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Este artigo propõe-se em analisar o processo da viragem da economia[1] colonial das possessões
portuguesas em África e, em particular Moçambique. Como se sabe, Portugal sempre foi um país
imperialista atrelado aos ingleses. Contudo, a partir de 1930, a nova ordem político económico
iniciado em 1926 com o golpe de estado perpetrado pelos militares, mergulhou o país em
profundas reformas.
Assim, o ano de 1930 constituiu o marco dessa viragem da economia de Portugal na sua
relação com as colónias. Isto significa que foi a partir desta altura em que Portugal mudou a
desfavorável situação de exploração das riquezas das suas colónias pelo capital estrangeiro
através do controlo directo dos seus recursos.
De acordo com Neves (1990, p.26), “o período de 1930-1938 revelou-se como uma etapa
de transição para o estabelecimento do Nacionalismo Económico em Moçambique”. Assim, é
importante referir que foi a partir dos finais da década 30 e inícios dos anos 40 que as medidas
compulsivas tomaram forma em Moçambique com a imposição da cultura do algodão e do arroz.
O mesmo autor considera que para os camponeses, “o cultivo destas culturas mostrou-se
prejudicial devido a erosão dos solos, aos preços baixos e as práticas fraudulentas dos agentes
no acto da comercialização”. (Ibid, p.26)
“…The colonial system operated in the countyside in two maior ways. First, it institutionalized a system of
migrant labor to south África, Southern Rhodesia, Malawi and Tanganyica. Internally, labor flowed to the mainy
foreignowned plantations in the center of country. Second, the system forcibly transformed Mozambican peasants
into a cash-cropping peasantry. Through migratory labor, chibalo, and forced cultivation of cash crops, the
peasantry was made to fuel capital accumulation and was integrated into the world economy. Primative capital
accumulation at the expense of the peasantry was the norm…” (p. 34)
Do exposto acima podemos concluir que, de facto, o sistema colonial português,
inspirando-se da política de “dividir para melhor reinar” repartiu o país em três zonas de
exploração. A zona Norte, Centro e Sul. Deste modo, as zonas Centro e Norte estavam sob
domínio do capital estrangeiro expresso em companhias monopolistas, como é o exemplo da
companhia de Moçambique, do Niassa e da Zambézia. A zona Sul de Moçambique tinha sido
reservada para fornecer mão-de-obra às minas sul-africanas.
1.3.1.1 A agricultura
A agricultura foi uma actividade que mereceu maior atenção nas colónias num conjunto
de acções desenvolvidas pelo Estado Novo. As autoridades portuguesas apostaram na
mobilização e exploração das populações para a produção de culturas de rendimento,
particularmente do algodão e do arroz.
a) A agricultura tradicional
A agricultura tradicional foi sempre praticada pela maioria da população em
Moçambique. Era caracterizada pela utilização de instrumentos de produção rudimentares tais
como a parelha (junta de bois), enxada de cabo curto, etc. Nos campos também havia, a mistura
de culturas alimentares tais como: milho, mapira e mexoeira. Este tipo de agricultura era
destinado para o consumo doméstico. Porém, a nova política do regime de Salazar introduziu
culturas de rendimento que assentavam na produção obrigatória do algodão, chá, arroz, sisal,
copra e cajú[5] pelas populações autóctones.
Para essa finalidade, Hedges (1999, p.84) considera que “em 1938 foi criada a Junta de
Exploração do Algodão Colonial (JEAC)” que mais tarde foi transformada em Instituto de
Algodão de Moçambique (IAM). Este organismo encarregou-se pela organização da produção do
algodão na colónia devido à expansão da indústria têxtil em Portugal e na Europa em geral[6].
Newitt (1997) analisando o sector de agricultura afirma:
“…em 1944 foram plantados 267.000 hectares de algodão, e cerca de 791.000 camponeses moçambicanos
estavam envolvidos no cultivo do algodão, enquanto grandes números se alistavam também noutros programas de
colheitas. As campanhas do algodão concentraram-se no Norte de Moçambique donde provinha 80% da sua
produção dos quais 48% eram da província de Nampula, e apenas duas circunscrições produziam 20% do total. Os
planos para o cultivo do algodão foram simultaneamente bem sucedidos. O êxito foi tal que a produção colonial de
culturas tropicais, em particular do algodão subiu consideravelmente. Em 1935, as colónias de Portugal produziam
apenas 2800 das 24.400 toneladas de algodão consumido anualmente em Portugal; em 1941, o país conseguia
importar praticamente toda a rama de algodão das colónias. Em 1950, só Moçambique exportava 25.290
toneladas…” (p.397).
