sobre o processo de desestruturação do mercado de trabalho brasileiro, ver Sabadini & Nakatani (2002).

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localizados no interior do estado e aglomerados em torno de um município central8.
Alguns trabalhos indicam que esses setores cresceram devido a presença de elementos
endógenos característicos dos chamados distritos industriais ou arranjos produtivos,
formando uma estrutura coletiva que propiciou o surgimento de vantagens comparativas
denominadas de eficiência coletiva. O exemplo mais representativo dessas aglomerações
locais é o do setor de rochas ornamentais (mármore e granito) no município de Cachoeiro
de Itapemirim (ES) que, em 2002, possuía 1.220 empresas gerando cerca de 20.000
empregos diretos.
Acreditamos, porém, que tais aglomerações, por mais que possuam certas
particularidades espaciais e microeconômicas, são extremamente dependentes de uma
macroeconomia mundial e local e se baseiam, muitas vezes, em vantagens competitivas
estáticas com condições de trabalho precárias, baixa remuneração, rigidez de produção,
elevada oferta de força de trabalho e abundância de matéria-prima. Por isso, como afirma
Benko (1996:61), é mais provável que “a autonomia dos pequenos empresários nos anos
1970-1980 não terá sido senão breve recreio em uma fase de readministração no seio da
tendência secular à concentração do capital”.
Assim, “o processo neoliberal de redução do Estado e a ausência de uma política
regional implicaram mudanças dos atores mais diretamente responsáveis pela dinâmica
da metrópole nos anos 1990. Se até a década de 1980 era a ação estatal (federal ou
estadual), por meio do sistema de incentivos, que conduzia o processo de transformações
da dinâmica da Região Metropolitana da Grande Vitoria (e do próprio estado), a década
de 1990, (...) foi marcada pela atuação dos grupos privados” (Mota, 2002:146).
Naturalmente, o mercado de trabalho local foi afetado pela forma de inserção da
economia capixaba à nacional e por essas transformações na estrutura de produção local,
a partir de sua industrialização. Segundo Morandi & Rocha (1991), o setor primário gerou,
na década de 1950, 33.721 mil empregos e, na década de 70, esse total diminui para
apenas 1.858 novas vagas. Por outro lado, o setor secundário criou apenas 4.454 novos
postos de trabalho, na década de 50, e 89.314 mil vagas na de 70; o setor terciário
também acompanhou a evolução do secundário, gerou 36.061 mil vagas, na década de
50, e 149.547 mil na de 70. A criação de poucas ocupações na agricultura e a
necessidade de captação de força de trabalho barata para a então nascente indústria

8
A indústria de madeira e móveis, por exemplo, localiza-se, principalmente, na região norte do estado, em
torno do município de Linhares. Em 1998, existiam cerca de 65 empresas gerando cerca de 1.786
empregos; já o setor de confecções tem dois núcleos principais: um no município de Vila Velha, com
aproximadamente 300 firmas, e outro no município de Colatina com cerca de 400 empresas.

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local fez com que boa parte da população do estado se concentrasse em torno do
principal eixo aglutinador do processo de industrialização, a região da Grande
Metropolitana da Grande Vitória9.
As pessoas que conseguiam uma ocupação na indústria local passaram a constituir
os bairros da periferia da Grande Vitória. Por outro lado, aqueles que não conseguiam
inserção no mercado de trabalho, engrossavam as fileiras do desemprego e/ou
desempenhavam funções próximas a informalidade.
Nos anos 80 e 90, o percentual de pessoas ocupadas com carteira de trabalho no
Espírito Santo, que representa o núcleo central dos trabalhadores formais, diminuiu
sensivelmente. Em 1986, 37,3% dos trabalhadores ocupados possuíam carteira de
trabalho, enquanto que em 1990, 1995 e 1999, esse percentual retraiu para 35,5%, 30,4%
e 29,4%, respectivamente (ver tabela 1). Essa tendência do mercado de trabalho estadual
segue a mesma da do nacional10.
Essa constatação nos sugere que, ao longo dos anos 90, a inserção dos
trabalhadores no mercado de trabalho local se deu muito mais nas atividades
desregulamentadas, representadas pela inexistência de contrato de trabalho, do que em
postos de trabalho formal. Se considerarmos que a precarização do trabalho está
associada não somente a baixa remuneração mas também à inexistência de garantias
sociais, como 13o salário, férias remuneradas, dentre outros, isso demonstra que o
mercado de trabalho no Espírito Santo também seguiu, na década de 90, a mesma
tendência de precarização verificada nos demais estados da federação.

