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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANIDADES

Curso de Licenciatura em Direito

AURÉLIO JOÃO LACUARETA

DINO JOSÉ JÚLIO

SURAIA CARLOS ERNESTO JOÃO

História de Direito Moçambicano

Quelimane

2023
AURÉLIO JOÃO LACUARETA
DINO JOSÉ JÚLIO
SURAIA CARLOS ERNESTO JOÃO

Tema: Direito nas Sociedades de Matriz Sincrética

Trabalho em grupo a ser apresentado ao curso de Direito


da Faculdade de Ciências Sociais e Humanidade, como
requisito para avaliação na cadeira de HDM

Docente: Prof. Dr. Ricardo Raboco

Quelimane

2023
Conteúdo

1. Introdução ............................................................................................................................... 3

2. Objectivos ............................................................................................................................... 4

2.1 Geral ................................................................................................................................. 4


2.2 Especifico.......................................................................................................................... 4
3. Metodologia ............................................................................................................................ 4

4. Direito nas sociedades de matriz sincrética ............................................................................ 4

4.2 Sultanato de Angoche ....................................................................................................... 5


5. As Dinastias Reinantes no Sultanato de Angoche .................................................................. 6

5. 1 O Xeicado de Sancul ........................................................................................................ 8


5.2 O Xeicado de Quitangonha ............................................................................................... 9
5.3 O Xeicado de Sangage .................................................................................................... 10
6. Conclusão ............................................................................................................................. 11

7. Referências Bibliográficas .................................................................................................... 12


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1. Introdução

O trabalho que segue versa sobre Direito nas sociedades de matriz sincrética, onde iremos
desenvolver conteúdos principais como: o conceito de sincretismo, reino afro islâmico e o
direito.

O processo de sincretismo está intrinsecamente ligado às relações de comunicação entre


grupos sociais heterogéneos, ou seja, com diferentes culturas, costumes e tradições.

Estabelecimento dos árabes nas ilhas e na costa de Moçambique deu origem a reinos como o
Sultanato de Angoche, os Xeicados de Sancul, Quitangonha e Sangage e diversas outras
pequenas comunidades islâmicas com estrutura política que seguiam a tradição árabe com
elementos africanos foi designada por sociedade de matriz sincrética ou reinos afro islâmicos.
Enquanto Direito é o conjunto organizado de normas jurídicas provenientes do Estado que
regulam as relações sociais numa determinada sociedade política.

Na análise do comportamento dos seres humanos notar-se-á que estes são seres dotados de
uma natureza eminentemente social. O homem é um animal social é de sua natureza não viver
isolado, mas em convivência dentro de um grupo. Historicamente verificamos que deste os
primórdios, o homem sempre viveu em comunidade com os seus semelhantes (clãs, tribos
etc). O homem, por instinto e raciocínio, necessita viver em grupo. No ensinamento de
Aristóteles, o filósofo grego; o homem é um animal social. Significa que o homem foi feito
para viver em sociedade.

J. Dias Marques afirma que quem diz “ sociedade humana” diz “ vida de convivência” e quem
diz “convivência” diz” regras”. Pois não podem as pessoas viver em comum sem que exista,
ao menos, um elenco mínimo de princípios por que pautar os seus recíprocos modos de agir.

Vamos debruçar de uma forma resumida sobre os reinos afro-Islâmico da Costa, onde nessa
convivência entre povos registamos uma adopção de práticas islâmicas por parte das
populações moçambicanas, vamos falar igualmente sultanato de Angoche e dos Xeicados de
Sancul, Quitangonha e Sangage, sua contribuição para o direito moçambicano.

Para elaboração deste trabalho foi feito uma revisão bibliográfica onde foram encontrados
materiais de consulta importantes que versam sobre o tema proposto, ou seja, sobre direito nas
sociedades de matriz sincrética.
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2. Objectivos

2.1 Geral

Analisar a criação, desenvolvimento do direito nas Sociedades de Matriz Sincrética e o seu


enquadramento no Estado Moçambicano.

2.2 Específico
Descrever os casos de direito patentes numa perspectiva comparativa e do enquadramento no
direito Moçambicano.

