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UNIVERSIDADE PÚNGUÈ

Faculdade de Geociências e Ambiente

Problemas Rurais e Urbanos

Licenciatura em Ensino de Geografia com Habilitações em História

Marcelina Zeca Fonseca

Chimoio
Abril, 2023
Marcelina Zeca Fonseca

Problemas Rurais e Urbanos

Trabalho a ser apresentado à Faculdade de


Geociências e Ambiente Universidade
Púnguè da Disciplina de Geografia de
População e Povoamento, de carácter
avaliativo pertencente ao curso de Geografia
com Habilitações em História.
Docente: dr. José Marcelina

Chimoio
Abril, 2023
I

1. Agradecimentos
Primeiramente agradecer a Deus pelo dom da vida e pela forca inesgotável que tem, me
concedido.
Aos meus pais por me trazerem ao mundo e por estarem sempre presentes na minha vida.
As minhas tias Lurdes (em memória), Eunicy e Lubacha pela ajuda que tem prestado
Aos meus irmãos Fernando, Gemusse, Victoria e Ducha pelo apoio
Aos meus primos Taynara,Tsakane e Alana pela paciência.
II

2. Declaração
Declaro que este trabalho de pesquisa pra o grau académico (Licenciatura) e resultado da minha
pesquisa e das orientações do meu docente e todas as fontes consultadas estão devidamente
mencionadas nas referencias bibliográficas que se encontram na ultima página do trabalho.
Declaro ainda que não fiz cópia de nenhum outro trabalho que foi apresentado nas outras
Instituições.
III

3. Resumo
Os problemas urbanos são fenómenos que impactam directamente no meio ambiente das cidades. Em muitas
situações, esses fenómenos possuem causas naturais, mas que são potencializadas pela acção do homem, assim como
pela acentuada transformação da natureza. A baixa produtividades agrícola nas áreas rurais reflecte a baixa eficácia e
fraca eficiência na utilização do potencial produtivo fundiário disponível no país. E em reconhecimento desta
situação que o governo aponta soluções (organizativas, tecnológicas, institucionais e culturais) para uma gestão
simultaneamente produtiva e sustentável, dos recursos naturais rurais, sobretudo dos recursos agrários e agro-
florestais. Os principais factores demográficos que determinam, directa e indirectamente, as dinâmicas rurais e que
merecem destaque pela sua importância e impacto para as próximas décadas são: o crescimento populacional que
acontecerá predominantemente no espaço rural, o qual cobre mais de 95% dos 799.380 km2 do território nacional. As
zonas rurais abrigam actualmente cerca de 2/3 da população moçambicana, proporciona 80% das actividades
económicas e emprego para a população economicamente activa e produz entre 25 a 30% do valor acrescentado
bruto, contabilizado oficialmente no produto interno bruto (PIB) do país
IV

4. Abstract
Urban problems are phenomena that directly impact the environment of cities. In many situations, these phenomena
have natural causes, but which are potentiated by human action, as well as by the marked transformation of nature.
The low agricultural productivity in rural areas reflects the low effectiveness and weak efficiency in the use of the
land productive potential available in the country. It is in recognition of this situation that the government proposes
solutions (organizational, technological, institutional and cultural) for a simultaneously productive and sustainable
management of rural natural resources, above all agrarian and agro-forestry resources. The main demographic factors
that determine, directly and indirectly, rural dynamics and that deserve to be highlighted for their importance and
impact for the coming decades are: the population growth that will occur predominantly in rural areas, which cover
more than 95% of the 799,380 km2 of the National territory. Rural areas are currently home to about 2/3 of the
Mozambican population, provide 80% of economic activities and employment for the economically active population
and produce between 25 and 30% of the gross added value, officially accounted for in the country's gross domestic
product (GDP)
Índice
1. Agradecimentos..........................................................................................................................I
2. Declaração.................................................................................................................................II
3. Resumo....................................................................................................................................III
4. Abstract....................................................................................................................................IV
5. Introdução..................................................................................................................................6
5.1. Objectivos...............................................................................................................................6
5.1.1. Geral........................................................................................................................................6
5.1.2. Específicos..............................................................................................................................6
6. Metodologia...............................................................................................................................7
7. Principais problemas ambientais urbanos.....................................................................................8
7.1. Enchentes...................................................................................................................................8
7.2. Lixos urbanos.............................................................................................................................8
7.3. Despejo de esgotos nos rios e canais..........................................................................................9
7.4. Poluição sonora..........................................................................................................................9
7.5. Emissão de gases........................................................................................................................9
7.8. Causas e consequências dos problemas ambientais rurais.........................................................9
8. Principais problemas Rurais........................................................................................................10
8.1. Demografia e distribuição espacial da população....................................................................10
8.2. Urbanização e migração populacional.....................................................................................10
8.3. Estrutura etária da população e a economia rural....................................................................11
8.4. A baixa produtividade agrícola no meio rural..........................................................................11
8.5. O crescimento económico nacional e a dependência em relação à economia urbana e à
dependência externa.......................................................................................................................11
8.6. O desenvolvimento humano, a pobreza humana e as desigualdades sociais e regionais.........12
8.7. Principais problemas ambientais rurais....................................................................................12
9. Principais problemas Urbanos.....................................................................................................13
9.1. Exclusão social, pobreza e desigualdade..................................................................................13
9.2. Aumento da migração involuntária..........................................................................................14
9.3. Incremento da insegurança e risco urbano...............................................................................15
9.4. Alterações climáticas e degradação ambiental.........................................................................16
10. Problemas do crescimento demográficos em Moçambique......................................................18
10.1. Causas e consequências..........................................................................................................19
11. Conclusão..................................................................................................................................20
12. Referências bibliográficas.........................................................................................................21
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5. Introdução
O presente trabalho irá abordar na primeira instância dos problemas rurais que são derivados da
utilização de elementos da natureza no desenvolvimento das actividades produtivas, na segunda
etapa, apresentará os problemas urbanos como aqueles que ocorrem nas zonas urbanas devido ao
crescimento desordenado das cidades e má administração pública, gerando graves desconfortos à
qualidade de vida no ambiente urbano. Mais além, vai-se abordar crescimento demográfico e os
seus respectivos problemas, o que pode ser visto como um dividendo demográfico, sobretudo,
quando se tem uma população maioritariamente jovem, na medida em que implica maior massa
contributiva para alavancar a economia

