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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Faculdade de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de História

África Austral: O papel das autoridades tradicionais na implantação do


Estado Português em Moçambique durante o século XIX-XX

Rafael Alberto Jorge: 41200196

Maxixe, Março de 2023


INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Faculdade de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de História

África Austral: O papel das autoridades tradicionais na implantação do


Estado Português em Moçambique durante o século XIX-XX

Trabalho de campo a ser submetido na


Coordenação do Curso de Licenciatura em
Ensino de História da UnISCED.
O Tutor: Msc. Moisés Mbiza

Rafael Alberto Jorge: 41200196

Maxixe, Março de 2023


Índice
1.0. Introdução ............................................................................................................................ 4
1.1. Objectivos ............................................................................................................................ 4
1.2. Objectivo geral .................................................................................................................... 4
1.3. Objectivos específicos ......................................................................................................... 4
1.4. Metodologia ......................................................................................................................... 4
2.0. A presença portuguesa em Moçambique ............................................................................. 5
2.1. Factores da penetração mercantil portuguesa ...................................................................... 5
2.2. O papel das autoridades tradicionais na implantação do Estado Português em
Moçambique durante o século XIX-XX ..................................................................................... 6
2.3. Formas de resistência à ocupação colonial .......................................................................... 7
2.4. Causas do fracasso da resistência contra o colonialismo .................................................... 8
3.0. Conclusão ............................................................................................................................ 9
4.0. Referências Bibliográficas ................................................................................................. 10
1.0. Introdução
O contacto entre os portugueses e as populações de Moçambique iniciou em 1498 com a
chegada de Vasco da Gama, no âmbito da expansão europeia.
A penetração mercantil europeia mercantil europeia, sobretudo portuguesa, foi movida por
factores de diferentes ordens, como económicos, sociais e religiosos. Numa primeira fase,
ocuparam posições costeiras, junto de pontos de comércio, porém, mais tarde, foram para o
interior, junto dos pontos de extracção do ouro. Para além do desenvolvimento comercial, os
portugueses pretendiam também dominar e controlar tanto o comércio como a produção
aurífera. O objectivo dos Portugueses era de controlar o acesso às zonas produtoras do ouro,
pois só assim poderiam acabar com a escassez de metais preciosos em Portugal e comprar as
especiarias e produtos asiáticos muito apreciados na época.
A construção do estado moçambicano teve duas forças antagónicas. Por um lado estavam os
integracionistas representados por portugueses desde os quatro pontos em que estavam
colocados e, por outro lado, as forças segregacionistas representadas pelas lideranças
tradicionais que temiam perder o seu poder a favor dos primeiros.
1.1. Objectivos
1.2. Objectivo geral:
➢ Conhecer o papel das autoridades tradicionais na implantação do Estado Português em
Moçambique durante o século XIX-XX.
1.3. Objectivos específicos:
➢ Descrever os factores da penetração mercantil portuguesa em Moçambique;
➢ Identificar o papel das autoridades tradicionais na implantação do Estado Português em
Moçambique durante o século XIX-XX;
➢ Mencionar as formas de resistência contra a dominação colonial em Moçambique.
1.4. Metodologia
O presente trabalho baseou-se nas consultas bibliográficas, que segundo Lakatos e Marconi
(1992), “consiste na colocação do pesquisador em contacto directo com tudo aquilo que foi
escrito sobre determinado assunto, com objectivo de permitir ao cientista o reforço paralelo na
análise de suas pesquisas ou manipulação de suas informações.

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2.0. A presença portuguesa em Moçambique
Segundo Sumbane, Bonnett e Malombe (s.d), o contacto entre os portugueses e as populações
de Moçambique iniciou em 1498 com a chegada de Vasco da Gama, no âmbito da expansão
europeia.
De acordo com Tivane (2020), a penetração mercantil europeia em Moçambique foi levada a
cabo essencialmente por portugueses. Os Portugueses, movidos por interesses económicos,
sociais e religiosos, ocuparam e colonizaram Moçambique.
Numa primeira fase, ocuparam posições costeiras, junto de pontos de comércio, porém, mais
tarde, foram para o interior, junto dos pontos de extracção do ouro. Para além do
desenvolvimento comercial, os portugueses pretendiam também dominar e controlar tanto o
comércio como a produção aurífera. O objectivo dos Portugueses era de controlar o acesso às
zonas produtoras do ouro, pois só assim poderiam acabar com a escassez de metais preciosos
em Portugal e comprar as especiarias e produtos asiáticos muito apreciados na época, Tivane
(2020).
2.1. Factores da penetração mercantil portuguesa
Para Sumbane, Bonnett e Malombe (s.d), a penetração mercantil europeia, sobretudo
portuguesa, foi movida por factores de diferentes ordens, como:
• Económicos;
• Sociais;
• Religiosos.
a. Factores económicos
Moçambique era um bom local para escoar produtos vindos de Portugal e, era um excelente
mercado com raras e dispendiosas e apetecíveis matérias-primas, como o ouro, marfim assim
como um lugar propício ao tráfico de escravos.
Com o ouro, os portugueses, especialmente a burguesia comercial, podiam pagar as
especiarias orientais e os produtos exóticos do mercado europeu. Assim, Moçambique
transformou-se para os portugueses, numa reserva de meios de pagamento das especiarias,
Sumbane, Bonnett e Malombe (s.d).
Quando o ouro começou a rarear ou quando não havia em determinada região, os portugueses
voltara-se para o marfim. O marfim era um produto exótico e caro que os portugueses
levavam para a Europa a fim de comerciar, que servia para a produção de diversos artigos de
ornamentação e de bolas de bilhar. Depois dos ciclos de ouro e de marfim, os portugueses

