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ECONOMIA DE
Periodização da Economia
(1498-2018)
PARTE 1
A economia moçambicana, basicamente agrícola (80%), assenta em grande medida na produção familiar
camponesa. A economia socialista havia orientado os investimentos nesta área para as grandes machambas
estatais (farms) e a produção e organização dos camponeses em aldeias comunais. A liberalização da
economia e o fim da guerra dos 16 anos, melhoraram a situação da produção alimentar mas, não resolveram
os constrangimentos que impedem o crescimento e expansão desta actividade, bem como do comércio rural.
A indústria manufactureira desenvolvida no país durante o sistema colonial tinha uma base frágil. A política
socialista tinha como objectivo fazer um investimento na indústria pesada. Com a guerra e o processo de
privatização, crescem as taxas de desemprego na indústria manufactureira, em crise.
Moçambique tornou-se independente em 1975, depois de uma luta armada de libertação nacional. A
FRELIMO - Frente de Libertação de Moçambique, que havia conduzido a luta durante 10 anos, formou o
primeiro governo, com um programa de trabalho orientado para a construção de uma sociedade socialista.
Em 1976 surgiram os primeiros indícios de desestabilização em Moçambique, cujo desenvolvimento atinge a
forma de uma guerra civil alargada a todo o país, sobretudo na década de 80, opondo o governo e a
RENAMO - Resistência Nacional de Moçambique. A desestabilização provocada por estes conflitos internos
é agravada por agressões militares que a Rodésia faz a Moçambique, mais tarde transferidas para o regime de
apartheid da África do Sul. Apenas em 1992, com a assinatura do ‘Acordo Geral de Paz’ entre a FRELIMO e
a RENAMO, cessam as hostilidades e inicia-se um processo de paz e reconciliação.
A década de 80 marca a transição de uma economia centralmente planificada para uma economia aberta, de
mercado. Nos anos 90, concretiza-se a transição política anteriormente iniciada, onde se destaca a introdução
de uma constituição pluralista e a emergência de um processo de descentralização política e administrativa.
Com estes aspectos considerados relevantes, pretende-se mostrar um resumo informativo sobre a evolução
dos acontecimentos políticos, económicos e sociais em Moçambique, no período pós-independência dando
mais enfoque às estratégias de desenvolvimento do país no campo político e económico.
i)1885-1926: com uma economia dominada por grandes plantações exploradas por companhias majestásticas
não portuguesas onde se praticava a monocultura de produtos de exportação (sisal, açucar e copra), no centro
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e norte do país, com base em mão de obra barata. As companhias, por sua vez, também controlavam o
mercado da venda de força de trabalho para países como a Rodésia, Malawi (Niassalândia), Tanganhica,
Congo Belga e em alguns casos a África do Sul (WUYTS, 1980:12-13). No sul, predominava a exportação de
mão de obra para alimentar o capital mineiro da África do Sul. Os acordos assinados entre Portugal e a África
do Sul para a exportação da mão-de-obra, traziam rendimentos específicos ao Estado colonial, quer através de
impostos, quer da utilização dos caminhos de ferro que ligavam o porto de Lourenço Marques à África do
Sul, quer ainda através da utilização do próprio porto, para o trânsito de mercadorias;
ii)1926-1960: sob influência da construção do nacionalismo económico, este período é marcado por uma
intensificação do trabalho forçado e integração crescente da economia de Moçambique numa economia
regional dominada pela África do Sul. O princípio do trabalho forçado e da introdução de culturas forçadas
marcam este período, como uma forma de proteger a burguesia portuguesa, incapaz de concorrer com o
capital mineiro e com as plantações, no acesso à mão de obra.
iii)1960-1973: As mudanças políticas mundiais e a crise do regime de Salazar durante este período levaram a
diversas reformas políticas e económicas, que conduziram, entre outras medidas, à abolição do trabalho e das
culturas forçadas e ao traçar de novas estatégias de desenvolvimento para as colónias. Algumas das
consequências das reformas políticas levaram à modernização do capital, com a abertura da ecomonia ao
investimento estrangeiro. É neste período e neste contexto de modernização do capital que se fazem
investimentos na indústria manufactureira.