5.1. Objectivos
5.1.1. Geral
 Comprender os principais problemas demográficos em Moçambique
5.1.2. Específicos
 Identificar os principais problemas rurais e urbanos em Moçambique;
 Explicar principais problemas rurais e urbanos em Moçambique;
 Caracterizar o crescimento demográfico em Moçambique.
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6. Metodologia
De acordo com MARCONI e LAKATOS (2003) método e o caminho usado para se alcançar um
objectivo pré- defendido. Entretanto; para martirização e a efectivação do presente trabalho, usou-
se o método bibliográfico, que consiste em fazer consulta em obras literárias de outros autores que
versam sobre o tema em destaque.
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7. Principais problemas ambientais urbanos


Os problemas ambientais urbanos são fenómenos que impactam directamente no meio ambiente
das cidades. Em muitas situações, esses fenómenos possuem causas naturais, mas que são
potencializadas pela acção do homem, assim como pela acentuada transformação da natureza.
Segundo Pereira (2010), os elementos motivadores desses problemas ambientais nas cidades estão
centrados em questões relacionadas à intensa modificação do espaço natural pelas actividades
produtivas.
Os principais problemas ambientais urbanos são:
7.1. Enchentes
As enchentes ocorrem principalmente por causa da impermeabilização do solo urbano, que é
coberto na maior parte por asfalto e cimento. Com isso, a água não consegue penetrar e se
acumula.
Outro factor que colabora com as enchentes é a alteração de cursos de água, como o aterramento
para construção civil ou mudanças do curso de rios, além do entupimento dos bueiros.

Fonte: https://ead.uri.br/problemas -urbanos?hs_amp=true

7.2. Lixos urbanos


O aumento populacional causa uma maior produção de lixo e a falta de um tratamento adequado
para os resíduos sólidos domésticos causam impactos ambientais severos nos solos, águas e
mesmo no ar.
Esses lixos urbanos produzem gases e substâncias tóxicas que, ao entrarem em contacto com o
meio em que são depositados, vão ser causadores de doenças graves e contaminação do ambiente.
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7.3. Despejo de esgotos nos rios e canais


O crescimento desordenado e a falta de infra-estrutura urbana das cidades ocasionaram uma
ausência de planeamento em relação ao saneamento básico.
Esse fato acarretou um despejo sistemático de esgoto sanitário doméstico e industrial em rios e
canais em grande escala, fazendo com que ocorra um grande impacto em ecossistemas aquáticos e
o aumento da contaminação da água.

7.4. Poluição sonora


A grande quantidade de automóveis nos centros urbanos colabora significativamente para a
produção da poluição sonora.
Além dos automóveis, também podemos destacar as obras de construção civil, fábricas, entre
outros factores que são responsáveis por distúrbios mentais, aumento significativo do estrese e até
problemas auditivos.

