Você está na página 1de 15

Escola Secundária Armando Emílio Guebuza

=Catandica=

Disciplina: História

Tema: O estado de Moçambique e Penetração Mercantil Estrageira

Catandica, Maio 2021


Escola Secundária Armando Emílio Guebuza
=Catandica=

Disciplina: História

Tema: O estado de Moçambique e Penetração Mercantil Estrageira

Discentes: Turma: CCS1B, Curso: diurno

Filipe Salomão

João António

Juvencia Horácio

Joia Francisco Manuel Chipaique

Teresa João

Docente:

dr. Portugal

Catandica, Maio 2021


Índice
1. Introdução..................................................................................................................2

2. Objectivos..................................................................................................................3

2.1. Geral....................................................................................................................3

2.2. Específicos..........................................................................................................3

3. Metodologia de Trabalho...........................................................................................3

4. O estado de Moçambique e penetração mercantil estrageira.....................................4

Penetração Mercantil Estrangeira..................................................................................4

4.1.1. Impacto da Penetração Mercantil Árabe-Persa...........................................5

4.2. A Penetração Mercantil Portuguesa....................................................................5

4.2.1. Impacto da penetração mercantil portuguesa em Moçambique..................7

5. Origem e Natureza do Estado....................................................................................7

5.1. Características de um Estado..............................................................................7

5.2. Teorias Sobre a Origem e Natureza do Estado...................................................8

6. Conclusão.................................................................................................................12

7. Referencias Bibliográficas.......................................................................................13
1. Introdução
O presente trabalho visa falar dos Estados de Moçambique e a penetração Mercantil Estrangeira
desde a definição e tipos de penetração mercantil que ocorreram em Moçambique e o tipo de
impacto que as penetrações tiveram a nível sócio-economico, político e cultural, também iremos
fazer o estudo de alguns estados que se formaram em Moçambique, vamos fazer um relance
sobre a natureza e origem do estado bem como das suas características.

2
2. Objectivos
2.1. Geral:
 Falar de estado de Moçambique e penetração mercantil estrageira.

2.2. Específicos:
 Analisar duas etapas fundamentais da penetração estrangeira em Moçambique;
 Analisar as características dos estados;
 Mencionar as teorias de estado.

3. Metodologia de Trabalho
O presente trabalho de pesquisa, envolveu inicialmente a obtenção de informações teóricas
através de estudo exploratório, seguido do estudo formal descritivo, calcado numa pesquisa
bibliográfica junto a autores consagrados na abordagem do tema tratado, além da leitura de
artigos específicos sobre o assunto abordado através da internet.

3
4. O estado de Moçambique e penetração mercantil estrageira

Penetração Mercantil Estrangeira

Penetração Mercantil estrangeira é o período em que as relações entre as comunidades


Moçambicanas e outros povos se traduziram a trocas comerciais a partir das quais se verificou
uma penetração estrangeira gradual em todas as esferas da vida daquelas, no período que se
estendeu desde os anos 800 até 1886 ou seja, entre os séculos IX à XIX. Relações deste tipo
em Moçambique conheceram duas etapas fundamentais:

 Penetração mercantil Afro-asiática e


 Penetração mercantil Europeia ou indiana.

4.1. A Penetração Mercantil Árabe-persa

Os primeiros mercadores que actuaram em Moçambique foram os árabepersa, provenientes da


Península Arábica e do Golfo-Pérsico.

A necessidade de expandir a religião Islâmica, a desertificação da parte da Arábia, a procura


de mercados seguros, dadas suas tradições comerciais, foi entre outras razões que levaram a
que grupo Árabes, deixassem a sua terra natal – região do Golfo Pérsico e se fixassem na
costa oriental africana a partir do século VII, tendo se sustentado que a primeira fixação em
Moçambique tenha ocorrido nos anos 800 (século IX). A partir do século VII, verifica-se a
fixação na costa oriental africana do povo proveniente do Golfo Pérsico, da península arábica,
da pérsia, da índia e da china. Esta penetração fez-se sentir quase em toda costa oriental
africana, desde Mogadíscio na Somália até Sofala em Moçambique.

Foram estes povos que entraram em contacto comercial com os povos africanos, formando-se
intermediários no comércio entre África oriental e Ásia. Esta actividade levou a criação de
entrepostos comerciais ao longo da costa oriental, dando origem a grandes cidades como
Mogadíscio, Melinde, Mombaça, Kílwa, zanzibar e mais tarde a sul da costa de Moçambique
em Angoche e Sofala. Entre os séculos IX e VIII encontramos evidências de uma progressiva
e lenta fixação de povos provenientes principalmente do Golfo Pérsico, com objectivos
meramente comerciais.