Do exposto podemos aferir que, houve uma considerável subida da produção do algodão
no período compreendido por 1935-1950 mercê da nova aposta do governo colonial que
consistia na mobilização das populações para o cultivo desta cultura.
Covane (2001, p.177) explica ainda que, as culturas forçadas de rendimento introduzidas
no âmbito das políticas do Nacionalismo Económico de Salazar, no Sul de Moçambique
começaram a ganhar terreno depois da II Guerra Mundial. “O cultivo forçado de algodão e arroz
tornou-se uma realidade nas décadas de 1940 e 1950 respectivamente”. Este aparente atraso em
relação a estas culturas deveu-se à falta de apoio institucional para levar acabo a pesquisa,
supervisão e comercialização, pelas autoridades portuguesas pois, esta zona tinha sido projectada
como reserva para mão- de-obra migratória daí que, não se devia fomentar estas culturas.
Por outro lado, Isaac Man (1979, p.3) defende que, “para aumentar a produção, a área
mínima obrigatória de meio hectar por cultivar era muito adulterada. Homens e mulheres
trabalhavam 6-8 horas por dia. Só depois é que iriam para as suas machambas”. O mesmo autor
afirma ainda que, no período pós II Guerra Mundial, “a área total da cultura do algodão passou
de 191.000 hectares para 260.000 hectares”. O que significa que até 1947, muitas áreas
marginais foram acrescentadas às zonas de algodão.
Portanto, ao nível deste sector, a grande prioridade das autoridades coloniais era a
exploração a todos os níveis da cultura de algodão usando o campesinato local, tal como ilustra a
imagem.
Deste modo, o campesinato moçambicano foi desviado das suas actividades para atender
os assuntos que visavam o bem-estar da Metrópole. Ademais, a forma usada para tornar possível
esses trabalhos circunscreveu-se na brutalidade.[7]
b) A agricultura capitalista
Esta agricultura foi caracterizada pela utilização de técnicas modernas de produção tais
como: o uso da irrigação, de tractores, adubos e de monoculturas.
De acordo com Hedges (1999, p.93), em 1942 foi criado a lei de divisão do fomento
orizicula (arroz). O cultivo obrigatório de arroz, juntamente com a produção de algodão pelas
companhias concessionárias[8] aumentou a produção de uma média de “3000 toneladas na
década de 1930, para 20.000 toneladas na década de 1944-1954”.
A este respeito Cruz (1978, 14), explica que para o caso da zona Centro especificamente
da Companhia de Moçambique, nos últimos anos do seu mandato era visível o regime de
plantação colonial das subconcessões da “Companhia Colónial de Búzi, de Luabo em várias
zonas do território de Chiloane, Neves Ferreira, Gorongosa, Gouveia e Sena, absorvendo os
principais regadios das margens do Zambeze, Púngué, Búzi e Save”. A pequena e média
plantação realizada pelos colonos residentes se encontrava “nos terrenos de aluvião do Búzi,
Pungué e nas terras altas de Chimoio onde se produzia milho e algodão”. As culturas forçadas
foram introduzidas em Chemba.
O regime de agricultura dos colonos apesar de ter sido desencorajada pelas autoridades
coloniais, em certos momentos para evitar a competição com a de plantação manteve-se numa
relativa importância, pois especializou-se na produção alimentar para abastecer os centros
urbanos. (Ibid,p.14)
Por outro lado, Alves (1973, p.15) considera que, neste período, na zona Norte do país
particularmente na Zambézia “as principais culturas eram de coqueiro, cajueiro, algodão, arroz
e chá”. Assim, o coqueiro constituía a principal cultura de rendimento e existiam na região os
maiores palmares do mundo. A maior quantidade de copra produzida pertencia às principais
empresas que exerciam a actividade agrícola. “Eram as Companhias de Boror, Sociedade
Agrícola de Pebane, Companhia da Zambézia”. Além desta cultura, o chá produzido nas terras
do Gurúe foi também outra importante cultura. Todavia, depois da II Guerra Mundial, Portugal
abriu novamente as suas colónias ao investimento estrangeiro. Este sector galvanizou-se
substancialmente mercê do investimento alocado.
