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Universidade Politécnica

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A POLITÉCNICA

A POLITÉCNICA
Escola Superior Aberta
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GUIA DE ESTUDO

ECONOMIA DE MOÇAMBIQUE
Curso de Gestão de Empresas e Gestão de Recursos
Humanos

(7º e 3º Semestres)

Moçambique
FICHA TÉCNICA
Maputo, Julho de 2012

© Série de Guias de Estudo para os Cursos de Gestão de


Empresas e Gestão de Recursos Humanos (Ensino à
Distância).

Todos os direitos reservados à Universidade de


Uberaba/Universidade Politécnica

Título: Guia de Estudo de Economia de Moçambique


Edição: 1ª

Organização e Edição
Escola Superior Aberta (ESA)

Elaboração
Neusa Vanessa Lourenço Sitoe (Conteúdo)
(Revisão Textual)
UNIDADES TEMÁTICAS

A ECONOMIA DE MOÇAMBIQUE COLONIAL ………………………1

O SISTEMA ECONÔMICO DE PLANIFICAÇÃO


CENTRALIZADA………………………………...……………………...14

MOÇAMBIQUE NA ECONOMIA DE MERCADO ............................34

CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO,GLOBALIZAÇÃO E A
REGIONALIZAÇÃO DO COMÉRCIO
INTERNACIONAL..................................................................................45
APRESENTAÇÃO

Caro(a) estudante

Está nas suas mãos o Guia de Estudo da disciplina de Economia de


Moçambique que integra a grelha curricular dos Cursos de Gestão de
Empresas e Gestão de Recursos Humanos oferecidos pela Universidade
Politécnica na modalidade de Educação a Distância.

Este guia tem por finalidade orientar os seus estudos individuais neste
sétimo semestre do curso. Ao estudar a disciplina de Economia de
Moçambique, você irá analisar o comportamento da Economia
Moçambicana desde a segunda metade do século XX até o início do
século XXI, na qual serão focalizadas as políticas econômicas e as
estratégias de desenvolvimento de médio e longo prazo, que pautaram a
gestão econômica no decorrer desse período.

Este Guia de Estudo contempla textos introdutórios para situar o assunto


que será estudado; os objectivos específicos a serem alcançados ao
término de cada unidade temática, a indicação de diversas actividades que
favorecem a compreensão dos textos lidos e a chave de correcção das
actividades que lhe permite verificar se você está a compreender o que
está a estudar. Vai também encontrar no guia a indicação de leituras
complementares, isto é, indicações de outros textos, livros e materiais
relacionados ao tema em estudo, para ampliar as suas possibilidades de
reflectir, investigar e dialogar sobre aspectos do seu interesse. Finalmente,
encontrará em anexo a este guia três cadernos de actividades de avaliação
à distância que deverá realizar à medida que for estudando as diversas
unidades temáticas desta disciplina e enviar para o secretariado da Escola
para avaliação.

Esta é a nossa proposta para o estudo de cada disciplina deste curso. Ao


recebê-la, sinta-se como um actor que se apropria de um texto para
expressar a sua inteligência, sensibilidade e emoção, pois você é também
o(a) autor(a) no processo da sua formação em Gestão de Empresas/
Gestão de Recursos Humanos. Os seus estudos individuais, a partir destes
guias, nos conduzirão a muitos diálogos e a novos encontros.

A equipa de professores que se dedicou à elaboração, adaptação e


organização deste guia sente-se honrada em tê-lo como interlocutor(a) em
constantes diálogos motivados por um interesse comum a educação de
pessoas e a melhoria contínua dos negócios, base para o aumento do
emprego e renda no país.

Seja muito bem vindo(a) ao nosso convívio.

A Equipa da ESA
Gestão de Empresas/Gestão Recursos Humanos – Economia de Moçambique – Semestres 7 e 3

UNIDADE TEMÁTICA 1

A ECONOMIA DE MOÇAMBIQUE COLONIAL

Elaborado Por Neusa Sitoe


Objectivos

No final desta unidade, você deverá ser capaz de:

• Conhecer as principais características da Economia de Moçambique Colonial;


• Compreender os processos sócio-econômicos que afectaram a economia do país
durante o período em causa.

↓ Ora Vejamos

A economia de Moçambique atravessou três períodos importantes a saber:

™ Período Colonial
™ Período Pós-Independência
™ Dos Anos 85 até os dias de hoje

1. Economia Moçambicana no final do período Colonial (antes dos finais do


século xx)

As presenças portuguesas efectivas em Moçambique verificam-se na segunda


metade do século XIX nos seguintes pontos: Ilha de Moçambique, Sofala, e Angoche,
destacando-se Sena e Tete como os primeiros entrepostos de comércio do interior.
Nos primeiros períodos de presença, o objectivo essencial era o comércio do ouro e
do marfim com o interior. Por um lado o marfim era comercializado no Norte e por
outro, o comércio do ouro realizou-se no reino monomotapa (em particular)
abrangendo também a província de Manica.

Nos princípios do século XVI, Portugal tentou ocupar o território através do sistema
de prazos que se instalou nas províncias da Zambézia, Sofala e Tete e prolongou-se
até 1930, Mosca (2005). Os prazos eram grandes extensões de terra concedidas com
o objectivo de povoamento por portugueses de origem europeia, que buscavam ouro
que se dizia existir no Impèrio Monomotapa.

Com os prazos procuravam-se riquezas de ouro de que se falava existirem nas


regiões do império Monomotapa. Este sistema foi adoptado pela 1ª vez na Índia e de
seguida levado à Costa do Índico pelos Portugueses com vista a obter mais riquezas
em ouro dentro do território moçambicano.

Nota: neste sistema a ideia fundamental era de incrementar o maior número de


mulheres europeias e casadas com colonos europeus – para que Portugal
continuasse a manter a sua integridade racial e a lealdade aos prazeiros.

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As penetrações no território por parte dos colonos eram sempre difíceis face a
resistência dos povos, as doenças, a escassez de mão-de-obra dos indíginas,
mercados ínfimos, o clima e as vias de comunicação eram quase inexistentes. A
aliança com Monomotapa fez com que a presença dos portugueses começasse a ter
maior impacto. E assim, os portugueses conseguem autorização para exploração das
minas de ouro a troco do apoio contra as lutas do Império. Face a esta inicial
evolução, Portugal recorreu aos habitantes das colónias da Índia para a ocupação do
teritório. Portanto, os prazos ganham mais expressão a partir do século XVII e
funcionaram até aos finais do século XIX.

Saiba que:

¾ Neste período a terra era pouco cultivada, o comércio de ouro, do marfim e


outros eram mais acessíveis.

Moçambique entrou no século XIX dominado por sociedades que se


alimentaram da escravatura ou do negócio em que o tráfico era dominante.
Até a última década desse século a maior parte do Território moçambicano Prazos
viveu em função do escravismo, sendo os principais portos de comércio de Grandes extensões de terra
escravos: o vale do rio Zambeze, Ilha de Moçambique, Pemba, Sofala, concedidas com o objectivo
Inhambane e Quelimane. do “povoamento” por
portugueses de origem
europeia, que se
A conquista dos territórios era realizada por alguns portugueses e indianos aventuravam a procura de
riquezas de ouro de que se
das colónias portuguesas, que comandavam o exército de escravos. falava existirem nas regiões
Portanto, para além de pacificarem a região e servirem como agentes do Império Monomotapa.
imperiais de Lisboa, os “prazeiros” deviam pagar impostos à metrópole.

↓ O tráfico de escravos não iniciou com a presença portuguesa, pois


outras potências já exerciam esta actividade em Moçambique
(embora não de forma sistemática).

O sistema de prazos da Zambézia teve posteriormente influência sobre o tipo de


colonização na zona centro de Moçambique. Este modelo de colonização estendeu-se
em sucessivos períodos de expansão e retracção, cujos principais factores deves
reter os seguintes segundo Mosca (2005):

• A evolução das alianças com os reinos locais;


• A relação dos prazeiros com a corte portuguesa - ter muitas vezes enfrentado
períodos críticos pelo não cumprimento da legislação e de ordens de Lisboa
por parte dos primeiros;
• O vale do Zambeze, por ter-se tornado numas das zonas concorrenciais
colonial onde começaram a ser enfrentadas disputas territoriais com ingleses e
alemães em que Portugal sempre se considerava como parte de Moçambique.

Na verdade, a maioria de Moçambique foi conquistada por africanos a soldo dos


portugueses. Existia um complicado e secular jogo de alianças com algumas classes
dominantes locais em troca de diferentes produtos conforme as fases históricas e

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desde que o relacionamento com os mercadores portugueses representasse um


reforço para as classes dirigentes locais.
A partir do seculo XVII a escravatura passou a constituir a principal actividade dos
prazeiros.

Consequências do Comércio de Escravos em Moçambique

O comércio de escravos trouxe consequências importantes que influenciaram o


processo de colonização e a estrutura econômica e social de Moçambique como:
™ A queda da produção alimentar,
™ O aumento da importação de alimentos que se exportavam doze anos antes,
™ Os elevados efeitos demográficos (despovoamento de vastas zonas).

A escravatura surgiu então, como consequência do desenvolvimento do capital


comercial e posteriormente do capital industrial nas metrópoles.

Por envolver vários países, o negócio de escravos possuía grande concorrência no


mercado e no mundo dos negócios:

• Dos portugueses com destino ao Brasil;


• Dos franceses para as plantações de açúcar das Ilhas do Índico;
• Dos árabes, e mais antiga dos ingleses.

Saiba que:

¾ O tráfico de escravos consistia a forma dominante de produção, a fonte


principal de rendimentos dos prazos. O comércio nessa altura era dominado
por mercadores árabes. E podemos notar ainda que nesse periodo a
actividade agrícola por parte de Portugal era quase inexistente, apesar de ter
introduzido as culturas oleaginosas como o amendoim, o gergelim e o girassol
para ser comercializado na Europa.
Quanto ao arroz, o coqueiro, a bananeira, a mangueira, a cana sacarina e
produtos horticolas os mercadores árabes ja os haviam introduzido antes.

Conheça agora alguns elementos que configuravam para o estado da economia


de Moçambique no final do período colonial

a) As Companhias Majestáticas

Depois da Conferência de Berlim, Portugal estava obrigado à ocupar efectivamente


os teritórios. As limitações financeiras e humanas eram as principais dificiculdades
enfrentadas pelos portugueses na altura. Para tal, Portugal optou pela promoção de
investimentos privados sob a forma de “companhias majestáticas” que foram
administradas pelo Governo Português.

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Recorde-se:

Existiram na altura três companhias: as de Moçambique, Zambézia e Niassa, que


cobrem os actuais territórios das provincias de Manica, Sofala e Tete, da Zambézia e
de Nampula, Niassa e Cabo Delegado, respectivamente. Os sul de Moçambique e
algumas zonas dos prazos da coroa na Zambézia, foram administradas pelo Governo
Português.

Fig 1. Configuração da economia de Moçambique inicio da era colonial

Companhias Majestáticas

Trabalho Plantações Impostos


Migratório e de e
Serviços para Monocultura Trabalhos
Hinterland Obrigatóri
so
Cultura
Obrigatória do
Algodão

Cerca de dois terços do territorio de Moçambique ficaram sob soberania destas


companhias, ficando para o governo Português o sul de Moçambique e algumas
zonas da alta Zambézia
A companhia da Zambézia e as outras que se foram criando, dedicaram-se a grandes
plantações de monoculturas para exportação que contribuiu bastante para a
transformação económica e social de Moçambique.

A administração da companhia de Moçambique era feita na base das capitalizações


(acções de empresas, títulos de crédito nacionais e estrangeiros,etc), destacando-se
das outras companhias cuja actividade económica desenvolvida era totalmente
diferente.

Segundo Mosca, com a companhia de Moçambique previa-se:

¾ Que a companhia tinha como obrigação sustentar missões educativas,


escolas de instrução primária e de artes e ofícios;
¾ No prazo de cinco anos a companhia era obrigada a estabelecer nos seus
territórios 1000 famílias de colonos portugueses;

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¾ Construir um caminho-de-ferro da Beira à fronteira de Manica, assim como o


telégrafo marginal à via férrea e outro da Beira à Zambézia.

Em contrapartida era concedida exclusividade à Companhia para:

¾ A construção e apropriação de comunicações terrestres marítmas interiores e


portos;
¾ Ficava a companhia com a faculdade de arrendar e transmitir qualquer dos
seus exclusivos, excepto para governos estrangeiros;
¾ Ficava livre de exercer qualquer ramo de comércio, indústria, agricultura ou
colonização dentro dos terrenos da concessão.

Com a intensificação da colonização, as companhias resistiram ao licenciamento de


novas actividades, devido a concorrência no recrutamento e prevendo a subida dos
salários, embora regulamentados e controlados pelo Estado.

Podemos então concluir e de acordo com Mosca, que o governo Português procurou
com estas companhias:

9 Salvaguardar os principais direitos de soberania;


9 Proteger os interesses portugueses através de medidas administrativas;
9 Garantir o desenvolvimento de infra-estruturas públicas (caminhos-de-ferro,
portos, cidades, estradas, etc).

As outras companhias funcionavam da mesma maneira e diferiam nas actividades


desenvolvidas. A companhia da Zambézia e outras que foram criadas posteriormente
– Companhia do Boror, Companhia do Luabo, Sena Sugar States (SSE). Dedicavam-
se a grandes plantações de coqueiros (copra), acúcar e chá.
Outras ainda constituidas porteriormente dedicaram-se à agricultura e assentavam os
sistemas de produção com base em tecnologias intensivas de trabalho, no baixo
salário e no apoio à administração colonial para o recrutamento da mão de obra.
Algumas destas companhias paralelamente a monocultura se dedicavam a pecuaria e
possuiam grandes efectivos de gado bovino, para:
1. A alimentação dos trabalhadores
2. A fertilização das terras em sistemas de rotação produtiva.
Possuíam também redes comerciais para a aquisição dos excedentes de produtos
de camponeses como o mesmo objectivo da pecuária; essas lojas também
comercializavam a produção de camponeses dos produtos de exportação.

b) As Grandes Plantações de Monoculturas

As companhias produtoras de monoculturas para exportação possuíam uma


destacada influência sobre a transformação económica e social. Por exemplo, a Sena
Sugar States (SSE) no vale do Zambeze iniciou em Moçambique a plantação do
açúcar em Mopeia, tendo aberto para tal quatro fábricas.

As plantações foram realizadas com base no recrutamento de mão-de-obra dos


prazos, tendo a SSE alugado alguns para maior facilidade de recrutamento.

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As plantações de açúcar eram produzidas com tecnologia intensiva de trabalho. Até a


década de 1950, apenas a preparação da terra e o transporte de cana eram
mecanizados. Com o desenvolvimento de outras actividades económicas
(especialmente o algodão, o chá, a agricultura, as minas e outras) as grandes
plantações na altura foram forçadas a mecanizar a produção.

POR QUÊ A MECANIZAÇÃO?

Foi uma resposta à escassez de mão-de-obra que: permitia o aumento de salários e


facilitava a acção do Governo de pressionar os empresários para melhorar as
condições de trabalho dos indíginas. Com o início da guerra, a resistência ao trabalho
aumentou nas plantações, o que fez com que a SSE criasse maiores incentivos para
atrair trabalhadores.

Importa referir que as grandes plantações de monoculturas tiveram alguns efeitos:

• As necessidades de alimentos das plantações devido a concentração de


trabalhadores;
• A aceleração do processo de diferenciação que oscilava no seio dos
camponeses - os níveis de rendimento de uma parte dos camponeses
aumentou e começaram a emergir pequenos agricultores privados
moçambicanos;
• A semiproletarização, forçava a separação do agregado e a ajustamentos na
organização social e económica das famílias.

No interior da SSE existia uma clara divisão racial do trabalho, com reflexos sobre a
organização social da Empresa. Os ingleses e sul-africanos ocupavam-se de funções
técnicas e administrativas; os portugueses ocupavam cargos intermediários (técnicos
agrícolas, capatazes, mecânicos, etc) e os moçambicanos eram os trabalhadores do
campo e das fábricas onde existiam os operários especializados.

Resumindo, as grandes plantações de monoculturas e devido aos níveis tecnológicos


usados, assentavam na baixa produtividade e mão-de-obra barata numa economia
orientada para o mercado externo.

c) A Cultura Obrigatória do Algodão

Nesta época foi introduzido em todo o país o plantio obrigatório do algodão


(principalmente no Norte). A evolução desta cultura foi irregular e até aos meados do
século XX a produção e o envolvimento da população era limitado. A grande
expectativa de transformar Moçambique no principal fornecedor de algodão para a
indústria têxtil portuguesa não foi possível.

Veja abaixo algumas das razões do insucesso!