4
Os mercadores asiáticos traziam consigo missangas, porcelanas, tecidos, vidros, banana,
câmaras, perfumes e em troa recebiam ouro, marfim e escravos e em menor escala Âmbar,
Cerra, etc

4.1.1. Impacto da Penetração Mercantil Árabe-Persa


A penetração mercantil árabe em Moçambique colocou em contacto as comunidades de
Moçambique e os árabes. Como é natural, desse contacto resultaram influências mútuas nas formas
de vida económica política e sócio-cultural.

4.1.1.1. A nível sociopolítico:


 Aprofundamento das desigualdades sociais;
 Surgimento em Moçambique de novas unidades políticas denominadas Reinos Afro-
Islâmicos da Costa (Sultanatos e Xeicados);
 Os casamentos.
4.1.1.2. A nível Cultural:

Em Moçambique a influência árabe é visível pelo surgimento de uma nova língua o Swahili,
que surgiu do contacto entre os moçambicanos e os árabes e os Koti em Angoche. É também
assistida uma forte influência da religião islâmica. O uso dos Cofiós e o Mwalide são reflexos
da cultura árabe. Outra influência foi a formação ou delimitação dos grupos etnolinguísticos
em Moçambique.

4.2. A Penetração Mercantil Portuguesa

O primeiro contacto entre os portugueses e as gentes de Moçambique data de 1498 com a


chegada de Vasco da Gama, no âmbito da expansão europeia. Portanto não se tratou de uma
acção premeditada que levou os portugueses a Moçambique, pois foi na busca do caminho
marítimo para Índia que pararam casualmente no nosso país.

Nessa sua passagem por Moçambique, os portugueses testemunharam o intenso comércio de


ouro que os árabes faziam com as populações de Moçambique, o que criou o interesse
daqueles pelo referido comércio.

No início do século XVI, o interesse dos portugueses pelo comércio levou-os a iniciar o
processo da sua fixação no território. Pelo que em 1505 fixam -se em Sofala e em 1507 na
Ilha de Moçambique.

5
A fixação dos portugueses em Sofala e Ilha de Moçambique tinha por finalidade assegurar o
controlo das rotas comerciais.

Esta fixação provocou tensão entre os árabes e os próprios portugueses pelo controlo do
comércio, mas até finais do século XVI os árabes detêm a supremacia no comércio com os
shona.

Até 1530 os mercadores portugueses tentaram, sem êxito, lutar, não só contra o bloqueio que
lhes foi movido pelos árabes que transformaram Angoche num novo centro de escoamento de
ouro, mas também contra o bloqueio de certas dinastias shona à passagem das mercadorias da
costa para o interior. Só a partir desta data é que os portugueses decidiram penetrar no vale do
Zambeze a fim de ir ao encontro das fontes de produção, construindo feitorias em Tete e Sena
(1530) e Quelimane em 1544. Tratava-se, agora, não da tentativa de controlo das vias de
escoamento de ouro, mas do acesso as zonas produtoras.

Neste período, inicial, a penetração portuguesa no interior tinha em vista montar um sistema
de alianças com as classes dominantes locais, de forma a criar condições favoráveis da
actuação do capital mercantil.

Numa primeira fase a aliança visava eliminar a concorrência dos mercadores árabes e
conseguir o reconhecimento do capital mercantil português como único parceiro no comércio.

Mesmo após a resistência árabe ter sido neutralizada, a aliança com a aristocracia shona, se
bem que tenha sido num contexto diferente, permaneceu uma necessidade estratégica. Para
atingir os seus objectivos, os portugueses adoptaram um sistema de alianças com a
aristocracia shona, mas em finais do século XVI a aliança não era ainda suficiente para pôr
em causa a autoridade do Mwenemutapa. Pelo contrário a aristocracia possuía uma margem
de manobra e de iniciativa bastante lata daí que os agentes portugueses subordinam-se aos
imperativos sociais e ideológicos dos Shona.

Os elementos fundamentais da supremacia shona sobre os mercadores estrangeiros


manifestavam-se no pagamento da curva e da empata e na observância do ritual “descalçar,
tirar o chapéu, estar desarmado e bater palmas para entrar na corte” em sinal de respeito ao
rei.

6
4.2.1. Impacto da penetração mercantil portuguesa em Moçambique

4.2.1.1. Impacto sócio-económico:


 Erosões da economia natural das muchas (comunidade aldeã) com milhares de
camponeses a dedicarem mais tempo na mineração do ouro);
 Fuga das comunidades nas áreas onde a actividade mineira era muito intensa;
 Morte de crianças e mulheres nas escuras galerias à procura do ouro;
 Introdução de uma renda em prospecção mineira (ouro);
 Aumento do poder de compra de alimentos e produtos artesanais;
 Integração da costa oriental africana no comércio internacional.