Segundo Estudos Coloniais Portugueses (1975, p.71), um outro elemento que catalisou a
agricultura capitalista foi a imigração dos brancos que teve como consequência imediata a
criação de colonatos e a consequente desapropriação das terras dos agricultores autóctones.
Portanto, a agricultura capitalista era desenvolvida pelas companhias nas plantações e
pelos brancos imigrados da metrópole nos colonatos ainda em criação. Este facto, explica que a
agricultura moderna foi praticada pelas grandes companhias nas plantações para o mercado
internacional.
1.3.1.3 A Indústria
O estabelecimento da indústria nas colónias foi uma questão acesamente debatida na
década de 1930 porque, os interesses têxteis portugueses constituíam uma forte barreira[11] à
implantação dessa indústria em Moçambique.
Telo (1994, p.258) considera que, “depois da II Guerra Mundial foram instaladas
indústrias ligeiras em Moçambique e Angola com capitais portuguesas”. Para Moçambique por
exemplo, o governo colonial português só permitia que se criasse uma fábrica têxtil de algodão
para o seu descaroçamento na zona Centro do país como foi por exemplo a fábrica de Marromeu.
A razão desta situação tinha a ver com o proteccionismo das indústrias têxteis portuguesas para
não entrarem em concorrência com as instaladas nas colónias, reforçando desse modo, a
dependência.
Segundo Newitt (1997, p.406), em Moçambique a industrialização iniciou-se na década
de 1930 com um programa restrito de substituição das importações. Algumas das indústrias que
surgiram em Moçambique são de bebidas minerais, “xaropes, massas, óleo vegetal, velas, sabão,
sal, cimento, cerâmica, perfume, mobiliário, fogo-de-artifício, recipientes de alumínio e
carroçarias de autocarros”. Estas indústrias localizam-se preferencialmente nos centros urbanos
de Lourenço Marques e Beira e Nacala.
Em suma, pode-se concluir que, neste período a indústria encontrava-se numa fase
precoce e não se pode falar de uma industrialização porque o seu fomento só se verificou a partir
da década de 60. As poucas unidades industriais existentes neste período serviam os interesses da
população branca sedeada nos centros urbanos.
1.3.1.4 O Comércio
O comércio foi uma actividade muito importante para a economia colonial portuguesa em
Moçambique. O comércio rural era caracterizado pela existência das chamadas cantinas rurais no
interior da colónia.
Covane (2001, p.170), defende que “a convenção de 1928[12] trouxe uma nova dinâmica
no comércio rural. Os cantineiros das diferentes aldeias do Sul de Moçambique reconheciam
que a sua prosperidade dependia dos migrantes”. Os comerciantes rurais dirigiram-se por várias
vezes junto das autoridades portuguesas para que, os mineiros passassem a gastar os seus salários
nas cantinas.[13]
As cantinas rurais eram pequenas lojas que asseguravam a troca de produtos entre
comerciantes de origem portuguesa e indiana (cantineiros) e as populações autóctones. O
campesinato local, trocava excedentes da sua produção agrícola como por exemplo: o algodão e
o arroz.
Por outro lado, Hedges (1999, p.151) explica que, os cantineiros adquiriam produtos
básicos como por exemplo: “sal, tecidos, vestuários, enxadas, tabaco, fósforos, sabão, vinho e
bicicletas”, a fim de abastecer as suas lojas nas zonas rurais. Quer dizer que, estes produtos eram
vendidos aos camponeses.
First (1998, p.17) afirma que, o comércio externo nesta fase, mesmo quando o capital
português se fortalecia, a ameaça era de perda da metrópole do seu mercado de exportação para a
colónia de Moçambique. “Enquanto em 1947, 31.7% das exportações totais de Moçambique
foram para Portugal, em 1960 aumentaram para 40.03 %. As importações moçambicanas de
Portugal baixaram neste período de 35.22 % para 28% respectivamente”.