9
A Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV) é formada pelos municípios de Vitória, Vila Velha,
Serra, Cariacica, Viana e, mais recentemente, Guarapari e Fundão. Essa região concentra 46,1% da
população do estado e 55,6% do PIB estadual, em 1998. Recentemente, foi publicado pelo Governo do
Estado do Espírito Santo uma pesquisa intitulada Plano Diretor de Transporte Urbano da Grande Vitória
(2002). Essa pesquisa mostra que cerca de 45,8% da população entrevistada na RMGV são assalariados
com carteira de trabalho assinada, 26,3% são autônomos, 14,5% são assalariados sem carteira de trabalho,
9,3% são funcionários públicos, 1% é empregador, 0,8% profissional liberal e 2,3% é dono de negócio e
trabalhador familiar. Adotando o mesmo critério de mensuração do grau de informalidade descrito
anteriormente, percebe-se que a informalidade na RMGV foi de 43,9%. Esse total levou em consideração o
somatório dos assalariados sem carteira, dos autônomos, dos donos de negócio e trabalhador familiar e dos
profissionais liberais. “O percentual de desempregados é de 7,7% ao se considerar a razão ente o total de
pessoas que estão sem ocupação pela população total, e de 14,5%, se for considerada relação com a
população na faixa de 20 a 60 anos”.
10
Durante a década de 90, notou-se uma significativa tendência de retração no número de postos de
trabalho formal no país. A participação dos trabalhadores formais no total dos ocupados saiu de cerca de
53%, em 1991, para 45% em 2001. Já o emprego informal passou de 40%, em 1991, para 50% em 2001,
segundo dados da PME/IBGE. O ano de 1996 passou a ser o de inflexão na evolução das taxas dos
empregos formal e informal. A partir daí, acontece, em caráter inédito, a maior participação dos informais no
total dos ocupados no país.

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Tabela 1- ESPÍRITO SANTO - Porcentagem de pessoas de 16 anos ou mais de idade,
ocupadas na semana, segundo posição na ocupação no trabalho principal
1986 1990 1995 1999
Empregados 67,8 66,2 63,7 63,0
Com Carteira de 37,3 35,5 30,4 29,4
Trabalho
Outros sem carteira 30,5 30,8 33,1 33,6
Sem Declaração 0,0 0,0 0,1 0,0
Conta Própria 17,5 18,1 20,6 20,5
Empregadores 4,7 6,4 6,0 5,9
Não Remunerados 10,1 9,2 9,6 10,6
Sem Declaração 0,0 0,0 0,0 0,0
Total 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: Projeto de Pesquisa: A estrutura produtiva e o emprego no Espírito Santo.
UFES/FCCA/SINE (2002). Com base nos microdados das PNADs.
Apesar de os empregados com carteira assinada diminuírem sua participação no
total dos ocupados, desde o ano de 1986, é nos anos 90 que se verifica a maior
participação de trabalhadores em atividades informais. A partir de meados dos anos 90, a
quantidade de pessoas sem carteira de trabalho já era maior que a de com carteira de
trabalho assinada. Em 1995, existiam 30.801 mil pessoas a mais sem o registro de
trabalho quando comparado com os trabalhadores que possuíam registro em carteira de
trabalho.
Entre os anos de 1986 e 1990, houve uma diminuição de 1,8 ponto percentual no
total dos empregados com carteira de trabalho. Por outro lado, os trabalhadores sem
carteira aumentaram sua participação no total dos ocupados em 0,3 ponto percentual e os
conta própria em 0,6 ponto percentual. A categoria ocupacional dos empregadores teve
um aumento de 1,7 ponto percentual, entre os anos de 1986 e 1990, mas manteve-se
praticamente estável ao longo dos anos 90.
Já em toda a década de 90, entre os anos de 1990 e 1999, notamos que
intensificou-se a retração da participação dos trabalhadores com carteira no total dos
ocupados, menos 6,1 pontos percentuais; os empregados sem carteira aumentaram sua
participação em 2,8 pontos percentuais e os conta própria aumentaram sua participação
no total dos ocupados em 2,4 pontos percentuais. Contrariando a evolução positiva do
período anterior, os empregadores diminuíram sua participação em 0,5 ponto percentual.
Essas informações nos indicam que o núcleo da informalidade, representado
principalmente pelo somatório dos assalariados sem carteira de trabalho e dos conta
própria, vem aumentando significativamente nos últimos anos. Podemos observar, na
tabela 2 seguinte, que o grau de informalidade no Espírito Santo era de 48%, em 1986,
aumentou para 48,9%, em 1990, 53,7%, em 1995, totalizando 54,1% em 1999.