1. Oposição dos camponeses;


2. Escassez de capital;
3. Amplas flutuações de preço no mercado mundial;
4. Pluviosidade incerta e

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5. Erupção de doenças devastadoras das plantas.

O insucesso conduziu à introdução de métodos coercivos na plantação de algodão.


Os camponeses deviam cultivar o algodão tendo como prespectiva três objectivos:

1. Expandir geometricamente o número de camponeses obrigados a produzir


aquela cultura;
2. Garantir que os camponeses que legalmente deveriam cultivar o algodão o
fizessem efectivamente;
3. Alargar o número de horas por dia que os agricultores rurais deveriam dedicar
à cultura, Isaacman em Mosca (1991).

Surgiram assim as companhias concessionárias que tinham como funções divulgar e


impor a cultura, distribuir sementes, fornecer insumos, comercializar a produção,
descaroçar para exportação da fibra e controlar os camponeses. Estas companhias
organizaram terrenos para os camponeses produzirem algodão, mas esta medida
introduziu importantes transformações na organização económica e social dos
camponeses. O tempo gasto entre a resistência e as parcelas de algodão distantes
dos locais de produção de alimentos e a obrigatoriedade de priorizar a produção do
algodão alterou a organização e distribuição social do trabalho e como consequência
a produção alimentar baixou.

Para suprir a consequência, foi incentivada a cultura da mandioca, menos exigente de


mão-de-obra em substituição do sorgo que era o principal alimento das regiões onde
foi introduzido o algodão.

Entretanto, a transferência de trabalho para o algodão afectou negativamente a


agricultura de subsistência, em particular a cultura do sorgo. Como resultado desta
situação, a produção de alimentos a partir dos anos 40 começou a ser deficiente,
iniciando-se assim um período de fomes que ficou gravado na memória popular.

Em 1940 a aliança entre o Estado e as companhias concessionárias, tinha atingido o


seu primeiro objectivo: o número de camponeses nortenhos incorporados no sistema
teria aumentado de 80000 para 345000 em 1940 e para 645000 em 1941.

No Sul de Moçambique a produção de algodão nunca foi tão importante,


principalmente porque: os camponeses estavam mais integrados no mercado e
produziam outras culturas de rendimento que concorriam com o algodão – o Sul já se
tinha convertido numa reserva de mão-de-obra para as minas da África do Sul.

Em 1944 existiam no sul cerca de 94000 camponeses inscritos na produção do


algodão, enquanto no norte o número era de aproximadamente 700000. A maioria dos
produtores do Sul, eram mulheres o que era difícil aumentar o rendimento do algodão
devido a falta de mão-de-obra masculina.

Vamos reter os principais efeitos da cultura do algodão sobre as economias


camponesas:

• O empobrecimento de grande parte das familias;

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• Transformações nos sitemas de produção, na divisão do trabalho no seio das


familias e na organização social das comunidades;
• A redução da produção e alterações nos hábitos alimentares com
consequências na probreza e na saúde;
• Desigualdades sociais assentes em factores materiais;

Com o início da guerra, o regime alterou e fez com que os camponeses começassem
a reduzir a produção do algodão – facto que incentivou aos agricultores portugueses a
se dedicarem a esta cultura, tendo sido proporcionados aspectos como: créditos,
máquinas, etc.

A produção dos agricultores colonos, aumentou rapidamente: na campanha agrícola


1966/67 representava apenas 6% da produção de algodão em Moçambique, dois
anos mais tarde passou para 20% e na campanha 1973/74 subiu para 67%. Serra
(1991)

O algodão das colónias era importante para a indústria têxtil portuguesa, pois garantia
a viabilidade económica e era um elemento relevante para a acumulação do capital e
da modernização da economia portuguesa, iniciada em meados do século XX.

Tanto no Norte como no Centro de Moçambique, os modelos principais de


colonização, através das grandes plantações e da transformação dos camponeses em
produtores de mercadorias , possuiram um importante elemento complementar: a
penetração do capital comercial para extrair os excedentes produtivos, criando
funcionalidades com as companhias de monoculturas agrícolas e com as culturas
obrigatórias. O desenvolvimento da actividade comercial tinha objectivo de aumentar
a presença portuguesa no interior de Moçambique.

Retenha:

O algodão introduziu alterações fundamentais no sistema de produção de pequena


escala:

9 Alterou os hábitos alimentares;


9 Tornou as economias familiares dependentes de insumos importantes;
9 O sistema de preços empobreceu e diferenciou socialmente o campesinato;
9 Adicionou elementos de conflito político e social entre a população e o regime
colonial no seio das comunidades locais.

d) Trabalho Migratório e Serviços Para o Hinterland

Este elemento teve também um forte impacto para a nossa economia. A característica
principal da política económica era transformação dos camponeses em operários das
minas e das plantações na África do Sul.

O Sul do país foi colonizado e administrado pelo Governo Português. Nessa época e
com a construção das infra-estruturas de transporte e comunicação, muitos

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camponeses que trabalhavam nas culturas do algodão começaram a emigrar para a


visinha África do Sul para trabalhar nas minas e nas plantações.

Estabeleceu-se um acordo entre os Governos de Pretória e de Lisboa e que possuia


as seguintes vantagens para ambas partes:

• Em Moçambique, era assegurado o pagamento de parte dos salários em ouro


que contribuiu para a estabilidade financeira e da balança de pagamentos da
colónia e também de Portugal;
• A mão-de-obra moçambicana,constituiu a base que facilitou a acumulação do
capital mineiro sul-africano e do desenvolvimento da economia deste país.

Por outo lado:

• A emigração de cerca de 30% da população activa do Sul de Moçambique,


transformou a base produtiva agrícola e introduziu importantes alterações na
organização social e na divisão social do trabalho nas economias de pequena
escala e no seio das familias;
• A emigração retirou recursos à economia de Moçambique e contribuiu para os
processos de desenvolvimento desigual com as consequências de longo
prazo, de carácter económico político e social.

Repare: Moçambique perdeu uma boa parte da sua população activa, o que
incitou a alterações na organização social, na divisão do trabalho e contribuiu
para o desenvolvimento desigual do trabalho e da sociedade.

A colonização do Sul foi caracterizada por uma forte presença portuguesa (colonos)
nos sectores de serviços e na agricultura. O Sul do país transformou-se numa
economia de serviços (emigração, transportes e cmuncações, serviços públicos e
administração) no geral. De acordo com Leite em Mosca (2000), a economia de
Moçambique caraterizava-se pela gestão do Estado Novo, na conjugação das suas
dinâmicas principais, estruturando elas mesmas a natureza da economia colonial no
momento da queda da 1ª República Portuguesa – sector exportatador e a economia
de trânsito e de emigração.

A indústria, até meados do século XX tinha como objectivo prinipal realizar a 1ª


transformação para facilitar a exportação, o que acontecia nas fábricas de
descaroçamento do algodão, do desfibramento do sisal, do tratamento da cana-de-
açúcar, da preparação da copra e da folha de chá.

É nos finais do século XIX que se inicia a construção das grandes linhas de caminhos-
de-ferro e dos principais portos. É também inaugurada a linha entre Lourenço
Marques e o Transval, entre outras construções.

Portanto, o trabalho migratório acompanhado pelos sistemas de transporte constituem


o ponto de partida para uma especialização do trabalho regional, com efeitos a longo
prazo e que permanece sob diversas formas.

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2. A Reestruturação Do Capital em Portugal e as Mudanças na Colonização

Com o surgimento das primeiras manifestações reivindicatias e devido a pressões


internacionais, Lisboa teve que fazer mudanças importantes na sua política de
colonização:

• Teve que substituir as formas de imposição do trabalho e a integração das


expolorações de pequena escala e dos moçambicanos na economia para uma
absorção económica principalmente através dos mecanismos de mercado.
• Teve de abandonar graduamente o nacionalismo económico, tendo-se iniciado
uma politica económica mais aberta de forma a envolver capitais não
portugueses em grandes investimentos.

M AS SAIBA QUE:

As mudanças foram lentas devido aos interesses económicos e as alterações


dos sistemas de produção. A mecanização da agricultura exigia capital e
importações para os quais o padrão de acumulação de riqueza tinha que se
ajustar.

Por outor lado, Lisboa abandonou gradualmente o nacionalismo económico iniciado


com o Estado Novo, tendo-se iniciado uma política económica masi aberta
procurando envolver capitais não portugueses em grandes investimentos.

A evolução da economia de Moçambique teve ainda impactos no capitalismo em


Portugal e na política económica da metrópole. A modernização do capital e da
economia portuguesa, exigiu maiores quantidades de matérias-primas e ampliação
das colónias para colocação da produção.

Portanto a economia de Moçambique possuía até aos finais dos anos 1970, um
conjunto de novas caracteísticas devido a guerra pela independênia e a necessidade
de crescimento e ajustamento de bases sociais.

O mercado nas colónias também evoluiu bastante e rapidamente, devido aos


seguintes factores:

9 Investimentos realizados em diversas áreas;


9 Aumento da comunidade colona;
9 Política monetária expansiva para suportar os pontos acima.

Pelas razões acima apresentadas, à estratégia domonante de maximizae as


exportações e a extração de recursos foram acrescentados elementos da estratégia
de substituição de importações como consequência do crescimento das necessidades
cde consumo e de factores não produzidos tradicionalmente pelas economias locais.
Mosca (2005)

Por outro lado começam a emergir indústrias de bens de consumo e de embalagens


nos centros urbanos ( Lourenço Marques, Beira e Nampula), o que impulsionou o
aumento da rede comercial no meio rural para a comercialização de bens consumidos

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nas cidades. Existiram nesta fase importantes investimentos em infra-estruturas de


comunicações terrestres (como a estrada que ligaria Lourenço Marques à Pemba).

↓ Nota-se com isso que, a construção civil contribuiu para o rápido crescimento
económico verificado a partir do início dos anos 1960.

Portanto, com o processo de industrialização a crescer houve também uma


esdtruturação da actividade bancária, que reflecte o dinamismo da actividade
económica no território. Neste prisma, os depósitos bancários evoluíram rapidamente
nos últimos anos de colonização, o que facilitou a oferta de crédito, contribuindo desta
forma para o descontrlo da inflação e o crescimento rápido do consumo privado.

Neste sentido, o cresmento económico notável (através da industrialização) exigiu


uma maior abertura política que permitia a possibilidade dos moçambicanos
desempenharem algumas actividades económicas até então exclusivas aos colonos.
Assim, começaram a surgir no meio rural, comerciantes, pequenas empresas de
transporte e pequenos industriais (moageiros). O estatuto de assimilado tornou-se
mais visível o que facilitava o acesso a recursos nos regadios.

Por outro lado, o Estado e as empresas públicas começaram a admitir moçambicanos


para as funções de maior relevo. Com o agravamento da guerra muitos
moçambicanos foram incorporados no exército Português; formaram-se tropas
especiais compostas por moçambicanos entre outros aspectos.

Os modelos de colonização, as debilidades económicas e financeiras de Portugal e a


dependência e subalternidade de Moçambique na divisão social do trabalho à escala
regional, não permitiram o desenvolvimento capitalista de Moçambique até o fim do
período colonial. A economia de Moçambique possía nos fins dos anos 1970 um
conjunto de novas características devido à:

9 Guerra pela independência


9 Necessidade de crescimento e ajustamento das bases sociais de apoio como
forma de resistir ao conflito e as pressões internacionais. Mosca (2005)

2.1 A Guerra Pela Independência e a Economia

A economia durante a guerra colonial teve alterações estruturais pouco sensíveis,


sendo que ocorreram aspectos conjuntarais marcantes e que influenciaram a
economia após indenpendência:

¾ O investimento público aumentou;


¾ A política monetária expansiva intensificou-se;
¾ A edificação de colonatos acelerou-se;
¾ Houve crescimento de infra-estruturas, construção civil e habitação;
¾ Aumento dos custos de realização de grandes empreendimentos, devido aos
efeitos da guerra e em muitas zonas a articulação da economia e dos espaços
foi dificultada ou mesmo impedida com consequências sobre a rentabilidade
dos agentes económicos e sobre a eficiência do conjunto da economia.

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De acordo com Mosca (2005), os aspectos acima afectaram as funcionalidades entre


ocampo e a cidade, e em alguns casos, as rupturas de comunicação introduziram
graves distorções no funcionamento da economia.

Mesmo com a visibilidade dos impactos da crise, existem evidências que a economia
moçambicana cresceu a ritmos elevados durante o período da guerra. Este
crescimento foi sustentado pelo investimento público, pela política monetária
expansionista, pela intensificação da colonização e pelos efeitos inter-sectoriais da
presença de grandes contingentes do exército.

S AIBA QUE:

¾ A guerra conseguiu alcançar importantes zonas económicas, que produziam o


chá, o milho, tabaco, cereais e produtos frescos (Manica, Sofala, Zambézia). E
foi a partir da operação militar do exército Português, que a guerrilha se
estendeu para o Sul do Rio Zambeze, afectando as zonas acima.

De acordo com Mosca (2005) nas zonas libertadas a Frelimo procurou aplicar novas
formas de oranização da economia depois da guerra, realizando experiências de
trabalho colectivo em cooperativas de produção, abastecimento rural e a extracção
dos excedentes produtivos através de uma rede de lojas da Frelimo.

O movimento de libertação apresentava departamentos de produção e comércio, e


procurou orientar a produção agrícola no interior e vender no exterior os excedentes
comercializados aos camponeses, sobtretudo na Tanzânia.

A Frelimo face a situação de guerra e a crise verificada, esforçou-se por diversificar a


produção introduzindo e generalizando a produção de hortículas. Fez-se alguns
esforços no sentido de melhorar as técnicas agrícolas e introduzir novas como:
fertilização dos terrenos pela utilização de adubos. Mosca (2005)

Ao analisar as experiências das zonas libertadas, os discursos e os documentos da


Frelimo permite encontrar muitos dos fundamentos e das opções políticas e
económicas do pós-independência:

™ São evidentes os sinais para a intervenção da Frelimo na economia,


fundamentada na rejeição das iniciativas de comércio privado nas zonas
libertadas;
™ As cooperativas indicam as opções futuras da socialização do meio rural e da
criação das aldeias comunais;
™ A produção alimentar e a agricultura surgem como prioritárias.Mosca (2005)

NB: para que compreenda melhor este tema, é importante conhecer a história de
Moçambique, sobretudo a luta pelo poder, as alianças e não alianças.

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3. Estrutura Económica Pré-Independência

Considermos nesta fase dois aspectos:

a) A Estrutura Económica de Moçambique

As principais características neste período eram:

™ Maximização da extracção de recursos através das formas de produção


Balança de
assentes na exploração da força do trabalho; Pagamentos
™ Dependência de factores e de recursos externos – balança de São dados que
pagamentos com dificuldades e em situação de dependência e registam as
subalternidade; importações e
exportações de um
™ Sectores económicos com poucas relações inter-sectoriais; pais, comparando
™ Diferenças nítidas entre diversas formas de produção e de economias com o outro pais
que possuíam coberturas discriminatórias do poder político e do durante um
ordenamento jurídico; determinado período
™ O grande peso do sector informal e dos produtores de pequena escala de tempo.
na economia;
™ Pouca disponibilidade de capital e baixa capacidade de realização de
investimentos;
™ A importância dos sectores de serviços (portos, transportes e turismo)
como consequência das relações económicas regionai.
™ O Estado como principal agente económico – destacando-se actividades
como: energia; transportes (caminhos-de-ferro, aéreos e urbanos);
comunicações, comercialização rural de alguns produtos (algodão,
cereais e outros); banca e outras actividades.

A intervenção do Estado residia nas políticas económicas e na acção legisladora e


fiscalizadora, com o seguinte objectivo:

9 Definir e impor regras de diferenciação das acessibilidades às actividades


económicas entre os cidadãos ( entre os colonos e assimilados)

Portanto o objectivo da economia colonial era de maximizar as exportações para a


metrópole e minimizar os possíveis défices da balança de pagamentos e ainda investir
em infra-estruturas.

b) Os Indicadores Económicos Globais

Moçambique teve nesta altura como indicadores gloais, o emprego assalariado que
se distribuía da seginte forma pelos sectores produtivos:

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Quadro 1. Sectores produtivos em percentagem


Sectores Produtivos %
Agricultura 20
Indústria transformadora e construção 13
Serviços Produtivos 16
Serviços não produtivos 27
Trabalho migratório 24
Fonte: Mosca (2005: 77)

A taxa de analfabetismo era de cerca de 90% , sendo que a mortalidade infantil era
elevada e a esperança de vida estava entre 40 e 50 anos.