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começaram a comercializar escravos e, mais tarde, as oleaginosas, Sumbane, Bonnett e
Malombe (s.d).
b. Factores sociais
Para a aristocracia dos Mutapas, o importante era o desenvolvimento do comércio com os
mercadores estrangeiros, pois com estes tinham a garantia para a obtenção de bens de
prestígio como tecidos. Por isso, a primeira comunidade portuguesa permanente nas
proximidades da capital dos Mwenemutapas surgiu logo em 1541. Numa primeira fase, tanto
a penetração como a convivência eram pacíficas, Sumbane, Bonnett e Malombe (s.d).
c. Factores religiosos
Do ponto de vista religioso, os Portugueses pretendiam: em primeiro lugar, espalhar a fé cristã
e, em segundo plano, pretendiam enfraquecer o Islão. A vontade de evangelizar os africanos
foi um dos motivos da expansão marítima. O clero, ordem social composta por sacerdotes e
outros clérigos, era um dos grandes conselheiros da Coroa portuguesa. Jogando com a sua
influência e posição privilegiada, o clero conseguiu convencer os portugueses que a expansão
traria muitos convertidos a religião católica. Essa vontade de evangelizar era evidente na
pressão que os Portugueses fizeram para que se baptizassem os monarcas dos primeiros
Estados moçambicanos, Sumbane, Bonnett e Malombe (s.d).
2.2. O papel das autoridades tradicionais na implantação do Estado Português em
Moçambique durante o século XIX-XX
De acordo com Gwembe (2021), a construção do estado moçambicano teve duas forças
antagónicas. Por um lado estavam os integracionistas representados por portugueses desde os
quatro pontos em que estavam colocados e, por outro lado, as forças segregacionistas
representadas pelas lideranças tradicionais que temiam perder o seu poder a favor dos
primeiros. Havia quatro pontos principais onde as comunidades ou comerciantes portugueses
moravam: Sofala, (Ilha de) Moçambique, Lourenço Marques e Quelimane. A partir desses
pontos principais, os portugueses conseguiram conquistar os reis do interior, ampliando sua
esfera de influência.
À medida que a influência portuguesa crescia, a dos asiáticos diminuía, pois entre os séculos
VII e XIII os moçambicanos mantinham relações comerciais com povos asiáticos como
paquistaneses, indianos, afegãos e árabes. Nessa altura, a população local vivia sob o domínio
de pequenos reinos de acordo com suas próprias organizações. Na vasta região centro de
Moçambique, os portugueses encontraram na parte ocidental do rio Zambeze os dois grandes
reinos que dominavam esta parte de África, nomeadamente Monomutapa e Monoyemugi ou

