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Introdução

Neste presente trabalho irei abordar sobre o período mercantil ao imperialismo, explicar
sobre o papel especifico de Portugal na penetração imperialista, irei descobrir como
conseguiu Portugal ser potência colonial não sendo potencia imperialista, falarei das
fronteiras de Moçambique sul, centro e norte, o estado Colonial Português em
Moçambique a conquista militar, a resistência e conquista no sul de Moçambique,
descobrirei o plano de António Enes e continuarei explicando sobre a conquista de
Gaza, conquista militar no Centro de Moçambique, a ocupação de Nampula juntamente
com a ocupação de Niassa e Cabo Delgado, a montagem do estado colonial português
em Moçambique, a economia colonial em Moçambique, a politica labora da companhia
de Moçambique, o sul e o trabalho migratório e por ultimo discutiremos sobre os
acordos do trabalho.

Com base nos temas citados na pressente introdução serei capaz de definir cada tema e a
sua estrutura.
Período Mercantil ao Imperialismo

O período mercantil ao imperialismo (capitalismo) houveram varias transformações o


período mercantil foi um conjunto de praticas e ideias económicas que dominou a
europa na transição do guarde alisma para o capitalismo a riqueza das nações em
formação estava no acúmulo de metais preciosos na intervenção no estado na economia
e no protecionismo aumentando as exportações minimizando as importações essa fase
também É conhecida como capitalismo comercia

É a passagem do mercantilismo para o capitalismo deu um meio Ah devolução


tecnológicas e políticas. A revolução industrial iniciou Na Inglaterra, em 1760, Tem
como seu marco principal a introdução da maquina a vapor na produção, o que deu
iniciou de uma produção manufatureira para uma produção industrial. A produção
industrial tornava se necessária, pos com crescimento demográfico e expansão das
cidades era necessária que os produtos fossem criados e destribuidos com mais
eficiência e escala.

O Papel Específico de Portugal na Penetração Imperialista

A expansão imperialista foi, como estudou, motivada, essencialmente, por motivos


económicos ligados ao desenvolvimento da indústria europeia do qual resultou a
necessidade de novas fontes de matériasprimas e mercados. Entretanto, Portugal não
tinha o nível de desenvolvimento dos países industrializados e tão pouco tinha grandes
necessidades em matérias-primas e mercados. Não obstante, Portugal foi um dos
principais países envolvidos na aventura colonial, o que leva a que se questione “como é
que Portugal, sem ser uma poltência imperialista conseguiu ser uma potência colonial?”.
Siga com atenção a presente lição para buscar a resposta a esta questão.

Desde 1703 que Portugal era, virtualmente, uma colónia inglesa. Mediante um acordo
comercial, Portugal exportava vinhos para a Inglaterra e esta exportava têxteis para
Portugal. Os convénios comerciais foram sempre muito favoráveis à Inglaterra
contribuindo para o atrofiamento da única indústria extensa que existia em Portugal (a
têxtil).

O desenvolvimento têxtil de 1870 em diante inseria-se numa movimentação industrial


global que iniciou na segunda metade do século XIX, com a construção de
infraestruturas de transportes e comunicações, principalmente com recurso a capitais
estrangeiros.

como portugal conseguiu ser potencial colonial não sendo potencia imperialista

Um dos fenómenos de mais difícil explicação e compreensão no estudo da dominação


imperialista é o que diz respeito ao facto de Portugal, não sendo uma potência
imperialista, ter podido continuar a ser uma potência colonial.

Algumas ideias:

 Portugal era, nos finais do século XIX, uma “potência capitalista atrasada” e
que, por consequência, só pôde manter as colónias cedendo-as e “alugando-as”
ao capital de potências capitalistas de facto.

 Portugal manteve as colónias não para explorá-las do ponto de vista económico,


o que não lhe era possível por ser um país atrasado, mas sim para as exibir.
Portugal era uma potência imperialista sem raízes nem objectivos “económicos”,
desenvolvendo um “imperialismo de prestígio”.

 Portugal manteve as colónias porque fracções da burguesia portuguesa estavam


interessadas na sua exploração.

Nenhuma dessas ideias conseguiu, de facto, garantir um apoio documental sólido.


Algumas delas, como a tese do “imperialismo não económico” definem-se menos pelo
que procuraram esclarecer do que pelo que procuraram combater. Outras são
persuasivas (a “tese do aluguer”).

O capitalismo português, a partir de 1850, efectuava a transição entre a submissão


formal do trabalho pelo capital e a real ou seja o “modo de produção especificamente
capitalista”.

O capitalismo português era atrasado, deve, antes, dizer-se que ele estava em ascensão,
numa realidade ainda fortemente tributária da forma e de relações de produção não-
capitalistas.

Tentava ascender (e ascendia gradualmente) à custa de um mundo feudal ou quase


feudal, num processo difícil e com frequência dependente do financiamento externo.
Assim, Portugal não atingira, nos finais do século XIX, o estádio em que o capital
financeiro (junção do capital bancário e do capital industrial) passara a ser a força
motriz, determinante, do modo capitalista de produção, suscitando a busca de
monopólios coloniais.

As Fronteiras de Moçambique Sul, Centro e Norte

O processo de ocupação de Africa não foi fácil. Bravos povos Africanos resistiram e os
Moçambicanos não foram excepção. Contudo convém distinguir as varias resistências
registadas em Moçambique.

Resistência no Norte de Moçambique

As resistências no Norte de Moçambique foram fortes e violen- tas, mas acabaram por
ser vencidas, quer por confrontos, quer por alianças com chefes locais.

No Norte de Moçambique, as campanhas de ocupação militar portuguesas começaram


nas possessões costeiras: Ilha de Moçam- bique, Mossuril e a ilha do Ibo.

Os portugueses até 1864 detinham alguma vantagem em relação ao controlo do


comércio de escravos na região, resultado de uma série de campanhas bem-sucedidas
lançadas contra os reinos africa- nos da costa.