“…o novo ministro das colónias, João Belo [14], estava preocupado no desenvolvimento económico do sul
do Save e da criação de condições para a redução contínua da dependência em relação ao governo da África do
sul. Uma das medidas tomadas foi o decreto de 21 de Maio de 1927, que consistia na residência obrigatória de 12
meses (repouso dos mineiros). Contudo, este decreto não viria a ser executado devido a fortes pressões do capital
mineiro sul-africano e britânico sobre as autoridades portuguesas, bloqueando praticamente todas as
possibilidades de obtenção dos (empréstimos) para projectos de desenvolvimento do sul de Moçambique…” (p.79)
1.3.1.6 O turismo
Segundo os Estudos Coloniais (1975, p.80) o período de 1930-1953, foi caracterizado
pela existência de poucas unidades turísticas na colónia de Moçambique na medida em que neste
período só existiam pequenos hotéis e restaurantes, na sua maioria concentrados nos principais
centros urbanos, como em Lourenço Marques, Beira e Ilha de Moçambique.
Por outro lado, Newitt (1997, p.407) explica que, “a economia diversificou-se também no
sector turístico. As cidades de Lourenço Marques e Beira começaram a prestar mais serviço
turístico”.
Depois da II Guerra Mundial, a cidade da Beira atraía a população branca vinda do
hiterland. Assim, começaram a surgir “hotéis, restaurantes, clubes de iates e desportos
náuticos”. De igual modo, o mesmo autor considera que, a Cidade Lourenço Marques também
conheceu uma certa prosperidade turística graças “ao movimento dos sul-africanos brancos que
vinham a procura de prostitutas negras e das belas praias de Inhambane nos fins de anos”.
(ibid,p.407)
Não obstante estas evidências, o período de 1930-1953 é considerado como um momento
morto do turismo[16] na Província Ultramarina de Moçambique. Por isso, não houve realizações
de vulto a destacar.
Bibliografia
[1] Entende-se por “viragem da economia” o momento da “promulgação de medidas que tinham
como objectivo estruturar o comércio externo das colónias em benefício de Portugal”. Hedges
(1999, p.42)
[2] Recordar que, a Companhia do Niassa ocupava as províncias nortenhas de Cabo Delgado e
Niassa.
[3] A Companhia de Moçambique controlava os territórios centrais das províncias de Manica e
Sofala.
[4] De referir que em Moçambique, todos os investimentos do capital estrangeiro, quer dizer, as
empresas que tinham acções em Moçambique deviam fixar as suas respectivas sedes em Lisboa
(metrópole).
[5] Lembrar que esta cultura, quando o mundo conheceu Depressão Económica dos anos 29, 30,
em Moçambique, o cajú não ficou afectado devido a maior demanda do produto no mercado
mundial.
[6] “Em 1940 chegou a Moçambique um novo Governador-Geral: José Tristão de Bettencourt Homem da máxima
confiança da administração Salazar. Bettencourt teve o papel de dinamizar o aparelho de Estado colonial no sentido
de coordenar, de uma maneira mais rigoroso do que anteriormente, a produção das culturas obrigatórias nas zonas
rurais em Moçambique”. Hedges (1999, p.86)
Bibliografia
DIAS, HiIdizina Norberto, et all. Manual de Práticas Pedagógicas. Universidade Pedagógica.
Maputo, editora escolar. 2008. 178 p referencia teórica
DUARTE, Stela Cristina Mitha. A avaliação da aprendizagem em Geografia. Desvendando a
produção do fracasso escolar. Maputo, Imprensa Universitária, 2007, 218 p
PROENÇA, Maria Cândida. Didáctica de História. Universidade Aberta..Lisboa.1989.207p.
A Conjuntura Política e Económica e os Marcos de Viragem
Durante a primeira fase do colonialismo em Moçambique, desde cerca de 1890 até
1930, as relações económicas entre Portugal e Moçambique eram muito fracas. Neste
período era o capital internacional, representado pelas companhias e pelo capital
mineiro sul africano controlava quase totalmente a economia de Moçambique. Neste
contexto, o período de 1930 a 1937 foi marcado pelo lançamento das bases do
“Nacionalismo Económico” tendo por finalidade alterar esta situação, colocando a
economia moçambicana verdadeiramente ao serviço de Portugal. Veja, então ao longo
da lição como se operou a alteração da política colonial em Moçambique a partir de
1930.
Neste contexto, o período de 1930 a 1937 foi marcado pelo lançamento das bases do
“Nacionalismo Económico” – a tentativa de pôr a economia moçambicana
verdadeiramente ao serviço de Portugal.