Podemos destacar outros indicadores:

O produto interno Bruto (PIB) é um dos indicadores mais importantes na medição do


tamanho da economia dum pais e na tomada de decisões estratégicas de Política
económica, ou seja, de transformação estrutural e de desenvolvimento económico. O
produto interno bruto (PIB) era na nessa altura constituído da seguinte forma:

Quadro 2. Produto Interno Bruto dos Sectores em Percentagem


Produto Interno Bruto %
Agricultura 19
Indústria 23
Servíços Produtivos 39
Servíços não Produtivos 19
Fonte: Mosca (2005:77)

Wuyts (1978) em Mosca, afirma que a produção agrícola comercializada era


aproximadamende 45% do total produzido, as percentagens de distribuição do PIB
por sector passariam a ser: agricultura 34%, indústria 19%, serviços produtivos 32% e
serviços não produtivos 15%.

Os sectores com maiores perdas foram os serviços (-30%) e a indústria (-19%). A


Importação: verifica-
agriculltura decresceu apenas 4% entre 1973 e 1975. A cosntrução civil subiu de se quando pessoas,
forma significativa em 6,4%. empresas ou país
Pereira de Moura e Amaral em Mosca(2005) confirma a análise da evolução adquirem produtos
oriundos de outros
económica no final do período colonial, e destaca:
países.

9 O crescimento de alguns sectores produtivos devido à guerra;


9 O aumento da construção de infra-estruturas. Exportações: ocorre
quando pessoas,
Foram estes elementos da política colonial que impulsionaram, com políticas fiscais e empresas e país
vendem produtos
monetárias expansivas, a industria alimentar e a construção associada à habitação. para outros países.

A balança de pagamentos foi sempre negativa, com excepção de 1972.

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Quadro 3. A balança de pagamentos


Ano Zona fora do Zona do escudo Total
escudo
1960 -883 559 -274
1965 -1458 1240 -218
1970 -1662 92 -1570
1971 -1038 598 -440
1972 -1072 1972 172
1973 -292 75 -217
Fonte: Mosca (2005: 56)

Nota:como pode observar só em 1972 temos uma balança de pagamentos positiva =


(172).

Recorde-se que:

A balança de pagamentos era quase sempre positiva em Portugal e negativa na zona


fora do escudo, prova evidente da aplicação dos princípios do Pacto Colonial,
principalmente nas funções dos territórios fornecerem recursos à metrópole a preços
inferiores aos do mercado internacional e de Portugal não financiar o desenvolvimento
das colónias. Mosca (2005)

Veja os Dados abaixo sobre os principais produto importados e exportados

Quadro 4. Principais produtos exportados (em percentagem do total das exportações)


Ano Cajú Algodão Açúcar Copra Chá Subtotal Inflação: subida
generalizada do nível de
1965 19 18 9 5 7 58 preços numa economia.
1970 19 16 13 5 5 58 Esta pode ser moderada,
1973 23 21 11 4 4 62 galopante e hiper-
inflação.

Quadro 5. Principais produtos importados (em percentagem do total das importações)


Ano Alimentos Têxteis Equipamento Subtotal
e metais
1965 19 16 37 72
1970 14 12 46 72
1973 12 9 53 74
Fonte: Mosca (2005:79)

Note que: as importações eram sempre superiores às exportações, daí o défice da


balança de pagamentos.

Os dados das importações, confirmam as políticas de substituição de importações


com a redução dos produtos alimentares e dos têxteis e, por outro lado, confirmam a
modernização da economia e as mudanças na composição do capital.

Lembre-se ainda que a economia de Moçambique teve um crescimento importante a


partir dos finais da década dos anos 1950 e princípios dos anos 1960.
Mas que no entanto, o IV Plano de Fomento revela as preocupações existentes e que
já eram evidentes os sintomas de uma crise anunciada resultante das políticas
económicas coloniais das últimas duas décadas.

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O mesmo documento (Plano IV Plano de Fomento em Mosca), considera que a


procura interna vem sendo fortemente influenciada por factores de duas ordens:

9 Avultadas despesas de investimentos;


9 Inflação do crédito ao consumo.

As primeiras tem a ver com os riscos que sempre comportam os programas de


desenvolvimento económico. A segunda resultou de um processo desencadeado por
pressões monetário-financeiro.

As pressões exercidas por esta inflação de crédito num mercado cujo abastecimento
é fortemente dependente do exterior haviam de se resolver em forte agravemento das
importações. Assim estas, foram aumentando entre 1960 à 1971.

Portanto o índice de inflação propagou-se a 1971, atingindo o seu pico máximo no


mês de Janeiro, em que os preços ao consumidor subiram e chegarm a atingir cerca
de 11%. Houve assim a necessidade de reorganização do crédito usando medidas
restritivas das importações.

Você deve reter o seguinte:

A política económica deste período colonial assentava no contexto do nacionalismo


politico e económico; no desenvolvimento tardio do capitalismo em Portugal e na
sustentabilidade portuguesa em relação a outras potências coloniais.

Com esta politica houve imposição administrativa dos povos ao trabalho forçado e sua
integração coerciva ao mercado como são os casos de :

9 culturas obrigatórias
9 Impostos de palhota e por cabeça
9 Proibição dos moçambicanos possuírem iniciativas em determinadas
actividades económicas, entre outros aspectos.

O objectivo da politica económica colonial, não consistia no desenvolvimento do


território, mas sim na ocupação para a demarcação da politica da soberania e a
extração de recursos para a satisfação dos interesses portugueses e o reforço dos
poderes políticos em Lisboa.

Conclusão:

Com os dados apresentados ao longo desta unidade, pode-se constactar que os efeitos
da guerra foram devastadores para a nossa economia em quase todos os sectores. E que
as transformações económicas e sociais, retardaram o processo de crescimento contínuo
e acelerado da economia com vista ao alcance do sonhado desenvolvimento económico.

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Leitura Complementar

MOSCA, João Economia de Moçambique século xx,Instituto Piaget, Lisboa, 2005.


FRANCISCO, António da Silva, A Economia Moçambicana
Contemporânea:Ensaios, Ministério do Plano e Finanças, Maputo, 2002.
Desta obra leia:
NEWITT, Malyn, História de Moçambique, Londres,1995.
CHICHAVA, José, Elementos Principais da Estrutura Económica Deformada pelo
Capitalismo Colonial em Moçambique, Maputo, 2005 (Texto de Apoio).

Actividades

A seguir, desenvolva as actividades propostas para aprimorar o seu conhecimento,


que muito contribuirão para o seu desenvolvimento.

Actividade 1

1. Assinale com V ou F as alternativas que se seguem:

a) O comércio de marfim e do ouro, eram o principal objectivo dos primeiros


períodos coloniais.
b) Uma das consequências importantes que influenciou a estrutura
económica e social de Moçambique foi a queda da produção alimentar.
c) A produção do algodão no período colonial não introduziu alterações no
sistema de produção.
d) A mão-de-obra moçambicana, constitui a base que facilitou a acumulação
do capital mineiro sul-africano e do desenvolvimento da economia do país.

Actividade 2

1. Indique os principais efeitos da cultura do algodão sobre as economias


camponesas.

2. Como se caracterizava a economia de Moçambique no fim do período


colonial?

3. Que aspectos conjunturais marcaram a economia durante a guerra colonial e


influenciaram a economia após indenpendência?

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Actividade 3

1. Identifique as principais características da estrutura económica pré-


independência.

2. Defina balança de pagamentos.

3. Justifique a positividade da balança de pagamentos Portuguesa face aos


outros países.

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UNIDADE TEMÁTICA 2

SISTEMA ECONÓMICO DE PLANIFICAÇÃO CENTRALIZADA

Elaborado por Neusa Sitoe


Objectivos

No final desta unidade, você deverá ser capaz de:


• Descrever as várias fases de transição da economia de Moçambique;
• Conhecer as directrizes do plano prospectivo indicativo (PPI);
• Identificar e caracterizar os grandes sectores de actividade económica da
época.

2.1 Transição e Crise no Período Pós-Independência (1975 – 1986)

Como vimos na unidade anterior, a 1ª fase da história da economia de Moçambique


foi marcada por um conjunto de factores estruturais, políticos e culturais intenso,
determinado por fenómenos marcantes: escravatura, guerras pela ocupação efectiva
da terra, o Xibalo, as culturas obrigatórias entre outros aspectos.

O período que se segue, é explicado pela experiência socialista (1975 – 1986), do


tempo de Samora Moisés Machel, onde princípio da distribuição equitativa do
rendimento era defendido - “Moçambique é de todos”.

Os períodos de transição caratcterizaram-se por diversos elementos começando


pela transformação da sociedade onde os elementos de conflitos internos,
combinados com os factores externos provocavam um certo desiquilíbrio naquela
época.

Você deve reter que as fases de transição da economia caracterizavam-se:

™ Por uma aceleração das transformações que justificavam o conflito e a crise;


™ Pela existência factores exógenos às sociedades que determinaram a
aceleração das tranformações e possuíam dinâmicas de um conflito político e
de uma crise económica;
™ Pela existência de um aproveitamento político de novo regime para a
introdução de elementos caracterizadores da sociedade que se pretendia e
pela implantação e reforço do poder em momento da derrota do regime
anterior.

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Vamos procurar com base nestes pontos interpretar o período de


transição em Moçambique.Faremos então a nossa abordagem
sem destacar cada um desse pontos uma vez que estão
interligados.

Segundo afirmam alguns autores em Mosca, o período de transição decorreu entre


1973 e 1977. E este período segundo os mesmos parece acertado, dado que por um
lado,o ano de 1973 representa o momento em que a economia moçambicana começa
a reflectir os efeitos da política económica da década de 1960. Neste ano também se
acentua a crise económica e existe um agravamento do conflito.

Ressalta-se que antes da Independência, tiveram que abandonar o país cerca de 50%
dos Portugueses que viviam em Moçambique. E este abandono teve repercussões
significativas para a estabilidade da economia como: a perda de mão-de-obra
qualificada nas áreas de produção, serviços e de gestão.

Por outro lado , 1977 foi o ano em que politicamente foram definidos novos rumos
para a sociedade, cujos elementos principais, começaram a ser aplicados de forma
mais sistemática em 1976.

Tendo como base esta periodização, Mosca (2005) passa a analisar os principais
elementos que justificam as transformações verificadas.

O conflito e a crise económica aprofundaram-se, a guerrilha alcançou importantes


zonas económicas (como já é do seu conhecimento).

Neste âmbito o exército Português perde a iniciativa militar e o controlo de crescentes


áreas que ampliam as zonas libertadas. Foi também neste período que existiram
mudanças fundamentais no movimento de libertação:

™ Eduardo Mondlane é assassinado;


™ Samora Machel assume a presidência do movimento ;
™ E existe um processo de radicalização política resultante, de lutas internas.

É imprescindível compreender a radicalização do movimento de libertação pois nela


se encontram muitos dos pressupostos da política económica do período entre 1975 e
1986.

Importante:
As fases de transição da economia de Moçambique e especificamente
- conflitos políticos e crise económica aprofundaram-se no Centro do
país e em importantes zonas económicas.

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A crise política nessa altura, assentava na discussão sobre as formas de organização


da população e dos vários serviços. Portanto, alguns autores defendem que existia
uma contradição e que o partido no poder possuía um certo antagonismo, pois a
mesma pretendia combater o poder informal da sociedade.

Segundo Mosca, estiveram em debate e sempre foram elementos de conflitos os


seguintes aspectos:

9 As relações entre a burocracia do partido no poder e os poderes informais da


sociedade, com as autoridades e com a população;
9 As formas de organização da produção e dos serviços, sobretudo a produção
agrícola, o comércio, a saúde e a educação;
9 O papel das elites no movimento de libertação e, de forma mais visível, as
questões étnicas e raciais.

Nesta altura existia um único representante do povo, e possuía então relações de


repressão sobre o mesmo, ou seja, com capacidade de mobilizar e influenciar a
população a seu favor.

Mais tarde surgiram inúmeros partidos/movimentos que foram de imediato rechaçados


pelo movimento no poder, que reivindicava ser a única organização representante do
povo e que tinha derrotado o colonialismo. Alguns destes partidos procuravam golpes
militares com o objectivo de evitar a tomada do poder pelo partido em destaque ou
concorrer em eleições em iguais condições. No final , estruturou-se a sociedade e o
poder com base num regime de partido único, autoritário.

Durante a luta de libertação nacional, foram criadas tarefas como formas de


organização económica:

¾ Produção de alimentos para guerrilheiros e para população;


¾ Comercialização dos excedentes e o abasteciimento da população;
¾ Criação de certos órgão com responsabilidade sobre os pontos acima.

Portanto, toda a produção agrícola era feita em áreas familiares, em cooperativas e


em áreas controladas pelo movimento no poder. Os trabalhadores dessas áreas (os
guerrilheiros e a população) deviam à posterior contribuir para a economia do país
com uma parte do seu trabalho, o que hoje chamamos (imposto).

Existia uma mútua dependência entre o movimento de libertação e a população. Por


um lado, as famílias necessitavam de protecção e de abastecimento de produtos
manufacturados (sal, açúcar, roupa, etc) e por outro lado, o movimento de libertação
necessitava da participação da população para o recrutamento de guerrilheiros, para
o desempenho de funções como milícias populares, para o transporte de material de
guerra e de mantimentos, etc.

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Ainda neste tema é importante saber que:

A área familiar começou a produzir excedentes que eram escoados para países
vizinhos, ou através das lojas do povo recebendo em troca produtos SAAVM:
manufacturados. Era uma cooperativa
formada por agricultores
de algodão, por
O movimento cooperativista promovido na época colonial, e por alguns professores das missões
produtores agrícolas de pequena e média dimensão, já era conhecido na religiosas, empregados de
Província de Cabo Delgado por SAAVM e era formado por elites do planalto de lojas, artesão, etc.

Mueda (agricultores de algodão, etc). A maior parte desta cooperativa veio a


integrar-se na Frelimo.

A SAAVM foi reconhecida e teve sucessos na produção de algodão, mas isso era
uma forma de destacar o debate político daquela época. Estas cooperativas
impulsionaram o processo de diferenciação no seio dos camponeses e a criação de
elites clânicas no território do planalto de Mueda. Os elementos da SAAVM que
vieram a integrar no movimento de libertação, pretenderam naquela altura introduzir
novas formas de produção e de organização, que foram rejeitadas durante os conflitos
internos pelo facto de serem reacionárias.

A Luta das classes, desencadeada no planalto dos macondes foi transportada para o
movimento de libertação, sendo que a experiência de organização de cooperativas
seria para que o partido no poder definisse as formas positivas de acumulação que
em termos políticos seria: “exploração do homem pelo homem”.

Moçambique passou por várias crises nos finais da década dos anos 1960, tendo
como elemento de discussão as formas de propriedade e organização da produção,
interligados aos temas sobre os poderes informais, a divisão social do trabalho, as
questões raciais e étnicas , o papel da mulher na sociedade, entre outros.

Segundo Mosca, estavam em discussão duas áreas de organização:

™ Reacionária, tribal, de novos exploradores e


™ Revolucionária dos defensores do povo e da linha política correcta.

O partido no poder foi desta maneira destacando as funções de partido/estado na


base da centralização das questões ligadas ao poder e a organização da população,
controlando a economia e a vida da polpulação no geral pela burocracia.

O conflito em Moçambique não terminou com a independência. Inicia-se a guerra do


Movimento Nacional de Resistência, criada pelos serviços secretos da Rodésia do Sul
por um grupo da oposição às ideias do partido no poder, por antigos militares
moçambicanos das forças especiais do exército português e ainda por colonos
portugueses com interesses económicos que abandonaram Moçambique e residiam
na Rodésia. Mosca (2005)

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Recorde-se:

Antes do ano 1976, recorda-se que a Rodésia esteve envolvida em conflitos de


guerra colonial (em Tete) e que os acordos de paz celebrados em 1974 em Lusaka
pela Frelimo e o governo Português, serviam de uma tentativa de golpe por parte de
alguns colonos por pretenderem proclamar uma independência branca com o apoio
da RAS. Esta possuía três colunas militares e usavam a bandeira portuguesa para
entrar em Moçambique: duas em direcção à Lourenço Marques e a terceira com
destino à Beira. Bernardo em Mosca (2005).

O conflito após a independência foi resultante do seguinte conjunto de factores:

™ Racismo
™ Política económica e externa da Frelimo
™ A Guerra Fria

Salienta-se ainda que a política económica do partido no poder possibilitou a acção


da guerrilha da oposição. Sendo que estes (oposição), para além do aliciamento
étnico, exploravam o descontentamento dos camponeses relativo às aldeias
comunais, assaltavam os campos de reeducação e capturava homens e jovens que
eram obrigatoriamente integrados como militares, etc.

O governo de transição tinha como tarefa primordial passar o poder de Portugal para
a Moçambique. Foi neste âmbito que Moçambique, encerrou as fronteiras com a
Rodésia do Sul, diminuindo a circulação e o fluxo de mercadorias. Este facto fez com
que se perdessem as principais fontes de divisas e por conseguinte a importância dos
sistema de transportes. A evolução tecnológica dos transportes não foi acompanhada
por Moçambique possibilitando desta forma a perda de vantagem competitiva tanto
para os proprietários de carga como para as empresas.