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Tabela 2- ESPÍRITO SANTO: Evolução do grau de formalidade e informalidade (em %)
Especificação / Anos 1986 1990 1995 1999
Grau de formalidade 37,3 35,5 30,4 29,4
Grau de 48,0 48,9 53,7 54,1
informalidade
Fonte: Microdados da PNAD. Elaboração nossa. Grau de formalidade = empregados com carteira
de trabalho assinada/ocupados. Grau de informalidade = empregados sem carteira de trabalho +
conta própria/ocupados.
Portanto, ao longo da década de 90, a informalidade no Espírito Santo aumentou em
5,2 pontos percentuais. Na primeira metade da década, com o início do processo de
liberalização econômica no governo Collor, o aumento foi de 4,8 pontos percentuais.
Contudo, entre os anos de 1995 e 1999, período que retrata os efeitos do Plano Real
sobre o mercado de trabalho local, notamos um aumento no grau de informalidade de
apenas 0,4 ponto percentual, inferior ao aumento verificado no primeiro período. Se, por
um lado, essas informações nos indicam uma diminuição na tendência de aumento da
informalidade verificada na segunda metade dos anos 90, por outro, pode indicar uma
realidade ainda mais problemática: o aumento na taxa de desemprego aberto no Espírito
Santo.
Segundo os dados da PNAD (gráfico 1), a taxa de desemprego aberto no estado
diminuiu de 6,3%, em 1992, para 4,6% em 1995, sugerindo que a inserção dos
trabalhadores se deu nas atividades informais pois os trabalhadores com carteira de
trabalho assinada também diminuíram sua participação no total dos ocupados na primeira
metade dos anos 90. Porém, a partir daí, período que coincide com a implantação do
Plano Real, as taxas de desemprego aberto tenderam a aumentar significativamente,
alcançando o total de 8,1% em 199911. Essas informações nos sugerem que, após o ano
de 1995, boa parte dos trabalhadores no Espírito Santo engrossaram as fileiras do
desemprego, não conseguindo espaço nem mesmo nas atividades informais.

11
O cálculo da taxa de desemprego aberto do Espírito Santo foi feito pela divisão do total de pessoas
desocupadas em relação a População Economicamente Ativa (PEA). Em 2001, a taxa de desemprego
aberto foi de 8,99%, segundo dados da PNAD. Deve-se destacar que essas taxas não contêm o
desemprego oculto, formado pelo desalento e pelo trabalho precário, que demonstram a precarização do
trabalho, uma das principais características do mercado de trabalho brasileiro nos anos 90

RII – VIII Seminário Internacional 11


Grupo 5 – Atividades produtivas, mercado de trabalho e território
Gráfico 1 - Taxas de desemprego aberto no Espírito Santo, segundo a
PNAD

9 8,17
8
6,46 6,72
7 6,34 6,26
6 5,4
Percentual

5 4,61
4
3
2
1
0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999
Anos Espírito Santo

Fonte: PNAD.
Concluímos, portanto, que, ao longo dos anos 90, houve uma acentuada retração na
participação dos trabalhadores com carteira assinada no total dos ocupados localizados
no Espírito Santo, associado a um aumento no núcleo da informalidade composto pelos
empregados sem carteira e os conta própria.
O mercado de trabalho capixaba, assim como o brasileiro, ofertou salários
extremamente baixos, demonstrando a situação de baixa renda da maioria da população.
Cerca de 47% dos ocupados, em média, receberam no máximo dois salários mínimos,
como mostra a tabela 3. Além disso, todos os grupos de pessoas de 16 anos ou mais de
idade com remuneração maior que 3 salários mínimos, a partir da década de 90,
diminuíram sua participação no total dos rendimentos. As pessoas que indicaram não ter
rendimentos, geralmente as que trabalham em atividades familiares, participaram com
cerca de 10% do total dos ocupados.

Tabela 3 - ESPÍRITO SANTO – Porcentagem de pessoas de 16 anos ou mais de idade,


ocupadas na semana, segundo rendimento na ocupação principal
1986 1990 1995 1999
Até ½ 3,5 7,7 5,4 3,5
Mais de ½ a 1 18,7 20,6 17,1 16,0
Mais de 1 a 2 24,9 19,1 24,8 26,9
Mais de 2 a 3 11,5 9,7 13,4 16,9
Mais de 3 a 5 13,8 14,0 13,8 11,3
Mais de 5 a 10 9,2 10,2 8,2 7,9
Mais de 10 8,3 8,9 6,3 6,3
Sem rendimento 10,1 9,4 10,0 10,8
Sem declaração 0,0 0,3 1,0 0,4

RII – VIII Seminário Internacional 12


Grupo 5 – Atividades produtivas, mercado de trabalho e território
Total 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: Projeto de Pesquisa: A estrutura produtiva e o emprego no Espírito Santo.
UFES/FCCA/SINE (2002). Com base nos microdados das PNADs.