Os guerreiros locais, juntamente com a grande maioria da popu- lação do Norte de


Moçambique, usavam a guerrilha como técnica de combate, evitando desta forma o
confronto directo com o exér- cito rival.

Os guerreiros locais utilizavam duas técnicas militares de com- bate, o ataque-surpresa e


a razia. O objectivo do uso destas técnicas era a luta pela defesa da soberania dos seus
estados e evitar as bai- xas humanas tão comuns no confronto directo.

Técnicas militares utilizadas no Norte de Moçambique


Ataque-surpresa Razia
 Era feito a pessoas isoladas ou pequenos grupos;  era um ataque devastador a uma
 executado por bandos de caçadores de escravos ou ou várias povoações, onde se
por um grupo de homens jovens para aquisição de voltava por uma segunda vez
esposas, gado ou Alimentos para fazer a pilhagem;
 esta Técnica era conhecida pelo termo wita em  "otiman" é o nome local para
Makua Lumue esta acção guerreira.

Apesar de haver uma corta vantagem em termos de armamento, as primeiras tentativas


de ocupação da região de Makuana pelos portugueses comandados por Mouzinho de
Albuquerque, entre 1896 e 1897, fracassaram. Nesta resistência o destaque vai para os
chefes de Moma e Memba que se uniram na luta pela soberania e controlaram o
comércio e a costa litoral.

Também é de realçar o desempenho de resistência de: -os grandes Amuene Makua,


chefes de linhagem Makua: Mocutu-munu, Komala e Kuphula;

Os xeques Molid-Volay, Farelahi, Suali Bin Ali Ibraimo, que leva- ram a cabo uma
guerra popular que teve uma grande adesão do povo, devido em parte à grande coesão
que a estrutura social e ideológica de linhagem dava a essas uniões guerreiras,
estabelecidas em resultado das alianças clânicas.

Apesar das lutas locais, os portugueses obtiveram resultados positivos contra as


resistências também porque conseguiram alguma colaboração de alguns chefes
tradicionais que estavam em conflito com os estados esclavagistas da costa. Em 1905,
graças ao novo plano de ocupação militar, muitas unidades políticas foram destruídas
(reinos afro-islamizados e chefaturas locais).

No processo de ocupação militar de Cabo Delgado e Niassa, os portugueses primeiro


tentaram obter alguma aliança com os chefes locais através de tratados de vassalagem; a
finalidade destes trata- dos era permitir a reivindicação a nivel da diplomacia
internacional do Norte de Moçambique como território português. Assim, em 1890, os
portugueses tentaram montar uma expedição cujo objec- tivo era instalarem-se nas
terras de Mataka, mas foram derrotados. Apesar da derrota, foi possível a confirmação
das fronteiras norte como possessão portuguesa. Foi nesta base que, em 1891, os portu-
queses, considerando as terras de Mataka como suas, fizeram a entrega formal de Cabo
Delgado e do Niassa à administração da Companhia do Niassa.
A partir daí foi a Companhia do Niassa que levou a cabo as cam- panhas de ocupação
contra a resistência de Mataka no Niassa, de Mwaliya no Meto, em Cabo Delgado,
região de Namuno, Balama e Montepuez, resistência dos Macondes no planalto.

Resistências no Centro de Moçambique

No Centro de Moçambique, depois de uma longa e dura resistên- Cia dos chefes locais,
as forças militares portuguesas puderam final- mente dominar os senhores dos Prazos.

Barué surgiu como um Estado fortificado na sequência da desa- gregação do Estado dos
Mwenemutapas, tornando-se um Estado poderoso e fortemente armado resistiu as
invasões Naunie.

Notabilizou-se na actividade de resistência anticolonial. Porém, o seu ponto fraco eram


as constantes e sucessivas crises de sucessão. Entre 1870 e 1892, Barué esteve sob o
controlo de Gouveia, chefe do Estado de Gorongosa.

A razão que ditou o fim da independência do Estado de Barué em 1902 foi o ataque
perpetrado pelos portugueses com vista à elimina- ção da mesma. O Barué representava
uma séria ameaça aos inte- resses portugueses na região, dado o apoio e o incitamento
das for- mações sociais vizinhas na luta contra o avanço das forças coloniais. Tais
estados eram o Torwa, o Sena, o Gorongosa e o Mbu- rumatsenga.

No Centro de Moçambique, destacaram-se ainda vários líderes na resistência à


ocupação colonial, nomeadamente: Macombe, Hanga, Macossa, Mbuya, Nongue-
Nongue, Cadendere, Mataca.

Resistências no Sul de Moçambique

No sul do território de Moçambique a autoridade portuguesa só se tornou efectiva após


a derrota do Estado de Gaza entre 1894 - 1897, culminando com a prisão do rei
Gungunhana e dos seus cola- boradores.

Numa primeira fase, António Enes tentou enfrentar os Vátua do imperador Gungunhana
pela diplomacia política e económica. Gun- gunhana e o seu antecessor Muzila tinham
firmado contratos com a British South Africa Company e também com a metrópole de
Portu- gal. Mas anos depois foi a força das armas que levou ao início do fim de Gaza.

A 2 de Fevereiro de 1895, deu-se a batalha de Marracuene, onde os chefes locais se


insurgiram contra os portugueses. Depois da derrota dos chefes locais, estes refugiaram-
se nas terras de Gungu- nhana. Quando o imperador, o Leão de Gaza como era chamado
pelos militares portugueses, se recusou a entregar os seus chefes, os portugueses
avançaram sobre as suas terras.

Cronologia da resistência de Gaza, Sul de Moçambique


Data Acontecimento
1895 batalha de Marracuene
8 de Setembro de 1895 batalha em Magul, onde estava refugiado
o chefe Nuamantibjana
Outubro de 1895 esquadrilha portuguesa entra no vale do
Limpopo e submete Xai-Xai
7 de Novembro de 1895 batalha de Coolela
28 de Dezembro de 1895 Gungunhana é capturado por Mouzinho
de Albuquerque em Chaimite

O estado colonial português em Mocambique

O Estado colonial em Moçambique não foi simples nem linear. No Início debateu-se
com resistências e depois surgiram problemas de ordem administrativa e económica.
António Enes e Aires d¢ Ornelas são duas das figuras que mais contribuíram para a
montagem deste aparelho de Estado. Contudo, a montagem do Estado colonial não foi
alheia à queda da monarquia e ao Início do Estado Novo em Portugal.