Identificar a sua origem Sociedades de Matriz Sincrética

3. Metodologia
Na elaboração deste trabalho foi feito uma revisão bibliográfica onde foram usados materiais
que têm assuntos relacionados ao tema.

4. Direito nas sociedades de matriz sincrética

4.1 Os reinos Afro-Islâmicos

Um dos contactos entre mercadores e a população moçambicana foi o islamismo e acção


progressiva destas comunidades principalmente no litoral onde surgiram, como consequências
os núcleos linguísticos como os Mwanes, Nahara e Kotie e adopção por estes modelos policial
e politica arabizados. Em resultado disso, estruturam – se politicas moçambicanas como o
xeicados e sultanatos

Na Costa de Cabo Delgado, Nahara na Ilha de Moçambique e Koti em Angoche e os


casamentos entre moçambicanos e árabes deram origem a uma cultura costeira, a cultura
Swahili que estimularam em Moçambique os núcleos linguísticos acima referidos.

No período de tráfico de escravos, estes reinos islamizados, tornaram-se influentes na costa


Moçambicana, assegurando este o comércio, mesmo depois da sua abolição oficial (MUSSA,
Carlos, Manual de Historia 12ª Classe, p.75).

Entre eles destacamos o sultanato de Angoche, o xeicado de Sancul, xeicado de Quintangonha


e xeicado de Sangage
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4.2 Sultanato de Angoche

Segundo a tradição a origem deste sultanato está ligado a fixação em Angoche de refugiados
de Quíloa já fixados em Quelimane e na Ilha de Moçambique, o primeiro sultão de Angoche
teria sido Xosa, filho de um tal Hassani que vivera em Quelimane por ter constatado que
Angoche reunia melhores condições para o comércio (MUSSA, Carlos, Manual de Historia
12ª Classe, p.75).

Com efeito, Angoche ganhou importância crescente quando a capital dos Mwenemutapas
mudou para próximo do Zambeze com a abertura de rotas comerciais, seguindo os rios Mazoe
e Luenha.

Durante longos anos, Sofala havia sido o entreposto que controlava todo o comércio com o
hiterland. Porem, com a fixação portuguesa neste ponto, em 1505, este perdeu a sua
importância a favor de Angoche.

Os árabes-Swahili, comerciantes de longa data nestas paragens, desviaram a rota do ouro para
o seu término em Angoche, donde continuavam a comerciar.

Por este facto, Angoche seria atacada por portugueses em 1511, mas sem grandes resultados.
Só com a fixação gradual dos portugueses no vale do Zambeze desde 1530 aliado a
rivalidades internas, e que Angoche seria eliminada como escoador de ouro.

Os filhos de Xosa e a sua esposa macua Mwana Moapeta, deram origem a quatro linhagens
angocheanas: Inhanandare, Inhamilalal, Mbilizini e Inhaitide. Recebiam colectivamente a
designação de Inhapaco, clã de matrilinear de Mwana Moapeta.

A linhagem dominante era, inicialmente, a do Inhandare. Durante três gerações dominou esta
região; o sultão era sucedido por via paterna, segundo o Islão.

A situação mudou quando morreu o quarto Sultão sem deixar filho varão. Sucedeu-lhe uma
irmã casada com Molidi da linhagem de Inhamilala. Esta morreu sem deixar descendência, o
que provocou uma luta pelo poder entre os Inhamilalal e os Inhanandare. Derrotados os
Inhanandare, são expulsos de Angoche.
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No século XIX, com o comércio de escravos, o Sultanato de Angoche recupera a sua


importância, transformando-se num grande centro exportador de escravos para zanzibar,
Comores e Ilha de Moçambique, fugindo mesmo ao patrulhamento naval britânico.

Nesse século, o Sultanato esteve em guerras constantes, ora na tentativa de expandir, ora
sujeito a tentativas de conquista, e era dirigido por Mussa Quanto. Mas só em 1910, os
Portugueses conseguiram dominar facilmente a região, após a derrota de Angoche, com a
vitória dos portugueses dirigidos por Messano de Amorim.