A economia colonial sobreviveu durante muitos anos na base de uma dependência de dois sistemas, o
trabalho migratório e o trabalho e agricultura coercivos, mesmo depois da abolição formal das culturas e do
trabalho forçado. O colonialismo português introduziu mecanismos impeditivos do crescimento de uma
burguesia negra, agrícola ou comercial. Assim, embora houvesse uma diferenciação de classe e até mesmo
alguns ‘koulaks’ e pequenos comerciantes, o sistema de produção agrícola e industrial manteve-se nas mãos
da burguesia portuguesa (FIRST, R., MANGHEZI, A., et al ,1983; CEA,1998; WUYTS, M. &
O’LAUGHLIN, B.,1981).
Um olhar sobre a rede de estradas e caminhos de ferro de Moçambique, no período colonial, facilmente nos
ajudará a avaliar a orientação destes para uma economia de serviços, que ligava os países do ‘hinterland’
ao exterior, através dos portos moçambicanos. Cerca de metade das divisas de Moçambique eram geradas
pelos serviços de transportes e portos para os países vizinhos.
Nos anos 60, a FRELIMO, Frente de Libertação de Moçambique, fundada no exílio, inicia a luta armada de
libertação nacional (1964), que só veio a culminar 10 anos depois.
No processo de luta, a FRELIMO criou as ‘zonas libertadas’, áreas no interior do território moçambicano fora
do controle da administração portuguesa, funcionando como um ‘Estado dentro de um Estado’, com um
sistema próprio de administração, com formas colectivas de produção e de comercialização e a implantação
de bases democráticas (ADAM, 1997: 4). Tal modelo acabou por ser mais uma utopia do que uma realidade,
tendo porém, pelo menos até certo ponto, servido de inspiração para traçar o modelo socialista de
desenvolvimento implantado em Moçambique depois da independência, onde se pretendia negar quer os
modelos de desenvolvimento coloniais, quer os neo-coloniais.
Com o cessar-fogo e a assinatura dos ‘Acordos de Lusaka’ em Setembro de 1974, sucede-se a criação de um
governo de transição, composto por representantes da FRELIMO e do governo português, cuja duração se
estende até à independência nacional de Moçambique, a 25 de Junho de 1975.
As mudanças operadas em Moçambique pelo sistema de administração portuguesa em finais do período
colonial, não foram suficientemente abrangentes de modo a criarem uma elite negra educada. Na altura da
independência, Moçambique tinha uma população com um percentagem de 90% de analfabetos, um número
reduzido de técnicos e pessoas com formação superior. No geral, havia poucas pessoas preparadas para
preencherem os lugares abruptamente deixados pelos portugueses. É importante registar que o êxodo de
portugueses e de alguns indianos neste período entre a transição e o pós-independência, foi acompanhado por
uma ‘sabotagem’ da economia de Moçambique, que pode ser caracterizada pelo esvaziamento das contas
bancárias, fraudes na importação de mercadorias e exportações ilegais de bens (carros, tractores,
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As calamidades naturais que afectaram o país entre 1977 e 1978, os efeitos da depressão sobre a economia
moçambicana, de base agrícola, agravados pelos aspectos acima mencionados, levaram o país a um declínio
económico em espiral .
O novo governo independente, deveria não só organizar o funcionamento da administração mas também
garantir a produção e os mecanismos necessários para manter uma economia operacional. Utilizando a sua
experiência das zonas libertadas e guiada por um programa de transformação socialista, a FRELIMO traçou
as suas estratégias para mudar a estrutura económica e social do país. As mudanças radicais preconizadas pelo
novo governo passavam necessariamente pelo exercício de um controle estatal nas zonas rurais e por uma
política de intervenção nos sectores económicos e sociais.