7.5. Emissão de gases


O grande volume de automóveis e indústrias são os principais causadores desse problema, que,
entre outros factores, pode gerar o efeito estufa, devido à grande quantidade de gás carbónico,
chuvas ácidas e as ilhas de calor.
As chuvas ácidas ocorrem quando existe, na atmosfera, um número muito grande de enxofre
(SO2) e óxidos de nitrogénio (NO, NO2, N2O5), que, quando em contacto com o hidrogénio em
forma de vapor, formam ácidos como o ácido nítrico (HNO3) ou o ácido sulfúrico (H2SO4).
Já as ilhas de calor são uma anomalia do clima que ocorre quando a temperatura em determinadas
regiões dos centros urbanos fica muito maior do que a temperatura nas regiões periféricas.

7.8. Causas e consequências dos problemas ambientais rurais


A intensificação das actividades produtivas no campo, acompanhada pela exploração desenfreada
dos recursos naturais, marca a perda da qualidade ambiental das zonas rurais, gerando graves
consequências para o meio ambiente e para a população.
A perda da biodiversidade é um dos problemas ambientais mais visíveis, especialmente por causa
das queimadas e desmatamentos.
Essas acções provocam um intenso desequilíbrio ambiental dos sistemas florestais, que resulta em
fenómenos como a perda da fertilidade do solo e a mudança do regime de chuvas.
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A poluição da água, do solo e do ar também contribuem directamente para a perda da qualidade e


para a inutilização dos recursos naturais. Além disso, ocasiona crises de acesso à água,
abastecimento de alimentos e, ainda, aumento das temperaturas do planeta.
A utilização intensa de agro-tóxicos também gera enormes impactos ambientais, além de
inúmeros prejuízos para a saúde da população.
A perda dos solos por meio de fenómenos como a erosão também é uma consequência
preocupante, que impacta directamente na produção agrícola.

8. Principais problemas Rurais


Fornece um breve panorama da situação actual e dos desafios futuros nas zonas rurais, com
destaque para:

8.1. Demografia e distribuição espacial da população


Os principais factores demográficos que determinam, directa e indirectamente, as dinâmicas
rurais e que merecem destaque pela sua importância e impacto para as próximas décadas são: o
crescimento populacional que acontecerá predominantemente no espaço rural, o qual cobre mais
de 95% dos 799.380 km2 do território nacional. As zonas rurais abrigam actualmente cerca de 2/3
da população moçambicana, proporciona 80% das actividades económicas e emprego para a
população economicamente activa e produz entre 25 a 30% do valor acrescentado bruto,
contabilizado oficialmente no produto interno bruto (PIB) do país.

8.2. Urbanização e migração populacional


Presentemente, perto de 40% da população moçambicana vive nas zonas urbanas e todas as
indicações disponíveis são de que o processo de urbanização continue a um ritmo acelerado. Com
a urbanização surgem problemas quando esta concentra de forma desequilibrada e desordenada,
num pequeno número de zonas metropolitanas, sem condições de absorção dos novos imigrantes,
nem oportunidades de emprego, habitação, saneamento entre outros. Outro aspecto preocupante
tem a ver com o êxodo rural pois faz com que haja “fuga” dos poucos profissionais e jovens com
habilidades laborais que muita falta faz aos seus locais de origem. Isto não significa que a
urbanização seja um fenómeno predominantemente negativo. Ela deriva e origina efeitos
principalmente positivos, porque é determinada pelo progresso de diversificação de infra-
estruturas, melhoria das condições de vida e das oportunidades de trabalho bem como de
recreação e bem-estar social.
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8.3. Estrutura etária da população e a economia rural.


A composição etária e sexual da população tem reflexo directo na força de trabalho. A população
feminina contribui com o maior efectivo de trabalhadores agro-pecuários rurais (53% e 47%
homens). No entanto, por razões socioculturais e desequilíbrios nas relações de género, cerca de
80% das explorações agrícolas são chefiadas por homens. Quanto à composição por idades, 1/3
das pessoas envolvidas em actividades agro-pecuárias são crianças e jovens de idades entre os 10
e 19 anos seguindo-se o grupo de 20-29 anos com 23% e restantes grupos etários 18% de 30-39
anos; 13% de 40-49 anos; 8% de 50-59 anos e 7% com mais de 50 anos de idade.

8.4. A baixa produtividade agrícola no meio rural


A baixa produtividades agrícola nas áreas rurais reflecte a baixa eficácia e fraca eficiência na
utilização do potencial produtivo fundiário disponível no país. É em reconhecimento desta
situação que o governo através da EDR aponta soluções (organizativas, tecnológicas,
institucionais e culturais) para uma gestão simultaneamente produtiva e sustentável, dos recursos
naturais rurais, sobretudo dos recursos agrários e agro-florestais.