4.2.1.2. Impacto político:


 Luta pelo poder (lutas interdinásticas);
 Formação de comunidades afro-portuguesas que criaram unidades específicas
denominadas por prazos onde a classe dominante era portuguesa.

5. Origem e Natureza do Estado


Para a definição de estado comecemos por nos deter na ideia de Prélot sobre o Estado quando
diz estado é uma "forma qualificada, aperfeiçoada, eminente da vida colectiva" Se
buscássemos definições de outros pensadores sobre a matéria teríamos certamente conceitos
diferentes, mas todos emitindo esta ideia principal de que o estado é algo característico das
sociedades evoluídas.
Portanto o estado é a forma que assume, nas sociedades modernas, a existência social, isto é, a
forma que atinge a sociedade quando perfeitamente organizada.

5.1. Características de um Estado

Quando se constitui um estado a sociedade fica organizada de tal modo que ficam claramente
patentes algumas formas de relacionamento, entre elas:
 A monopolização do poder (centralização) – em qualquer estado todos os diferentes
aspectos da vida social e política estão sob a alçada de um único centro de poder,
neutralizando todos os outros focos de poder que possam eventualmente competir com o
estado.
 A institucionalização da hierarquia política – no estado deve existir uma clara
hierarquia política ou seja uma diferenciação entre dominantes e dominados. Significa que
7
num estado é sempre criado um corpo de pessoas cuja função é governar e que, enquanto
tal, se contrapõe à maioria - os governados.
 A legitimação racional e o reconhecimento - O estado para existir com um só centro de
poder e com uma hierarquia em que uns governam e outros são governados é importante
que funcione com racionalidade e que seja aceite (legítimado) aos olhos da sociedade.
 Assim, a razão de ser do estado pressupõe a direcção do funcionamento da vida social e a
procura das leis a que tal funcionamento obedece. A razão de ser do estado reside na
constituição ou na sua lei fundamental. A lei define as normas e os limites do exercício do
poder, mas sobretudo a garantia ou eficácia do poder exercido por aqueles que estão em
posição de mandar. O estado torna-se legítimo na medida em que se oriente em
observância a lei.
Como Surge o Estado
Existe uma estreita ligação entre estado e sociedade, na medida que o estado é a forma que
atinge a vida social numa fase adiantada do seu desenvolvimento, uma vez diferenciadas,
autonomizadas e tornadas complexas as suas funções.
As funções governativas de organização e gestão da vida social adquirem um papel crescente
e decisivo.
Ao longo do tempo elas tornam-se necessárias e imprescindíveis, nas consciências de toda a
sociedade, o que consolidou a mais a ideia da necessidade de existência do Estado.
Portanto o estado surge como resultado de um processo de evolução da sociedade e não como
imposição vinda do exterior dela.
Nem todas as sociedades organizadas, ou mesmo politicamente organizadas, constituem um
estado.

5.2. Teorias Sobre a Origem e Natureza do Estado

O estado é uma forma secular de organização social, que ao longo dos tempos foi assumindo
formas e interpretações diversas Daí a existência de diferentes teorias sobre o estado. Veja, a
seguir, como nas diversas fases de evolução das sociedades foi entendido o estado.
a) Teoria Teocrática - considera-se o estado como manifestação duma razão ou duma
vontade transcendente e como algo absolutamente necessário à manutenção da existência
social.
Os governantes são considerados como mandatários de Deus, e como Se eles exercessem o
poder em seu nome.

8
b) Teoria Liberal
Séculos XVII e XVIII Expressão ideológica e política dos interesses económicos da
Burguesia em expansão.
O estado já não é considerado como expressão duma vontade ou inteligência transcendental,
mas como expressão duma racionalidade imanente à própria sociedade, ou seja, como a
expressão da vontade geral dos indivíduos humanos racionais e livres. Como tal, o estado
deve garantir a segurança da vida social, deve estimular e possibilitar o máximo
desenvolvimento das potencialidades dos indivíduos.
De maneira alguma a sua acção deve ser de domínio ou repressão, mas ao contrário deve
proporcionar a segurança, a liberdade, defender a propriedade dos cidadãos.
Historicamente o liberalismo opõe-se ao absolutismo.
c) Teoria Romântica ou Idealista
O estado não tem a sua razão de ser numa ordem transcendente à história nem tão pouco
resulta da vontade arbitrária dos indivíduos que o compõem. Ele exprime uma lei da natureza
e surge na história como uma forma superior de organização da vida exterior dos homens.
Cada povo ou cada sociedade está chamado a organizar-se racionalmente em estado de modo
que cada um dos seus membros se integre organicamente no todo e o esrado se preocupe com
a existência de cada um dos seus membros.
Ao estado é, deste modo, atribuída uma missão ética e espiritual:
Ele está ao serviço da espécie humana, da humanidade, ao serviço das ideias superiores que a
humanidade se propõe.
A integração dos indivíduos no estado não deve ser exterior, mecânica, por imposição mas
deve ser pelo reconhecimento e pela consciencialização; Daí o papel atribuído à educação.
d) Teoria Anarquista
Surgiu na época moderna (sec. XIX) e teve em Montaigne, La Boetil, Max Sticner, Bakunine.
O Anarquismo consiste na rejeição de qualquer princípio do poder ou de autoridade sobretudo
se entendida em termos de instituição estatal.
A razão de tal rejeição reside no facto de o estado se apresentar sempre como uma máquina de
opressão e de coersão, como impeditivo da realização da plena liberdade dos homens e das
verdadeiras potencialidades humanas.
No lugar da organização estatal o anarquismo propõe uma organização social baseada na livre
união dos indivíduos e grupos excluindo-se qualquer tipo de coação e de obrigação exteriores
(leis, polícia, exército).