O grupo ocupacional Agropecuária e Produção Extrativa Vegetal e Animal, apesar


de diminuir a sua participação ao longo dos anos, foi o que teve maior número de pessoas
ocupadas, ficando no primeiro lugar dentre os demais grupos. Em termos percentuais,
sua participação no total dos grupos era de 31,8%, em 1986, passou para 29,4%, em
1990, 23,6%, em 1995, e em 1999 atingiu 25,1%.
Em 1986, o grupo que ocupava a segunda posição foi o da Indústria de
Transformação e Construção Civil com 16,8% do total. Em terceiro lugar, o de Prestação
de Serviços com 15,7%. Já em 1990, a segunda posição passou a ser ocupada pelo
grupo Técnica, Científica, Artística e Assemelhada Administrativa com 17,4%, seguido do
de Prestação de Serviços (17%). Em 1995, notamos outras alterações nesse quadro. O
segundo lugar passou a ser ocupado pelo grupo Prestação de Serviços, 19,1%, seguido
pelo da Indústria de Transformação e Construção Civil (18,4%). Em 1999, a tendência
verificada em 1995 continuou: o grupo ocupacional Prestação de Serviços ficou na
segunda colocação, aumentando sua participação para 19,5%.
Essas informações nos sugerem algumas reflexões. Em primeiro lugar, apesar do
processo de industrialização no Espírito Santo ter iniciado em fins dos anos 70, ainda
notamos, mesmo na década de 90, a elevada participação da Agropecuária e do
Extrativismo Vegetal e Animal na geração de postos de trabalho no Espírito Santo.
Em segundo lugar, no que se refere à Indústria de Transformação e Construção
Civil, houve uma pequena diminuição de 0,82 ponto percentual na sua participação entre
os anos de 1986 e 1990; um aumento entre os anos 1990 e 1995 (passou de 16% para
18,47%) e novamente uma retração entre os anos 1995 e 1999 (de 18,47% para 17,92%).
Apesar das pequenas oscilações, essa indústria manteve sua participação, entre os anos
de 1986 a 1999, em torno do intervalo de 16% a 18%.
Porém, quando analisamos os subgrupos ocupacionais da Indústria de
Transformação e Construção Civil, notamos que a indústria da construção civil era a que
mais empregava em todos os anos; por outro lado, a indústria de vestuário e de madeira e
móvel foram as que mais reduziram suas participações, em termos relativos, nos anos em
destaque, apesar de indicarmos, anteriormente, o crescimento nos últimos anos. A
indústria de vestuário saiu de 13,75%, em 1986, para 9,31% em 1999. A de madeira e
móveis diminuiu sua participação de 8,89%, em 1986, para 7,32% em 1999. A indústria

RII – VIII Seminário Internacional 13


Grupo 5 – Atividades produtivas, mercado de trabalho e território
de alimentação e bebidas foi a única que aumentou a sua participação entre os anos de
1986 a 1999.
Devemos destacar que tais subgrupos ocupacionais sofreram influência do processo
de reestruturação produtiva que afetou a indústria nacional e local nos anos 90, além da
constante automação que afetou os principais setores produtivos de nossa economia com
a conseqüente redução no nível de emprego. Foram anos marcados pelo processo de
abertura comercial e financeira, onde as estratégias de gestão e as políticas de
administração e recursos humanos adotaram como eixo central os planos de demissão
voluntária e o enxugamento de postos de trabalho através dos programas de
reengenharia e de produtividade e qualidade total.
Finalmente, notamos o crescimento de dois grupos ocupacionais que passaram a ter
um peso ainda mais significativo no total dos ocupados no Espírito Santo: o de Comércio
e Atividades Auxiliares e o de Prestação de Serviços. O primeiro aumentou a sua
participação no total dos ocupados de 7,8%, em 1986, para 8,1%, em 1990, 10,4%, em
1995, e 10,7% em 1999. O segundo grupo também apresentou crescimento: era de
15,78%, em 1986, e passou para 19,5% em 1999. Essa tendência de crescimento mostra
a mobilidade dos trabalhadores e a alteração na estrutura produtiva com reflexos sobre a
demanda por força de trabalho.
Um outro ponto que deve ser destacado é que as privatizações das empresas
públicas que controlavam setores estratégicos provocaram o aumento no número de
demissões no país e no estado. Segundo Pochmann (2000), as empresas do setor estatal
que foram privatizadas no país cortaram 546 mil postos de trabalho no período de 1989 a
1999, significando uma redução de 43,9% no total de empregos do setor no período e
diminuíram o rendimento dos trabalhadores em 34,5%.
Naturalmente, o Espírito Santo foi afetado diretamente por tais políticas tendo,
inclusive, empresas de grande porte, como a CST e a TELEST, por exemplo, privatizadas
durante a década de 90. A CST, que foi vendida em 1992, reduziu o seu quadro funcional
em cerca de 45%, entre os anos de 1986 e 2002. Em 1986, existiam 6.362 pessoas
ocupadas em suas atividades produtivas, em 1990, 6.209 trabalhadores, em 1994, 4.122
pessoas e, finalmente, em 2002, 3.500 trabalhadores contratados diretamente12. Já a
TELEST, que foi privatizada em 1998, tinha em seus quadros funcionais 1.365
empregados; sob o controle da Telemar, o total de funcionários foi reduzido para apenas