8.5. O crescimento económico nacional e a dependência em relação à economia urbana e à


dependência externa
A agricultura é a base de sustento e trabalho da maioria da população rural. Um dos grandes
desafios, neste âmbito, será a criação de bases para a transformação agrária e a integração da
agricultura numa economia mais produtiva, competitiva e melhor articulada com a economia da
África Austral e a economia internacional. A diversificação de opções disponíveis implica ter que
lidar com um tipo de economia agrária de carácter dualista. Tal dualidade tem duas facetas
distintas, mas relacionadas entre si. Uma das formas de dualidade, reside no facto de as
actividades de desenvolvimento agrário, se basearem simultaneamente no estímulo das
necessidades económicas dos grandes sectores comerciais, e, nas necessidades sociais dos
pequenos produtores de subsistência. Estas diferenças coexistem interagindo apenas
marginalmente, através de contactos limitados nos mercados de produtores e de mão-de-obra. A
outra faceta do dualismo está no comportamento perverso da mão-de-obra, capital e mercado de
produtos, na qual o sector industrial moderno, interage com as sociedades tradicionais, ou seja, a
coexistência de um sector de alta produtividade voltado para as exportações, com um sector de
baixa produtividade que produz para a subsistência e limitadamente para o mercado doméstico.
12

8.6. O desenvolvimento humano, a pobreza humana e as desigualdades sociais e regionais


O Índice de desenvolvimento humano (IDH) tem sido entendido a nível internacional, como o
alargamento das escolhas das pessoas, nomeadamente em termos de longevidade ou esperança de
vida, conhecimento e padrão de vida individual medido pela renda per capita. O Índice de
desenvolvimento humano em Moçambique, no geral, tem registado lentamente uma progressiva
melhoria. No entanto, existem algumas diferenças entre províncias e entre zonas urbanas e rurais.
O índice de pobreza humana (IPH) é baseado no conceito de privações humanas. Seis províncias
apresentam-se com valores acima da média nacional, contra cinco com valores abaixo da média.
Dados disponíveis sobre a pobreza revelam existirem indicações de que outros aspectos da
pobreza humana nas áreas rurais estão a diminuir, mas de forma ainda bastante diferenciada e
irregular.

8.7. Principais problemas ambientais rurais


Os problemas ambientais rurais são fruto da intensa utilização dos recursos naturais nas
actividades humanas.
Os problemas ambientais rurais são derivados da utilização de elementos da natureza no
desenvolvimento das actividades produtivas. Esse uso, em muitos casos, acontece de forma
intensa e desenfreada, gerando um conjunto de impactos no meio ambiente.
Os principais problemas ambientais no campo são:
 Poluição da água, do solo e do ar;
 Desmatamento e queimadas;
 Erosão e compactação do solo;
 Esgotamento dos recursos naturais.

Fonte: https://ead.uri.br/problemas -urbanos?hs_amp=true


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9. Principais problemas Urbanos


Outros desafios mais recentes, associados, sobretudo, à governação urbana, incluem as alterações
climáticas, a exclusão e o aumento da desigualdade social, o incremento da concentração da
pobreza, a insegurança e criminalidade e, ainda, o aumento da migração internacional (UN-
HABITAT, 2016:1).