No seu processo de intervenção, com vista à massificação dos serviços sociais, o Estado procede à
nacionalização da saúde, da educação, da habitação e dos serviços de advocacia privada (1975), e mais
tarde a outras intervenções no campo económico.
A estratégia económica preconizada pela FRELIMO assentava na transformação social baseada na
modernização do campo através da criação de aldeias comunais com facilidade de acesso a infra-estruturas
sociais como a saúde e educação, aumento da produtividade através de um programa de introdução de uma
agricultura mecanizada nas machambas estatais, uma tentativa para inverter o processo de exploração colonial
dos camponeses, e onde o Estado passava a fazer a acumulação.
Caberia também às machambas estatais o fornecimento de alimentos às zonas urbanas, antes abastecidas
pelos farmeiros portugueses. Esta estratégia foi aprovada pelo 3º Congresso da FRELIMO, realizado em
Maputo, em Fevereiro de 1977, e era conhecida como a ‘estratégia de socialização do campo’. Neste
Congresso, a FRELIMO também declarou a sua passagem de Frente para um ‘Partido de Vanguarda
Marxista-Leninista’, com a missão de liderar, organizar, orientar e educar as massas, visando destruir as bases
do capitalismo e construir uma sociedade socialista.
As estratégias introduzidas pela FRELIMO depois da independência para manter a produção e a economia em
andamento, não conseguiram superar de imediato a crise económica que afectava o país:
‘Entre 1974 e 1976, a produção de colheitas para exportação diminuíu em 40%, o milho cultivado pelos
camponeses em 20%, a mandioca em 61% e a produção agrícola dos colonos (produtos hortícolas e
alimentares para abastecimento das cidades) em 50%. No mesmo período, a produção industrial baixou em
36%’ (NEWITT, 1997: 473; WUYTS, 1985: 186).
Os mesmos factores contribuíram ainda para a criação de dívidas de importação. Assim, os trabalhadores
desempregados do sector agrícola e das minas sul-africanas iniciaram um processo de migração para as
cidades. Numa tentativa de controle da crise, o governo criou a Comissão Nacional de Abastecimentos. Nesse
processo, foi introduzido um sistema de controle de preços e um cartão de racionamento, o ‘cartão de
abastecimento’, por cada agregado familiar.
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‘A estratégia de desenvolvimento permitiu um total monopólio pelo poder do estado, e a sua hegemonia
sobre todas as forças económicas e políticas’ (ADAM, 1997: 5-6).
3. O Periodo Pós-Independência
As medidas económicas preconizadas pelo Estado, tinham marginalizado os camponeses familiares a favor do
desenvolvimento de uma agricultura mecanizada, destruindo assim o sistema que havia garantido a maior
parte da produção para consumo interno e uma parte da produção para exportação deste país. Era pois
necessário repensar a estratégia e avaliar o papel a desempenhar pelo Estado na gestão da economia (ADAM,
1997: 6-7).
A guerra, a seca e as calamidades naturais alargaram o âmbito das pressões internas para alteração das
políticas da FRELIMO. A situação económica e social sofriam uma degradação crescentes. Em algumas
províncias era já visível o espectro da fome e era necessário mobilizar recursos para o pagamento da dívida
externa. As medidas de emergência para tentar suster a economia não poderiam ser permanentes. Era difícil
manter os níveis de emprego na indústria com baixos níveis de rendimento ou subsidiar a improdutividade das
machambas estatais e manter também os subsídios para a alimentação das populações urbanas ou para as
áreas sociais como a saúde, a habitação e a educação, que acabaram por conduzir a uma deterioração destes
serviços. Entrara-se já numa fase de ruptura do mercado, com uma hegemonia do mercado negro e uma
consequente baixa cambial.
Em contrapartida, as conversações para adesão ao Banco Mundial (BM) e ao Fundo Monetário Internacional
(FMI) avançavam progressivamente no cenário sócio-económico local , o que veio a resultar no lançamento
das reformas económicas. Em meados da década de 80, são visíveis os esforços da FRELIMO no campo
político e económico, para alterar as consequências negativas resultantes da estratégia de desenvolvimento
utilizada anteriormente.
