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ECONOMIA

DE
MOÇAMBIQUE
AULA 1
A ASCENSÃO DO FASCIMO EM PORTUGAL E O ESTADO NOVO:
IMPLICAÇÕES ECONÓMICAS PARA MOÇAMBIQUE
AULA 1: ECONOMIA DE MOÇAMBIQUE NO PERÍODO COLONIAL

CONTEXTO
• Ascensão de Salazar, e do fascismo, em Portugal e sua percepção sobre
Moçambique (caos administrativo, falta de políticas financeiras e económicas
coerentes, inflação, moeda sem valor e dominio estrangeiro);
• Um dos objectivos de Salazar prendia-se com a instituição da autonomia
nacional (remoção do peso do capital estrangeiro: concessões magestáticas,
prazos;
• O regime fascita assentou em três pilares fundamentais: exército (consumia
grande parte do orçamento), a burocracia (tinha um papel na adminitração dos
planos de fomento)e as grandes corporações económicas (oligopólios e criação
de impérios financeiros e industriais);
• A estratégia de Salazar assentava na criação de uma moeda forte, orçamentos e
balança de pagamentos excedentários e uma redução da dívida externa.
CONTEXTO
Para Salazar, Moçambique era importante em virtude da moeda forte que conseguia obter através do provimento de
serviços e mão de obra à África do Sul e Rodésia. As colonias representavam um potencial mercado para produtos
portugueses e imporante repositório de matéria primas para o desenvolvimento industrial de Portugal;

A política económica de Salazar, em termos teóricos, era de matriz ortodoxa que incluia controlo cambial, redução das
importações e impulsionar o comércio com Portugal. Tratava-se de medidas draconianas que, embora tenham tido efeitos
negativos a curto prazo, acabaram por enrobustecer o escudo a medio prazo.

As colonias tinham a missão de ajudar Portugal a reduzir sua dependência na importação de alimentos,materias-primas e produtos industriais.
Assim, em vez da tradicional produção de café, cacau e açúcar, a estrategia do regime fascita capitaliza a produção do algodão (campanhas
concentradas no Norte de Moçambique) e arroz. Em 1941 cria a Divisão do Fomento Orizicola e em 1943 o Centro de Investigação Cientifica
Algodoeira.

Outras realizações importantes: as tarifas dos caminhos de ferro rodesianos foram manipuladas para garantir a hegemonia
da Sena Sugar no mercado; os caminhos de ferro de Lourenço Marques apresentam-se como parte central da sua
estratégia de obtenção de moeda estrangeira.

Durante a segunda metada do período de guerra Salazar inicia uma politica, embora restrita, de subsituicao de importações
e um dos exemplos emblemáticos tem a ver com a abertura da fabrica de cimentos da Matola.
OS PLANOS DE FOMENTO
Em 1937 houve um plano de fomento insipiente, com carácter sexenal, interrompido pela guerra. Esse plano
contemplava a construção do caminho de ferro para o interior da Ilha de Moçambique, esquemas de irrigação do Vale
do Limpopo e do Umbeluzi, o caminho de ferro para Tete, o desenvolvimento do porto de Nacala, investimento agrícola
e rodoviário;

O Primeiro Plano de Fomento (1953-8) contava com 1,7 milhões de contos para investimento na ligação ferroviária entre
entre Lourenço Marques e Salisbúria, prolongamento do caminho de ferro do Incomate e a continuação do ramal de
Nacala; a conclusão do esquema do Vale do Limpopo; as barragens dos rios Revúbwe e Movene e a construção de um
aeródromo. O plano preconizava também a imigração branca;

O segundo plano de fomento (1959-1964) foi concebido num contexto de descolonização das colónias francesas e
inglesas. Contava com 3,2 milhões de contos para investimento. Foram feitos estudos geologicos,cartográficos,
nutricional, educacional e de produtividade da população africana. O plano centra-se no desenvolvimento maciço da
agricultura de irrigação nas zonas do Limpopo, Incometi e Revué. Observa-se também um investimento em infra-
estruturas de transportes.

Foi publicado um terceiro plano de fomento (1968-73)


O INÍCIO DA INDUSTRIALIZAÇÃO DE MOÇAMBIQUE

Os planos de fomento permitiram o sugimento de uma indústria local. Os bancos e coorporações foram encorajados a investir nas
colónias, criando-se assim uma serie de manufactras em Lourenço Marques e na Beira. Moçambique tornou-se assim produtor de
cimento, tijolos e ladrilhos, revestimento de amianto cabos eléctricos, fundição de aço, contraplacado de madeira, artigos de
borracha, etc;

Relativamente ao sector mineiro, as minas de Moatize pertenciam, desde 1919, a Societé Minière et Géologique du Zambeze, de
origem belga. A companhia construiu 24 km de carril para o transporte de carvão ao Zambeze, Benga, mas a exploração só ia até
umas escassas 8000 toneladas, em 1949, sendo a Sena Sugar seu principal cliente. As principais empresas mineiras na altura eram
de amianto, em Manica, e na reigião de Alto Logonha onde se extraia columbo-tantalite, bismutite e berílio.

A cidade da Beira emerge como instância balnear, desportos náuticos e de cultura latina, servindo as cidades brancas da Rodésia.

A cidade de Lourenço Marques é frequentada pela comunidade branca sul-africana à qual acorria atrás de prostitutas negras e
toda uma vida nocturna que lhes era negada pelo regime puritano do apartheid.
A ESTRUTURA ECONÓMICA PRÉ-INDEPENDÊNCIA: SÍNTESE

A função da economia era a de maximização da extração de recursos através de formas de produção assentes na exploração da força de trabalho ( primeiro pela escravatura,
depois pelo trabalho forçado, posteriormente formas camfladas de trabalho assalariado e finalmente políticas económicas que legislavam salários baixos);

A economia de Moçambique é, pelas características anteriores, extravertida, cujo crescimento depende de factores e de recursos externos, o que dificulta a estabilização da
balança de pagamentos e a coloca numa situação de dependência e subalternidade;

Os sectores económicos possuiam poucas relações inter-sectoriais;

Existência de claras diferenças entre as diversas formas de produção e de economias (sectores moderno versus tradicional, sector empresarial versus familiar, sector formal versus
informal, sector capitalista versus subsistência);

O sector informal e os produtores de pequena escala tinham um grande peso na economia

Pouca disponibilidade de capital e baixa ralização de investimentos devido aos baixos níveis de rendimentos, e de poupanças das famílias e da economia;

Na estrutura produtiva moçambicana destaca-se a importância dos sectores de serviços (portos, transportes e turismo) como consequência das relações económicas regionais
nas quais Moçambique desempenhou um papel subalterno e dependente;

O Estado era o principal agente económico.

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