9.1. Exclusão social, pobreza e desigualdade


A exclusão social pode ser interpretada à luz de uma ruptura com a sociedade instigada pela
carência de recursos básicos que afecta, especialmente, populações fragilizadas, e como
consequência de mecanismos de estigmatização que afectam sobretudo as minorias étnicas
(Martins, 2014:40). Face à sua natureza multidimensional, o conceito «ultrapassa a dimensão
material da pobreza» (Ribeiro, 2014:19), tendo subjacente outras dimensões, além da social. A
exclusão surge sempre que há uma desarticulação ao nível das relações sociais que se estabelecem
entre o indivíduo e a sociedade, agravando-se com a agudização das desigualdades «entre aqueles
que efectivamente mobilizam os seus recursos no sentido de uma participação social plena e
aqueles que, por falta desses mesmos recursos, se encontram incapacitados para o fazer»
(Januário, 1999:64). Assim, todos aqueles que não adoptam ou participam do conjunto de valores
ou universo simbólico de representações sociais dominantes, não integram a sociedade ou vêem-
se afastados e privados do pleno envolvimento nesta (Rodrigues et al., 1999:65). Por conseguinte,
a exclusão social implica, forçosamente, exclusão do sistema social e, naturalmente, negação da
participação na vida comunitária. A par da exclusão social, intensifica-se o fenómeno de pobreza,
tida como a dimensão mais visível da exclusão social, que remete para uma situação de privação
provocada pela carência de recursos fundamentais para satisfazer as necessidades mínimas de um
sujeito (Simões, 2010:10). Assim, a pobreza é uma forma de exclusão social, mas esta última não
inclui obrigatoriamente formas de pobreza, dado que a pobreza enfatiza o aspecto distributivo do
fenómeno e o conceito de exclusão social frisa as questões relacionais (Rodrigues et al., 1999:66).
À semelhança do que acontece com a exclusão social, que conserva uma natureza cumulativa,
também a pobreza se afigura persistentemente cíclica e duradoura, evoluindo e reproduzindo-se
por via de transmissão geracional (Simões, 2010:13). De resto, a pobreza é, ela própria, um
exemplo de desigualdade, na medida em que permite a distinção entre «quem tenha mais do que
precisa, e quem não tenha o mínimo necessário» (Sabença, 2012:11). A análise em torno dos
conceitos de pobreza urbana e pobreza suburbana adquire, neste contexto, maior ênfase, já que,
enquanto dimensões do fenómeno em causa, traduzem formas de pobreza espacial que
prejudicam, especificamente, a população residente nos espaços urbanos. Quando considerados os
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quatro domínios de acção da pobreza, como sejam as condições de habitação, de saúde, educação
e emprego (Simões, 2010:10), e no que alude, especificamente às áreas urbanas, verifica-se uma
evidente ameaça aos direitos e à própria condição de cidadania devido à impossibilidade de
satisfação de determinadas necessidades e inacessibilidade a bens, serviços ou recursos, situações
que, no limite, conduzem à diferenciação social. A progressiva desigualdade social integra,
também, a esfera das ameaças ao progresso humano, já que nela radicam as principais causas dos
desequilíbrios de poder, riqueza, acesso a serviços e equipamentos básicos, condições ambientais
e, ainda, rendimento (PNUD, 2011:6). A desigualdade surge quando um determinado grupo se
depara, de forma recorrente, com situações de desfavorecimento, havendo, uma oposição entre
este, que não consegue alcançar uma total participação social devido à falta de recursos, e todos
os que não estão impedidos de o fazer (Rodrigues, 1999, citado por Martins, 2014:40).

9.2. Aumento da migração involuntária


No âmbito dos problemas urbanos emergentes, os fluxos migratórios forçados que se têm
presenciado configuram novos desafios e implicações para as cidades. Questões como a falta de
oportunidades, o desemprego, a desigualdade e a pobreza impelem os migrantes numa arriscada
jornada para alcançarem uma vida melhor, mais satisfatória, e com mais possibilidades de
realização pessoal, profissional ou económica. No entanto, há toda uma outra diversidade de
razões subjacentes a estes movimentos migratórios, tais como a privação de recursos ou meios de
subsistência, uma sensação de desespero resultante da evasão aos conflitos, guerras ou regimes
opressivos. No âmago destas migrações, ainda se podem considerar os impactes provocados pelas
alterações climáticas ou questões epidémicas que, muitas vezes, causam deslocações
populacionais sem precedentes (UN-HABITAT, 2016:22). Em contrapartida, a difusão da
informação e do conhecimento, através dos meios de comunicação, fortalece a ideia de que o
alcance de melhores condições de vida radica no estrangeiro, bem como «uma imagem construída
da Europa associada a uma ideia de direito de protecção internacional para toda a vida» (Matos,
2011:40) motivo que explica os mais de 1 milhão de indivíduos chegados à Europa, em 2015,
quando, em 2014, se calcularam somente 280 mil registos (UN-HABITAT, 2016:21).
Entendidas como uma migração forçada, no contexto da qual um indivíduo é obrigado a deixar o
país de origem e ingressa num país de acolhimento (Rodrigues, Correia, Pinto, Pinto & Cruz,
2013:85), as migrações involuntárias instigam impactes profundos, chegando a alterar a
demografia dos países e os seus limites fronteiriços (WHO & UN-HABITAT, 2010:10). O
carácter repentino destas mudanças impede que o indivíduo se faça acompanhar pelo conjunto de
especificidades que, até à data, o distinguiam, tais como os hábitos, os laços sociais, o estatuto
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profissional, o lar, entre outras (Borges, 2013:153; Silva, 2016:39). Está-se, por conseguinte, na
presença de um refugiado, e não de um migrante, pois aquele primeiro não projectou a sua vida
no novo país nem, tão pouco, arquitectou a sua partida em direcção ao mesmo (Borges,
2013:153), havendo, por isso, uma qualidade distintiva referente a esta categoria de migração que
se relaciona com a sua natureza indesejada. Assim, denomina-se por migração forçada por ser
extrínseca à vontade do indivíduo, que «acaba por se fixar não onde quer, mas onde pode»
(Castro, 2014:7).