Em 1511, os portugueses atacaram Angoche e incendiaram a povoação, prenderam o sultão e


tentaram, por vias indirectas, minar as influências do sultanato, o que não conseguiram, pois
os afros – islâmicos continuaram a comercializar com Melinde, Mombaça e Quiloa. O fim
dom período de prosperidade de Angoche data da fixação dos Portugueses no vale Zambeze,
no Sec.XVIII. (RECAMA, Dionísio Calisto, Manual de preparação para o ensino superior,
in Historia de Moçambique, de África e Universal, 10ª à 12ª Classe, pag. 15:16).

Para o Sultanato de Angoche o grupo concluiu que a formação e o seu enquadramento no


estado moçambicano deste estado era patrilinear e os governos eram constituídos por pelas
linhagens que detinham o poder e da sua herança nomeadamente Inhanandare, Inhamilalal,
Mbilizini e Inhaitide.

5. As Dinastias Reinantes no Sultanato de Angoche

Na Historia contemporânea do Sultananto de Angoche, Xosa ou Xhusa é considerado o


fundador e primeiro Sultão Nancy Hafkin (1976) afirma que a sucessão ao trono fazia-se pela
via patrilinear em virtude de Angoche ter escolhido Islão como a religião do Estado. Assim, o
filho primogénito devia suceder ao trono em caso de morte. Esta sucessão, que priorizava o
filho primogénito, acabou por ser sucessivamente observada no reinado de mitumani, Hamisi
e Muinyi Shusa (MUSSA, Carlos, Manual de Historia 12ª Classe, p.75 e 76).

O Governo de Angoche obedecia ao pacto das linhagens surgidas do casamento de Xosa. De


facto, após o casamento de Xosa, o fundador de Angoche, com Mwana Mwapeta nasceram
quatro filhos e quatro filhas. Os filhos formariam as quatro dinastias que marcaram a vida
política de Angoche, com Mwana Mwapeta nasceram quatro filhos e quatros filhas. Os filhos
formariam as quatro dinastias que marcaram a vida política de Angoche
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Os principais herdeiros de Angoche residiam em Muchelele, enquanto os restantes príncipes


que não fossem da linhagem de Inhamandare deviam residir em Catamoio. Tais príncipes
eram das linhagens Mbilinzi Inhamilala e Inhaitide.

Quando Xosa morreu, o poder deslocou-se para a linhagem de Inhamandare, Por um longo
período, a sucessão manteve-se nesta linhagem ate que findou a varnia directa. Faltando um
herdeiro do mesmo sangue, a rainha Muinyi Shusa casou-se com Molidi, da linhagem de
Inhamilala, mas ela morreu sem deixar alguém para a suceder. Aproveitando-se desta
situação, Molidi recusou entregar o poder a casa de Inhamandare, na pessoa de Caranhueza,
que era o mais próximo herdeiro. Esta situação provocou lutas pela sucessão que terminou
com a expulsão de molidi, o usurpador do trono.

Desde, então, foi instituída uma sucessão que observava a tradição muçulmana e a tramacua.
Na primeira, o herdeiro devia ser um homem, filho primogénito. Na segunda, o herdeiro devia
ser alguém que fosse filho da irmã mais velha do defunto Sultão, para evitar que o poder
caísse nas mãos de outras linhagens. Esta pratica respeitava a tradição matrilinear da
sociedade Emakwa e também simbolizava a união entre os Macuas e os descendentes dos
Afro-Shirasi, ou seja, os muçulmanos.

Para os muçulmanos, a sucessão patrilinear era o símbolo da continuidade da linhagem de


Xosa, ao passo que para os Macua, a sucessão matrilinear era símbolo da tradição de Mwana
Mwapeta, mulher Macua.

No período entre 1820 e 1849, surgiu um conflito de sucessão em que o poder era disputado
entre Alawi Mwgossirima e Amadi Bari Bwana.

E 1846, Angoche era um grande centro comercial. Mas os Portugueses, na intenção de criar
divisionismo no seio dos chefes de Angoche para mitigar o poder de Sultão, alimentavam as
lutas intestinas apoiando, alternadamente, uma e outra parte.

