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Quelimane
2023
AURÉLIO JOÃO LACUARETA
DINO JOSÉ JÚLIO
SURAIA CARLOS ERNESTO JOÃO
Quelimane
2023
Conteúdo
1. Introdução ............................................................................................................................... 3
2. Objectivos ............................................................................................................................... 4
1. Introdução
O trabalho que segue versa sobre Direito nas sociedades de matriz sincrética, onde iremos
desenvolver conteúdos principais como: o conceito de sincretismo, reino afro islâmico e o
direito.
Estabelecimento dos árabes nas ilhas e na costa de Moçambique deu origem a reinos como o
Sultanato de Angoche, os Xeicados de Sancul, Quitangonha e Sangage e diversas outras
pequenas comunidades islâmicas com estrutura política que seguiam a tradição árabe com
elementos africanos foi designada por sociedade de matriz sincrética ou reinos afro islâmicos.
Enquanto Direito é o conjunto organizado de normas jurídicas provenientes do Estado que
regulam as relações sociais numa determinada sociedade política.
Na análise do comportamento dos seres humanos notar-se-á que estes são seres dotados de
uma natureza eminentemente social. O homem é um animal social é de sua natureza não viver
isolado, mas em convivência dentro de um grupo. Historicamente verificamos que deste os
primórdios, o homem sempre viveu em comunidade com os seus semelhantes (clãs, tribos
etc). O homem, por instinto e raciocínio, necessita viver em grupo. No ensinamento de
Aristóteles, o filósofo grego; o homem é um animal social. Significa que o homem foi feito
para viver em sociedade.
J. Dias Marques afirma que quem diz “ sociedade humana” diz “ vida de convivência” e quem
diz “convivência” diz” regras”. Pois não podem as pessoas viver em comum sem que exista,
ao menos, um elenco mínimo de princípios por que pautar os seus recíprocos modos de agir.
Vamos debruçar de uma forma resumida sobre os reinos afro-Islâmico da Costa, onde nessa
convivência entre povos registamos uma adopção de práticas islâmicas por parte das
populações moçambicanas, vamos falar igualmente sultanato de Angoche e dos Xeicados de
Sancul, Quitangonha e Sangage, sua contribuição para o direito moçambicano.
Para elaboração deste trabalho foi feito uma revisão bibliográfica onde foram encontrados
materiais de consulta importantes que versam sobre o tema proposto, ou seja, sobre direito nas
sociedades de matriz sincrética.
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2. Objectivos
2.1 Geral
2.2 Específico
Descrever os casos de direito patentes numa perspectiva comparativa e do enquadramento no
direito Moçambicano.
3. Metodologia
Na elaboração deste trabalho foi feito uma revisão bibliográfica onde foram usados materiais
que têm assuntos relacionados ao tema.
Segundo a tradição a origem deste sultanato está ligado a fixação em Angoche de refugiados
de Quíloa já fixados em Quelimane e na Ilha de Moçambique, o primeiro sultão de Angoche
teria sido Xosa, filho de um tal Hassani que vivera em Quelimane por ter constatado que
Angoche reunia melhores condições para o comércio (MUSSA, Carlos, Manual de Historia
12ª Classe, p.75).
Com efeito, Angoche ganhou importância crescente quando a capital dos Mwenemutapas
mudou para próximo do Zambeze com a abertura de rotas comerciais, seguindo os rios Mazoe
e Luenha.
Durante longos anos, Sofala havia sido o entreposto que controlava todo o comércio com o
hiterland. Porem, com a fixação portuguesa neste ponto, em 1505, este perdeu a sua
importância a favor de Angoche.
Os árabes-Swahili, comerciantes de longa data nestas paragens, desviaram a rota do ouro para
o seu término em Angoche, donde continuavam a comerciar.
Por este facto, Angoche seria atacada por portugueses em 1511, mas sem grandes resultados.
Só com a fixação gradual dos portugueses no vale do Zambeze desde 1530 aliado a
rivalidades internas, e que Angoche seria eliminada como escoador de ouro.
Os filhos de Xosa e a sua esposa macua Mwana Moapeta, deram origem a quatro linhagens
angocheanas: Inhanandare, Inhamilalal, Mbilizini e Inhaitide. Recebiam colectivamente a
designação de Inhapaco, clã de matrilinear de Mwana Moapeta.
A linhagem dominante era, inicialmente, a do Inhandare. Durante três gerações dominou esta
região; o sultão era sucedido por via paterna, segundo o Islão.