9.3. Incremento da insegurança e risco urbano


As apreensões em torno da insegurança e do risco urbano têm ocupado um lugar de proeminência
no debate das sociedades hodiernas. Em virtude da elevada concentração populacional
presenciada, particularmente nas megacidades, estão a levantar-se enormes desafios no campo de
acção do desenvolvimento sustentável, já que estes espaços são considerados territórios de
elevado risco global (Kennedy et al., 2015:5), seja este de índole antrópica ou natural. Ao
permitirem, por inerência, o convívio entre grupos socioeconómicos e políticos distintos, cujas
raízes culturais são, também, tantas vezes distintas, os espaços urbanos tornam-se terrenos férteis
para a emergência de conflitos de natureza diversa, como, por exemplo, o incremento da
insegurança, da percepção do risco (Barata-Salgueiro, 2005:277), do aumento da violência e de
manifestações de crime (UNHABITAT, 2016:22), o surgimento da delinquência, da segregação,
«a par da perda do sentido do bem comum e de laços afectivos com o lugar de residência»
(Heitor, 2007:1). Estes fenómenos representam, no limite, aspectos inibidores da qualidade de
vida urbana que resultam em fortes punições para a população, dificultando «o modo como o
espaço urbano é fruído e a quotidianidade exercida» (Heitor, 2007:2). Contrariamente ao que
sucedia com a cidade medieval, onde os perigos eram um factor externo à mesma, actualmente, os
perigos radicam na cidade, sendo os mais temidos os de origem humana (Barata-Salgueiro,
2005:276). O medo do crime e da violência segue a difundir-se nas áreas urbanas, constituindo
uma das primeiras inquietações na vida diária dos cidadãos (UN-HABITAT, 2016:22). No que
tange aos países em desenvolvimento, a criminalidade e a violência são questões sociais centrais,
cada vez mais alarmantes, uma vez que têm registado um aumento gradual, coibindo a existência
dos residentes (Lourenço, 2010:1), a qual é, repetidamente, ameaçada. Nos referidos territórios, a
violência urbana, nomeadamente sob a forma de violência armada, é das principais causas
associadas à mortalidade (idem, p.5). Ainda neste contexto, quando se discute a violência urbana,
a sua definição engloba três dimensões que importa referir, e que ajudam a compreender o
conceito, sendo estas a violência económica, a violência social e a violência política. A violência
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económica refere-se aos crimes que têm lugar no espaço urbano quando se aliam a pobreza e o
acesso desigual às oportunidades económicas, como sejam os assaltos, o uso de estupefacientes
ou o sequestro, isto é, constitui um tipo de violência que resulta de uma economia informal onde
os mais necessitados encontram formas de sustento ao prestarem serviços informais (IFRC,
2010:72). Em contrapartida, a violência social manifesta-se através da vontade de exercício do
poder e conservação do controlo social sobre os outros indivíduos ou ao nível da comunidade, de
que é exemplo a segregação espacial dos espaços urbanos (idem, ibidem). A violência política, no
que lhe concerne, é estimulada pela vontade que certas elites manifestam em ganhar ou deter o
poder político, como é o caso do abandono de determinadas áreas urbanas controladas por grupos
criminosos associados aos cartéis de droga (idem, ibidem).

9.4. Alterações climáticas e degradação ambiental


Actualmente, os impactes ambientais resultantes do processo de urbanização, há muito que são
experienciados, um pouco por todo o mundo, através da crescente ocorrência de fenómenos
climáticos extremos, como, por exemplo, as vagas de frio, as ondas de calor ou as tempestades
severas, bem como de doenças infecciosas e de poluição atmosférica (WHO & UN-HABITAT,
2010:16). De facto, um dos principais problemas com que as cidades se deparam remete para as
mudanças climáticas, ou não constituíssem os espaços urbanos territórios críticos em termos de
consumo de energia e de emissão de gases com efeito de estufa. Na realidade, estes fenómenos
têm vindo a agravar-se, de forma gradual, nos grandes centros urbanos (Cadena & Remes,
2012:8), já que à medida que os países se desenvolvem, a natureza e a gravidade dos seus
problemas ambientais tendem a evoluir (PNUD, 2011:51), pelo que a ausência de qualidade
ambiental exclui a possibilidade de se alcançar uma qualidade de vida urbana plena.
A vulnerabilidade dos espaços urbanos em termos de segurança ambiental resultou, em larga
medida, dos padrões de crescimento, desenvolvimento económico e planeamento urbano que aí
ocorreram. De resto, no que toca aos factores inerentes às cidades, questões como a categoria
sexual, etnia, idade ou o rendimento podem, igualmente, acarretar consequências profundas,
sobretudo, em determinados grupos desfavorecidos (UN-HABITAT, 2016:17). O intenso
crescimento urbano, bem como o significativo aumento demográfico, deixou, às cidades, uma
herança arriscada em termos de impactes ambientais, estes últimos causados, fundamentalmente,
por uma inconsciência face à importância dos recursos naturais, cuja procura e concorrência
acrescida conduziu à insustentabilidade de diversos ecossistemas. No cerne dos problemas
urbanos mais comuns, contam-se a poluição e má qualidade do ar atmosférico, a emissão de gases
poluentes e com efeito de estufa, a excessiva produção de resíduos sólidos, a proliferação de
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produtos químicos tóxicos e respectivo tratamento, o elevado tráfego automóvel e respectivo