A primeira reforma administrativa de Moçambique veio de António Enes enviado como


comissario para Moçambique. A sua tarefa era tornar efectiva a ocupação portuguesa e a
autoridade em todo o espaço territorial de Moçambique. Enes defendia a necessidade de
mudanças no sistema de administração colonial no território, apoiando-se na proposta
de descentralização.

"É em Moçambique que Moçambique deve ser governado." António Enes

A Conquista Militar

A Conquista Militar no Sul de Moçambique

A conquista e ocupação de Moçambique teve início no sul de Moçambique onde o


estado de Gaza pontificava como obstáculo para a implantação do domínio colonial não
só nesta região como em todo o país.
Nesta região as acções de conquista foram conduzidas pelos portugueses liderados por
Mouzinho de Albuquerque. Veja os principais momentos desse processo.

Tentativas de Implantação Político-Militar Portuguesa

Até 1885 a autoridade política portuguesa no Sul de Moçambique estava limitada a


região de Lourenço Marques.

Com a descoberta do ouro em Witwatersrand e o desenvolvimento do tráfego de trânsito


e da actividade mercantil no interior torna-se justificável o investimento pela
implantação política e administrativa, que era também uma imposição da Conferência
de Berlim.

Principais acções

 1886 – Indicado um Comissário-Residente no reino de Gaza.

 1888 – Os portugueses reafirmam os “termos de vassalagem” com os estados


situados entre Lourenço Marques e o Limpopo e o reino Maputo.

 Abertura de um posto militar em Angoane.

 1889 – Comissário Residente de Gaza elevado à categoria de Intendente-Geral.

 Nomeado Comissário-Residente para o reino Maputo.

Estas medidas eram, porém, insuficientes para permitir aos portugueses o controlo do
sul de Moçambique, principalmente devido ao número reduzido de soldados
portugueses na região. Assim, apesar dos tratados assinados incluírem a cobrança de
impostos, os portugueses não conseguiram cobrá-los, pelo menos até 1892. Por outro
lado, o trabalho migratório e o trânsito de mercadorias criaram novos problemas
administrativos e políticos para os portugueses.

A Competição Pela Mão-de-obra

A exportação da mão-de-obra provocou a escassez desta no sul de Moçambique,


originando uma forte concorrência pelo seu controlo.

Incapazes de concorrer com os salários pagos nas minas da África do Sul, os


comerciantes e autoridades coloniais portuguesas procuravam formas não económicas
para garantir o fornecimento de mão-de-obra aos empreendimentos locais.
Algumas Medidas

 Recurso aos chefes amigos para o fornecimento de mão-de-obra;

 Uso da autoridade política para normalizar o fornecimento da mão-de-obra.


Angoane tornou-se um verdadeiro posto de recrutamento.

A partir de 1889 as dificuldades de recrutamento aumentaram pois os homens


começaram a faltar, para além de não existir uma organização central de recrutamento
que pudesse controlar a concorrência. Para minimizar o problema foram adoptadas
algumas medidas, tais como:

 Colaboração entre os recrutadores e os cantineiros;

 Fornecimento de armas e munições;

 Rusgas.

O Plano de António Enes

Investido de plenos poderes para estabelecer a imagem portuguesa e o domínio efectivo


dominando as chefaturas que pretendiam manter-se independentes, António Enes
baseou a sua acção no seguinte:

 Fazer surgir pela força o prestígio português nos pequenos regulados;


 Fazer alianças com os chefes submetidos ou amedrontados para cercar Gaza e
dominar Ngungunhane, mas não romper as hostilidades até estabelecer um
dispositivo militar que permitisse agir com segurança.

A primeira etapa da conquista colonial foi Marracuene, que como muita dificuldade
conseguiram vencer. Em seguida Moamba e Matola aliaram-se aos portugueses e
atacaram Zilhalha e Magaia que se refugiaram em Gaza.

A Conquista de Gaza

O estado de Gaza era a principal ameaça ao plano de ocupação dos portugueses, pelo
que tornou-se alvo prioritário da conquista portuguesa.
Para materializar este objectivo, António Enes elaborou um plano para a ocupação de
Gaza que envolveu demarches diplomáticas e militares.

A nível diplomático, o plano de Enes consistiu no envio de emissários para


estabeleceram contactos com Ngungunhane com os seguintes objectivos:

 Convencer o rei de Gaza de que não haveria ataques ao seu território de modo a
impedir que se preparasse militarmente;

 Impedir a aliança do rei de Gaza com a Companhia de Moçambique, para a


cobrança de impostos no seu território;

 Evitar o estabelecimento de negociações com a British South África Company.

Enquanto decorriam os esforços diplomáticos os portugueses foram também se


preparando militarmente para o ataque.

Quando todos os preparativos para a intervenção militar se achavam concluídos os


portugueses decidiram atacar. Justificando o ataque como represália pela recusa de
Ngungunhane em entregar os chefes fugitivos, os portugueses lançaram o ataque em
três frentes:

 07 de Setembro de 1895 - uma coluna que partiu do sul travou com as tropas de
Ngungunhane a batalha de Magul, onde se encontrava Nhmantibjana.

 Outubro de 1895 – quadrilha de embarcações entra pelo Limpopo e submete


Bilene e Xai-Xai;

 07 de Novembro de 1895 – uma coluna parte de Inhambane e trava a batalha de


Coolela, com as tropas de Gaza, próximo da capital Mandlakazi que foi
incendiada.

Na sequência deste ataque o estado ficou desorganizado e Ngungunhane refugiou-se em


Chaimite com os seus chefes fiéis. A maioria dos outros chefes aliou-se aos
portugueses.
Em Dezembro de 1895, Mouzinho de Albuquerque, foi nomeado governador do distrito
militar de Gaza.