A situação mudou quando morreu o quarto Sultão sem deixar filho varão. Sucedeu-lhe uma
irmã casada com Molidi da linhagem de Inhamilala. Esta morreu sem deixar descendência, o
que provocou uma luta pelo poder entre os Inhamilalal e os Inhanandare. Derrotados os
Inhanandare, são expulsos de Angoche.
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Nesse século, o Sultanato esteve em guerras constantes, ora na tentativa de expandir, ora
sujeito a tentativas de conquista, e era dirigido por Mussa Quanto. Mas só em 1910, os
Portugueses conseguiram dominar facilmente a região, após a derrota de Angoche, com a
vitória dos portugueses dirigidos por Messano de Amorim.
Quando Xosa morreu, o poder deslocou-se para a linhagem de Inhamandare, Por um longo
período, a sucessão manteve-se nesta linhagem ate que findou a varnia directa. Faltando um
herdeiro do mesmo sangue, a rainha Muinyi Shusa casou-se com Molidi, da linhagem de
Inhamilala, mas ela morreu sem deixar alguém para a suceder. Aproveitando-se desta
situação, Molidi recusou entregar o poder a casa de Inhamandare, na pessoa de Caranhueza,
que era o mais próximo herdeiro. Esta situação provocou lutas pela sucessão que terminou
com a expulsão de molidi, o usurpador do trono.
Desde, então, foi instituída uma sucessão que observava a tradição muçulmana e a tramacua.
Na primeira, o herdeiro devia ser um homem, filho primogénito. Na segunda, o herdeiro devia
ser alguém que fosse filho da irmã mais velha do defunto Sultão, para evitar que o poder
caísse nas mãos de outras linhagens. Esta pratica respeitava a tradição matrilinear da
sociedade Emakwa e também simbolizava a união entre os Macuas e os descendentes dos
Afro-Shirasi, ou seja, os muçulmanos.
No período entre 1820 e 1849, surgiu um conflito de sucessão em que o poder era disputado
entre Alawi Mwgossirima e Amadi Bari Bwana.
E 1846, Angoche era um grande centro comercial. Mas os Portugueses, na intenção de criar
divisionismo no seio dos chefes de Angoche para mitigar o poder de Sultão, alimentavam as
lutas intestinas apoiando, alternadamente, uma e outra parte.
Para quebrar a interferência militar dos portugueses, que fazia sentir com maior frequência a
partir de 1847, o Sultão de Angoche começou preparar a revolta e a resistência. Preocupados
com esta situação, os portugueses tentaram substituir as autoridades de Angoche, mas sem
sucesso.
No período do Governador Domingos Fortunato Valle, foi decidido que o Sultão de Angoche
devia parar com o comércio de escravos.
Em 1847, para fazer valer a sua autoridade o Governador de Moçambique enviou três agentes
militares para intimar o Sultão de Angoche, visando parar com a acção e o poderio do Sultão
Bwana Amadi. Este recusou reconhecer a autoridade portuguesa. Assim, o comércio de
escravos continuou, embora já de forma clandestina.
5. 1 O Xeicado de Sancul
A sua localização entre o Lumbo e Mongicual com numerosos braços de mar de fácil acesso,
permitia-lhe grande intercâmbio comercial com o exterior.
Mantendo uma lealdade a coroa portuguesa, o Xeique de Sancul seria, contudo, assassinado
em 1753 por um comandante português, auxiliado por forças de Sancul e Quitangonha, numa
campanha contra chefes macuas que albergavam escravos fugidos dos comerciantes
portugueses ou que contrariavam os interesses destes.
A partir deste incidente, os sucessores do Xeique assassinado afastaram-se cada vez mais dos
portugueses, mantendo activas as operações comerciais e a exportação de escravos.
Forma – se no Sec.XVI. os seus fundadores vieram da Ilha de Moçambique e o seu povo tinha
um considerável intercambio com o exterior. O xeique de Sancul foi morto em 1753 pelo
comandante de uma forca portuguesa. Em 1880, foi capturado Makusi Omar, capitão – mor
de Sancul e o mais activo e importante negociante de escravos. No seu lugar entrou Hassane
Molidi, em 1880. Suali Bin Ibrahimo (Marave), capitão – mor de Sancul, derrotou os
portugueses em Maguenga em 1896 e foi xeique de Sancul. (RECAMA, Dionísio Calisto,
Manual de preparação para o ensino superior, in Historia de Moçambique, de África e
Universal, 10ª à 12ª Classe, pag. 16).