congestionamento (Cardoso, 2015:63). O uso generalizado daquele, ainda que tenha contribuído
para a suburbanização, possibilitando que as cidades proliferassem para fora de si mesmas,
aumentando as acessibilidades e a fluidez do trânsito automóvel, provocou, concomitantemente,
uma utilização intensiva e deficiente, bem como uma acentuada proliferação da poluição sonora e
atmosférica. Por seu turno, o incremento da queima de combustíveis fósseis e da combustão
participaram, directamente, para danos ao nível da saúde (Zanini, 2016:83), tido, também, como
um elemento primário no cômputo dos mínimos sociais aceitáveis para desfrutar de uma vida
plena em comunidade.

Na prática, a propensão para o aumento de doenças respiratórias tem constituído uma


preocupação progressiva (Barata-Salgueiro, 2005:275), pois, «mesmo quando os poluentes se
encontram abaixo dos níveis determinados pela legislação, estes são capazes de provocar efeitos
na saúde das pessoas». Ademais, tanto a localização geográfica como o próprio clima de
determinadas regiões, se encontram em estreita articulação com a saúde, influenciando,
directamente, a vulnerabilidade dos respetivos habitantes «to natural disasters, including
tornadoes, hurricanes or cyclones, floods, earthquakes, landslides and fires, heat waves, droughts
and susceptibility to illnesses carried by mosquitoes or other pests» (WHO & UN-HABITAT,
2010:16). Cabe ainda lugar à alusão da poluição sonora, que pode ter como consequência gravosa
a perda auditiva ou lesões na comunicação verbal, bem como das doenças do foro psíquico e
emocional, que se exteriorizam através de «irritabilidade, ansiedade, excitabilidade e insónias»
(Almeida, 1999).
Depois, os resíduos urbanos líquidos e sólidos e o respectivo não-tratamento adequado impõem-se
como factores prejudiciais à saúde pública, caso se atenda ao facto de a poluição das águas
ocorrer a um ritmo mais acelerado comparativamente à poluição atmosférica, e se tenha em
consideração que a quantidade de compostos nocivos e tóxicos lançados nas águas é superior ao
número de poluentes que se encontram na atmosfera (Fellenberg, 1972). O lixo sólido, por sua
vez, se não for devidamente recolhido, tratado e reciclado contribui para a deterioração do valor
estético da paisagem urbana, para a difusão de maus odores ou, até mesmo, obstrução dos cursos
de água (Nucci, 2008:20).
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10. Problemas do crescimento demográficos em Moçambique


 Alimentação
A alimentação é fundamental para a qualidade de vida das populações. A falta de alimentação
pode provocar desnutrição crónica nas crianças, compromete o sistema imunológico que combate
várias doenças no organismo; mortalidade infantil.

 Habitação
Um dos problemas que população enfrenta e habitação maioria das pessoas vivem em casas
precárias, com espaços pequenas sem condições de higiene e superlotadas. Esta situação facilita a
propagação de doenças e destruição das casas em casos de ventos fortes, inundações, etc.
 Educação
A educação é um problema para a maioria das populações que vivem nos países em
desenvolvimento, pois o acesso ainda não é universal devido às altas taxas de natalidade e fraca
rede escolar.
 Desemprego
A falta de emprego tem como consequências a fome, marginalidade, violência, criminalidade,
mortes, muitas crianças ficam desnutridas.
 Saúde
A falta de condições nos países em desenvolvimento não se limita apenas às carências individuais
mas também à incapacidade dos governos alargarem, com maior rapidez, a rede sanitária e a
formação de quadros de saúde suficientes para a população numerosa.
 O superpovoamento
O superpovoamento é devido a explosão demográfica, sobretudo no continente africano e nas
médias e grandes cidades mundiais. Fala-se de superpovoamento quando o país não está em
condições de assegurar as necessidades dos seus habitantes.
 As guerras
Uma das causas das elevadas taxas de mortalidade são as guerras entre as nações, tribais e
políticas. Em termos económicos muitos países contraíram muitas dívidas por despesas militares.
 Fome, pobreza e miséria
Muitos países em via de desenvolvimento enfrentam muitos problemas de miséria devido a
ausência de políticas agrárias claras, calamidades naturais e desastres naturais. A fome é a
responsável pelas doenças como marasmo, raquitismo e anemia.
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 Degradação dos recursos