O sistema de transportes provocou a formação de monopólios nas empresas e as


ligações do capiltal sul-africano e da Rodésia do Sul, permaneceram após a
independência do Zimbabwé. Os elementos de sucesso Sul-africano foram os portos
de caminho de ferro que eles tinham como importante estratégia para se apresentar
aos parceiros do comércio internacional como sinais de desenvolvimento e
industrialização. Esta estratégia foi um sucesso económico para o governo Sul-
africano.

Portanto o regime moçambicano já radicalizado, reflectia na organização do Estado e


na política económica. A referência constante desta época era o capitalismo como
sistema de exploração, a terra como propriedade privada do Estado, a prioridade na
resolução das necessidades da população.

Samora Machel, anunciou a nacionalização da educação e da saúde, da terra, das


empresas funerárias e dos serviços de advogacia. Porém, era já anunciada a
socialização da economia: novas actividades privadas eram praticamente proibidas e
qualquer iniciativa era social e politicamente condenada; para o meio rural foi definida
a prioridade das cooperativas e das aldeias comunais como formas colectivas de
produção e de vida. As aldeias comunais seriam as cidades do campo.

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Portanto, as nacionalizações eram coerentes com o discurso político e a política


económica, o que aconteceu como consequência da evulução política e económica
em Portugal; da saída massiva dos Portugueses e com a radicalização ideológica
interna.

Recorde-se

A intervenção do Estado nas empresas foi também resultante da descapitalização e


das decisões anti-económicas de alguns empresários no momento em que estavam a
retirar-se de Moçambique. É importante salientar que o movimento no poder pouco
fez para travar a saída de tais empresários. Como podemos ver a continuidade da
comunidade estrangeira em Moçambique foi muito dificultada e as grandes empresas
de todos os sectores económicos não foram nacionalizadas nem intervencionadas:
empresas que tinham relações com o exterior e que transferiam matérias-primas
(algodão e copra); empresas de importação e de prestação de serviços de máquinas
industriais e de meios de transporte.

↓ O sector estatal crescia de forma desprogramada e ultrapassava as


capacidades do governo, as grandes empresas operavam em sectores de
grande importância para economia. Mosca (2005)

2.2 A Reconstituição do Estado e da Economia

Com vista a eliminar o aparelho do Estado Português, a Moçambique iniciou uma


importante reforma da Administração Pública. Esta reforma assentava no princípio da
democracia centralizada que veio a transformar-se em burocracia centralizada e
autoritária, tornando os membros do Estado em executivos que imprimiam o princípio
que o “partido dirige o Estado e a sociedade”.

A centralização da autoridade estatal, não foi acompanhada pela participação do


povo, pois incialmente o Estado afirmou-se como sendo de operários e camponeses,
o que mais tarde veio a transformar-se num Estado burocrático e liderado por elites
políticas, em que a confiança política dirigida a tais elites era por meio de nomeações
de cargos de Direcção.

Grande parte dos Portugueses que abandonaram o país antes da independência,


foram substituídos por militares do partido no poder que por confiança política
ocupavam os cargos de Direcção. (Ler Mosca 2005).

Você deve reter que houve duas vertentes para reconstituir a economia de
Moçambique:

™ Introdução de novas formas de organização da produção e da sociedade:


™ Manutenção das empresas em produção, após a saída dos empresários
estrangeiros.

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A necessidade de garantir o bom funcionamento das empresas e o emprego; o facto


das nacionalizações terem sido realizadas sem ter em conta acções imediatas de
programação e a criação de infra-estruturas organizacionais, fez com que a qualidade
dos serviços prestados decaísse. Estes factores levaram a que o Estado intervisse
nas empresas e na economia.

Consequências do abandono dos empresários estrangeiros:

™ Ropturas de stocks de insumos e de matérias-primas;


™ A descapitalização, que colocou as comissões administrativas em dificuldade;
™ Os fluxos do mercado (importações/exportações) foram interrompidos;
™ A situação financeira dificultou o pagamento dos salários e os compromissos
com as empresas;
™ Deu-se início ao sistema de orçamentos com taxas de retorno muito baixas ou
quase nulas, entre outros aspectos.

Por outro lado a maior parte das empresas foram transformadas em unidade de
produção – as chamadas UP; a maior parte dos agricultores Portugueses do colonato
saíram do país, tendo-se criado uma grande empresa estatal que concentrou a quase
totalidade do sistema de regadio com cerca de 22000hectares, com vários ramos de
actividade (pecuária, indústrias alimentares, gestão imobiliária, etc). Mosca (2005)

Portanto as produções por hectare foram sempre baixas, as despesas elevadas e


sempre suportadas por financiamentos bancários com baixo retorno. A gestão da
Empresa Moçambicana (E.E) constituiria um dos elementos da crise po,r pôr em
prática a política a comandar a economia.

Saiba que:

Com a independência, as empresas públicas do período colonial passaram


directamente para o Estado moçambicano (ex: LAM, CFM, Rodoviárias de BM: Banco de
Moçambique.
Moçambique Sul, Centro e Norte); os bancos Portugueses a operar em
Moçambique também passaram para o Estado (BM, BPD). Após a BPD: Banco Popular
independência, a economia moçambicana tinha como base o sector estatal, de Desenvolvimento.

que planificava e controlava a estrutura produtiva monopolista.

Um importante factor desta época, é que as nacionalizações foram consideradas sem


ter e conta a capacidade técnica e administrativa para suportar a aplicação das
mesmas, pois a dinamização dos serviços não estava sendo acompanhada pela
melhoria da qualidade.

Segundo Mosca, o objectivo principal do governo era a estatização da economia onde


deveriam ser centrados os recursos e que os objectivos de importância secundária
ficariam sob a responsabilidade dos órgãos locais. Os dilemas entre a centralização e
a descentralização e entre o autoritarismo e a participação democrática foram
elementos do debate interno no movimento da libertação e que assumiram em cada
momento diferentes formas de aplicação.

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Nota: nesta altura a economia tinha carácter central, sendo que o Estado devia intervir
directamente na economia.

Refere-se ainda que, na crise e com a ruptura e eliminação do capitalismo, seria mais
fácil criar as bases materiais para a construção do socialismo.

A análise do processo moçambicano foi realizada por factores internos e


externos, que se destacam:

Factores Internos
¾ Análise deficiente da realiadade;
¾ A política agrícola que destacava a falta de acesso à terra pelos camponeses;
¾ Radicalização da aplicação dos mecanismos de uma economia centralizada e
de mercado;
¾ A construção de um Estado burocrático e centralizado.

Factores Externos:

¾ As influências directas e indirectas sobre a política interna;


¾ A guerra de desestabilização no contexto da Guerra Fria;
¾ A evolução da economia internacional.

No relatório do Comité Central da Frelimo e no seu III Congresso, foram definidas


orientações fundamentais para a economia. Nesta época o partido destacava-se
como marxista-leninista e o socialismo surge como um projecto de sociedade e para a
economia.

A agricultura foi então, considerada como a base do desenvolvimento e a indústria


ligeira como o potencial factor dinamizador. Para além da agricultura, o sector de
comércio interno e a oferta de serviços básicos para a população foram também
considerados como prioritários.

Em 1977 o governo toma a iniciativa de estruturar e de aplicar um novo modelo


económico por meio do Plano Estatal Central (PEC). A economia começou assim a
ocupar um lugar de destaque, os países através das linhas de crédito começaram a
operar taxas de juro baixa e com boas condições de pagamento; as empresas de
comércio externo concretizavam as decisões políticas pelos acordos comerciais, os
acordos governamentais davam preferência para que as empresas socialistas
explorassem recursos naturais, obtivessem licenças de pesca e exportassem
produtos agrícolas resultantes dos projectos agrícolas em que estivessem envolvidos.
Mosca (2005)

Como se pode verificar o objectivo nessa altura singia na maximização da produção.


As metas eram geralmente ambiciosas e muitas vezes correspondiam às pressões
dos responsáveis e funcionários dos ministérios do que as condições reais das
empresas.

Saiba que, a politica da Frelimo pretendia expandir para o meio rural, com os
seguintes objectivos:

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¾ Obter receitas como forma de reduzir os prejuízos das empresas


moçambicanas (E.E);
¾ Controlar os outros sectores de produção transformando as empresas do
Estado em extensões do Estado para algumas funções;
¾ Aumentar a produção.

Mas por causa da guerra na zona rural, as empresas viram-se dificultadas nas suas
actividades:

9 O custo de funcionamento operacional que aumentava era muitas vezes


interrompido devido aos ataques,
9 O transporte de insumos e da produção começou a ser realizado por colunas
com protecção militar,
9 Os trabalhadores sentiam uma certa instabilidade em relação as suas
operações culturais.
9 As empresas optaram por criar forças militares (milícias populares) para a
protecção de infra-estruturas, trabalhadores e viaturas.

O conjunto de aspectos destacados acima aprofundaram a crise económica das


empresas cujos custos eram suportados pelos bancos, com justificações de defesa e
segurança.

Portanto, as empresas estatais demonstraram desta forma que não eram apenas uma
forma de organização económica ou consequência de opções ideológicas. As E.E
eram ainda um instrumento de poder de soberania e de transformação económica que
deveriam assumir o papel de vanguarda económica e o exemplo de modernização
para o desenvolvimento económico. Mosca (2005)

2.3 Plano Prospectivo Indicativo (PPI)

O PPI foi elaborado por um grupo restrito de funcionários sob a orientação de altos
responsáveis para a área económica, com o obejectivo de reforçar o projecto de
desenvolvimento a longo prazo. Entretanto Magid Osman (1990) considera que o
modelo de desenvolvimento era insustentável, principalmente devido à escassez de
recursos externos e a limitada cooperação.

O PPI constituía um conjunto de metas económicas e sociais com vista ao alcance da


vitória sobre o subdesenvolvimento e a construção de um país socialista. Este plano
propunha:
9 o apoio externo,
9 a estabilidade política interna regional e,
9 a capacidade da Frelimo para a mobilização pupular.

Moçambique esperava um grande suporte militar e diplomático quanto à cooperação


internacional com os países socialistas, baseadas na formação do exército em
comissões mistas de cooperação que tinham influências económicas através dos
projectos de desenvolvimento a longo prazo, ou por intercâmbios comerciais de curto
prazo. A cooperação económica com os países socialistas centrava-se na agricultura,
pescas e na indústria extractiva.

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Entretanto, em menos de três anos um conjunto de factos tornou evidente a


impossibilidade de concretização dos objectivos do PPI. Sendo que o agravamento da
crise fez com que fosse posteriormente esquecido o PPI, tendo como destaque os
seguintes motivos:

¾ A generalização da guerra por iniciativa da Renamo;


¾ A destruição das infra-estruturas que assumiu proporções gigantescas;
¾ Surgimento das economias socialistas, reflectida na cooperação e na ajuda
externa;
¾ Aumento da pobreza.

Saiba que os efeitos da guerra (iniciada pela Oposição) em Moçambique,


trouxeram os seguintes dados estatísticos:

™ O PIB decresceu em mais de 30%, o crescimento económico anual chegou a


atingir 20% com mais de 5 anos negativo;
™ 40% da população encontrava-se em situação de deslocados de guerra;
™ A dívida externa aumentou em quase 500% entre 1984 e 1992;
™ 63% do investimento directo externo foi cancelado ou não se iniciou;
™ As despesas militares alcançaram entre 12 e 18% do PIB e entre 18 e 26%
das despesas públicas durante os anos 1980.

De acordo com Mosca(2002) a gravidade revelada pela guerra, as consequências


psicológicas, os traumas pessoais, as mudanças nas relações interpessoais e
algumas manipulações sobre as diferenças étnicas, deixaram sequelas que poderão
constituir dificuldades para os períodos seguintes; a crise, o conflito, a pobreza, etc.,
elevaram os conflitos às suas formas mais violentas, seja sob a forma de guerra seja
ao nível social e político.

A crise económica aguda começa a manifestar-se a partir dos princípios da década


1980. E o governo moçambicano tomou um conjunto de medidas que pretendiam:

™ Romper o isolamento diplomático com os principais países ocidentais;


™ Encontrar soluções para a paz na região;
™ Introduzir reformas económicas.

A diplomacia era fundamental para a paz em Moçambique, esta era necessária para
suster a crise e as reformas económicas eram importantes para sustentar a
diplomacia, e eram desejáveis vitórias no campo de batalha para que as negociações
de paz se realizassem em situação militar não desfavorável.

Segundo alguns estudiosos, a estratégia tinha como objectivo sustentar a crise sem
comprometer o projecto socialista, isto é, pretendia-se ganhar tempo, adiar os
objectivos mantendo a fidelidade aos princípios políticos e ideológicos e às opções do
socialismo. No entanto, é reconhecido o papel do sector privado no desenvolvimento,
a importância da descentralização do Estado, de uma maior autonomia das empresas
estatais e a necessidade de introdução de critérios económicos na gestão.

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Portanto, as reformas económicas constituíram as mudanças mais importantes


deste período: FMI:
Fundo Monetário
9 Iniciaram-se conversações com o FMI e o BM; a admissão do país nas IBW Internacional
aconteceu em 1984.
9 Moçambique aderiu ao Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e foi
admitido como observador da Convenção de Lomé.
IBW:
Instituições de
As reformas económica, a garantia de não existência de bases soviéticas na região e Bretton Woods.
a abertura política e diplomática eram condições exigidas para que os países
ocidentais e as IBW revissem as relações com Moçambique.

Você deve reter - as primeiras medidas económicas foram as seguintes:

1. Autorização para agentes económicos privados em importar e exportar


determinados produtos;
2. Reformulação da política económica rural – distribuição da terra ao sector
privado e a camponeses;
3. Criação de uma rede de extensão rural para apoiar a produção de pequena
escala;
4. Liberalização de alguns preços alimentares não essenciais;
5. Introdução de reformas nas empresas estatais.

Até 1986 houve uma grande reformulação e reestruturação da economia de


Moçambique, que estava sob comando de Samora Moisés Machel até o ano de 1986.
Samora, implantou o socialismo e o princípio da distribuição equitativa do rendimento
mesmo em momentos de grande crise económica, política e social que se fazia sentir.

2.4 A Evolução da Economia e os Sectores da Agriculrura, Indústria e


Transportes

A evolução política de Moçambique influenciou de forma decisiva a economia. A


política económica do período pós-independência, que apresentava alguns elementos
da história económica, sugerem que a evolução aparentemente positiva entre 1977 e
1981 reflecte que um ciclo de crescimento desenvolveu contradições que foram
aceleradas ou aprofundadas pelas formas de aplicação do modelo económico.

Entre 1977 e 1981 existiu uma aparente recuperação dos indicadores económicos.
(Ler Mosca 2005)

Conheça mais alguns indicadores económicos:

™ Produto Interno do Território: é o somatório dos valores acrescentados de


todas unidades produtivas desse território;
™ Produto Nacional: é igual ao produto interno mais o saldo dos rendimentos
com o resto do mundo;
™ Produto Bruto: é o valor da produção de um país se não forem deduzidas as
amortizaçºoes ( consumo de capital fixo). Se forem deduzidas as amortizações
teremos o Produto Líquido ( valor da produção deduzidas as amortizações);

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™ Produto Interno Bruto: tem em consideração o preço do mercado. O PIB a


preços de mercado é igual a soma dos valores acrescentados brutos mais os
impostos ligados à importação.
™ PNB a preços de mercado: é igual ao produto interno bruto ao preço do
mercado mais o saldo dos rendimentod com o resto do mundo.
™ PIB per capita: avalia o padrão de vida da população – divisão do rendimento
pelo número da população. Em África não existe uma distribuição racional dos
rendimentos e esta verificação é feita através do nível de vida da população.
™ PIB real: é o PIB nominal corrigido da inflação.
™ PIB nominal: é o valor do produto total a preço do mercado gerado num país
durante um determinado período de tempo, geralmente 1 ano.
™ PIB potencial: é um indicador que nos fornece uma informação com um nível
elevado de emprego, mais precisamente o nível máximo do PIB que pode ser
mantido sem aceleração da inflação.

Conheça a Fómula de Cálculo do PIB Potencial

Não tem sido fácil calcular o PIB potencial devido ao facto de:

9 A Economia de Moçambique ter registado constantes oscilações na sua


evulução. Mas apesar deste aspecto, achou-se o método de Inventário
Perpétuo embora não sendo real.

K = (1-β)kt-1 + I1 Stock de Capita:


Capital para
investimento com
retorno.