No final do mês de Dezembro, Mouzinho descobriu o esconderijo de Ngungunhane e


prendeu-o, levando-o para Lisboa, de onde foi deportado para os Açores, onde morreu
em 1911.

A prisão de Ngungunhane não pôs fim definitivo a resistência no estado de Gaza. O


exército de Gaza continuou a resistir sob a liderança de Maguiguane Cossa com o
objectivo de restaurar a monarquia e eliminar a dominação colonial.

A luta de Maguiguane que decorreu sob o lema “m’buiyseni” (tragam-no -


Ngungunhane- de volta) consistiu em emboscadas aos portugueses e a incitação da
população para a desobediência a todas exigências dos portugueses. Passado cerca de
um ano e meio, a 27 de Julho de 1897 as tropas de Maguiguane foram derrotadas pelo
exército português chefiado por Mouzinho de Albuquerque.

Mais a sul o reino Maputo foi conquistado em Fevereiro de 1896 e o seu rei, Nguanaze
refugiou-se na África do sul.

A Conquista do Centro de Moçambique

No centro de Moçambique, com um quadro político bastante heterogéneo, a conquista


foi levada a cabo pela companhia de Moçambique. Siga a lição para uma leitura de todo
o processo que conduziu a conquista e ocupação do centro de Moçambique.

A Situação Política nas Vésperas da Partilha

A região centro de moçambique apresentava-se nas vésperas da conquista bastante


heterogénea. Ao longo do Zambeze encontravam-se os Estados Militares do Vale do
Zambeze. Grande parte do sul das províncias de Manica e Sofala fazia parte do Estado
de Gaza e Bárue apresentava-se como o último resquício dos Mwenemutapa.

O quadro descrito reflectiu-se numa também variada capacidade de resposta a invasão


portuguesa. Por um lado, estes estados e reinos tinham uma grande capacidade militar,
graças ao comércio de escravos que lhes permitia a obtenção de armas e munições, por
outro lado, as rivalidades entre as diversas unidades políticas jogaram a favor dos
conquistadores.

A conquista no centro foi essencialmente obra da Companhia de Moçambique criada no


âmbito das concessões feitas ao capital internacional.

Criada a Primeira Companhia de Moçambique, em 1888, Paiva de Andrade,


administrador da campanhia, iniciou uma série de contactos com as aristocracias locais
mais influentes tentando obter concessões.

Dentro desses esforços em 1889 assinou um acordo com Gungunhane pelo qual
reconhecia à Companhia direitos mineiros em Manica. Contudo a presença portuguesa
no interior continuou muito frágil.

A ideia de que Manica era bastante rica em ouro originou, a partir de 1889, disputas
entre os portugueses e ingleses, que só foram ultrapassados com a assinatura do acordo
de fronteiras entre Portugal e Inglaterra de 27 de Junho de 1891. Durante este período a
questão da ocupação passou para segundo plano.

Terminados os conflitos entre Portugal e Inglaterra a Companhia de Moçambique


retomou os esforços para a ocupação das terras de Manica.

As principais acções nesse sentido:

1892 – Morte de Gouveia permite à companhia dominar Gorongosa após sufocar uma
revolta liderada por Cambwemba. Após a derrota Cambwemba reorganizou as suas
forças reforçando-as com camponeses.

1893 – Acordo entre a Companhia e o Estado de Gaza segundo o qual Gungunhane


renunciava aos impostos a norte do Save a favor da Companhia.

1893 – Os prazos de Tambara, Chiramba e ilhas vizinhas foram submetidos por uma
força chefiada por Paiva de Andrade. Uma expedição da Companhia e uma coluna
portuguesa, permitiram estender a cobrança do mussoco à área de Sena.
1895 – A Companhia organizou expedições militares ao Búzi e Moribane visando
impedir que se solidarizassem com Ngungunhana ora vítima das campanhas
portuguesas contra o Estado de Gaza.

1896 – Novas expedições em Moribane, Buzi, Save e Chichongue para extinguir a


influência Nguni e firmarem a autoridade da Companhia.

1896 – Uma força de 2000 homens liderados pelo filho de Cambuemba atacaram
Gorongosa e cercaram a residência do governador da Companhia, mas foi reprimida.
Em seguida Cambuemba assinou acordos com Massangano e Bárue para o
fornecimento de armas e em 1897 tinha um exército com 5 a 10 mil homens.

Maio de 1897 – Inicia o levantamento, tendo as forças de Cambuemba expulso os


portugueses dos prazos de Bandar, Tambara, Inharruca e Sone, e bloqueado a
navegação do Baixo Zambeze. Foram então enviados reforços de Portugal, Niassa, Tate
e Quelimane. As tropas de Cambuemba e seus aliados Gizi e Luís de Gorongoza foram
derrotados e estes obrigados a refugiar-se em Báruè.

A Revolta de Báruè

Após a queda dos estados militares, Báruè passou a ser o único estado, em Manica e
Sofala, fora do controlo dos portugueses.

Bárue foi produto da desagregação do Estado dos Mwenemutapa, que conseguiu resistir
à devastação dos nguni e às disputas com os estados militares vizinhos.

Entre 1870 e 1892 esteve sob controlo de Gouveia, que, depois de casar com andriana,
filha do macombe (rei) Chipapata, usurpou o poder e tentou submeter Chipapata. Para
reforçar o seu poder mandou construir aringas e fortificações pequenas onde instalou
forças chicunda. Para tentar legitimar o seu poder colocou as suas principais esposas nas
aringas mais importantes, donde lhe informavam sobre a situação. Contudo a oposição
manteve-se.

A prisão de Gouveia juntamente com Paiva de Andrade pelas forças da BSAC, em


1890, permitiu ao macombe Hanga, filho de Chipapata reagrupar as suas tropas e
restaurar independência do reino. Após libertado em 1891, Gouveia atacou Bárue com
um exército de cerca de 4000 homens, mas foi derrotado.