Actualmente, devido ao superpovoamento, a sobreposição sobre os recursos naturais (florestas,
recursos hídricos, solos e meio ambiente). Também, há sobreposição de infra-estruturas sociais
como sobre edifícios, estradas, hotéis, escolas, hospitais.

10.1. Causas e consequências


São consequências de problemas demográficos a abertura de vastas áreas de cultivos a construção
de novas casas e infra-estruturas no campo e na cidade, contribuindo na destruição de espécies
vegetais e animais e consequente alteração de todo espaço geográfico, poluição da água,
atmosfera, o derramamento de combustíveis nas estradas e nos centros urbanos.

 A população e Meio ambiente


A maioria da população nos países menos desenvolvidos, devido à prática da agricultura
tradicional, vive no campo onde geralmente encontramos casas de construção precária feitas
maioritariamente de estacas, palha, barro, madeira, entre outros. Este tipo de habitação, não
engloba serviços de abastecimento de água, iluminação doméstica e saneamento. Tendo a
Natureza como um dos meios de reciclagem dos seus resíduos, que por sinal são maioritariamente
de origem orgânica produzidos nas grandes cidades industriais.
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11. Conclusão
Chegado a esta etapa do presente trabalho, pode-se concluir que os problemas ambientais rurais
são derivados da utilização de elementos da natureza no desenvolvimento das actividades
produtivas. Esse uso, em muitos casos, acontece de forma intensa e desenfreada, gerando um
conjunto de impactos no meio ambiente, enquanto os problemas urbanos são aqueles que ocorrem
nas zonas urbanas devido ao crescimento desordenado das cidades e má administração pública,
gerando graves desconfortos à qualidade de vida no ambiente urbano. Com isso, os problemas
urbanos são, também, ambientais, pois eles afectam o meio ambiente em torno das cidades. Mais
ainda, o êxodo rural pode ser definido como a migração de pessoas da zona rural (campo) para a
zona urbana (cidade), o que pode acontecer por diferentes razões: climáticas, económicas,
ambientais, sociais, políticas, entre outras. E ainda , esse movimento ocorre em todas as partes do
mundo, seja em países desenvolvidos, seja em países subdesenvolvidos, e está associado
directamente à urbanização das cidades, aumento populacional nas áreas urbanas e problemas no
campo (que variam de acordo com o motivo da migração).
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12. Referências bibliográficas


UN-HABITAT (2003). The Challenge of Slums - Global Report on Human Settlements. London:
United Nations Human Settlements Programme. Disponível em: https://unhabitat.org/books/the-
challenge-of-slums-global-report-on-humansettlements-
Rodrigues et al (2013). Um Portugal de Imigrantes: exercício de reflexão sobre a diversidade
cultural e as políticas de integração. Da Investigação às Práticas, 4(1), pp. 82–105. Disponível
em: http://www.scielo.mec.pt/pdf/inp/v4n1/v4n1a06.pdf
Ribeiro, V. (2014). Exclusão Social: um fenómeno invisível, uma abordagem no âmbito da
Geografia dos Transportes. Faro: Sílabos & Desafios. Disponível em: http://silabas-e-
desafios.pt/Excl_social_excerto.pdf
Martins, J. (2014). Habitação social em Portugal: da intenção de inserção ao sentimento de
exclusão. Dissertação de Mestrado, Universidade Lusíada de Lisboa, Faculdade de Arquitectura e
Artes, Lisboa. Disponível em: http://repositorio.ulusiada.pt/handle/11067/1167
Pereira, A. (2010). Manuais escolares: estatuto e funções. Revista Lusófona de Educação, nº 15.
PNUD (2011). Sustentabilidade e Equidade: Um Futuro Melhor para Todos – Relatório do
Desenvolvimento Humano de 2011. New York: Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento. Disponível em:
http://hdr.undp.org/sites/default/files/hdr_2011_pt_complete.pdf
Castro, F. (2014). A concentração e a dispersão espacial dos migrantes no tecido urbano: uma
questão de auto-marginalização?. In Contribuiciones a las Ciencias Sociales, pp. 1-26.

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