As pressões políticas no campo interno e externo e a necessidade de receber ajuda alimentar para superar a
crise económica e as consequências da guerra e das calamidades naturais levaram a FRELIMO a redifinir a
sua política externa: i) em 1982 o governo ‘começou a cortejar os Estados Unidos e a fazer a sua "viragem
para o Ocidente" (HANLON, 1997: 15); ii) em 1984, assinou o ‘Acordo de Nkomati’ com a África do Sul,
uma tentativa de cortar os apoios da África do Sul à RENAMO. Com este acordo, criaram-se também alguns
espaços para negociações sobre a mão de obra moçambicana, e sobre o fornecimento da energia eléctrica de
Cabora-Bassa para a África do Sul.
Depois de uma fase de economia centralmente planificada, em 1985 dão-se os primeiros passos para a sua
liberalização, o que leva a uma transição. Visando reverter as tendências negativas do crescimento económico
através de um reajustamento estrutural, em 1987 é introduzido o Programa de Reabilitaçao Económica
(PRE) e em 1990 o Programa de Reabilitação Económica e Social (PRES). O programa de ajustamento
estrutural, é um pacote que envolve o livre comércio, a desregulamentação e a privatização. O governo:
liberalizou os preços, praticamente terminou a sua gestão do mercado, cortou o seu orçamento nos sectores
sociais, e introduziu mudanças nas políticas da saúde e da educação, onde foi estabelecido um sistema que
atribui acesso com base no rendimento. As reformas económicas introduzidas em Moçambique, nas duas
últimas décadas levaram a uma revitalização da economia, o que não pode ser mecanicamente traduzido por
uma redução da pobreza. ‘A pobreza, entendida como ausência das condições para uma vida longa,
instrução e um padrão de vida aceitável, afecta a maioria esmagadora da população de Moçambique’
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(PNUD, 1996: 81). Organizações como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional classificaram
este país na posição dos mais pobres do mundo.
O processo de transição política já embrionário na década de 80, tem a sua concretização nos anos 90. As
crises económicas sucessivas e os processos de transição que marcaram Moçambique entre 1974/75 e 1999
têm custos sociais, que se reflectem na qualidade de vida das populações. A necessidade de contrair os níveis
de consumo para os adaptar à realidade económica do país e a incapacidade e impossibilidade do Estado para
prover o bem estar social impede que se crie um sistema para a minimização dos efeitos sociais negativos das
reformas económicas, elevando os níveis de pobreza e o crescimento da exclusão, da reivindicação e da
violência.
Em 1990 a FRELIMO introduziu uma nova constituição que permitia eleições multipartidárias, a liberdade
de imprensa e o direito à greve. Desde 1987 que se faziam esforços para estabelecer conversações entre a
FRELIMO e a RENAMO. Em Julho de 1990 o governo e a RENAMO deram início às conversações em
Roma e em Outubro de 1992, também em Roma, Joaquim Chissano e Afonso Dlakama assinaram o Acordo
de Paz. O processo de cessar fogo, a desmobilização e o repatriamento decorreram sem incidentes de maior, e
em Outubro de 1994, realizavam-se as primeiras eleições gerais (presidenciais e legislativas) e
multipartidárias em Moçambique.
Em 1998 realizaram-se as primeiras eleições para os órgãos locais ou seja, eleições autárquicas, em 1999 as
segundas eleições gerais, em 2003 as segundas eleições autárquicas, em 2004 as terceiras eleições gerais,
em 2008 as terceiras eleições autárquicas, em 2009 as quartas eleições gerais, em 2013 as quartas eleições,
em 2014 as quintas eleições gerais e está previsto para 2018 as quintas eleições autárquicas e 2019 as sextas
eleições gerais. Por cada ano seguinte às eleições gerais, nasceram os respectivos Planos Quinquenais do
Governo (PQGs), com linhas gerais daquilo que o Governo pretendia realizar em cada quinquénio de
governação. O mesmo aconteceu nas autarquias, com parte dos planos desenhados para o desenvolvimento
local.