A partir deste acontecimento o prestígio de Bárue, como foco de resistência, aumentou


começando a preocupar a própria coroa portuguesa que decidiu intervir.

30 de Julho de 1902 – três pelotões de soldados portugueses e africanos e 2000 soldados


de reserva invadiram Báruè. As tropas africanas, comandadas por Hanga, Mafunda,
Cambuemba, Cabendere e outros foram derrotadas no final do ano e aí instalada a
administração colonial.

Razões da Derrota

 Elevado número de reforços vindos de Angola, Inhambane, Lourenço Marques e


norte de Moçambique;

 Inovações tecnológicas no armamento;

 Erros tácticos e deserções.

A derrota de 1902 não foi, contudo definitiva. Novas acções de resistência como os
levantamentos contra o mussoco, as fugas para fora do país e outras, continuaram a
registar-se. O ponto mais alto da resistência nesta fase foi atingido com a Revolta de
Báruè de 1917/8.

Causas

 1914 – o governo português mandou construir uma estrada ligando Tete a


Macequece passando por Báruè com a finalidade de conseguir maior controlo
administrativo do interior e facilidade de recrutamento de homens para a luta
contra os alemães (IGM).

 Milhares de camponeses foram recrutados para trabalhar nas obras em regime


forçado o Paralelamente, os camponeses estavam sujeitos a pagar impostos cada
vez mais altos.
 1916 – a situação agravou-se devido a decisão do governo português de recrutar
5000 homens para a guerra contra os alemães.

Face a estes acontecimentos os principais chefes de Báruè, nomeadamente, Nongué –


Nongué e Macossa decidiram reorganizar o exército para lutar contra os portugueses.

Estes chefes conseguiram juntar cerca de 15000 guerreiros e atrairam Gorongosa,


tauara, Nsenga, Tonga e grupos A-chicunda para a luta.

Os preparativos terminaram em 1916 com a formação de três frentes:

 Frente Sudeste – comandada por Macossa, apoiado por Ngaru, a frente dos
exércitos de Báruè, Sena, Tonga e Gorongosa, com a missão de capturar Sena e
destruir as propriedades da Companhia de Moçambique;

 Frente de Mungari-Tete – liderada por Nongué – Nongué e Cuedzania frente


do exército conjunto Báruè – Tauara;

 Frente noroeste – onde as tropas de Tauara, Nsenga e grupos Achicunda que


deviam expulsar os portugueses de Zumbo, Cachomba e Chicoa.

A rebelião começou em Março de 1917, espalhando-se rapidamente pelo Zumbo, Tonga


e Sena.

A revolta só foi reprimida em Novembro de 1920, devido:

 A Incorporação de soldados Nguni e de mercenários vindos da Rodésia do Sul;

 Conflitos e deserções entre os membros da elite da resistência.

Com a derrota de Báruè colocou-se ponto final à resistência primária armada contra a
ocupação colonial no centro de Moçambique.

A Conquista e Resistência no Norte de Moçambique

A conquista do norte foi especialmente marcada pela diversidade política da região.


Com efeito, ao longo da costa encontravam-se formações islamizadas. Nas terras do
interior existiam as confederações makua, em Nampula; os estados ajaua, no Niassa e
ainda as formações linhageiras, no planalto dos maconde.

Veja, a seguir, quais foram os territórios tomados pelos portugueses e as principais


figuras e/ou instituições envolvidas em todo o processo de conquista e ocupação.

A Situação Política nas Vésperas da Ocupação

No fim do século XIX o norte de Moçambique apresentava o seguinte quadro político:

 De Moma a Memba

Reinos afro-islâmicos da costa aliados as chefaturas macua dos Imbamela, Marravona e


Mulai e algumas tribos do interior mais próximo. Estes chefes, aliados entre si,
procuravam manter a todo o custo a sua autonomia.

 No interland da Ilha de Moçambique

Nos confins de Matibane localizava-se uma confederação de chefaturas dos makua


Namarrais, chefiada por Mucutumunu.

 De Memba a Messalo (vale do Lúrio) –

Chefaturas makua: Chaca, Eráti e Meto

 Planaltos do interior de Cabo Delgado;

Encontravam-se os macondes vivendo em linhagens e sem grandes chefes territoriais.


As aldeias eram independentes e ligadas por laços de parentesco.

 Actual província do Niassa

Estados yao ocupando a maior perte do território;

Camponeses nyanja nas margens do Lago; chefaturas Makua Lómuè e Chirima;

Neste período, os portugueses viviam instalados ao longo da costa: Ibo, Mussoril, Ilha
de Moçambique e Quelimane.

A Resistência e Conquista

A ocupação militar do norte pelos portugueses teve como base de partida as possessões
costeiras: a ilha de Moçambique, o Mussoril e a ilha do Ibo.
A ocupação efectiva do território teve início em 1895, tendo como palco a região do
interior frente a ilha de Moçambique, onde depararam com a resistência armada dos
guerreiros namarrais.

Estes guerreiros tinham a guerrilha como técnica de combate, usando o meio ecológico
como arma e evitando o confronto em campo aberto.

Conheciam duas técnicas militares consoante os objectivos ou o adversário:

 Wita: ataque de surpresa a pessoas isoladas ou pequenos grupos executado por


bandos de caçadores de escravos ou por um grupo de homens jovens para
aquisição de esposas, gado ou alimentos.

 Otiman (razia): ataque devastador a uma ou várias povoações, onde se voltava


por uma segunda vez para pilhagem.

Desde o século XVI os guerreiros do norte conheciam as armas de fogo que as


adquiriam em troca de escravos, contudo a sua utilização era limitada pela dificuldade
de obter munições.

A Ocupação de Nampula

As primeiras tentativas de ocupar Nampula foram conduzidas por Mouzinho de


Albuquerque, contra a região da makuana em 1896 e 1897.

Estas primeiras acções fracassaram por várias razões:

 Face a ofensiva colonial todos os chefes, de Moma a Memba, procuraram


adoptar uma estratégia comum contra a ocupação.