Em 1 de Maio de 1846, o novo Governador de Moçambique, Rodrigo Luciano Abreu Lima,


deu ordens para se patrulhar as águas territoriais de Angoche, como forma de tentar parar com
o comércio clandestino de escravos, uma vez que a escravatura fora abolida em nos
anteriores.
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Para quebrar a interferência militar dos portugueses, que fazia sentir com maior frequência a
partir de 1847, o Sultão de Angoche começou preparar a revolta e a resistência. Preocupados
com esta situação, os portugueses tentaram substituir as autoridades de Angoche, mas sem
sucesso.

No período do Governador Domingos Fortunato Valle, foi decidido que o Sultão de Angoche
devia parar com o comércio de escravos.

Em 1847, para fazer valer a sua autoridade o Governador de Moçambique enviou três agentes
militares para intimar o Sultão de Angoche, visando parar com a acção e o poderio do Sultão
Bwana Amadi. Este recusou reconhecer a autoridade portuguesa. Assim, o comércio de
escravos continuou, embora já de forma clandestina.

5. 1 O Xeicado de Sancul

Formado no século XVI, por imigrantes da Ilha de Moçambique, o Xeicado de Sancul


experimentou maior estabilidade que o anterior, devido a sucessão por alternância de
linhagens.

A sua localização entre o Lumbo e Mongicual com numerosos braços de mar de fácil acesso,
permitia-lhe grande intercâmbio comercial com o exterior.

Mantendo uma lealdade a coroa portuguesa, o Xeique de Sancul seria, contudo, assassinado
em 1753 por um comandante português, auxiliado por forças de Sancul e Quitangonha, numa
campanha contra chefes macuas que albergavam escravos fugidos dos comerciantes
portugueses ou que contrariavam os interesses destes.

A partir deste incidente, os sucessores do Xeique assassinado afastaram-se cada vez mais dos
portugueses, mantendo activas as operações comerciais e a exportação de escravos.

Todas tentativas portuguesas para impedir o tráfico e submeter a aristocracia de Sancul


mostraram-se infrutíferas até finais do século XIX, destacando-se a resistência levada a cabo
por marave, o capitão – mor, Suali Bin Ibrahimo (MUSSA, Carlos, Manual de Historia 12ª
Classe, p.81).
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Forma – se no Sec.XVI. os seus fundadores vieram da Ilha de Moçambique e o seu povo tinha
um considerável intercambio com o exterior. O xeique de Sancul foi morto em 1753 pelo
comandante de uma forca portuguesa. Em 1880, foi capturado Makusi Omar, capitão – mor
de Sancul e o mais activo e importante negociante de escravos. No seu lugar entrou Hassane
Molidi, em 1880. Suali Bin Ibrahimo (Marave), capitão – mor de Sancul, derrotou os
portugueses em Maguenga em 1896 e foi xeique de Sancul. (RECAMA, Dionísio Calisto,
Manual de preparação para o ensino superior, in Historia de Moçambique, de África e
Universal, 10ª à 12ª Classe, pag. 16).

Para o Xeicado de Sacul o grupo concluiu que a formação e o seu enquadramento no estado
moçambicano deste estado experimentou maior estabilidade que o anterior, devido a
sucessão por alternância de linhagens e os governos eram constituídos por pelas linhagens
que detinham o poder e da sua herança nomeadamente Inhanandare, Inhamilala, Mbilizini e
Inhaitide.

5.2 O Xeicado de Quitangonha

Tal como Sancul, este Xeicado foi formado no século XVI por imigrantes da Ilha de
Moçambique. Uma aliança com os portugueses que perdurou até ao último minuto quarto do
século XVIII permitiu o florescimento do comércio de escravos em Quitangonha.

Mas desde 1755, altura em que os dirigentes de Quitangonha começaram a negociar com
traficantes, o Xeicado adquiriu maior autonomia, monopolizando o comércio esclavagista na
zona norte entre a Baia de Nacala e a de Conducia e contrariando os interesses de outros
traficantes, incluindo os portugueses.