No intervalo 2013 à 2017, assiste-se uma circunstância em que o país está assolado por duas crises,
nomeadamente a Crise Política e a Crise Económica vs Financeira Internacional.
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nos sectores de actividade como por exemplo, certos subsídios. A crise da dívida externa, na qual
o Governo viu-se desprovido de dinheiro para pagar o serviço da dívida entre outros, vai
agravando o estado de funcionamento dos diferentes sectores de actividade. Com isso quero dizer
que, perante o corte no orçamento, sem nenhum financiamento, o pouco que o Estado adquire
proveniente das receitas fiscais, a maior percentagem poderá ir para o pagamento da dívida, em
detrimento dos diferentes sectores de actividade. A subida das taxas de câmbio em 2016, fizeram
com que os bens e serviços de consumo final, consumo intermédio entre outros importados
ficassem cada vez mais caros. A estabilidade cambial acabou aparecendo, graças à intervenção
do Banco Central (Banco de Moçambique), aquando da revisão dos instrumentos de política
monetária e consequentemente, estamos assistindo a redução de preços dos diferentes produtos,
o melhoramento do ambiente climático e o encorajamento da população para o aumento da
produção de alimentos.
Ainda no período 2014-2017, houve tréguas ditas pelo líder da RENAMO. Foi uma fase ou período
que também teve o seu impacto na economia. Através das tréguas, iniciou um processo endógeno
de reconciliação nacional que tende a culminar com fim dos constantes conflitos entre o Governo e
a Renamo. Repito, pôr fim aos conflitos e não a trégua que parece uma recarga de telemóvel,
que se renovava ou se recarregava de 2 em 2 meses.
No 1º trimestre de 2018, o Presidente da República Filipe Jacinto Nyusi, depois das negociações
com o falecido Líder da RENAMO Afonso Macacho Marceta Dhlakama, falou acerca do “Processo
de Descentralização” e Remeteu o documento a respeito do assunto à Assembleia da República
para “apreciação e parecer”. Em Maio de 2018, o país foi surpreendido com o desaparecimento
físico de Afonso Dhlakama. Em Julho de 2018, alguns pontos que constam no documento
submetido a assembleia da república, foram aprovados. Assim, inicia um outro período que poderá
ter o seu impacto directo ou indirecto, negativo ou positivo sobre a Economia Moçambicana.
Referências Bibliográficas
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colonial’. In: SOGGE, D.(1997), ed. Moçambique: perspectivas sobre a ajuda e o sector civil.
Amsterdam: Frans Beijaard, pp. 1-14.
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WUYTS, Marc & O’LAUGHLIN, Bridget (1981)’A questão agrária em Moçambique’ Estudos
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1980- ofensiva política e organizacional em todas as frentes. Foi uma ofensiva de longo
alcance contra o burocratismo, a corrupção, a ineficiência, a indisciplina, a negligência, o
esbanjamento de recursos materiais e financeiros, a apatia e a destruição de bens e
equipamento.
1983- liberalização de preços de hortícolas, frutas e vegetais, em cumprimento do
programa de acção económica aprovado no quarto congresso da Frelimo, de 26 a 30 de
Abril.
A reflexão sobre a estrutura económica e social de Moçambique, agravada por factores
adversos que ocorreram nos oito anos após a independência nacional, foram o ponto
central das discussões e decisões do 4º congresso do partido Frelimo, que marcaram o
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Quando as colónias se tornaram uma componente fundamental da fase imperialista, na segunda metade do
século XIX, os principais financiadores e credores de Portugal (Inglaterra, Alemanha e França)
procuraram tirar o máximo partido da exploração das colónias portuguesas. Foi neste contexto que entre
conflitos, arbitragens e tratados, se inseriu o traçado das actuais fronteiras de Moçambique.
De um modo geral, as fronteiras em muitos lugares de África foram definidas obedecendo à vontade dos
diplomatas intervenientes, sem um conhecimento real das regiões em causa.