YP = Kt * Kt-1

Comércio:
Onde: É uma troca com
objectivos lucrativos.
Surge pelo facto dos
K – Stock de capital países possuírem
potencialidades
Β – taxa de depreciação np 1º ano diversas o que faz
I1 – investimento do 1º ano com que exista o
T – tempo/ período intercâmbio.

Nota: em algumas literaturas o K = Kt (IMPORTANTE)

O comércio externo é também considerado um dos indicadores económicos. Com a


evolução da sociedade a tendência é de mundializar a economia que significa que
qualquer acontecimento económico de um determinado país tem o seu impacto mais
ou menos ao nível do mundo. O comércio externo tem como causas:
9 a existência de recursos num determinado país que noutro não existam;
9 o processo de troca da moeda/ utilização de mão-de-obra
estrangeira e o transporte.

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Nota: É composto por importação e exportação.

O processo de entrada e saída de produtos implica saída e entrada de divisas. É


importante a análise do processo de entrada de divisas porque permite verificar o
estágio da economia de um país.

Lembre-se: quando as exportações são maiores que as importações tem-se o


superávit e em caso contrário tem-se um défice.

Portanto, a evolução da economia de Moçambique esteve sempre assente em


importações ( como pode-se observar na tabela a seguir).

Quadro 6. Resumo de Importações e Exportações em Moçambique


1975 1978 1980 1982 1984 1986
Balança Comercial tota -5,7 -11,9 -16,8 -22,9 -18,8 -18,7
Exportações 5 5,3 9,1 8,7 4,1 3,2 Balança comerial
Faz o registo da
Importações 10,7 17,2 25,9 31,6 22,9 21,9 economia de um
Taxa de Cobertura 46,7 30,8 35,1 27,5 17,9 14,7 país em relação ao
BCT/PIB (%) 2,9 21,4 24,5 17,2 11,8 outro.
Balança de Serviços 1,8 3,1 1,2 -1,4 -5,3
Donativos Nd 1,8 3 7,1 8,6
Donativos:percentagem 4 2,3 3,2 6,5 5,4
do PIB
Balança de Capitais -3,2 11,8 14,9 -3,1 -3,5
Balança Global -1,1 -5,4 -15,2 -21,9
Fonte: Mosca (2005: 263)

O sector externo foi sempre importante na economia moçambicana,


considerando os seguintes aspectos:

1. A baixa ou muito baixa taxa de cobertura das importações pelas exportações;


2. O défice crónico da balança comercial com valores superiores a 20% do PIB;
3. O crescente peso dos donativos;
4. O volume e o crescimento da dívida externa.

Até que ponto as importações podem ser cobertas pelas exportações?

Para responder a esta questão, você deve-se recordar a cerca:

9 Taxa de Cobertura

É um indicador do comércio externo que representa em percentagem (%) o valor das


importações que podemos considerar como pago, com o valor das exportações
efectuadas para outros países.

Txc = Vexp/Vimp *100%

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Preste atenção: se a taxa de cobertura aumenta, as exportações também aumentam


e as importações diminuem. Se a taxa de cobertura diminui, as exportações diminuem
e as importações aumentam.

9 O Peso do Comércio Externo

Reflecte o grau de cobertura de um país no exterior. Este indicador dá-nos uma


informação sobre a importância percentual do valor da importações e das exportações
do total das despesas efectuadas num país, em determinado período de tempo e
geralmente 1 ano.

PCext = (VImp + Vexp)/PIBPm * 100%

Portanto, da informação estatística de 1986, é possível retirar a evolução dos preços


dos principais produtos moçambicanos (açúcar, algodão, caju, chá, camarão, copra
entre outros). As importações cresceram rapidamente no período entre 1975 e
1980/81 e o declínio até 1986 foi mais acentuado. Tem importância ressaltar que o
peso dos bens de consumo, foi também crescente sobretudo dos alimentares.

Não obstante é evidente que as quedas de exportação de cada produto coincidiu com
o momento em que a guerra afectava a zona produtora, são os casos do açúcar, do
chá e das madeiras. Com os termos de troca em vigor foi fácil notar a subida das
exportações. As quantidades produzidas de alguns produtos aumentaram (açúcar,
camarão, chá e derivados do petróleo. Os termos de troca entre os anos 1980 e 1985
continuaram a ser favoráveis para a economia moçambicana e nesse período apenas
aumentou o volume de exportações do camarão, pois “no mar não existia guerra” –
dizem alguns autores.

Os parceiros comerciais são os mesmos das importações e o comportamento foi


semelhante ao longo do período entre 1975 e 1986. O surgimento da Espanha como
um destino importante (produtos de pesca) e a maior importância da RDA
relativamente à URSS ( principal país socialista nas importações moçambicanas) veio
impulsionar a economia de Moçambique.

Em suma, as relações comerciais com países socialistas, destaca-se que funcionou o


sistema de pagamentos realizados com mercadoria ou serviços. Neste caso, durante
algum tempo as trocas eram valorizadas com uma paridade de 1:1 entre o marco da
RDA e o da RFA, este aspecto acrescido à excessiva valorização do metical, traduzia-
se em importantes desvantagens para a balança comercial moçambicana.

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Conheça os três grandes sectores da economia moçambicana:

ƒ Agricultura

A politica económica para a agricultura conteve erros importantes com efeitos sobre o
decréscimo da produção. Este aspecto verificou-se pelo facto da guerra ter atingido
importantes zonas de produção naquele período, destacando-se o campo como
sendo o foco onde a guerra produziu efeitos directos mais violentos e com maiores
consequências sobre a economia. Foi na agricultura e sobretudo nas empresas
estatais onde se concentravam elevados volumes de investimento público.

Pode-se constatar que em alguns produtos existiu uma importante recuperação da


produção entre 1975 e 1980/82, como foi o caso do chá, citrinos, algodão, girassol e
leite que eram produzidos quase totalmente pelas empresas estatais, o que revela
que em alguns sectores existiu uma recuperação da produção da E.E. As razões de
algumas empresas terem obtido resultados produtivos positivos, deveu-se ao facto de
terem usado capacidade técnica e de gestão afectados a esses sectores
considerados estratégicos. Portanto, 1975 foi o ano de maior produção agrícola para o
açúcar, arroz, castanha de caju, copra, feijão, milho e sisal, tendo um volume de
produção quase acima de 50%.

A evolução da produção sectorial pode ser destacada pelo seguinte:

9 Após a reforma económica, o sector privado concentrou a produção nas


culturas liberalizadas, que proporcionavam um retorno mais rápido dos
gastos;
9 Os camponeses mantiveram a importância relativa de algumas
produções importantes para a economia do país;
9 As empresas estatais reproduziram a estrutura produtiva e as
tecnologias praticadas nas grandes plantações e nas machambas dos
colonos, bem como os métodos e as formas de relacionamento com a
população (contratação de mão-de-obra).

Um estudo efectuado pelo Ministério da Agricultura analisa a evolução dos


preços reais e os resultados foram:

ƒ As diferenças entre o preço ao produtor e o preço ao consumidor são


geralmente elevadas, destacando-se o algodão;
ƒ Há uma grande instabilidade nos preços agrícolas, tanto ao produtor como ao
consumidor - o que revela a ausência de mecanismos reguladores e as
dificuldades de ajustamento das políticas públicas;
ƒ Existe uma evolução positiva dos preços reais, tanto ao produtor como ao
consumidor entre 1976 e 1980, e há uma inversão desta tendência,
principalmente depois de 1984.

Ressalta-se que este sector (primário) foi definido como sendo de grande importância
para o desenvolvimento de uma economia, e em caso particular de Moçambique.

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ƒ Indústria

O sector industrial (secundário) foi objecto de abandonos durante o período de


transição. Os empresários/proprietários ao abandonarem o país, procuravam exportar
ao máximo o património pessoal e das empresas, que a legislação moçambicana
proibia.

Face aos abandonos eram nomeadas comissões administrativas, que procuravam


manter as empresas em funcionamento e garantir o emprego. O Ministério da
indústria criou gabinetes de apoio à produção em cada capital de província, que tinha
como funções principais manter as empresas em funcionamento e garantir o
emprego, reestabelecer os circuitos de comercialização e de aprovisionamento e
assegurar o financiamento para as despesas correntes.

Existia tal como na agricultura, a definição de empresas de diferentes âmbitos, o que


determinava as prioridades na afectação de recursos pelo plano. As empresas que
produziam bens de abastecimento, factores de produção para agricultura, e produtos
de exportação, tinham prioridade: estas últimas eram principalmente as agroindústrias
do açúcar, algodão, caju, copra, chá e outras.

O sector industrial atravessou:

9 rupturas de fornecimento de matérias-primas e de peças sobressalentes;


9 gestão deficiente por falta de gestores e de técnicos;
9 funções sobrepostas e conflitos entre as comissões administrativas.

Embora grande parte do sector industrial não tivesse sentido os efeitos directos da
guerra, sofreram, principalmente na região Centro (Beira e Chimoio), paralisações
constantes e por vezes prolongadas devido aos cortes de energia por sabotagem das
linhas de alta tensão. As indústrias localizadas no meio rural (açúcar, algodão, chá,
copra, etc) foram diferentemente afectadas por sabotagem e estrangulamentos pelos
ataques às estradas e linhas-férreas por onde era exportada quase toda a produção.

Saiba que:

Após a independência, foram realizados pucos investimentos em novas indústrias ou


na modernização das já existentes. O conjunto do sector produzia a menos de 50%
da capacidade instalada e a competitividade no mercado externo não constituía
preocupação do período.

Destaca-se ainda a indústria extractiva em Moçambique teve sempre uma importância


relativa. O carvão representava cerca de 60% do total do valor da produção em 1975.
As produções baixaram rapidamente logo após a independência. A produção mineral
em 1986 era de cerca de 19% da verificada em 1975 e a de carvão não ultrapassava
os 11%. A exploração mineira foi interromprida com a guerra e teve neste período a
cooperação de países socialistas, sobretudo RDA, para o caso do carvão. O carvão
era um importante sector no quadro geral da cooperação entre Moçambique e a RDA
e para o possível equilíbrio da balança comercial entre os dois países.

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A pesca cresceu de forma consistente, tendo sido desenvolvida a pesca artesanal ao


longo da costa sobretudo ao lango dos principais centros urbanos. O Estado criou
uma empresa estatal, EMOPESCA, que tinha como funções a implementação da
política de pesca e a exploração da actividade.

ƒ Transportes

O sector dos transportes (terceário) também atravessou dificuldades provocadas pela


conjugação de um conjunto de factores, particularmente os caminhos-de-ferro e os
portos após a independência. As mudanças do pós-independência afectaram a
eficiência e eficácia deste sector e os investimentos para a modernização dos portos e
das vias não acompanharam a evolução do sector a nível internacional e regional.

Os transportes e portos moçambicanos, por terem pertencido ao Estado Português,


passaram automaticamente para o Estado moçambicano após a indenpendência. O
transporte ferroviário teve um comportamento destinto até 1982/83 - o número
aumantou significativamente até esse período e decresceu posteriormente. O
transporte de carga rodoviário reflecte o comportamento da economia moçambicana:
9 um decréscimo entre 1975 e 1977, seguido de uma importante recuperação
até 1981/82 e uma redução rápida ao fim do período em análise.

Nas cidades os serviços de transporte urbanos, que pertenciam às administrações


locais no período colonial transitaram igualmente para o poder municipal após a
independência. Os serviços começaram a designar-se - transportes públicos urbanos
(TPU). Neste sentido, foram realizados nos primeiros anos investimentos em
autocarros, mas pela má utilização e deficiente manutenção e assistência técnica, a
frota de autocarros públicos entrou em colapso.

Os caminhos-de-ferro foram constituídos em empresas (Sul, Centro e Norte) com


maior autonomia financeira e gestão empresarial; o sector privado começou a operar
informalmente na cidades com os famosos “chapa 100”; surgiram transportadores
privados de carga e de passageiros de média distância. Os produtores agrícolas e
comerciantes privados começaram a ter acesso à aquisição de carrinhas e camiões
que chegavam a Moçambique no âmbito de diversos programas de cooperação e
ajuda.

Voce deve reter o seguinte:

Este modelo económico aplicado em Moçambique após a Independência (modelo


socialista) tinha as seguintes opções de politica económica:

9 O crescimento económico seria realizado com base no sector estatal, que


seria dominante e determinante;
9 O crescimento deveria assentar em elevados níveis de investimento com
sacrifício do consumo privado acrescido da modernização que elevaria a
produtividade;

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9 O investimento do Estado concentrar-se-ia no sector estatal agrário numa


primeira fase e posteriormente, na indústria pesada como factor de
transformação estrutural da economia.

O modelo económico socialista destacava a importância do crescimento económico


se basear na indústria pesada, como forma de alcançar a independência económica,
um crescimento mais rápido a longo prazo mas com sacríficios no consumo a curto
prazo e o estabelecimento de novas relações económicas internacionais.

Segundo o modelo socialista, a procura não é determinada pelo consumidor mas sim,
pela capacidade de produção, e as prioridades na distribuição de bens e serviços são
atribuídas pelos planificadores considerando os níveis dos preços também
planificados. Este modelo teve implicações nas formas de organização da economia.

Esta unidade evidenciou as várias transformações e períodos que a economia


moçambicana atravessou nos diversos sectores (primário, secundário e
terceário). Contudo, saiba que a concepção do Estado socialista provocou a
separação entre a sociedade e o poder, o surgimento de uma elite burocrática
que, sem acesso a rendimentos por via da procura, obtinha-os por via da
distribuição.

Leitura Complementar

MOSCA, João. Economia de Moçambique Século XX. Lisboa, Instituto Piaget,


2005.
FRANCISCO, António da Silva, A Economia Moçambicana
Contemporânea:Ensaios, Ministério do Plano e Finanças, Maputo, 2002.
Desta obra leia:
NEWITT, Malyn, História de Moçambique, Londres,1995.
CHICHAVA, José, Elementos Principais da Estrutura Económica Deformada pelo
Capitalismo Colonial em Moçambique, Maputo, 2005 (Texto de Apoio).

Actividades

A seguir, desenvolva as actividades propostas para aprimorar o seu conhecimento,


que muito contribuirão para o seu desenvolvimento.

Actividade 1
1. Durante a luta de libertação nacional, foram criadas tarefas como formas de
organização económica. Indentifique-as.

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2. Aponte o conjunto de factores de que resultou o conflito após a independência.

3. Em que consistia a reforma da Administração Pública iniciada pela Frelimo?

Actividade 2

1. Que consequências teve o abandono dos empresários estrangeiros para a


economia moçambicana?

2. A análise do processo moçambicano foi realizada por factores internos e


externos. Aponte-os.

3. Defina PPI e mencione o seu objectivo.

4. Calcule o stock de capital e o PIB potencial, considerando: I1 a USD5, β


correspondente a 10% do investimento e Kt-1 a USD2.

5. Calcule o peso do comércio externo sabendo que as exportações totalizaram


50.000USD, sendo que as importações foram correspondentes à 10% das
exportações e que o PIB a preços de mercado totalizaram 10000.

6. Marque com V ou F as seguintes assertivas:


a) O indicador que nos dá uma informação sobre a importância percentual do
valor das importações e das exportações do total das despesas
efectuadas, por um país e num determinado período de tempo (geralmente
um ano) é o peso do comércio externo.
b) O sector privado concentrou a produção nas culturas liberalizadas, que
proporcionavam um retorno mais preciso dos gastos , após a reforma
económica.
c) O sector da agricultura é definido como o principal pólo de
desenvolvimento de Moçambique e de outros países do mundo.
d) Quando as exportações são maiores que as importações têm-se o
superavit.
e) O comércio externo tem como causa a existência de recursos num
determinado país que noutro não existam.

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UNIDADE TEMÁTICA 3

MOÇAMBIQUE NA ECONOMIA DE MERCADO

Elaborado por Neusa Sitoe


Objetivos

No final desta unidade você deve ser capaz de:

• Mostrar as aplicações e objectivos dos planos de reabilitação económica


(PRE) e social (PRES).
• Mostrar a aplicação das políticas económicas monetária e fiscal.
• Mostrar os principais instrumentos da política Macroeconómica.
• Identificar as directrizes para a resolução da dívida extrena.

3.1 Plano de Reabilitação Económia e o Plano de Reabilitação Económica e


Social (1987-2000)

Para o seu conhecimento, o Programa de Reabilitação Económica começou ser


aplicado em Janeiro de 1987. O Governo moçambicano pretendia com este programa,
obter financiamentos externos e alterar as alianças internacionais com o objectivo de
sustentar a crise económica e alcançar a paz. O PRE surge como um
aprofundamento da política económica com elementos de continuidade e de
descontinuidade em relação às reformas iniciadas em 1983.