Baseando o seu poderio no trafico esclavagista, Quitangonha manteve a sua autonomia e


resistiu a dominação portuguesa até princípios do século XX, destacando – se Mahamud
Amade. (MUSSA, Carlos, Manual de Historia 12ª Classe, p.81).

Forma-se no Sec.XVI. Os seus fundadores partiram da Ilha de Moçambique (1515 – 1585).


Em 1755, chegaram os Franceses em busca de escravos para as suas plantações, estes
perturbaram a aliança entre os chefes e as autoridades portuguesas. Foi morto o xeique de
Quitangonha, Amade Abdulah, em 1884, Mahamud Amade (seu filho) passou a xeique. O
último acto de revolta dos xeiques de Quitangonha verificou – se em 1903 – 1904, quando a
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política portuguesa de Ocupação Efectiva decorria tendo o xeique atacado Mossuril.


(RECAMA, Dionísio Calisto, Manual de preparação para o ensino superior, in Historia de
Moçambique, de África e Universal, 10ª à 12ª Classe, pag. 16).

5.3 O Xeicado de Sangage

Nominalmente dependente do Sultanato de Angoche, este Xeicado estabeleceu a sua


autonomia no primeiro quarto do Séc. XIX, na base de alianças com administração
portuguesa, com os dirigentes de Sancul e com comerciantes baneanes da ilha de
Moçambique.

A sucessão dos Xeicados de Sangage era definida por via matrilinear o que garantiu o
estabelecimento de fortes laços económicos e de parentesco entre um número reduzido de
famílias do Xeicado.

Graças ao apoio português contra os seus vizinhos de Sancul e de Angoche, Sangage possuía
uma certa independência e prosperidade no comércio de escravos.

Mas, nas primeiras décadas do Sec.XX, as terras do Xeicado foram ocupados pelos
portugueses e transformaram num regulado, com um chefe colaborador a frente. (MUSSA,
Carlos, Manual de Historia 12ª Classe, p.82).

Desde a sua formação esteve sujeito ao sultanato de Angoche e só estabeleceu a sua


autonomia no primeiro quartel do Sec.XIX. Para se aliviar desta dependência, o xeique fés
alianças com a administração portuguesa, dirigentes de Sancul e mercadores baneanes da Ilha
de Moçambique. A sucessão em Sangage era matrilinear, o que relacionou os dirigentes daqui
e um grupo determinado de mulheres macuas. Em 1912, desencadeou – se uma luta contra os
Portugueses numa aliança com os dirigentes de Sangage e os chefes macuas da região como
Ibamela e Kubula – Muno. (RECAMA, Dionísio Calisto, Manual de preparação para o
ensino superior, in Historia de Moçambique, de África e Universal, 10ª à 12ª Classe, pag.
16).

Para o Xeicado de Sangage o grupo concluiu que a formação e o seu enquadramento no


estado moçambicano deste estado era matrilineares e os governos eram constituídos por
pelas linhagens que detinham o poder e da sua herança.
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6. Conclusão

Falamos sobre os conceitos de o conceito de sincretismo, reino afro islâmico e o direito os


reinos afro-islâmicos, sultanato de Angoche os xeicados. Quanto ao sultanato de Angoche
registamos a existência de quatro linhagens nomeadamente: Inhanandare, Inhamilala,
Mbilizini e Nhaitide, que por sua vez receberam o nome de clã matrilinear de Mwana
Moapeta. Notamos as consequências sócio-políticas onde nos xeicados e sultanatos temos a
existência de sultões e Xeques, ou seja houve existência de um sistema político no que
concerne a organização.
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7. Referências Bibliográficas

 MUSSA, Carlos (2008) História 12ª Classe, Texto editora, Lda Moçambique.
 NEWITI, Malyn, (Dezembro de 2012), História de Moçambique, Tradução de, Lusa
Portugal, Edição número 116519/9425.
 PÉLISSIER, René (2000), História de Moçambique, Formação e oposição 1854-1918,
Volume I, 3ª edição.
 PÉLISSIER, René, (2000), História de Moçambique, Formação e oposição 1854-
1918, Volume II, 3ª edição.
 RECAMO, Dionísio Calisto, (2010), História de Moçambique, de África e Universal
Manual de preparação para o Ensino Superior, 10ª Classe à 12ª Classe.
 SERRA, Carlos, História de Moçambique, Departamento de Histórias, Universidade
Eduardo Mondlane, Volume – I.