Para o Xeicado de Sacul o grupo concluiu que a formação e o seu enquadramento no estado
moçambicano deste estado experimentou maior estabilidade que o anterior, devido a
sucessão por alternância de linhagens e os governos eram constituídos por pelas linhagens
que detinham o poder e da sua herança nomeadamente Inhanandare, Inhamilala, Mbilizini e
Inhaitide.
Tal como Sancul, este Xeicado foi formado no século XVI por imigrantes da Ilha de
Moçambique. Uma aliança com os portugueses que perdurou até ao último minuto quarto do
século XVIII permitiu o florescimento do comércio de escravos em Quitangonha.
Mas desde 1755, altura em que os dirigentes de Quitangonha começaram a negociar com
traficantes, o Xeicado adquiriu maior autonomia, monopolizando o comércio esclavagista na
zona norte entre a Baia de Nacala e a de Conducia e contrariando os interesses de outros
traficantes, incluindo os portugueses.
A sucessão dos Xeicados de Sangage era definida por via matrilinear o que garantiu o
estabelecimento de fortes laços económicos e de parentesco entre um número reduzido de
famílias do Xeicado.
Graças ao apoio português contra os seus vizinhos de Sancul e de Angoche, Sangage possuía
uma certa independência e prosperidade no comércio de escravos.
Mas, nas primeiras décadas do Sec.XX, as terras do Xeicado foram ocupados pelos
portugueses e transformaram num regulado, com um chefe colaborador a frente. (MUSSA,
Carlos, Manual de Historia 12ª Classe, p.82).
6. Conclusão
7. Referências Bibliográficas
MUSSA, Carlos (2008) História 12ª Classe, Texto editora, Lda Moçambique.
NEWITI, Malyn, (Dezembro de 2012), História de Moçambique, Tradução de, Lusa
Portugal, Edição número 116519/9425.
PÉLISSIER, René (2000), História de Moçambique, Formação e oposição 1854-1918,
Volume I, 3ª edição.
PÉLISSIER, René, (2000), História de Moçambique, Formação e oposição 1854-
1918, Volume II, 3ª edição.
RECAMO, Dionísio Calisto, (2010), História de Moçambique, de África e Universal
Manual de preparação para o Ensino Superior, 10ª Classe à 12ª Classe.
SERRA, Carlos, História de Moçambique, Departamento de Histórias, Universidade
Eduardo Mondlane, Volume – I.
Comentários do Crítico
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Correlação ao trabalho, salientar que constatei um défice nos pontos 4; 4.2; 5.2; 5.3 e esta em
falta o xeicado de Tungue.
Neste capítulo vou debruçar de uma forma sucinta os parágrafos em falta e com défice sobre o
tema acima supra citado.
Xeicados e Sultanatos
Xeicados são sistemas de governo dirigido por um xeique, chefe de tributo árabe. Sultanatos
são sistemas de governo dirigido por um Sultão, titulo dado a certos príncipes maometanos,
senhores poderosos e despóticos. Onde registamos uma adopção de práticas islâmicas por
partes das populações moçambicanas.
Origem:
Base económica.
Aparto ideológico.
A religião dominante era o Islamismo, que garantia unidade a coesão desta sociedade.
Decadência.
Tal como os restantes Reinos atrás referidos, Quitangonha mantinha relações amistosas com
autoridades portuguesas, desde que estas não interferissem na sua estrutura económica,
política e ideológica. Quando foram impostos na região os decretos anti-esclavagista de 1836
e 1842, os dirigentes do xeicado passaram à hospitalização aberta, pois viram ameaçada a sua
principal fonte de rendimento e o seu principal esteio de domínio de classe.
Quitangonha manteve a sua autonomia e resistiu à dominação portuguesa até o século XX.
Nesta resistência destacou-se Muhamud Amadi que se após à penetração portuguesa. René
Pelissier, História de Moçambique, vol.1 3a edição p.119. Malyn Newitt, História de
Moçambique, A expansão das comunidades costeiras, p.174.
Origem:
Base económica.
A sucessão dos xeiques de Sangage era definida por matrilinear, o que garantiu o
estabelecimento de fortes laços económicos e de parentesco entre um número reduzido de
familiares do xeicado.
Aparto ideológico.
A região dominante era o Islamismo, que garantia a unidade e a coesão desta sociedade.
Decadência.