12
Para os anos de 1986 a 1994, Morandi (1997); para 2002, CST (2002).

RII – VIII Seminário Internacional 14


Grupo 5 – Atividades produtivas, mercado de trabalho e território
356, em 2002, sendo que, ao mesmo tempo, a quantidade de trabalhadores terceirizados
aumentou significativamente.

3- Os trabalhadores por conta própria


Segundo a metodologia da PNAD, os trabalhadores por conta própria são pessoas
que trabalham explorando o seu próprio empreendimento, sozinha ou com sócio, sem ter
empregado e contando, ou não, com a ajuda de trabalhador não remunerado. Além disso,
não tem vínculo empregatício, nem como empregado, nem como empregador.
Apesar de não estar no núcleo produtor de mais-valia, o trabalhador por conta
própria, sob a ótica do capital, deve ser encarado, segundo Prandi (1978), como
integrante do processo global de exploração do trabalho. Por isso, sua funcionalidade ao
sistema capitalista deve ser entendida através de uma análise centrada no processo de
reprodução da sociedade capitalista. Isso implica dizer que esses trabalhadores devem
ser entendidos no contexto de realização do ciclo do capital.
Uma das características marcantes da categoria desses trabalhadores, inclusive no
Espírito Santo, é o seu crescimento ao longo das últimas décadas. Os dados da tabela 1
anterior indicam que o percentual de trabalhadores por conta própria no Espírito Santo
cresceu de 17,5%, em 1986, para 20,5% em 1999, um aumento de 3 pontos percentuais.
Entre 1986 e 1990, período anterior a adoção das políticas liberais no Brasil, o aumento
foi de apenas 0,6 ponto percentual, enquanto que entre 1990 e 1999, com a adoção da
abertura comercial e financeira, o incremento foi de 2,4 pontos percentuais. Por outro
lado, entre 1995 a 1999, a participação dos conta própria no total das pessoas ocupadas

Gráfico 2- Taxa de crescimento das ocupações no Espírito Santo


(1986 - 1999)

69
70 58,3
60
50
Percentual

40
30
13,3
20
10
0

Conta Própria Assalariado c/ carteira Assalariado s/ carteira

RII – VIII Seminário Internacional 15


Grupo 5 – Atividades produtivas, mercado de trabalho e território
manteve-se constante, tendo uma pequena retração de 0,1 ponto percentual.
Entre os anos de 1986 a 1999, a taxa de crescimento no número de trabalhadores
por conta própria foi de 69%. A título de comparação, a taxa de crescimento no número
de empregados com carteira assinada foi de apenas 13,3%, no mesmo período acima
descrito, e a dos empregados sem carteira foi de 58,3%. Já o total de empregadores
aumentou em 79,2%. O gráfico 2 seguinte sintetiza essa evolução por ocupação.
Percebemos, portanto, que a taxa de crescimento dos conta própria no Espírito Santo foi
maior que a das demais categorias de ocupação dos trabalhadores. Esse crescimento foi
estimulado pelo crescente processo de desregulamentação do mercado de trabalho que
vem provocando uma redefinição nas regras de assalariamento reorientada para a
flexibilidade da jornada de trabalho, da remuneração e da função desempenhada pelo
trabalhador.
Fonte: Projeto de Pesquisa: A estrutura produtiva e o emprego no Espírito Santo.
UFES/FCCA/SINE (2002). Com base nos microdados das PNADs.