Comentários do Crítico
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Como tema o direito nas sociedades de matriz sincrética:

Caso de Sultanatos e Xeicados

Correlação ao trabalho, salientar que constatei um défice nos pontos 4; 4.2; 5.2; 5.3 e esta em
falta o xeicado de Tungue.

Neste capítulo vou debruçar de uma forma sucinta os parágrafos em falta e com défice sobre o
tema acima supra citado.

4. Direito nas sociedades sincréticas. Caso de Xeicados e Sultanatos

Xeicados e Sultanatos

Xeicados são sistemas de governo dirigido por um xeique, chefe de tributo árabe. Sultanatos
são sistemas de governo dirigido por um Sultão, titulo dado a certos príncipes maometanos,
senhores poderosos e despóticos. Onde registamos uma adopção de práticas islâmicas por
partes das populações moçambicanas.

O sincretismo caracteriza-se pela união de elementos culturais, religiosos e ideológicos


distintos que formarão uma nova cultura, religião ou sociedade. Livro de História 12a Classe
p.118, Biblioteca da História edição no 116519/9425, Dezembro de 2012.

5.2 Xeicado de Quitangonha.

Origem:

A formação do xeicado de Quitangonha verificou-se durante o século XVI, tendo os seus


fundadores partindo da Ilha de Moçambique situava-se na Península de Matgibane, a norte da
Ilha entre os anos 1515 e 1585. Este facto permitiu a manutenção por parte dos afro-islâmicos,
do tráfego marítimo.

Os objectivos dos dirigentes de Quitangonha eram o monopólio do tráfego esclavagista em


toda zona que se estendia desde a baía Nacala até à do Condúcia, entrando em choque com os
interesses restantes dos traficantes. O xeique manteve sua homogenia até ao século XIX e
independente dos portugueses, mantinham relações com as Ilhas Comores. Mesmo com os
decretos de 1836 e 1842, o xeique decorreu entre 1903 – 1904 período da ocupação colectiva
portuguesa, tendo o xeique Muhmud e suas forças atacando Mossuril. O primeiro xeique
Amade Abdulah, morto em 1884.
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Base económica.

A principal actividade económica era o comércio de escravos. A aristocracia de Quitangonha


monopolizava toda actividade esclavagista na zona compreendida entre a baia de Nacala.

Organização social política social.

A sociedade de Quitangonha era essencialmente matrilinear e a sucessão era hereditária.

Aparto ideológico.

A religião dominante era o Islamismo, que garantia unidade a coesão desta sociedade.

Decadência.

Tal como os restantes Reinos atrás referidos, Quitangonha mantinha relações amistosas com
autoridades portuguesas, desde que estas não interferissem na sua estrutura económica,
política e ideológica. Quando foram impostos na região os decretos anti-esclavagista de 1836
e 1842, os dirigentes do xeicado passaram à hospitalização aberta, pois viram ameaçada a sua
principal fonte de rendimento e o seu principal esteio de domínio de classe.

Quitangonha manteve a sua autonomia e resistiu à dominação portuguesa até o século XX.
Nesta resistência destacou-se Muhamud Amadi que se após à penetração portuguesa. René
Pelissier, História de Moçambique, vol.1 3a edição p.119. Malyn Newitt, História de
Moçambique, A expansão das comunidades costeiras, p.174.

5.3 Xeicado de Sangage.

Origem:

Desde a sua formação esteve ligado ou dependente do Sultanato de Angoche, estabeleceu a


sua autonomia no primeiro quartel do século XIX, na base de aliança com a administração
portuguesa, com os dirigentes de Sancul e com comerciantes da Ilha de Moçambique
provocando hostilidade entre Angoche e os Portuguese.

Base económica.

A principal actividade económica era o comércio de escravos. Graças ao apoio português


contra os seus vizinhos de Sancul e Angoche, Sangage possuía uma certa independência e
prosperidade no comércio de escravos.
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Organização política social.