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Undi, na margem direita do mesmo rio. Esses reinos estavam divididos em pequenas unidades
administrativas chefiadas pelo mambo e por sua vez essas pequenas unidades administrativas
também estavam divididas em aldeias regulares dirigidas pelos Pfumos, que eram
responsáveis pela arrecadação de impostos enviados ao mambo. Era o Mambo quem levava o
imposto ao Monomutapa, Gwembe (2021).
A conquista portuguesa teve auxílio de duas rotas: negociações e guerra. Através de
negociações, os portugueses contactavam os chefes tradicionais com quem assinavam acordos
de cooperação bilateral. No entanto, como os líderes africanos eram analfabetos, acabavam
por assinar tratados cujo conteúdo era-lhes desconhecido. Esses documentos, assinados por
líderes africanos, poderiam ser mostrados a outras potências coloniais em caso de conflito e
poderiam servir de base para as reivindicações de Portugal como aconteceu ao apoiar o
princípio dos direitos históricos na Conferência de Berlim de 1884 a 1885, Gwembe (2021).
Na rota militar, Portugal apoiou as pequenas tribos contra os poderosos reinos, após a vitória,
os portugueses eram vistos como seus guardiões. Por exemplo, em 1607, Sua Majestade,
Gatsi Rusere (o rei governante na época) entregou todos os poderes ao reino português como
resultado de seu apoio militar. Existem muitos exemplos de apoio militar português a reis
locais para enfrentar revoltas internas. Em 1861, houve uma guerra contra o rei Maweva na
área de Lourenço Marques, que usurpou o governo de seu irmão Muzila, Gwembe (2021).
Muzila entrou em colapso e teve que pedir ajuda ao governo português. Com este apoio
militar dos portugueses, ele se estabeleceu no reino punindo Maweva. Ciente do apoio dado,
Muzila assinou um tratado com Paiva Raposo, em que reconhecia a soberania portuguesa em
1862, Gwembe (2021).
2.3. Formas de resistência à ocupação colonial
Boahen (2010) apresenta algumas formas de resistência contra a presença colonial em África
Austral assim tanto como em Moçambique, dentre elas destacam-se:
• A primeira forma de resistência consistia em pegar em armas. Esta forma de luta foi
abandonada no final da primeira guerra mundial, pois era um recurso sem esperança e
condenado ao fracasso, pois as armas haviam sido confiscadas em sua maior parte e a
pólvora não era encontrada;
• A segunda forma era a retirada, pois quando a situação se tornava intolerável, aldeias
inteiras abandonavam os campos e partiam para zonas situadas fora do alcance das
autoridades coloniais;

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• A terceira solução forma de resistência residia nos cultos religiosos ou messiânicos
fundados pelos africanos em reacção a religião europeia. Essa revolta metafísica dos
africanos aparentemente tinha poucas raízes locais.
2.4. Causas do fracasso da resistência contra o colonialismo
De acordo com Boahen (2010), são várias causas que levaram ao fracasso da resistência dos
líderes tradicionais na África Austral e particularmente em Moçambique a destacar:
• A superioridade bélica, logística e militar dos europeus em relação aos africanos;
• Falta de unidade entre os africanos;
• Alianças efectuadas por alguns chefes africanos ao colonialismo na luta pela
sobrevivência e pela sucessão ao poder político.

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3.0. Conclusão
Terminado o trabalho, foi possível compreender que os portugueses, movidos por interesses
económicos, sociais e religiosos, ocuparam e colonizaram Moçambique.
O principal objectivo dos portugueses era de controlar o acesso às zonas produtoras do ouro,
pois só assim poderiam acabar com a escassez de metais preciosos em Portugal e comprar as
especiarias e produtos asiáticos muito apreciados na época.
A construção do estado moçambicano teve duas forças antagónicas. Por um lado estavam os
integracionistas representados por portugueses desde os quatro pontos em que estavam
colocados e, por outro lado, as forças segregacionistas representadas pelas lideranças
tradicionais que temiam perder o seu poder a favor dos primeiros.
Na rota militar, Portugal apoiou as pequenas tribos contra os poderosos reinos, após a vitória,
os portugueses eram vistos como seus guardiões.
A conquista portuguesa teve auxílio de duas rotas: negociações e guerra. Através de
negociações, os portugueses contactavam os chefes tradicionais com quem assinavam acordos
de cooperação bilateral. No entanto, como os líderes africanos eram analfabetos, acabavam
por assinar tratados cujo conteúdo era-lhes desconhecido. Esses documentos, assinados por
líderes africanos, poderiam ser mostrados a outras potências coloniais em caso de conflito e
poderiam servir de base para as reivindicações de Portugal como aconteceu ao apoiar o
princípio dos direitos históricos na Conferência de Berlim de 1884 a 1885.

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4.0. Referências Bibliográficas
Boahen, A. A. (2010). História geral de África, VII: África sob dominação colonial, 1880-
1935. 2ª ed. rev. Brasília: UNESC;
Gwembe, E. A. P. (2021). História de Moçambique - Século XIX-XXI. Beira: ISCED;
Lakatos, E. M., & Marconi, M. A. (1992). Metodologia do trabalho científico. (4 ed.). São
Paulo: Atlas;
Tivane, N. (2020). Texto de apoio da disciplina de história de Moçambique séc. XVI-XIX.
Beira: ISCED;
Sumbane, S.; Bonnett, N. & Malombe, I. (s.d). O meu caderno de actividades de História -
12ª Classe. Maputo: MINEDH.

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