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UNIVERSIDADE SÃO TOMAS DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE ÉTICA E CIENCIAS HUMANAS

CADEIRA DE ECONOMIA DE MOÇAMBIQUE

Ano: 1 – Semestre: 2

Descente:

Paula Cristina Joaquim Lopes Pereira

Maputo, 21 de Outubro de 2020


ESTRUTURAÇÃO DA ECONOMIA COLONIAL

Nos finais do Século XIX e no primeiro quartel do século XX não só se realiza a ocupação
efectiva de Moçambique como também são definidas as características estruturais da economia
colonial em Moçambique.

CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS DA ECONOMIA COLONIAL EM


MOÇAMBIQUE

Resultaram da síntese do processo de integração de dois sistemas diferentes:

 Sistema Económico Externo e o Sistema Tradicional em termos de interesses,


lógicas de reprodução e mecanismos de articulação social.

Sistema Económico Externo

O sistema económico externo que não possuía raízes sociais e culturais moçambicanas tinha
como objectivos maximizar a acumulação no exterior e exportar recursos através da extracção
de excedentes do sector tradicional.

 Era um sistema apoiado pela burocracia do Estado e caracterizava-se por funcionar


segundo lógicas do mercado e formas capitalistas de organização da produção e
consumo.

Sistema Tradicional

Em contrapartida, o objectivo principal do sistema tradicional era a subsistência e reprodução


da família como unidade económica e social. Nele, não havia presença dos conceitos de Estado
e Nação, burocracias e ordenamentos jurídicos.

 O seu desenvolvimento posterior visava beneficiar a metrópole, garantir a resistência


portuguesa às pressões internacionais e impedir a penetração do capital não português
em Moçambique.

Na base da estruturação dessa economia é possível distinguir-se 4 vectores históricos do


processo nomeadamente:

1. O recrutamento forçado e venda da mão-de-obra camponesa para empreendimentos na


colónia e nos territórios vizinhos;

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2. A construção de complexos ferro-portuários de Maputo, Beira e Nacala para a prestação
de serviços aos países do hinterland;
3. O trabalho migratório para as plantações agrícolas e obras públicas na Tanzânia,
Malawi, Rodésia, plantações agrícolas e minas sul-africanas;
4. A formação de grandes plantações para a exportação de produtos agrícolas no Centro e
Norte a partir das companhias majestáticas e concessionárias.

"O uso de mão-de-obra forçada, o trabalho migratório, os complexos ferro-portuários e


as plantações agrícolas constituem os aspectos que caracterizaram a etapa inicial da
estruturação da economia colonial em Moçambique".

ECONOMIA POLÍTICA COLONIAL EM MOÇAMBIQUE

As duas (2) fases distintas: Primeira fase que vai desde o início do chamado período de
ocupação efectiva e o século XIX e uma Segunda fase que data dos meados do século XX em
diante, com a introdução do chamado nacionalismo económico de Salazar.

Até aos anos de `1950 a política económica colonial assentava em três contextos principais:

1. O forte nacionalismo político económico.


2. O desenvolvimento tardio do capitalismo português e
3. Subalternidade portuguesa em relação a outras potências coloniais (com destaque para
a Inglaterra).

É fundamental realçar que numa visão geral estas políticas contribuíram para o atraso no
desenvolvimento económico de Moçambique em relação aos outros países da região. As
principais razões desse atraso podem ser resumidos nos seguintes aspectos:

1. A incapacidade portuguesa de ocupação do território.


2. O recurso a companhias majestáticas de capital não português para a exploração
económica do território nacional.
3. Processo de colonização feita através de indianos naturais das possessões portuguesas
no Índico bem como as dificuldades de penetração do capital com efeito na exploração
reduzida dos recursos da colónia.

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O NACIONALISMO ECONÓMICO

Esta política assentava em políticas fiscais e restritivas constituiu um mecanismo proteccionista


com os seguintes objectivo de retardar o desenvolvimento e a exploração dos recursos da
colónia por outras potências, aguardar pelos processos de acumulação do capital e
modernização da economia portuguesa e impedimento de emergência de elites locais que
podiam concorrer na exploração de recursos e reivindicações à situação colonial.

 O principal resultado da política foi atrasar mais o desenvolvimento da economia


portuguesa e de Moçambique como colónia.

TRABALHO FORÇADO E INTEGRAÇÃO COERCIVA DAS POPULAÇÕES NO


MERCADO

Esta política era materializada através da legislação colonial portuguesa na colónia como foi o
caso do código de trabalho indígena de 1928, a lei que forçava todos os nativos a produzirem
certas culturas como era o caso do algodão e tabaco e a pagar o imposto da palhota.

 Esta política tinha como objectivos básicos garantir a demarcação política e da


soberania portuguesa sobre Moçambique, extracção dos recursos para satisfazer os
interesses da metrópole, reforço dos poderes em Lisboa e os posicionamentos políticos
nos fóruns internacionais.

DIVISÃO DO TRABALHO ENTRE PORTUGAL E AS COLÓNIAS E ENTRE AS


PRÓPRIAS COLÓNIAS.

Esta política significa que Moçambique não podia produzir bens e serviços produzidos em
Portugal e não podia produzir também bens produzidos nas outras colónias portuguesas.
Angola, Cabo-Verde, Guiné-Bissau e S. Tomé e Príncipe).

 O objectivo primordial da política era a manutenção do pacto colonial. Esse pacto


impunha que Moçambique fosse reserva de matérias-primas para Portugal, fonte
de rendimentos e financiamento da Balança de Pagamento portuguesa, não
representar encargos públicos com reflexos na metrópole.

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