Cacciamali (2000) cita como fatores que também estimulam o ingresso nas
atividades informais por conta própria, o racionamento dos empregos assalariados e
ausência de políticas públicas compensatórias, a oportunidade de ganhos superiores aos
dos empregados assalariados de média e baixa qualificação, a expansão das atividades
de serviços e a estratégia de sobrevivência das pessoas que têm dificuldades de buscar
um outro emprego e/ou ingressar no mercado de trabalho. Esse processo acaba criando e
recriando formas de trabalho bastante heterogêneas.
A grande maioria dos trabalhadores por conta própria no Espírito Santo é do sexo
masculino, cerca de 70,3% deles. A participação das mulheres nessa ocupação aumentou
até o ano de 1995, mas voltou novamente a diminuir em 1999, totalizando cerca de 25%.
A maior parte desses trabalhadores está situada nas faixas etárias de 25 a 39 anos e 40
anos ou mais. A primeira faixa etária diminuiu sua participação ao longo dos anos, saindo
de 47,8%, em 1986, para 41,6% em 1999. Por outro lado, a segunda faixa etária
aumentou a sua participação de 40,8%, em 1986, para 49,3% em 1999. Essas
informações nos indicam que, somadas, mais de 80% da população dos conta própria no
Espírito Santo são de pessoas com idade mais avançada, o que nos sugere que elas
tiveram dificuldades de inserção no mercado de trabalho e, após isso, procuraram
sobreviver em atividades por conta própria.

RII – VIII Seminário Internacional 16


Grupo 5 – Atividades produtivas, mercado de trabalho e território
Se essa hipótese for considerada verdadeira, a possibilidade dessas pessoas
retornarem e/ou entrarem na formalidade diminui à medida que elas permaneçam mais
tempo desempenhando uma atividade informal. Apesar disso, Cacciamali (1983) alerta
para o fato de que muitas pessoas que trabalham em atividades por conta própria podem
ter feito a opção por desempenhar tal atividade. Essa opção estaria relacionada,
principalmente, à possibilidade de obtenção de melhores níveis de remuneração quando
comparado aos demais trabalhadores, principalmente aos formais.
Isso nos sugere que há, mesmo dentro de cada ocupação, uma elevada
heterogeneidade. Isso implica dizer que é necessário identificar os tipos de trabalhadores
por conta própria, observando suas especificidades quanto à remuneração, origem,
relações de trabalho etc.
A remuneração dos trabalhadores por conta própria está diretamente associada e
subordinada ao assalariamento do mercado de trabalho formal. Sua clientela é formada,
geralmente, por assalariados com e sem registro em carteira assinada. Em função disso,
os conta própria também estão sujeitos às flutuações dos ciclos econômicos.
Como há uma relação direta e subordinada ao mercado de trabalho formal, a
sobrevivência dos trabalhadores por conta própria também depende do nível de atividade,
do nível de emprego e da massa de salários dos empregados com e sem registro. Em
períodos de retração econômica, por exemplo, a tendência é que a demanda por bens e
serviços desses trabalhadores diminua, o que gera uma piora em seu nível de
remuneração que pode ser ainda mais agravada pelo aumento na oferta de
trabalhadores, em atividades por conta própria, advinda do desemprego do setor formal.
O fato é que, de meados dos anos 80 ao final da década de 90, o total de pessoas
que executou uma atividade por conta própria e que ganhou até dois salários mínimos
vem aumentando significativamente no Espírito Santo: era de 34,8%, em 1986, 49,2%,
em 1990, 53,2%, em 1995, e 59,5% em 1999, um aumento de 24,7 pontos percentuais
entre os anos de 1986 e 1999. Ao mesmo tempo, o percentual de pessoas que tinha uma
remuneração maior que dois e menor que 10 salários mínimos, vem diminuindo ao longo
desse mesmo período: saiu de 56,3%, em 1986, para 36,9%, em 1999, representando
uma retração de 19,4 pontos percentuais entre os respectivos anos. O número de conta
própria que ganhava mais de 5 a 10 salários mínimos diminuiu de 18,2%, em 1986, para
8% em 1999. E os que ganhavam mais de 10 salários mínimos também diminuiu sua
participação de 8,8%, em 1986, para apenas 2,3% em 1999 (tabela 4).