 Os grandes amuene makua (chefes dos chefes de linhagens) tais como Mucutu-
munu, Komala e Kuphula e os xeiques Molid-Volay, Faralay, Suali Bin
Ibrahimo (o “Marave”), souberam como classe dominante dirigir uma guerra
popular, devido a grande coesão social que a estrutura social e ideológica e
linhageira conferia a essas confederações guerreiras.

Em 1905, os portugueses esboçaram um novo plano de ocupação que consistia na


penetração em profundidade, seguindo os vales dos rios, por linhas perpendiculares à
costa.
Assim os portugueses obtiveram o apoio de alguns chefes tradicionais do interior que
estavam em conflito com os reinos esclavagistas da costa.

A Ocupação de Niassa e Cabo Delgado

A ocupação das actuais províncias de Cabo Delgado e do Niassa efectivou-se em quatro


fases:

1. Os portugueses partem do Ibo para o continente e tentam assinar tratados de


vassalagem dos chefes locais, de modo a reclamar diante dos seus concorrentes o norte
como seu. Com o avanço dos alemães a norte do Rovuma os portugueses lançaram uma
expedição militar contra Mataca que, apesar de derrotada permitiu aos portugueses a
confirmação da fronteira norte, em 1891.

2. Após a entrega formal dos territórios de Niassa e Cabo Delgado à Companhia de


Niassa (1891), tendo programado o início da ocupação para 1899, a Companhia lançou
neste ano expedições militares para ocupar várias regiões do interior. Assim:

 Em 1899 a Companhia destruiu a povoação do chefe Mataca e ergueu um posto


militar em Metarica;

 Entre 1900 e 1902 a companhia ocupou Messumba e Metangula.

Esta fase foi contudo interrompida pela forte resistência popular que levou a expulsão
dos representantes da Companhia de várias regiões entre o rio Lugenda e o Lago Niassa.

3. Depois de 1910, quando a Companhia consegiu mais dinheiro, reiniciou as acções


militares de ocupação, atacando sistematicamente o território do chefe Mataca e
destruindo aldeias. Foi intalado um posto militar em Oizulu e, em 1912, tentou-se a
ocupação total de Cabo Delgado e Niassa.

4. Depois da I Guerra Mundial e aproveitando os meios e as infraestruturas utilizados


durante aquele conflito os portugueses conseguiram penetrar no planalto de Mueda e
submeter os Macondes.

Assim terminava a resistência no norte de Moçambique e consumava-se a ocupação da


região.
A Montagem do Estado colonial potugues em Moçambique

A montagem do Estado colonial em Moçambique não foi simples nem linear. No início
debateu-se com resistências e depois surgiram problemas de ordem administrativa e
económica. António Enes e Aires d'Ornelas são duas das figuras que mais contribuíram
para a montagem deste aparelho de Estado. Contudo, a montagem do Estado colonial
não foi alheia à queda da monarquia e ao inicio do Estado Novo em Portugal.

A primeira reforma administrativa de Moçambique veio de Antó- nio Enes enviado


como comissário régio para Moçambique. A sua tarefa era tornar efectiva a ocupação
portuguesa e a autoridade em todo o espaço territorial de Moçambique. Enes defendia a
necessi- dade de mudanças no sistema de administração colonial no territó- rio,
apoiando-se na proposta de descentralização.

Descentralização, leis do trabalho forçado e do regime de trabalho contratado

Para Enes os concelhos deviam ser substituidos por circunscri- ções civis ou comandos
militares, mas apenas nas zonas onde ainda se registavam focos de resistência.

Havia uma necessidade crescente de encontrar uma forma de tirar o maior proveito
possível dos recursos existentes na colónia. Para isso, foi necessário que as autoridades
portuguesas locais tivessem amplos poderes para impor a autoridade e a lei aos nati-
vos, isto é, estabelecer a administração efectiva. E ainda criar meca- nismos para o
aproveitamento dos organismos politicos tradicio- nais locais, para impor a força do
chefe local africano e a obrigação geral do pagamento de impostos, criando leis do
trabalho forçado e do regime de trabalho contratado. A Lei do Trabalho concebida por
António Enes foi o primeiro passo para a unificação administrativa colonial.

Foi no final do século XIX, no âmbito das chamadas campanhas de pacificação, que se
definiram duas figuras fundamentais na mon- tagem do aparelho de Estado colonial.
Foram instituídos os comis- sários régios e as companhias majestáticas, ambos
detentores de amplos poderes.

A reorganização administrativa de 1907

A reorganização administrativa de 1907 de Aires d'Ornelas, um dos grandes obreiros da


administração colonial em Moçambique, apresentou novas propostas que sugeriam,
entre outras coisas, a ampliação dos poderes do governador, embora com alguns limites.
E deliberou um novo dispositivo legal com uma nova estrutura administrativa.
As circunscrições eram dirigidas por um administrador colonial português. Estas formas
de administração constituíam as unidades administrativas rurais fundamentais e
impostas em áreas habitadas por populações africanas.

Estas áreas eram divididas em postos, sob controlo de um chefe de posto português, o
funcionário administrativo mais próximo da população rural. Este chefe de posto
controlava através de chefes africanos, os régulos.

O régulo tinha funções ambiguas.

Por um lado, estava do lado e a proteger o seu povo, mas por outro tinha de prestar
contas à metrópole.

As funções dos régulos eram essencialmente:

 colectar os impostos;
 controlar o processo de recrutamento da força de trabalho para as plantações;
 dirigir o trabalho de chibalo;
 manter as vias de comunicação;
 julgar os casos de pequena instância (milandos);
 proteger o seu povo;
 assegurar o controlo da produção agrícola.

Outros contributos para a montagem do aparelho de Estado colonial

Todo o sistema administrativo criado tinha bem marcada a divi- são entre negros e
brancos. Lourenço Marques ganhou nesta reforma administrativa o estatuto de capital
da província da colónia de Moçambique.

No processo da montagem do Estado colonial, criou-se uma secretaria para os assuntos


nativos que se especializou na inventa- riação e catalogação da mão-de-obra para fora e
dentro do território de Moçambique.