A sucessão dos xeiques de Sangage era definida por matrilinear, o que garantiu o
estabelecimento de fortes laços económicos e de parentesco entre um número reduzido de
familiares do xeicado.

Aparto ideológico.

A região dominante era o Islamismo, que garantia a unidade e a coesão desta sociedade.

Decadência.

No prosseguimento da sua campanha de conquista e ocupação na primeira década do século


XX, as terras do xeicado foram ocupadas por portugueses e transformadas num regulado.

Em 1912 deu-se a ultima batalha dirigida por xeique Mussa Phiri contra os portugueses, mas
com o avanço da ocupação colonial Mussa aliou-se a este passado a cobrar tributos e
participando na campanha colonial contra Farelah. Com a prisão de um dos seus sobrinhos,
Mussa Phiri mas tarde mobilizou os seus homens e com apoio dos chefes Macuas de
Mogincual e Mogovolas atacou sem sucesso aos portugueses. Mussa morreu no exílio no
timor e a religião foi transformado num regulamento português. René Pelissier, História de
Moçambique, vol.1 3a edição p.120 e 121, ponto 5.4.

Xeicado de Tungue.

Origem:

O xeicado ou Sultanato de Tungue surgiu nos meados do século XVIII. No fim do século
XVIII ou inicio do século XIX, os sultões mandaram construir um pequeno palácio térreo de
pedra que foi uma ou duas vezes reconstruído e do qual sobrevivem ruinas imponentes na
península do Cabo Delgado. Do intenso tráfico de escravos com os franceses sobreviveram
restos de cerâmica importa deste país por volta de 1850-55. Pouco depois, o sultão de
Zanzibar conseguiu impor ali o seu domínio.

Organização política social.

Na visão de pinto (2015, p.134), no xeicado de tungue para a realização das suas actividades
administrativas também estava organizado de uma forma burocrática
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mais ou menos estruturada, portanto também havia cobrança de tributos, pagamento de


direitos aduaneiros; recolha de impostos que eram pagos pelos reinos de pequenas dimensões
pela comunidade estrangeira.

Base económica

Os povos de tungue da faixa costeira deixaram de depender da agricultura doméstica


tradicional baseada no cultivo de cereais, passaram a praticar o comércio de escravos que os
integrava nos circuitos internacionais, desenvolvendo outras actividades económicas como: a
construção naval e a navegação de cabotagem; a pesca e a secagem de peixe; a extracção de
sal e do artesanato de metais preciosos.

Aparto ideológico

A região dominante era o Islamismo, que garantia a unidade e a coesão desta sociedade.

Decadência

Em 1854, as tropas de Zanzibar ocuparam a aldeia Tungue, onde eles estabelecem um posto
alfandegário, por trinta anos tentativas de negociar. No início do século XIX, o xeque do
Tungue é um vassalo pensionado pelos portugueses. Portanto, o xeicado de Tungue terá
decaído e tendo sido dominado pelos portugueses durante a ocupação efectiva, após uma
longa disputa como Zanzibar, Alemanha e Ingleses. René Pelissier, História de Moçambique,
vol.1 3a edição.
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Avaliação

Após uma minuciosa leitura, constatei que na materialização do trabalho, os autores do


mesmo apresentaram uma abordagem com um cunho mais histórico, deixando de lado a
relação dos aspectos que têm a ver com o direito na actualidade.

Portanto, tendo em conta que as abordagens apresentadas no trabalho em alusão fugiram


totalmente da sua essência, apresento algumas directrizes ou bases norteadoras que os autores
do mesmo poderiam constar, conforme descreve-se a seguir.

Direito nas Sociedades de Matriz Sincrética – Caso de Xeicados e Sultanatos

Direito são conjuntos de regras jurídicas ou leis, que disciplinam as relações do Homem que
vive em sociedade. Os estados Afro-Islâmicos da costa a partir do século XVII, começam a
surgir os povoamentos Comerciais e Islâmicos na costa oriental Africana, com destaque para
quatro importantes:

 Quitangonha (que ocupava toda área da Península de Matibane e o norte da Ilha de


Moçambique);
 Sancul (na Baia Mokambo, mesmo a sul da Ilha de Moçambique, entre Lumbo e
Mongincual);
 Sangage (no Metomode);
 Angoche.