A migração de mão-de-obra para África do sul e rodésia do sul também diminuiu, pois a
crise provocou um declínio na economia destes países.
O Nacionalismo Económico de Salazar
O "Estado Novo" corporativista nem era o governo dos monopólios nem o governo de
todas as fracções da burguesia, mas sim o governo de maioria da burguesia em nome
da qual se exercia a ditadura sobre o proletariado. Em defesa do seu papel de
medianeiro e de árbrito "acima" das várias facções, impedia a concorrência, destruía os
partidos políticos, protegia a pequena e média indústrias e aliava-se com os
proprietários rurais – uma aliança que não significava a hegemonia dos capitalistas
fundiários do bloco no poder, mas que era, porém, um considerável travão à
industrialização portuguesa.
O Acto Colonial
No acto colonial definia-se uma nova política colonial na base da ideia de que nos
territórios coloniais se vinha verificando uma cada vez maior submissão a interesses do
capital internacional não português e que era preciso inverter esse estado de coisas. A
política do estado fascista até a segunda metade dos anos 1950 e de evitar a entrada
de capital estrangeiro tanto na metrópole como nas colónias.
Como escreveu Salazar, "os territórios ultramarinos eram uma solução lógica para o
problema da superpopulação de Portugal, para estabelecer nacionais portugueses nas
colónias e para que as colónias produzam matérias-primas para vender a Mãe-Pátria
em troca de produtos manufacturados. Por isso, a Mãe-Pátria e as Colónias deveriam
estar preparadas para sacrifícios mútuos".
Porém, se esse controlo passou a ser monopólio do Estado colonial, a base produtiva
das companhias, não foi, em sua essência afectada, se bem que os administradores
portugueses tivessem penetrado nelas.
Por outro lado, a preocupação de Salazar com o equilíbrio orçamental de cada colonial,
bem como com a sua balança de pagamentos, não revestia, como mostrou um
economista, um interesse meramente "financeiro". A consolidação de uma burguesia
portuguesa forte far-se-ia não com a intervenção de fundos nas colónias mas com uma
acumulação rápida na metrópole.
A política de Salazar ao manter os laços com a África do Sul cingia-se de perto com o
seu princípio de "economia de esforço" e o corte desses laços implicaria o
estancamento de uma importante fonte de riqueza. Por isso, Salazar preferiu manter o
envio de mão-de-obra a África do sul, e escutar
Como escreveu Salazar, "os territórios ultramarinos eram uma solução lógica para o
problema da superpopulação de Portugal, para estabelecer nacionais portugueses nas
colónias e para que as colónias produzam matérias-primas para vender a Mãe-Pátria
em troca de produtos manufacturados. Por isso, a Mãe-Pátria e as Colónias deveriam
estar preparadas para sacrifícios mútuos".
Porém, se esse controlo passou a ser monopólio do Estado colonial, a base produtiva
das companhias, não foi, em sua essência afectada, se bem que os administradores
portugueses tivessem penetrado nelas.
Por outro lado, a preocupação de Salazar com o equilíbrio orçamental de cada colónia,
bem como com a sua balança de pagamentos, não revestia, como mostrou um
economista, um interesse meramente "financeiro". A consolidação de uma burguesia
portuguesa forte far-se-ia não com a intervenção de fundos nas colónias mas com uma
acumulação rápida na metrópole.
É deste ponto de vista que se compreende o facto, aparentemente contraditório, de, no
mesmo ano (de 1928) terem sido regulamentados o Código de trabalho Rural e a
Covenção com a África do Sul. O código sistematizava o princípio do trabalho forçado e
alimentou directamente a cultura forçada do algodão. Por sua vez a cultura algodoeira
fortaleceu a burguesia industrial portuguesa. A convenção significava o aparecimento
externo (África do Sul) de uma riqueza considerável (mão de obra de Moçambique).
A política de Salazar ao manter os laços com a África do Sul cingia-se de perto com o
seu princípio de "economia de esforço" e o corte desses laços implicaria o
estancamento de uma importante fonte de riqueza. Por isso, Salazar preferiu manter o
envio de mão-de-obra a África do sul, e escutar os protestos dos colonos, que
reclamavam a falta de trabalhadores para as duas herdades.
Referências bibliográficas