Em 1912 deu-se a ultima batalha dirigida por xeique Mussa Phiri contra os portugueses, mas
com o avanço da ocupação colonial Mussa aliou-se a este passado a cobrar tributos e
participando na campanha colonial contra Farelah. Com a prisão de um dos seus sobrinhos,
Mussa Phiri mas tarde mobilizou os seus homens e com apoio dos chefes Macuas de
Mogincual e Mogovolas atacou sem sucesso aos portugueses. Mussa morreu no exílio no
timor e a religião foi transformado num regulamento português. René Pelissier, História de
Moçambique, vol.1 3a edição p.120 e 121, ponto 5.4.
Xeicado de Tungue.
Origem:
O xeicado ou Sultanato de Tungue surgiu nos meados do século XVIII. No fim do século
XVIII ou inicio do século XIX, os sultões mandaram construir um pequeno palácio térreo de
pedra que foi uma ou duas vezes reconstruído e do qual sobrevivem ruinas imponentes na
península do Cabo Delgado. Do intenso tráfico de escravos com os franceses sobreviveram
restos de cerâmica importa deste país por volta de 1850-55. Pouco depois, o sultão de
Zanzibar conseguiu impor ali o seu domínio.
Na visão de pinto (2015, p.134), no xeicado de tungue para a realização das suas actividades
administrativas também estava organizado de uma forma burocrática
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Base económica
Aparto ideológico
A região dominante era o Islamismo, que garantia a unidade e a coesão desta sociedade.
Decadência
Em 1854, as tropas de Zanzibar ocuparam a aldeia Tungue, onde eles estabelecem um posto
alfandegário, por trinta anos tentativas de negociar. No início do século XIX, o xeque do
Tungue é um vassalo pensionado pelos portugueses. Portanto, o xeicado de Tungue terá
decaído e tendo sido dominado pelos portugueses durante a ocupação efectiva, após uma
longa disputa como Zanzibar, Alemanha e Ingleses. René Pelissier, História de Moçambique,
vol.1 3a edição.
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Avaliação
Direito são conjuntos de regras jurídicas ou leis, que disciplinam as relações do Homem que
vive em sociedade. Os estados Afro-Islâmicos da costa a partir do século XVII, começam a
surgir os povoamentos Comerciais e Islâmicos na costa oriental Africana, com destaque para
quatro importantes:
Sultanato: sistema de governo dirigido por um Sultão, titulo dado a certos príncipes
maometanos, senhores poderosos e despóticos.
Xeicado de Quitangonha
Neste instituto jurídico, assim como os estados islamizados da costa sofreu um processo de
inslamização, que fez com que a religião tivesse uma influência moral e cultural na vida
social. Onde o poder político dependia da religiosidade, encontrando respaldo nos símbolos e
rituais religiosos que contribuíram para a sua legitimação.
Xeicado de Sancul
Sultanato de Angoche
Xeicado de Sangage
O Xeicado de Sangage mostrou-se mais fraco de todos os quatro Estados Suahilis, dependente
do Xeicado de Angoche, o principal objectivo dos Xeques era a sobrevivência política através
do comércio. Os baneanes faziam guerra económica aos portugueses, como Represália
conseguindo a proibição do comércio a nível do continente.
Em relação aos aspectos técnicos ou metodológicos, importa referir que os autores não
seguiram à risca todos elementos que são propostos nas Normas de Elaboração de Trabalhos
Científicos na Universidade Licungo. Tais aspectos podem ser notados na maneira de citação
das informações obtidas nos manuais ou livros; apresentação das referências bibliográficas.
Outro aspecto é o uso de obras do ESG (Ensino Secundário Geral) num trabalho científico
usado em uma universidade. Não que as informações patentes ou disponíveis nelas não sejam
úteis, mas com uma procura abnegada, pode-se encontrar obras que abordam sobre esses
conteúdos numa vertente mais académica.
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Também, apresentam uma abordagem muito vista, porém, a conclusão deixa muito a desejar,
ou seja, o elemento em destaque é apresentada em apenas um parágrafo e muito incipiente.
Proposta de Nota
Apresentador: 11 valores. Porque notei que tem aspectos que não foram levados em
consideração, desde apresentação do conteúdo até a própria apresentação estrutural e
organizacional do trabalho.
Crítico: 10 valores. Porque não fez uma análise aceitável e exaustiva em relação ao
conteúdo avançado no presente trabalho.
Referências Bibliográficas