RII – VIII Seminário Internacional 17


Grupo 5 – Atividades produtivas, mercado de trabalho e território
Tabela 4- ESPÍRITO SANTO - Porcentagem de pessoas de 16 anos ou mais de idade,
ocupadas na semana e na situação de trabalhador por conta própria, segundo rendimento
na ocupação principal
1986 1990 1995 1999
Até ½ 8,6 13,9 7,8 9,9
Mais de ½ a 1 10,4 14,8 20,1 23,2
Mais de 1 a 2 15,8 20,5 25,4 26,5
Mais de 2 a 3 14,8 10,8 13,9 19,2
Mais de 3 a 5 23,4 18,0 20,3 11,0
Mais de 5 a 10 18,2 12,8 5,9 6,8
Mais de 10 8,8 8,8 3,7 2,3
Sem 0,0 0,5 2,9 1,2
Declaração
Total 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: Projeto de Pesquisa: A estrutura produtiva e o emprego no Espírito Santo.
UFES/FCCA/SINE (2002). Com base nos microdados das PNADs.
Esses dados nos indicam que a maioria dos trabalhadores que executou uma
atividade por conta própria no Espírito Santo ganhou até dois salários mínimos. Isso
confirma, portanto, que a tendência verificada, ao longo dos anos 90, é a de diminuição
na remuneração dos conta própria13.
Esse fato constitui-se um agravante, pois além de terem diminuído sua
remuneração, esses trabalhadores não possuem nenhuma proteção social, como jornada
de trabalho de 44 horas, direito a férias anuais remuneradas, direito a finais de semana e
feriados remunerados, direito ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS),
acesso ao seguro-desemprego, recebimento do 13o salário, direito a licença remunerada
em caso de doença, direito a licença maternidade, dentre outros. Tudo isso nos permite
afirmar que a maioria desses trabalhadores estão inseridos em atividades precárias, tanto
do ponto de vista da remuneração quanto da inexistência de um sistema de proteção
social.
Essas conclusões contrariam as defesas feitas por Barros et alii (1998) e pelo MTb
(1998) de que o crescimento da informalidade não necessariamente tornou precárias as
relações de trabalho. Ao contrário de nossas indicações anteriores, afirmam que o que
ocorreu com o mercado de trabalho brasileiro parece ser a redução generalizada da
precarização do emprego, em particular no segmento informal. O principal argumento

13
No país, essa tendência também se verificou. Nos anos 90, a evolução do rendimento mensal dos
trabalhadores por conta própria mostrou que mais da metade deles receberam, no máximo, até dois salários
mínimos. Em 1992, por exemplo, 67% deles ganhavam até dois salários mínimos, enquanto que, em 1999,
esse total foi de 55,5% (Sabadini & Nakatani, 2002).

RII – VIII Seminário Internacional 18


Grupo 5 – Atividades produtivas, mercado de trabalho e território
para essa defesa é o fato de que houve um aumento nos rendimentos dos trabalhadores
informais14.
Para além dessas indicações, acreditamos que, adotando a perspectiva da
totalidade, a defesa feita por Barros e pelo MTb não analisam questões importantes, tais
como: em primeiro lugar, a precarização não deve ser entendida tomando com referência
apenas a renda dos trabalhadores; em segundo lugar, como há uma elevada
heterogeneidade entre os trabalhadores que desempenham uma atividade informal,
mesmo os que estão na categoria dos conta própria, é natural que algumas atividades,
como contadores, médicos, advogados etc, tendem a ter uma remuneração maior que a
dos demais trabalhadores. Porém, pelos dados apresentados, essas profissões, no
Espírito Santo, representam uma minoria.
Para Cacciamali (2000:166), “a lógica de sua atuação (do conta própria) no mercado
prende-se à sobrevivência, à obtenção de um montante de renda que lhes permita sua
reprodução e de sua família, não tendo como meta explícita a acumulação ou a obtenção
de uma rentabilidade de mercado”. Esse tipo de inserção reflete, na maioria das vezes, a
escassez de postos de trabalho formais na economia e constitui, em determinadas
situações, uma alternativa à miséria.
O grupo ocupacional da Agropecuária e Produção Extrativa Vegetal e Animal
possuía, até o ano de 1990, o maior percentual de trabalhador por conta própria no
estado. Porém, nos anos 90, a inserção dos conta própria se deu em maior intensidade
nos grupos ocupacionais da Indústria de Transformação e Construção Civil e no de
Comércio e Atividades Auxiliares.
Na Indústria de Transformação e Construção Civil, o subgrupo ocupacional de maior
destaque é o da indústria da construção civil que, em 1999, tinha 51,48% dos
trabalhadores por conta própria. Já no grupo ocupacional do Comércio e Atividades
Auxiliares, os lojistas e os vendedores ambulantes são os principais subgrupos onde
estão localizados os conta própria. Os lojistas participaram, em média, com 52% do total
dos conta própria entre os anos de 1986 e 1999. Já os vendedores ambulantes