Os sectores dominantes no poder, pretendiam que o PRE fosse um período de


transição com cedências na política económica e social face aos dois grandes
problemas do país: crise politica e a guerra. No caso seria o fim da politica económica
anterior, o consequente início de profundas reformas no poder e o início da aplicação
de um modelo capitalista subdesenvolvido.

Conheça os objectivos oficiais do PRE:

™ Travar a queda da actividade económica do país e iniciar uma progressiva


recuperação até 1990 dos sectores vitais da economia nacional;
™ A reabilitação da economia - que exige o aumento da produtividade e da
eficiência produtiva;
™ Reduzir os défices do Orçamento Geral do Estado e as dívidas à banca.

Estas medidas, tanto a nível da produção como a nível financeiro, definem em suma:
9 a promoção da produção;
9 o crescimento da economia;
9 a valorização das conquistas já alcançadas pela revolução moçambicana.

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O Plano de Reabilitação Económica prevê:

9 a redução dos subsídios às empresas;


9 o fim dos créditos bancários sem retorno;
9 a subida dos preços;
9 a actualização das taxas de juro;
9 o reforço das receitas do Estado;
9 o pagamento de taxa pelo uso e aproveitamento da terra a empresas mistas e
privadas;
9 a cobrança de infra-estruturas a todos os produtores.

Por outro lado, mas de forma diferenciada com a introdução do PRE:

¾ foram fixados salários para os funcionários, operários e para a agricultura;


¾ estabeleceram-se preços simbólicos pela utilização dos serviços de saúde;
¾ as rendas de casa do Estado foram actualizadas.

Neste sentido verifica-se que pretendia-se com este programa, maximizar o bem-estar
da população através da melhoria da qualidade de vida. Para o alcance destes e de
outros objectivos e para o sucesso da economia definiu-se:
9 os caminhos, as prioridades e os objectivos para o desenvolvimento;
9 a mobilização dos trabalhadores para o cumprimento das tarefas na frente de
produção;
9 a planificação da economia que permitiu marcar sempre as prioridades,
concentrar e dirigir os recursos.

Os sucessos alcançados representam:

™ A consolidação da independência política e da revolução;


™ A criação de bases para a construção de um sistema económico que
rompesse com o subdesenvolvimento;
™ O desenvolvimento e engajamento patriótico e revolucionário do Povo na
batalha pelo desenvolvimento económico e social;
™ Uma fonte de inspiração para a luta dos povos da África Austral pela sua
libertação.

Conheça abaixo as Medidas de Aplicação do PRE

1. A desvalorização do metical;
2. Alteração das taxas de juro de depósitos;
3. Definição de tarifas e escalas salariais;
4. Decrescimo dos salários reais;
5. Definição de produtos que manteriam preços fixos, preços com
condicionamento e preços livres autorizados;
6. Estabelecimento de novas taxas de impostos a pessoas singulares e
colectivas, com base progressiva sobre o rendimento do trabalho;
7. A redução drástica da oferta monetária.

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O programa de acções e os prazos de implementação das medidas do PRE para


os anos 1988 e 1990, definidas pelo BM sintetizam-se os seguintes:

™ Controlo monetário, com melhoria da gestão dos recursos públicos, sobretudo


da dívida;
™ Melhoramento do desempenho económico e financeiro das empresas,
aumento da produtividade e atribuição de maior autonomia na contratação de
trabalhadores e o seu despedimento.
™ Estabelecimento de taxas de câmbio realistas;
™ Alívio do peso do serviço da dívida, melhoria do perfil da dívida pública externa
por forma a evitar um crescimento adicional da dívida;
™ Redução do controlo administrativo dos preços;
™ Restauração da disciplina fiscal, redução dos desequilíbrios orçamentais,
melhoria do exercício das poupanças públicas e diminuição do financiamento
bancário interno;
™ Ajustamento do crédito e a expansão monetária, actualização das taxas de
juro bancárias.

A aplicação do PRE foi tanto quanto severa inicialmente, seguida de um período mais
suave, para se verificar um segundo choque menos violento em 1990. Mosca (1993)
coloca um conjunto de hipóteses para justificar a estratégia:
a) A economia não suportou as mudanças bruscas, gerando-se instabilidade e
maiores rupturas de funcionamento;
b) Os custos sociais foram muito altos criando manifestações de protestos de
alguns grupos profissionais;
c) Não esxistiram fluxos de recursos externos suficientes para manter o ritmo do
ajustamento;
d) A economia não reagiu de acordo com as expectativas.

Portanto, o conjunto de aspectos: guerra, resistência política, reivendicações e


manifestações sociais e os constrangimentos resultantes da rapidez com que o PRE
foi aplicado, não permitiram que grande parte dos objectivos para os primeiros anos
fossem cumpridos.

Saiba que:

Foi em consequência de inúmeras manifestações de descontentamento, acontecidos


nas principais cidades, que em 1990 houve a transformação do PRE em PRES. Este
último que introduz preocupações sociais no ajustamento estrutural, procura assim Per Capita
defender o poder , legitimá-lo e prepara as condições para a vitória eleitoral do partido Que significa por
no poder. pessoa.

Em função da introdução das preocupações sociais no modelo económico, existem


dados que apontam para uma eventual recuperação da pobreza nos princípios da
década dos anos 1990, após a aplicação do PRES:
9 O PIB percapita passsou de 93USD em 1989 para 102USD em 1990;
9 recursos destinados aos sectores sociais cresceram;
9 os índices de pobreza reduziram principalmente nas cidades de Maputo e
Matola entre 1991 e 1997 de 11,5% para 10,4 %. Oppenheimer (1994)

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Contraditoriamente, alguns autores afirmam que apesar destas situações, a situação


da pobreza deverá ter piorado em 1991. A economia só cresceu cerca de 1%, o que
fica bastante abaixo do aumento populacional, tendo-se pelo segundo ano
consecutivo, registado uma redução no consumo privado. Para além disso estima-se
que deverá ter ocorrido uma redução do poder aquisitivo dos bens pela população, o
que concorre para aumentar os níveis de pobreza no país.

Mas de facto verificou-se um crescimento per capita e os programas de apoio à


população para o regresso aos seus locais de origem e as preocupações sociais
introduzidas com o PRES fizeram recuperar parcialmente a cobertura sanitária e
educacional. As despesas públicas com as empresas estatais reduziram-se
drasticamente e as exportações subiram proporcionalmente mais rápido que as
importações (embora o défice tenha aumentado).

Em suma, a situação da economia e da sociedade moçambicana nos fins do século


XX é resultante de um longo período histórico. Porém, os efeitos e externalidades
negativas são de tal modo importantes, e a recuperação económica e os benefícios
sociais e espaciais revelam-se inconsistentes, e os rítmos de recuperação
excessivamente exíguos para não questionar o modelo económico e a sua
aplicabilidade às realidades. Mosca (2005)

3.2 A Política Monetária e Fiscal

Vamos conhecer alguns aspectos gerais das políticas acima

As politicas monetárias são estabelecidas pelo governo representado pelo Ministro do


Plano e Finanças e visam essencialmente a criação de uma estabilidade económica
assim como, a criação de condições de modo a reduzir as taxas de juros da
economia.

A redução das taxas de juros num país são importantes porque tem grande impacto
na economia. A criação de eficência da produção significa garantir a redução de
riscos por parte do empresariado; geração de condições de acesso ao crédito ao
empresariado nacional, etc.

Saiba que:

Para que este processo decorra é necessário que haja uma supervisão bancária que
garanta a sanidade financeira do sistema bancário, reduzindo consequentemente os
riscos em geral na economia em especial o impacto que uma crise bancária pode
causar sobre a economia e sobre a política fiscal. No caso de Moçambique, esta
supervisão é feita pelo Banco de Moçambique.

Um forte controlo bancário poderá assegurar uma redução de riscos e a redução


assegurará a qualidade da prestação de serviços que por sua vez assegurará a
redução dos custos e consequentemente a redução das taxas de juro. Por isso
podemos afirmar que uma supervisão forte garante também que a carteira dos activos
do banco também tenham qualidade e consequentemente à redução dos custos.

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A redução dos custos bancários origina a redução das taxas de juro em situação de
competitividade ou concorrência.

3.2.1 Impacto da Redução de Riscos na Economia (a ser implementado


pelo governo moçambicano)

ƒ Crescimento real da economia que significa que a economia estável com


crescimento acelerado gera ambientes propícios ao desenvolvimento do
sector privado e das poupanças, que logo, reduzem as probabilidades das
empresas estarem em situação financeira difícil, isto é, não poderem
honrar com os seus compromissos;

ƒ O incremento da competitividade no sector bancário – a existência de


novos bancos mais operacionais e com actividades mais ampliadas ou
diversificadas que visam diminuir o risco podem incentivar os restantes
bancos a melhorarem a prestação dos serviços bancários;

ƒ Desenvolvimento do sistema de justiça e tribunais bem como o


melhoramento dos sistemas de celebração de contratos. A aplicação
rápida de contratos e a solução de disputas é crucial para a eficiência do
sistema bancário.

Um ponto crítico ao desenvolvimento é a melhoria do acesso ao crédito em particular


por parte de micro e pequenas empresas. De uma forma geral é necessário definir-se
um programa de acção que identifique como implementar instituições financeiras
visadas ao financiamento de micro e pequenas actividades especialmente nas zonas
rurais e urbanas.

3.2.2 Politica Monetária à Médio e Longo Prazo

De acordo com a análise feita tudo indica que a médio e longo prazo a política
monetária a seguir em Moçambique deve garantir a estabilização dos preços em 5 a
7% por ano bem como a diminuição das taxas de juro reais.

A política monetária deve também concentra-se na redução das diferenças entre as


taxas de juro dos depósitos e dos empréstimos. O que poderá ser materializado
através do fortalecimento da superisão bancária, da melhoria da eficiência das
políticas bancárias.

Retenha o seguinte:

A política em referência deve garantir não só a estabilidade dos preços e a redução


das taxas de juro, mas também que a sua evolução não venha a impedir o
crescimento económico. Relativamente às taxas de juro e sanidade do sistema
financeiro, é crucial fortalecer a supervisão bancária assim como a abertura de novos
bancos e não pondo de parte o fortalecimento do sistema judicial.

Quanto ao papel do Estado moçambicano nos bancos comerciais privados, este deve
ser reduzido ou mesmo deixar de existir através da introdução da política das

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privatizações diminuindo deste modo a responsabilidade do Estado perante os


bancos.

3.3 Política Fiscal

A política fiscal em Moçambique é expansionária por ser caracterizada por um défice


estrutural de cerca de 11 à 12% do PIB.

• A curto prazo é possível que uma política fiscal expansionária possa


incrementar o crescimento económico ao mesmo tempo que aumentam os
preços, taxas de juro e provocação da desvalorização da taxa de câmbio.

• A longo prazo porque as economias devem estar em plena utilização dos seus
recursos, a política fiscal já não conseguirá afectar o crescimento económico
só pela sua expansão.

A pura expansão da política fiscal provocará somente o aumento dos preços, taxas de
juro e uma desvalorização. O papel crítico da política fiscal a longo prazo é
concentrado na qualidade e impacto desta sobre a economia.

3.4 Política Fiscal à Médio e Longo Prazo

Objectivos

• Aumento da receita orçamental;


• Incremento da eficiência da despesa de modo a proceder-se ao ajustamento
do défice orçamental.

Porquê fazemos a análise destes objectivos?

A política fiscal em Moçambique é definida por um nível de receitas que atinge os 11


ou 12% do PIB enquanto as despesas rondam em 23 a 24% do PIB. Isto dá-nos uma
informação de um défice orçamental avaliado em 12% do PIB.

Para que o défice em Moçambique reduza, é necessário que exista um financiamento


externo que é feito em forma de donativos ou em crédito. Assumindo que as despesas
sejam mantidas em 23 a 24% à médio e a longo prazo, a solução do défice estrutural
terá que passar sem qualquer dúvida pelo aumento das receitas orçamentais.

E porque a despesa deve ser mantida em termos de PIB poderá existir a tendência de
acelerar o cresimento do PIB nominal. Para a determinação deste indicador (PIB
nominal) tem sido tomado em consideração dois factores:

1º O crescimento real da economia que é definido pelo aumento do valor


acrescentado que é determinado pelo aumento da produção e da produtividade e pela
contribuição que o trabalho nacional dá a formação de rendimentos;
2º Evolução de preços da economia - significa uma variação acelerada de preços
para com que o PIB nominal cresça rapidamente.

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Concluindo, podemos afirmar categoricamente que o financiamento do défice


orçamental como objectivo de política a médio e longo prazo tem de passar
obrigatoriamente pelo aumento das receitas internas e quando possível pela
mobilidade de maiores níveis de donativos externos (como já é do seu conhecimento
Moçambique quase que sobrevive na base de donativos). O que significa, que temos
que potencializar a indústria nacional, os recursos internos de modo a obter receitas
internas.

3.4 A Questão da Dívida Externa

O serviço de dívida em Moçambique era de cerca de 64 milhões de US$ em 1990,


tendo subido para 161 milhões em 1995 e em 1998 foi de 34 milhões de dólares
americanos. Banco Mundial (2003).

Pode-se destacar o seguinte:

™ Tanto as importações como as exportações, medidas em proporção do PIB,


diminuíram – tornando a economia mais fechada;
™ A taxa de cobertura da balança comercial melhorou, mantendo-se , porém, em
níveis baixos;
™ A balança de capitais tornou-se positiva em consequência do investimento
directo estrangeiro e sobretudo do financiamento à balança de pagamentos
pelos doadores;
™ A dívida externa aumentou ao longo do PRE, não obstante as iniciativas de
perdão total ou parcial de alguns países, da negociação da dívida e do
financiamento do FMI para o pagamento do serviço da dívida;
™ A importância dos donativos mantém-se elevada, representando cerca de 36%
e 49% das importações nos fins do século.

Em suma, a balança de pagamentos revela que Moçambique é um país em relação


ao qual existe um grande apoio externo, tanto das IBW como de outras organizações
e da cooperação externa, conforme foi referido ao longo das unidades.

Nota: pode complementar este tema fazendo uma leitura das obras indicadas.

3.4 1 Estratégias à Serem Adoptadas por Moçambique Para Redução da


Dependência Externa

Do estudo efectuado, pode-se dizer que a ajuda externa não está a contribuir para o
crescimento dos países africanos, em particular para Moçambique. O grande desafio
dos países africanos é que a ajuda não crie condições de dependência que dificultem
o desempenho económico.

De acordo com o plano de Marshall a ajuda externa é mais eficiente quando


satisfaz três critérios:

1. Ser suficientemente grande para responder ao problema em questão;

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Gestão de Empresas/Gestão Recursos Humanos – Economia de Moçambique – Semestres 7 e 3

2. Ser baseada no princípio de auto-ajuda porque implica que a ajuda monetária


seja usada para aquelas actividades em que o governo contribui com valores
substanciais dos seus recursos próprios;
3. Estar direccionado para o desenvolvimento de modo a reduzir a tal ajuda.

Conclusão:

De acordo com os relatórios apresentados nota-se que a ajuda para África nas
últimas décadas não conseguiu criar condições para um crescimento e
desenvolvimento sustentável. Contudo, existe uma fraca fiscalização originada
pelo poder democrático que também é fraco.

Leitura Complementar

MOSCA, João, Economia de Moçambique Século xx: Lisboa, Instituto Piaget, 2005.
FRANCISCO, António da Silva, A Economia Moçambicana
Contemporânea:Ensaios, Ministério do Plano e Finanças, Maputo, 2002.
Desta obra leia:
NEWITT, Malyn, História de Moçambique, Londres,1995.
CHICHAVA, José, Elementos Principais da Estrutura Económica Deformada pelo
Capitalismo Colonial em Moçambique, Maputo, 2005 (Texto de Apoio).

Actividades

A seguir, desenvolva as actividades propostas para aprimorar o seu conhecimento,


que muito contribuirão para o seu desenvolvimento.

Actividade 1

1. Mencione os objectivos do PRE.


2. Indique alguns êxitos com a aplicação do PRES.
3. Que instrumentos Moçambique poderá usar para reduzir o défice orçamental?

Actividade 2

1. Que factores influenciaram o serviço de dívida em Moçambique?


2. O plano de Marshall prevê, que a ajuda externa é mais eficiente quando
satisfaz à 3 critérios importantes. Indique.

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UNIDADE TEMÁTICA 4
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO, A GLOBALIZAÇÃO E A
REGIONALIZAÇÃO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL

Elaborado por Neusa Sitoe


Objetivos

No final desta unidade você deve ser capaz de:

• Estabelecer a relação entre o crescimento económico e o desenvolvimento;


• Identificar as principais orientações do programa quinquenal do governo e as
premissas sobre o plano de acção sobre a redução da pobreza;
• Ilucidar sobre a abordagem construtiva da globalização em Moçambique;
• Identificar os elementos de cooperação para o desenvolvimento regional e de
África através da SADC

4.1 O Conceito de Crescimento Económico

O crescimento económico pode ser definido como sendo o aumento sustentado de


uma unidade económica, durante um ou vários períodos longos. Tem como base o
PIB.