3. Companhias Majestáticas
As companhias majestáticas são as grandes companhias que recebiam permissão de sua majestade ou seja,
eram autorizadas directamente pelo rei de Portugal a explorar terras do seu domínio e a conceder terras à
terceiros (pequenas companhias arrendatárias). Nas suas terras, tais companhias detinham um poder e uma
autonomia absolutos, não se fazendo por isso sentir a presença da burguesia portuguesa.
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- emitir selos;
- cunhar moeda
A companhia de Moçambique com uma concessão para 25 anos (extendida em 1897 e prevista para
terminar em 1942) foi dada pelo governo português uma missão de pacificar o território sob seu controlo
(do Rio Zambeze à Latitude 22º) à sul do Rio Save.
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5.1. Causas
O trabalho migratório deveu-se em grande parte:
- ao avanço do desenvolvimento do capitalismo na África Austral, em especial na colónia britânica do
Natal, devido à:
1. introdução das plantações da cana sacarina no Natal em 1850;
2. abertura das minas de diamante em Kimberley em 1870;
3. exploração do ouro em Lydenburg- leste de Transval em 1874;
4. abertura de novas minas de ouro nas áreas central e sul do transval
(Witwatersrand);
5. construção das linhas férreas Lourenço Marques- Transval para
servir estes centros em 1892;
- à crise ecológica no começo dos anos 1860 (seca e fome) e com ela a procura de sobrevivência;
- a proibição do uso da mão-de-obra nativa na África do Sul;
- às guerras de resistência dos estados africanos ao avanço do poder colonial que se verificava em Gaza
e Maputo entre 1894-1897;
- nível de salários baixos no sul de Moçambique e em consequência, existência de medidas
administrativas para regular e restringir a mobilidade da mão-de-obra (introdução da Lei do passe em
relação à emigração e à residência em Lourenço Marques).
5.2. Consequências
- falta de mão-de-obra em algumas zonas do interior de Moçambique;
- o subdesenvolvimento económico de Moçambique;
- a criação de um ambiente favorável à colonização, pois havia fraca resistência;
- crescimento de empreendimentos comerciais em Lourenço Marques e Gaza;
- início frequente do trabalho migratório para as minas de ouro do Leste do Transval;
- expansão da rede comercial no interior, largamente controlada pelos asiáticos e que absorvia os
salários dos mineiros. Facto que leva à monetarização da economia que com escassez do gado,
substitui o dote para o pagamento nupcial (lobolo).
Anos depois, o sistema económico da RSA alterou e diminuiu a procura de mão de obra nas fábricas o que
diminuiu o número de moçambicanos naquele país. O decréscimo da economia na RSA, Rodésias no Norte e
Sul e Nyassalândia, reduziu o tráfico nos caminhos de ferro e portos de Lourenço Marques e Beira,
constituindo assim a quebra considerável do rendimento do Estado, reduziu as receitas e divisas vindas do
pagamento diferido e impostos sobre os emigrantes. É desta forma que o governo em 1934 se vê obrigado a
renegociar a convenção de 1928 com a RSA para garantir emprego de um mínimo de 65 000 trabalhadores
moçambicanos nas minas.
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A Monarquia Liberal do século XIX aspirava à uma administração centralizada para as colónias.
No entanto, nos últimos anos da monarquia, as oportunidades de organização e desenvolvimento político
administrativo de Portugal nas suas colónias e particularmente em Moçambique foram muito limitadas pelas
concessões e pelos prazos. As concessões originais dos prazos tinham sido por 15 anos mas muitas delas já
haviam sido estendidas para 25 anos.
Com a República, Portugal prometeu uma maior autonomia às colónias no âmbito de uma administração mais
centralizada.
Promulgação do estatuto dos indígenas e a respectiva Secretaria dos Negócios Indígenas (1907).
Criação de hierarquias na Administração Civil: Divisão do país em Distritos e destes em Circunscrições
(Zonas Rurais) e Conselhos (Zonas Urbanas).
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