Foi introduzida a carreira administrativa sistemática pela qual foram atribuídos amplos
poderes aos governadores. No entanto, esses governadores precisavam de ter um
conhecimento dos usos e costumes indigenas e a prática de serviço no interior do
território. Isto é, os governadores tinham de conhecer em profundidade Moçambique, as
suas gentes e os seus costumes, foi cada em 1902 a Intendência dos Negócios Indigenas
e Emi- gração, cuja função era a coordenação de todos os assuntos relacio- nados com
os indígenas. Algumas funções desta intendência:

 a inventariação da mão-de-obra;
 julgar e punir todos aqueles que fugissem do trabalho;
 fazer a gestão da força de trabalho;
 administrar a justiça, etc.

Houve um grande esforço por parte das autoridades administrati- vas coloniais de
legislar um conjunto de regulamentos laborais des- tinados aos negros, naquilo que
chamavam "a obrigação moral e legal dos nativos trabalharem" Foram os códigos de
trabalho de 1890, 1899, 1911, 1914 e 1920.

O Estado colonial também organizou metodicamente os seus aparelhos repressivos na


administração, no exército, na polícia, nos tribunais e nas prisões. A função destes
aparelhos repressivos da administração colonial era garantir, pela violência, a
disponibilidade da força de trabalho através de recenseamentos, impostos, etc.

A República em Portugal e o Estado Novo e as suas implicações no aparelho de


Estado colonial

Com o fim da monarquia constitucional em Portugal, em 1910, foi implantado o regime


republicano. A nova Constituição portuguesa de 1911 recomendou a descentralização
para as provincias ultrama- rinas e o estabelecimento de leis especiais que servissem ao
Estado de civilização de cada uma delas.

Com a chegada ao poder do Estado Novo, a politica de monta- gem do aparelho de


Estado colonial mudou completamente. Com o Acto Colonial (1930), o Estado Novo
centralizou o poder, acabou com o conceito de autonomia provincial e com toda a
legislação promulgada até então. No fundo, o Acto Colonial traduziu-se numa
centralização do poder concentrada no ministro das Colónias, em detrimento da acção
da Assembleia Nacional e dos governos.

A economia colonial Moçambique

A economia colonial em Moçambique foi caracterizada por dife- rentes formas de


actuação. As mais importantes foram a colecta de impostos e o desenvolvimento das
actividades especulativas, tais como a concessão de terras para as actividades agricolas,
mineiras e construção, baseadas na apropriação privada da terra.
A colecta de impostos compreendia o imposto de palhota e o imposto de mussoco que
juntos formavam o imposto indigena de todo o território. Para além destes impostos,
eram também cobra- dos os impostos das companhias (exemplo: imposto de Manica e
Sofala e o da Companhia de Moçambique).

O desenvolvimento de uma agricultura capitalista foi possivel graças à actuação das


companhias, sobretudo da Companhia de Moçambique que, com a sua politica
concessionária, atraia capitais e colonos para Moçambique, na base de uma exploração
de mão- -de-obra barata. Houve também um desenvolvimento considerável de pequenas
indústrias-satélite, tais como as do açúcar e algodão, bem como o desenvolvimento de
actividades baseadas na comer- cialização dos excedentes agrícolas da produção
comercial.

O surgimento da companhias

Na sequência do decreto de 1890, criaram-se várias companhias arrendatárias. Uma


delas foi a Companhia da Zambézia.

A adopção da política de cobranças compulsiva do imposto da palhota conduziu ao


despovoamento. Por volta de 1922, a fuga para a Niassalândia foi complementada com
fuga de grupos de Yao e Macua para o Tanganica, em resposta à nova política de
impostos. Sem gente e sem dinheiro, a companhia estava votada ao fracasso. Em 1929,
Salazar não renovou a concessão e extinguiu a companhia.

Companhia da Zambézia

A Companhia da Zambézia foi constituída em 1892 com direitos arrendatários. A sua


área até 1894 cobria cerca de 100 mil hectares de terra, que foram entregues à chefia de
Paiva de Andrade. O seu território ficava a norte da Companhia de Moçambique,
ocupando as terras de Chire, a fronteira com a Niassalândia e a Rodésia do Norte
(Zâmbia), às quais se juntavam as terras da margem direita do Zambeze, entre o Zumbo
e o Luenha (idêntica à actual provincia de Tete).

Ao longo dos anos, a companhia apoderou-se de áreas territo- riais no curso do


Zambeze. Acabou mesmo por ficar na posse de vários prazos da Coroa, quer em Tete
quer em Quelimane. Por volta de 1897, incluiu os prazos de Massingir, Milange, Lugela
e Lomué. A companhia, para além da posse das terras dos prazos no quadro da
legislação de prazos de 1890, passou também a controlar toda a força de trabalho e os
recursos naturais no seu território, bem como o monopólio do mercado sobre a
produção camponesa.

A origem da Companhia de Moçambique

Uma das mais importantes companhias foi a Companhia de Moçambique, que precedeu
outras companhias relevantes, tais como a Societé des Fondateurs de la Compagnie
Générale du Zam- bèze (1878-1879) e a Companhia de Ophir (1884).

Em 1888 é constituida a Companhia de Moçambique dotada de direitos de exploração


mineira. O seu capital inicial era de 200 mil libras e era chefiada por Paiva de Andrade,
coronel ao serviço da Coroa portuguesa em Moçambique. Os direitos de concessão da
companhia foram grafados numa carta concessionária, onde se determinava como
periodo de duração da exploração 45 anos; isto é, o contrato teria o seu fim no ano de
1942.

Em 1891, foram-lhe dados direitos majestáticos, passando a ser uma companhia


majestática de administração e exploração. Depois foi definitivamente vocacionada para
actuar nos territórios de Manica e Sofala.