9
Anarquismo: Utopia ou a voz da razão?
Anarquismo é considerado pelas demais concepções políticas (marxismo, liberalismo,
fascismo) como uma utopia irrelevante, sobre a realidade da vida social e a incapacidade de
organização baseada na força e na violência.
e) Teoria Marxista
O estado encontra a sua razão de ser no desenvolvimento da sociedade (no processo histórico)
interpretado como sendo o resultado do desenvolvimento das forças produtivas materiais.
Com o desenvolvimento das forças produtivas e das técnicas de produção surge um novo tipo
de economia- a economia de produção: os homens passam a produzir por si próprios aquilo de
que necessitam para viver.
Passa a existir um excedente de produção que não é investido imediatamente no consumo. É
neste momento que, de entre os membros do grupo social, até aí em plena igualdade, se
destaca um sector que se apropria desse excedente de produção e dos meios que o garantem: a
terra os rebanhos, o trabalho alheio.
Este processo conduz ao surgimento da propriedade privada e, com ela, a desigualdade social
e consequentemente o antagonismo no corpo social- a divisão da sociedade em classes com
interesses antagónicos. Neste conjunto de circunstâncias é que surge o Estado como forma de
manter constante esse antagonismo e de permitir o domínio do grupo detentor dos meios de
produção sobre a restante parte da sociedade.
Segundo Lénine, grande seguidor teórico de Marx pode-se definir Estado como "uma
máquina destinada a manter a dominação de uma classe sobre uma outra."
Cárácter de classe- O estado constitui, a nível político, o reflexo do poder da classe
economicamente dominante.
Carácter repressivo - O Estado é a organização que assegura a ordem.
Constitui uma unidade de repressão; uma violência exercida contra uma parte da sociedade
em favor de uma outra.
Carácter alienante: Estado é "um aparelho desligado e posto a cima da sociedade" _ assim se
destaca um grupo de homens especializados em governar, enquanto os outros estão sempre
condenados a ser governados.
Segundo a teoria Marxista o estado assume diferentes formas, conforme se avança na
história:
 Estado Esclavagista;
 Estado Feudal;

10
 Estado capitalista;
 Estado Socialista.
f) Teoria Fascista e Corporativista
O estado fascista é o antípoda do estado liberal, uma vez que:
 Afirma o carácter absoluto do estado;
 Nega o princípio do liberalismo – o princípio do indivíduo;
 Nega o princípio da democracia e de igualdade entre os homens.
O estado fascista supõe uma teoria das elites ou dos homens providenciais chamados a
conduzir a massa (Duce; Fuhrer)

11
6. Conclusão
Findo do trabalho conclui-se que a reacção dos árabes à fixação portuguesa em Sofala e Ilha
de Moçambique foi a abertura de uma nova rota comercial dos Mwenemutapa para Angoche,
o que levou, em 1511, a um ataque português, mal sucedido, que não foi capaz de pôr termo
às actividades árabes no sultanato, continuando a fazer comércio com os Mwenemutapa.

O estado é um fenómeno histórico, que nos remete a diferentes teorias entre elas a teocrática,
liberal, romântica ou idealista, anarquista, marxista e fascista.

12
7. Referencias Bibliográficas
 CABAÇO, José Luís de Oliveira. Moçambique identidades, colonialismo e
libertação.Universidade, São Paulo, 2007.
 Departamento da Historia Universidade Eduardo Mondlane. História de Moçambique.
Livraria Universitária, Maputo, 1982;HEDGES, David. Moçambique no auge do
colonialismo 1930-1961. Livraria Universitária Eduardo Mondlane, volume 2, Maputo,
1999.
 José Luis Barbosa Pereira, pré-universitário Historia 12 classes, Longman Moçambique,
1ª edição, Maputo 2010.

13

Você também pode gostar