14
Os dados apresentados por Barros et alii (1998) e pelo MTb (1998) mostram um crescimento do salário
médio real, entre 1992 e 1996, de 14% para os trabalhadores com carteira de trabalho, 38% para os
empregados sem carteira e 42% para os conta própria. Por outro lado, Ribeiro (2000:08), usando como
referência os anos de 1992 e 1998, também contesta os dados acima indicando que “(...) entre 1997 e
1998, o ritmo de crescimento do rendimento real médio real sofreu uma queda em todas as categorias
ocupacionais. Em particular, no caso dos trabalhadores por conta própria, em vez de crescimento ocorreu
uma variação negativa de cerca de 3,8% no período”.

RII – VIII Seminário Internacional 19


Grupo 5 – Atividades produtivas, mercado de trabalho e território
participaram, em média, com 38,1%, aumentando sua participação de 30,6%, em 1986,
para 39% em 1999. Em 1995, esse percentual alcançou a faixa dos 44%.

4- Considerações finais
Historicamente, a economia do Estado do Espírito integrou-se tardiamente à
economia brasileira. Seu processo de industrialização consolidou-se somente a partir de
meados dos anos 70 com a atração de grandes unidades industriais. Apoiada numa
política de fomento local, a criação do sistema de incentivos fiscais estimulou a formação
de uma base industrial que gerou novos empregos na economia estadual, diversificando
sua estrutura produtiva antes concentrada na economia cafeeira. A interferência do
Estado foi fator preponderante para essa diversificação.
Com a implantação das políticas de cunho liberal, nos anos 90, a discussão sobre as
políticas de desenvolvimento regional foram abandonadas, dando prioridade ao debate e
implantação das políticas macroeconômicas ortodoxas de controle inflacionário que
provocaram baixas taxas de crescimento econômico - insuficientes para a absorção dos
novos entrantes no mercado de trabalho -, elevada vulnerabilidade externa da economia
brasileira, crescente número de desempregados e aumento na informalidade.
Naturalmente, todo o espaço estatal intervencionista foi ocupado pelos princípios do livre-
mercado.
Como conseqüência, observamos a exclusão do Estado na elaboração de uma
política industrial e regional, afetando diretamente a estrutura do mercado de trabalho
local.
Se, no Brasil, ocorreu o processo de desestruturação do mercado de trabalho, que
teve como característica principal a significativa redução na capacidade de geração de
empregos formais, no Espírito Santo esse processo também foi notado. A inserção dos
trabalhadores no mercado de trabalho local deu-se em maior proporção nas atividades
desregulamentadas, onde não existem relações contratuais que garantam uma
remuneração fixa e benefícios sociais. Ao longo da década de 90, o grau de formalidade
no Espírito Santo diminuiu de 35,5%, em 1990, para 29,4% em 1999. Já o grau de
informalidade aumentou de 48,9%, em 1990, para 54,1% em 1999.
Seguindo uma lógica particular, o maior crescimento da informalidade no Espírito
Santo foi verificado entre os anos de 1990-1995, após a implantação do Plano Collor. Por
outro lado, contrariando a tendência nacional, o grau de informalidade no estado, após o
Plano Real, aumentou apenas 0,4 ponto percentual. Apesar dessa melhora aparente,

RII – VIII Seminário Internacional 20


Grupo 5 – Atividades produtivas, mercado de trabalho e território
indicamos, no segundo período da década de 90, uma realidade ainda mais problemática:
o aumento nas taxas de desemprego aberto. Nesse período, a tendência foi, portanto, de
migração forçada para a desocupação.
O crescimento expressivo da categoria de trabalhadores por conta própria e o
conseqüente aumento de sua participação no total dos ocupados no estado revela, cada
vez mais, a importância de compreendermos as suas características e funcionalidades no
sistema capitalista. Estudando esses trabalhadores no Espírito Santo, concluímos que, a
maioria deles, desempenharam atividades com baixa remuneração e sem nenhuma
proteção social, configurando assim, atividades precárias no mercado de trabalho. Sua
inserção na atividade por conta própria deveu-se mais à falta de oportunidades de
emprego formal no mercado de trabalho do que pelo estímulo em conseguir altas
remunerações e se tornar um ‘empreendedor’.

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RII – VIII Seminário Internacional 22


Grupo 5 – Atividades produtivas, mercado de trabalho e território

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