O português Paiva de Andrade foi a figura mais notável no pro- cesso do


desenvolvimento desta companhia. A partir de Fevereiro de 1891, um diploma legal
português definiu a área e pressupostos administrativos importantes sobre a companhia:

 área: entre os prazos do Zambeze a norte e o rio Save a sul;


 sede na capital portuguesa, Lisboa;
 corpo directivo maioritariamente português;
 o Governo teria o direito de revisão dos estatutos;
 facilitação na compra de quotas de não-portugueses;
 a companhia podia fazer subconcessões de exploração.

O facto de a companhia poder fazer subconcessões originou a entrada de capital


estrangeiro nos seus capitais. Ao arrendarem subconcessões, os estrangeiros ganhavam
cada vez mais poder. Um cidadão inglês muito influente de nome Albert Ochs começou
a ter maior controlo sobre a companhia. Durante a década de 90 o dominio da
administração inglesa na companhia era maioritário.
O Sul e o trabalho migratório

Uma das principais caracteristicas do sistema colonial português era o seu carácter de
dependência em relação ao capital estran- geiro. Em 1880, essa dependência continuava,
sobretudo, nos terri- tórios que o Estado português tinha de administrar, como a zona
abaixo do rio Save.

Portugal transformou-se num Estado dependente e a economia moçambicana numa


economia de prestação de serviços. Moçambique era a principal reserva de força de tra-
balho para o mercado da África Aus- tral e um campo aberto ao investi- mento
internacional.

A partir de finais do século XIX, a mão-de-obra moçambicana e a sua exportação para


os centros mais avan- çados da acumulação capitalista na África do Sul tornou-se uma
das características mais importantes da história colonial do pais.

Mão-de-Obra

A emigração de moçambicanos do sul do save para os territórios vizinhos,


especialmente para os que hoje formam a república da África do Sul, teve início nos
meados do século XIX como resultado de imperativos económicos, políticos e sociais
internos e a expansão do capital mineiro sul-africano.

O recrutamento da mão-de-obra moçambicana para a África do Sul foi confiado à


WENELA, organização da câmara das minas que detinha o monopólio do recrutamento
em Moçambique. Este monopólio foi obtido por meio de um acordo secreto com as
autoridades portu- guesas em 1901 e confirmado mais tarde na Convenção de 1909.
Esta organização proporcionava à indústria mineira um forneci- mento constante de
trabalhadores, bem como o controlo sobre o número de trabalhadores recrutados, em
conformidade com as necessidades de cada momento.

Os acordos sobre o trabalho: 1867, 1897, 1901, 1909 e 1928

A partir de 1867, com a crescente saída de mão-de-obra moçam- bicana para a África do
Sul, Portugal sentiu necessidade de regula- mentar o sector. Nesse sentido publicou
alguns acordos sobre o tra- balho.
1867 Os governos de Natal (África do Sul) e de Portugal estabeleceram um acordo que
permitia a saida voluntária de trabalhadores, a partir de Lourenço Marques por via
maritima;

foi alargado em 1875 no sentido de permitir aos moçambicanos trabalharem na


provincia do Cabo.

1897

O primeiro estatuto regulamentado sobre a migração de trabalhadores para o Transvaal


foi estabelecido pelo governador colonial de Moçambique, Mouzinho de Albuquerque.
Este estatuto estabelecia a função de curador, cujo titular tinha como competências
dirigir e controlar os "nativos" moçambicanos na África do Sul.

-neste mesmo ano foi criada a Witwatersrand Native Labour Association, WENELA

Em 1901

O recrutamento de trabalhadores moçambicanos foi interrompido quando começou a


guerra Anglo-Boer (1899-1902).

Segundo os novos regulamentos assinados pelos ingleses, depois de estes terem


assumido o controlo do Transvaal, e como resultado de pressão por parte dos colonos
em Moçambique, o período de contrato foi limitado a um ano.

Foi permitido à WENELA gerir o monopólio de recrutamento no Sul de Moçambique.

Em 1909

Nesta data foi oficialmente assinada a primeira Convenção entre Moçambique e o


Transvaal e o recrutamento de mão-de-obra.

A Convenção estabelecia o seguinte:

a) A manutenção de uma "zona de competência" da parte de Lourenço Marques em


relação à área do Rand; a garantia de que 50% do tráfego dessa area pas- saria pelo
porto de Lourenço Marques;
b) o estabelecimento de uma comissão mista para a coordenação dos dois sistemas
ferroviários; e o sistema de tari- fas ferroviárias;
Em 1928

Este acordo que devia vigorar durante dez anos incluía os seguintes pontos prin- cipals:

a) Mantinha em vigor todos os acordos anteriores no que diz respeito ao porto de


Lourenço Marques, nomeadamente o que estabelecia que 50% das importa- ções por
mar dirigidas à "zona de competência" do Rand, e que seriam feitas através de
Lourenço Marques,
b) O período de contrato era de 12 meses, extensiveis por mais 6 meses, e era proibido
voltar a empregar os trabalhadores antes destes terem passado, pelo menos, 6 meses
em Moçambique, depois de cada contrato;
c) Estabelecia um sistema de pagamento diferido obrigatório, nos termos do qual uma
parte dos salários era entregue à Curadoria e pago aos trabalhadores depois do seu
regresso a Moçambique;
d) Estipulava que o número de moçambicanos nas minas fosse reduzido para 80 mil
mineiros até 1933. Impôs o repatriamento compulsivo depois desse período e
proibia a celebração de um novo contrato durante os seis meses seguintes
Conclusão

Cheguei a conclusão que o processo de ocupação de africa não foi fácil, os bravos povos
africanos resistiram e os Moçambicanos não fora exceção. Com tudo, com vem
distinguir as varias resistências registadas em Moçambique. As resistências a norte de
Moçambique foram fortes e violentas, mais acabaram por serem vencidas, quer por
confronto, quer por aliança por chefes locais, já no centro de Moçambique depois de
uma longa e dura resistência dos chefes locais, as forças militares portuguesas poderem
finalmente denominar os senhores dos prazos. No sul do território de Moçambique
autoridade portuguesa só se tornou efetiva após a derrota de Gaza entre 1894 a 1897
cominando com a prisão do rei Gungunhana e dos seus colaboradores.

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