Xeicado: é um sistema de governo dirigido por um xeque, chefe de tribo Árabe.

Sultanato: sistema de governo dirigido por um Sultão, titulo dado a certos príncipes
maometanos, senhores poderosos e despóticos.

Xeicado de Quitangonha

Neste instituto jurídico, assim como os estados islamizados da costa sofreu um processo de
inslamização, que fez com que a religião tivesse uma influência moral e cultural na vida
social. Onde o poder político dependia da religiosidade, encontrando respaldo nos símbolos e
rituais religiosos que contribuíram para a sua legitimação.

Com o aparecimento de negociantes franceses (de escravos) a partir de 1755 a procura de


escravos para as Ilhas Mascarenhas e as demais ilhas do índico, permitiu que o Xeicado de
Quintangonha ganhasse maior autonomia impondo se às imposições Portuguesas, onde o
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objectivo principal do Xeque seria o desenvolvimento e o controle do monopólio do tráfego


de escravos.

Xeicado de Sancul

No Xeicado de Sancul, governado pelo Xeque Sancul é vindouro da Ilha de Moçambique no


século XVI. O poder estava ali confiado a uma alternação de linhagem (Regime Monárquico),
nesta sociedade faz-se guerra económica aos mercadores indianos no continental
nomeadamente: extorsões, roubos, pilhagens, denúncias à fortaleza, acordos de luta e tudo
isso bom para conservar o monopólio desta sociedade. Os comerciantes de escravos (Xeques)
acomodavam- se aos direitos constitucionais para lutar contra seus concorrentes portugueses e
baneanes da ilha.

Sultanato de Angoche

Neste sultanato que é oriundo da fixação em Angoche de refugiados de Quíloa já fixados em


Quelimane e na Ilha de Moçambique, considerava-se Angoche um lugar ideal para o tráfego
de ouro e marfim, sultanato este governado pelo filho de Assane como sultão. Apesar de
Angoche já ter sido considerado independente vigorava o direito internacional na jurisdição
Portuguesa, onde o sultão lutaria pelo direito da liberdade dos escravos.

Xeicado de Sangage

O Xeicado de Sangage mostrou-se mais fraco de todos os quatro Estados Suahilis, dependente
do Xeicado de Angoche, o principal objectivo dos Xeques era a sobrevivência política através
do comércio. Os baneanes faziam guerra económica aos portugueses, como Represália
conseguindo a proibição do comércio a nível do continente.

Em relação aos aspectos técnicos ou metodológicos, importa referir que os autores não
seguiram à risca todos elementos que são propostos nas Normas de Elaboração de Trabalhos
Científicos na Universidade Licungo. Tais aspectos podem ser notados na maneira de citação
das informações obtidas nos manuais ou livros; apresentação das referências bibliográficas.

Outro aspecto é o uso de obras do ESG (Ensino Secundário Geral) num trabalho científico
usado em uma universidade. Não que as informações patentes ou disponíveis nelas não sejam
úteis, mas com uma procura abnegada, pode-se encontrar obras que abordam sobre esses
conteúdos numa vertente mais académica.
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Também, apresentam uma abordagem muito vista, porém, a conclusão deixa muito a desejar,
ou seja, o elemento em destaque é apresentada em apenas um parágrafo e muito incipiente.

Proposta de Nota

 Apresentador: 11 valores. Porque notei que tem aspectos que não foram levados em
consideração, desde apresentação do conteúdo até a própria apresentação estrutural e
organizacional do trabalho.
 Crítico: 10 valores. Porque não fez uma análise aceitável e exaustiva em relação ao
conteúdo avançado no presente trabalho.

Referências Bibliográficas

Newitt, M. (1995). História de Moçambique. Lousã: Publicações Europa – América, Lda.

Pélissier, R. (2000). História de Moçambique, Formação e oposição. 3ª ed. Vol. II.

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