É com base no crescimento ecónomico que se pode mensurar o desenvolvimento


económico de um país. Pois, o desenvolvimento ecoómico depende muito e em
grande medida do nível de crescimento que um dado país apresenta, envolve
aspectos relacionados com o bem-estar de uma nação, com os níveis de Educação,
Saúde entre outros indicadores de bem-estar.

Em Moçambique o crescimento económico é resultado de três processos:

ƒ Uso intensivo dos recursos disponíveis, aproveitamento adequado de


recursos (racionalização de recuros);
ƒ Recolocação de recursos de modo a aumentar a produtividade;
ƒ Aumento da oferta de factores produtivos.

↓ Estes três elementos contribuem para o crescimento económico porque em


termos de movimentação operam simultaneamente.

Vamos a seguir destacar cada um dos pontos acima de forma generalizada

ƒ Uso Intensivo de Recursos disponíveis

No continente africano existe imenso capital físico (força de trabalho) o que origina
uma mão-de-obra excedentária (causa desemprego) e cerca de 70% dessa mão-de-

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Gestão de Empresas/Gestão Recursos Humanos – Economia de Moçambique – Semestres 7 e 3

obra é analfabeta existindo por essa razão algumas áreas que recorrem ao capital
estrangeiro. Por outro lado, as empresas descapitalizadas (sem capacidade
financeira) são obrigadas a despedir os trabalhadores ( o que origina um elevado
índice de desemprego).

A gestão nos sectores produtivos coloca a frente as suas ambições pessoais em


deterimento dos objectivos organizacionais o que condiciona o crescimento da
organização e consequentemente da economia.

ƒ Recolocação de Recursos de Modo a Aumentar a Produtividade

Neste ponto significa reestruturação e reagrupamento dos recursos nas diversas


áreas com o intuito de aumentar a produtividade e a produção (criar uma rentabilidade
do sistema de produção).

Para atingir estes objectivos, o governo tem de tomar certas medidas tais como:

Medidas de Curto Prazo

™ Criação de pequenas reservas de água para serem usadas para agricultura;


™ Controlo aduaneiro (alfandegário);
™ Controlo das restrições (controlo dos direitos dos funcionários do Estado que
podem influenciar o orçamento do Estado).

De Longo Prazo

™ O reforço do sector industrial;


™ A formação de quadros (treinamento, reciclagem, etc).

ƒ Aumento da Oferta e dos Factores Produtivos

9 Incremento de mão-de-obra especializada (introdução de tecnologia de ponta


no sistema de produção);
9 Produtividade marginal (lucro marginal), este aspecto tem de ser avaliado com
muita prudência.

O aumento de capital físico não significa necessariamente o aumento da produção.


Pode fazer-se esta verificação até determinado ponto.

Saiba que:

O PRE conseguiu inverter o crescimento económico negativo a quando da sua


introdução, tendo alcançado uma média de crescimento na última década do século
de cerca de 5,5% (BM 2003). No entanto, existiram períodos de aceleração e
arrefecimento:

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ƒ Primeiro, aconteceu a liberalização dos mercados. Em que a agricultura


reaguiu mais rápido como sector e que tem sido o sector priorizado na
afectação dos recursos;
ƒ A introdução massiva da ajuda internacional e a realização de projectos
através das ONG de desenvolvimento contribuiu para a dinamização da
economia;
ƒ Com a paz, uma grande parte dos refugiados nos países vizinhos e dos
deslocados de guerra regressaram aos seus locais de origem, tendo iniciado
as suas actividades produtivas o que impulsionou a produção agrícola;
ƒ O fim da guerra constituiu um factor importante para o crescimento e
funcionamento da economia. Pois, recorde-se que em 1992 o investimento
directo estrangeiro começa a entrar no país, alguns dos quais com influência
importante sobre o PIB e as exportações como é o caso da MOZAL.

Pode-se constactar também que, em regra geral, os subsectores (ou ramos) mais
importantes da economia são: a indústria, em que a produção de cerveja e de farinha
de trigo representam individualmente cerca de 23% do total da produção industrial,
seguindo-se os refrigerantes e o cimento com cerca de 19% e 14% respectivamente;
estes quatro ramos totalizam 79% do PIB industrial. As indústrias de alimentação e de
bebidas representam cerca de 73,4% sendo o segundo subsector o de minerais não
metálicos com 13,8% do total.

Mais recentemente (ano 2000), os portos de Moçambique manusearam 6,097 milhões


de toneladas, muito longe do realizado no período colonial (mais de 76 mil toneladas).
A comercialização agrícola tem evoluído favoravelmente, sobre os últimos séculos.

O crescimento económico, o aumento da ajuda internacional e a liberalização dos


mercados tiveram reflexos na oferta do mercado formal, e em muito casos verificou-se
um excesso de oferta, acompanhado pela subida da inflação a curto prazo e a
redução do poder aquisitivo da grande maioria da população, o salário mínimo
passou de 3000,00Mt em 1986 para 1632,00Mt em 1987, tendo posteriormente
recuperado. Mosca (1993)

Após mais uma década de ajustamento estrutural, Moçambique está, em termos de


índice de desenvolvimento humano (IDH) no lugar 170 entre 175 países, conforme o
relatório do PNUD (2003). Entre 94 países em desenvolvimento, Moçambique ocupa o
lugar 87 no índice de pobreza humana. Cerca de 38% da polulação vive com menos
de 1 dolar por dia e 78,4% com menos de 2 dolares. A concentração da riqueza é das
mais elevadas do mundo: 20% dos cidadãos mais ricos concentram 46,5% da riqueza
e os 10% cerca de 31,7%, PNUD (2003)

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VEJA A SEGUIR O BALANCETE ECONÓMICO E DO DESENVOLVIMENTO HUMANO EM


MOÇAMBIQUE:

Quadro 7. Balancete económico e do desenvolvimento humano em Moçambique

Activo Passivo

- Crescimento Económico Positivo - Mais de metade da população absoluta


- Elevado oportunismo de mercado pobre
- Baixa estabilidade política - Endividamento externo a 2 anos, 4 vezes
maior que o PIB
- IDH dos mais baixos do mundo

↓ Repare que: o comportamento do crescimento económico é também


influenciado pela taxa de inflação em vigor.

O controlo da inflação, foi ao fim de poucos anos reduzido para níveis aceitáveis.
Recorde-se que a bem pouco tempo assistimos um aumento no nível de inflação
Inflação:
ocasionado pela crise mundial, mas que não teve “grande impacto visível” em
Moçambique o que não está a acontecer com Portugal e outros países. Subida Generalizada
do nível de preços no
mercado.
No caso do comportamento do crescimento económico, existiram variações
significativas da taxa interanual de inflação, como consequência dos seguintes
factores:

1. Do financiamento de projectos com recursos externos, fazendo com que


existisse maior oferta monetária; Pobreza
2. Da actualização salarial em consequência do aumento da pobreza e de acções
reivindicativas dos grupos sociais mais afectados. É um conceito
multidimensional que não
só envolve a privação
Uma observação sobre a última década do século demonstra que a inflação baixou material, mas também a
dos 10% sobretudo a partir de 1997. Porém, em 2001 a inflação foi de 22,3% e em privação em termos de
2002 baixou para 9%. Estas flutuações, bem como de outras variáveis da economia, capacidade,
vulnerabilidade, e
confirmam que a gestão macroeconómica fez-se pelo método de tentativas e de influênci da instituições
aproximações sucessivas em consequência de não existirem dados estatísticos que afectam a vida do
fiáveis e com cobertura em todas as actividades económicas. indivíduo. Ou seja, é a
incapacidade de
indivíduos de assegurar
para sí próprios e seus
dependentes, os requisitos
4.2 A Estabilidade Macroeconómica

A estabilidade macroeconómica e financeira é vista como crítica para o crescimento


das economias. A estabilidade permite que os agentes económicos se sintam mais
certos sobre o caminho principal das políticas económicas e , isto, facilita a formação
de expectativas.

A estabilidade macroeconómica e financeira tem um grande impacto no crescimento


económico, na medida em que depende das politicas do governo. As politicas

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macroeconómicas são a médio e longo prazos. No processo de implementação pode-


se verificar o sucesso ou insucesso através de :

¾ Oscilação dos preços ( inflação ou deflação);


¾ Taxas de juro;
¾ Taxas de câmbios.

Os elementos que directa ou indirectamente influenciam a estabilidade


macroeconómica e financeira:

¾ Estabilidade política (multipartidarismo ou monopartidarismo);


¾ Paz;
¾ Segurança pública.

No caso de Moçambique , o melhor sinal de estabilidade é a evolução do nível de


preços internos (inflação), da taxa de juros e a evolução da taxa de câmbio
especialmente em relação ao Dólar e ao Rand. Podendo destacar-se igualmente a
paz como um indicador de estabilidade em relação aos outros países.

A experiência mostra que a estabilidade económica é fundamental para o alcance do


desenvolvimento.

Nota: complemente este tema fazendo leituras das obras indicadas.

4.3 Estímulo ao Crescimento Económico Por Meio da Agricultura e Outros


Sectores Produtivos

A agricultura joga um papel preponderante no crescimento de qualquer país do


mundo (é a base do desenvolvimento de um país). Moçambique em particular, tem a
sua população maioritariamente camponesa.

De acordo com Hagel, na análise do impacto das diferentes áreas no crescimento da


economia que ele chamou Equidade e Modificadores ( conjunto de áreas que directa
ou indirectamente criam impacto no crescimento da agricultura).

Dentro desta equidade e modificadores existem duas partes:

ƒ Modificadores de equidade e
ƒ Modificadores ambientais

Modificadores de Equidade, incluem:


9 desenvolvimento agrícola abrangente;
9 reforma agrícola;
9 investimento de capital humano; actividades que asseguram que os serviços
agrícolas alcancem as melhores posições;
9 encorajamento de actividades de economia rural não directamente relacionada
com a produção camponesa, entre outros.

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Modificadores Ambientais, visam o desenvolvimento da agricultura sustentável e


consistema no seguinte:
9 dar uma alta prioridade às regiões atrasadas;
9 concentrar a pesquisa agrícola em questões relacionadas com a
sustentabilidade;
9 dar aos camponeses direitos de propriedade de seguros;
9 combater a poluição e degradação ambiental por intermédio de impostos e
facilidades;
9 melhorar o desempenho das instituições públicas relevantes relacionadas com
os recursos naturais.

Como afirmam muitos autores, Moçambique apresenta uma vasta área ao longo do
território propícia para a agricultura. Se a terra em Moçambique fosse bem
aproveitada e explorada, poderia-se reverter o senário do nível de crescimento
económico ( através do PIB) neste sector e dessa forma garantir a aproximação de
um desenvolvimento sustentável deste sector para o país.

Contudo será necessário mudar o regime de cultivo no país, ou seja passar de


agricultuda de subsistência (familiar) para uma agricultura industrial. Tendo com isso,
de se criar mais e melhores vias de acesso para o escoamento do stock de produção.

Complemente fazendo as leituras das obras indicadas.

4.4 A Reforma do Sector Público – O PARPA (organização interna como


forma de responder as expectativas)

Um relatório das Nações Unidas apresenta a possibilidade de redução da pobreza em


África em 50% até ao ano 2015. Para o efeito deverão se desencadeadas em regime
espacial, as seguintes actividades nas seguintes áreas:

Educação: nesta área o enfoque vai para as mulhres, pois a educação da rapariga
oferece imensos benefícios para elas e para a comunidade, ajuda a formar
trabalhadoras mais produtivas melhorando deste modo o rendimento.

Saiba que do estudo realizado foram as seguintes orientações PARPA (2001-


2005):

9 Investir na capacidade económica da mulher melhorando a sensibilidade na


base do género das políticas macroeconómicas e sectoriais, aumentando
deste modo o acesso da mulher nos serviços financeiros;
9 Investir no desenvolvimento humano da mulher aumentando significativamente
a participação feminina na educação e acesso aos serviços apropriados tais
como: saúde, nutrição, planeamento, etc;
9 Reduzir o constrangimento de tempo das mulhres alargando o acesso efectivo
ao fornecimento de água rural, trtansporte, combustível lenhoso, etc;
9 Apoiar a participação sistemática da mulher a todos os níveis (macro e
microeconómicos).

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Na saúde as medidas tomadas são as segintes:


™ criação de hospitais nos centros urbanos e não urbanos;
™ garantir a existência de água potável em todos os locais e outros aspectos
ligados à higiene.

No que tange à segurança alimentar, devia-se garantir alimentos nos centros de


produção (reservas alimentares).

Você deve reter:

O PARPA reconhece a importância do uso de indicadores adicionais como o


analfabetismo, mortalidade infantil, acesso a água potável, e desnutrição crónica,
incluindo diferenças de género associadas, para obter um perfil mais ampliado da
situação da pobreza.

Concluindo, para um país pobre como Moçambique, o crescimento rápido é um


instrumento essencial e poderoso para a redução da pobreza a médio e longo prazo.
Sem crescimento, o objectivo de aumentar as capacidades e expandir as
oportunidades para os pobres continuará severamente limitado pela falta de recursos
públicos e privados. Assim a estratégia incorpora políticas para criar um ambiente
propício para estimular o investimento e a produtividade.

4.5 Relação Entre Crescimento Económico e a Redução da Pobreza

A relação entre crescimento económico e a redução da pobreza está longe de ser


rígida. Mas, pode-se dizer que a redução da pobreza é aumentada quando o
crescimento tem uma base ampla em vez de concentrada apenas em monopólios.
Para Moçambique, onde a maioria da população depende da agricultura e onde a
mão-de-obra está a expandir-se rapidamente, o impacto do crescimento na pobreza
pode ser aumentado por políticas que promovam:

• A produtividade agrícola;
• Os investimentos em indústrias e serviços de mão-de-obra intensiva;
• Melhores oportunidades para a geração de rendimento nas micro e pequenas
empresas.

Saiba que:

Em Moçambique não é possível alcançar uma redução significativa da pobreza sem


uma grande expansão da capacidade produtiva. Assim o crescimento é essencial
para ampliar a base de recursos para melhorar a saúde, educação, e outros serviços
essenciais para os pobres.

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Gestão de Empresas/Gestão Recursos Humanos – Economia de Moçambique – Semestres 7 e 3

Em resumo, as evidências internacionais e a situação prevalecente em Moçambique


consubstanciam a preposição de que o crescimento económico rápido, amplo e
sustentável é um instrumento essencial e poderoso para a redução da pobreza.

4.6 A Cooperação e a Integração Regional Através da SADC

Neste tema você deve reter o seguinte:

Apesar do grande proteccionismo que acompanhou todo o processo de privatizações,


a globalização e internacionalização da economia moçambicana aprofundou-se,
aumentado a dependência.

A integração do país na globalização realiza-se, na maior parte dos casos, de forma


indirecta:

1. Através das funções de Moçambique no âmbito da divisão regional do trabalho,


designadamente nos sectores dos transportes e das comunicações, na agricultura
e no turismo.
2. No caso de existirem mudanças das situações de estabilidade e de perdas de
competitividade em outras economias, Moçambique pode ser uma alternativa
para os investimentos privados externos.

Moçambique é o país coordenador das áreas dos transportes e comunicações nesta


organização económica regional.

A MOZAL em Moçambique faz parte das estratégias de globalização assentes:


9 nos salários baixos,
9 contribui para a integração económica regional que hierarquiza as economias
e aprofunda a divisão desigual do trabalho,
9 impulsiona crescimentos espaciais divergentes e
9 coloca os estados numa posição de subalternidade.

Como já é do vosso conhecimento, o governo de Moçambique aprovou em 1997 um


conjunto de decretos que regulassem os projectos de investimento nas «zonas
francas industriais». Outros projectos ainda estão em curso, embora com
investimentos avultados como por exemplo: o gás de Pande, o carvão de Moatize,
projectos de desenvolvimento dos corredores de Maputo, Beira e Nacala, entre
outros.

A cooperação económica regional no período da SADC ainda não obteve


grandes êxitos, por várias razões:

™ A crise económica e os conflitos que existiam na região;


™ A pouca complementaridade das estruturas económicas e a baixa
competitividade dos paises;
™ A pequena dimensão das economias;
™ A ausência de tradição das relações regionais;
™ Diferenças políticas entre os estados-membros.

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Gestão de Empresas/Gestão Recursos Humanos – Economia de Moçambique – Semestres 7 e 3

As relações de Moçambique com a região constituem um elemento de grande


importância para o crescimento económico. A presença da África do Sul e de outros
países com grandes potencialidades e possuidores de importantes recursos naturais
pode ser uma grande oportunidade para o desenvolvimento de Moçambique.

Moçambique possui vantagens competitivas nos sectores dos transportes e


comunicações que podem contribuir para o desenvolvimento. As relações entre
Moçambique e a RAS contribuíram para a acumulação do capital mineiro e em menor
medida do capital agrário sul-africano. Em Moçambique as receitas familiares,
aumentaram e contribuíram para a transformação da agricultura no Sul do País.

4.7 A Estrutura Económica Nos Princípios do Século XXI

A médio prazo os desafios do século XXI para Moçambique são vários e possuem
contextos internacionais não favoráveis. A actual estrutura estabelece hierarquias nas
sociedades, regiões e continentes, e impõe políticas que reproduzem os mecanismos
de acumulação cada vez mais concentrados no quadro de relações de dependência,
que subordinam o desenvolvimento dos povos a uma crescente minoria de interesse
económico e politico.

Retenha as caracteríscas actuais da economia de Moçambique:

™ Relações de dependência e subordinação a interesses e centros de decisão


localizados fora do país;
™ Uma elevada percentagem da população vive abaixo da linha da pobreza e o
país não encontrou as políticas adequadas para romper o ciclo da pobreza;
™ O tecido produtivo é constituído por unidades produtivas de pequena ou muito
pequena dimensão, com sistemas de produção assentes em tecnologias
intensivas em trabalho e com baixa competitividade, grande parte da classe
empresarial é de formação recente;
™ Os aparelhos administrativos são extremamente pesados e os trâmites
burocráticos;

Em termos gerais a estrutura económica moçambicana não sofreu as transformações


que se operaram em algumas economias em desenvolvimento durante a segunda
metade do último século.

Ora vejamos: que desiquilibrios dificultam o desenvolvimento?

¾ Os níveis de rendimento per capita são baixos, derivado da multiplicidade de


factores que fazem parte do ciclo da pobreza;
¾ Moçambique é um país exportador de matérias-primas com elevadas perdas
nas relações de troca e muito baixo valor acrescentado incorporado;
¾ O défice da balança de pagamentos é crónico, devido às disparidades entre o
tecido produtivo e os padrões de consumo.

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Gestão de Empresas/Gestão Recursos Humanos – Economia de Moçambique – Semestres 7 e 3

Mas, nas condições de Moçambique com elevada percentagem da população a viver,


abaixo da linha da pobreza absoluta e em constante sofrimento, e ainda na
prespectiva da construção de uma nação com estabilidade será necessário reduzir os
ritmos de crescimento para que haja mais desenvolvimento. Pois quanto mais
recursos forem aplicados nos serviços de saúde e da educação e em infra-estruturas
não directamente produtivos, existirão obviamente menos investimentos nos sectores
que se reflectem directamente e imediatamente sobre o produto interno. Mosca 2005

O desenvolvimento equilibrado exige a conciliação dos critérios de eficiência e de


equidade, que implica necessariamente a aplicação de politicas redistributivas do
Estado. Mosca 2005

Conclusão:

Pode-se dizer que os desequilibrios macroeconómicos persistem com menos


profundidade mas sem alcançar a estabilidade económica.
↓ Moçambique está numa fase de crescimento embora o seu estágio de
desenvolvimento seja muito lento, pela falta de melhoramento da sua
capacidade produtiva – pois como vimos ao longo das quatro unidades
temáticas o sector da agricultura é a base de desenvolvimento de um país
e o investimento neste sector para Moçambique ainda se considera fraco.

Leitura Complementar

MOSCA, João, Economia de Moçambique: Lisboa, Instituto Piaget, 2005.


FRANCISCO, António da Silva, A Economia Moçambicana
Contemporânea:Ensaios, Ministério do Plano e Finanças, Maputo, 2002.
NEWITT, Malyn, História de Moçambique, Londres,1995.
CHICHAVA, José, Elementos Principais da Estrutura Económica Deformada pelo
Capitalismo Colonial em Moçambique, Maputo, 2005 (Texto de Apoio).

Actividades

A seguir, desenvolva as actividades propostas para aprimorar o seu conhecimento,


que muito contribuirão para o seu desenvolvimento.

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Actividade 1

1. De que depende o crescimento económico moçambicano?


2. Elabore o balancete económico e do desenvolvimento humano de
Moçambique.
3. Identifique os elementos que influenciam a estabilidade macroeconómica e
financeira.

Actividade 2

1. Diferencie os modificadores de equidade dos modificadores ambientais.


2. Relacione a pobreza e o crsecimento económico.
3. Apresente as principais características da economia moçambicana actual.

Actividade 3

1. Que desequilíbrios dificultam a economia moçambicana?


2. A inflação observada em Moçambique actualmente, traduz uma avaliação
microeconómica ou macroeconómica? Justifique sua resposta.

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CHAVE DE CORRECÇÃO DAS ACTIVIDADES

UNIDADE TEMÁTICA 1

A ECONOMIA DE MOÇAMBIQUE COLONIAL

Actividade 1
a) V
b) V
c) F
d) V

Actividade 2

1. RESPOSTA
• O empobrecimento de grande parte das familias;
• Transformações nos sitemas de produção, na divisão do trabalho no seio das
familias e na organização social das comunidades;
• A redução da produção e alterações nos hábitos alimentares com
consequências na probreza e na saúde;
• Desigualdades sociais assentes em factores materiais;

2. RESPOSTA
De acordo com Leite em Mosca (2000), a economia de Moçambique
caraterizava-se pela gestão do Estado Novo, na conjugação das suas
dinâmicas principais, estruturando elas mesmas a natureza da economia
colonial no momento da queda da 1ª República Portuguesa – sector
exportatador e a economia de trânsito e de emigração.

3. RESPOSTA:
4. O investimento público aumentou;
5. A política monetária expansiva intensificou-se;
6. A edificação de colonatos acelerou-se;
7. Houve crescimento de infra-estruturas, construção civil e habitação;
8. Aumento dos custos de realização de grandes empreendimentos, devido aos
efeitos da guerra e em muitas zonas a articulação da economia e dos espaços
foi dificultada ou mesmo impedida com consequências sobre a rentabilidade
dos agentes económicos e sobre a eficiência do conjunto da economia.

Actividade 3

1. RESPOSTA:

™ Maximização da extracção de recursos através da exploração da força do


trabalho;
™ Dependência de factores e de recursos extenos – balança de pagamentos com
dificuldades e em situação de dependência e subalternidade;

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Gestão de Empresas/Gestão Recursos Humanos – Economia de Moçambique – Semestres 7 e 3

™ Sectores económicos com poucas realações inter-sectoriais;


™ Diferenças nítidas entre diversas formas de produção e de economias que
possuíam coberturas discriminatórias do poder político e do ordenamento
jurídico;
™ O grande peso do sector informal e dos produtores de pequena escala na
economia;
™ Pouca disponibilidade de capital e baixa capacidade de realização de
investimentos;
™ O Estado como principal agente económico

2. RESPOSTA: balança de pagamentos, são dados que registam as importações


e exportações de um país, comparando com outro país durante um
determinado período de tempo. É onde se registam todos os movimentos de
meios de pagamentos ocorridos durante um certo periodo de tempo entre um
país e o resto do mundo. Através do seu saldo a balança de pagamento
fornece-nos o valor ou a importância que o país deve ou tem haver (credor) do
estrangeiro como resultado das relações económicas realizadas com o exterior
durante um ano.

3. RESPOSTA:

Deve-se a evidente aplicação dos princípios do Pacto Colonial, principalmente nas


funções dos territórios fornecerem recursos à metrópole a preços inferiores aos do
mercado internacional e de Portugal não financiar o desenvolvimento das colónias.
Mosca (2005)

UNIDADE TEMÁTICA 2

O SIATEMA ECONÓMICO DE PLANIFICAÇÃO CENTRALIZADA

Actividade 1

1. RESPOSTA:

¾ Produção de alimentos para guerrilheiros e para população;


¾ Comercialização dos excedentes e o abasteciimento da população;

2. RESPOSTA:

™ Racismo
™ Política económica e externa da Frelimo
™ A Guerra Fria

3. RESPOSTA:

A reforma assentava no princípio da democracia centralizada que veio a transformar-


se em burocracia centralizada e autoritária, tornando os membros do Estado em
executivos que imprimiam o princípio que o “partido dirige o Estado e a sociedade”.

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A centralização da autoridade estatal, não foi acompanhada pela participação do


povo, pois incialmente o Estado afirmou-se como sendo de operários e camponeses,
o que mais tarde veio a transformar-se num Estado burocrático e liderado por elites
politicas, em que a confiança politica dirigida a tais elites era por meio de nomeações
de cargos de Direcção.

Actividade 2

1. RESPOSTA:

™ Ropturas de stocks de insumos e de matérias-primas;


™ A descapitalização, que colocou as comissões administrativas em dificuldade;
™ Os fluxos do mercado (improtações/exportações) foram interrompidos;
™ A situação financeira dificultou o pagamento dos salários e os compromissos
com as empresas;
™ Deu-se início ao sistema de orçamentos com taxas de retorno muito baixas ou
quase nulas, entre outros aspectos.

2. RESPOSTA:
Factores Internos
¾ Análise deficiente da realiadade;
¾ A política agrícola destacava a falta de acesso à terra pelos camponeses
¾ Radicalização nma aplicação dos mecanoismos de uma economia centralizada
e de mercado
¾ A construção de um Estado burocrático e centralizado.

Factores Externos:

¾ As influências directas e indirectas sobre a politica interna


¾ A guerra de desestabilização no contexto da Guerra Fria
A evolução da economia internacional

3. RESPOSTA:

O PPI constituía um conjunto de metas económicas e sociais com vista ao alcance da


vitória sobre o subdesenvolvimento e a construção de um país socialista. Este plano
propunha o apoio externo, a estabilidades politica interna regional e a capacidade da
Frelimo para a mobilização pupular. O PPI foi elaborado por um grupo restrito de
funcionáros sob a orientação de altos responsáveis da Frelimo para a área
económica. , com o obejectivo de reforçar o projecto de desenvolvimento a longo
prazo.

4. RESPOSTA:

Deve-se aplicar a fórmula: K = (1-β) Kt-1 + I1


Logo: K = (1-0,5)* 2 + 5
K = (2-1) +5
K = 1+ 5 = 6

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Gestão de Empresas/Gestão Recursos Humanos – Economia de Moçambique – Semestres 7 e 3

Então o PIB potencial será igual: YP = Kt*Kt-1


YP = 6* 2
YP = 12

5. RESPOSTA:

Peso do comércio externo:


Pcext = (Vimp + Vexp)/PIBpm*100%
Pcext = (5000 + 50 000)/ 10000 * 100%
Pcext = 55000/10000 * 100%
Pcext = 550 * 100%
Pcext = 5,5%

6. a) V
b) V
c) V
d) V
e) V

UNIDADE TEMÁTICA 3

MOÇAMBIQUE NA ECONOMIA DE MERCADO

Actividade 1
1. RESPOSTA:
• Travar a queda da actividade económica do país e iniciar uma
progressiva recuperação até 1990 dos sectores vitais da economia
nacional;
• A reabilitação da economia exige o aumento da produtividade e da
eficiência produtiva;
• Reduzir os défices do Orçamento Geral do Estado e as dívidas à
banca.

2. RESPOSTA
O PRES introduz preocupações sociais no ajustamento estrutural, procura defender o
poder , legitimá-lo e prepara as condições para a vitória eleitoral da Frelimo.

Em função da introdução das preocupações sociais no modelo económico, existem


dados que apontam para uma eventual recuperação da pobreza nos princípios da
década dos anos 1990, após a aplicação do PRES. O PIB percapita passou de
93USD em 1989 para 102USD em 1990; recursos destinados aso sectores sociais
cresceram; os índices de pobreza reduziram principalmente nas cidades de Maputo e
Matola entre 1991 e 1997 de 11,5% para 10,4 %. Oppenheimer (1994)

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Gestão de Empresas/Gestão Recursos Humanos – Economia de Moçambique – Semestres 7 e 3

3. RESPOSTA

Para que o défice reduza é necessário que exista um financiamento externo que é
feito em forma de donativos ou em crédito. Assumindo que as despesas sejam
mantidas em 23 a 24% à médio e a longo prazo, a solução do défice estrutural terá
que passar sem qualquer dúvida pelo aumento das receitas orçamentais.

Actividade 2

1. RESPOSTA:

™ Tanto as importações como as exportações, medidas em proporção do PIB,


diminuíram – tornando a economia mais fechada;
™ A taxa de cobertura da balança comercial melhorou, mantendo-se , porém, em
níveis baixos;
™ A balança de capitais tornou-se positiva em consequência do investimento
directo estrangeiro e sobretudo do financiamento à balança de pagamentos
pelos doadores;
™ A dívida externa aumentou ao longo do PRE, não obstante as iniciativas de
perdão total ou parcial de alguns países, da negociação da dívida e do
financiamento do FMI para o pagamento do serviço da dívida;
™ A importância dos donativos mantém-se elevada, representando cerca de 36%
e 49% das importações nos fins do século.

2. RESPOSTA:

De acordo com o plano de Marshall a ajuda externa é mais eficiente quando satisfaz
três critérios:
1. Deve ser suficientemente grande para responder ao problema em questão;
2. Deve ser baseada no princípio de auto-ajuda o que implica que a ajuda
monetária seja usada para aquelas actividades em que o governo contribui
com valores substanciais dos seus recursos próprios;
3. O programa de ajuda externa deve estar direccionado para o desenvolvimento
de modo a reduzi-la.

UNIDADE TEMÁTICA 4

CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO, GLOBALIZAÇÃO E A


REGIONALIZAÇÃO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL

Actividade 1

1. RESPOSTA:

• Uso intensivo dos recursos disponíveis, aproveitamento adequado de


recursos (racionalização de recuros);

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• Recolocação de recursos de modo a aumentar a produtividade;


• Aumento da oferta de factores produtivos.

2. RESPOSTA

Activo Passivo

- Crescimento Económico Positivo - Mais de metade da população absoluta


- Elevado oportunismo de mercado pobre
- Baixa estabilidade política - Endividamento externo a 2 anos, 4 vezes
maior que o PIB
- IDH dos mais baixos do mundo

3. RESPOSTA:

¾ Estabilidade política
¾ Paz
¾ Segurança pública

Actividade 2

1. RESPOSTA:

Modificadores de Equidade, incluem: desenvolvimento agrícola abrangente; reforma


agrícola; investimento de capital humano; actividades que asseguram que os serviços
agrícolas alcancem as melhores posições; encorajamento de actividades de economia
rural não directamente relacionada com a produção camponesa, entre outros.

Modificadores Ambientais, visam: o desenvolvimento da agricultura sustentável e


consistem no seguinte: dar uma alta prioridade às regiões atrasadas; concentrar a
pesquisa agrícola em questões relacionadas com a sustentabilidade; dar aos
camponeses direitos de propriedade de seguros; combater a poluição e degradação
ambiental por intermédio de impostos e facilidades; melhorar o desempenho das
instituições públicas relevantes relacionadas com os recursos naturais.

2. RESPOSTA:

A redução da pobreza é aumentada quando o crescimento tem uma base ampla em


vez de concentrada apenas em monopólio. O impacto do crescimento na pobreza
pode ser aumentado por políticas que promovam:

• A produtividade agrícola;
• Os investimentos em indústrias e serviços de mão-de-obra intensiva;

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• Melhores oportunidades para a geração de rendimento nas micro e pequenas


empresas.

3. RESPOSTA:

™ Relações de dependência e subordinação a interesses e centros de decisão


localizados fora do país;
™ Uma elevada percentagem da população vive abaixo da linha da pobreza e o
país não encontrou as políticas adequadas para romper o ciclo da pobreza;
™ O tecido produtivo é constituído por unidades produtivas de pequena ou muito
pequena dimensão, com sistemas de produção assentes em tecnologias
intensivas em trabalho e com baixa competitividade, grande parte da classe
empresarial é de formação recente;
™ Os aparelhos administrativos são extremamente pesados e os trâmites
burocráticos.

Actividade 3

1. RESPOSTA:

¾ Os níveis de rendimento percapita são baixos, por via da multiplicidade de


factores que fazem parte do ciclo da pobreza;
¾ O nosso país é exportador de matérias-primas com elevadas perdas nas
relações de troca e muito baixo valor acrescentado incorporado;
¾ O défice da balança de pagamentos é crónico, devido às disparidades entre a
produção e os padrões de consumo.

2. RESPOSTA:

Traduz uma avaliação macroeconómica, pois representa um conjunto de factores


agregados, caracterizados pelo aumento generalizado e persistente dos preços dos
bens e serviços.
As causas são:
• Excesso de circulação de moeda face a produção;
• Aumento da procura relativamente a oferta;
• Aumento dos custos da produção, por exemplo, matéria-prima, etc.

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