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O Desemvolvimento da Criança dos 2 aos 7 anos.

O Período Pré-Operatório

O período pré-operatório realiza a transição entre a inteligência propriamente sensório-


motora e a inteligência representativa. Essa passagem não ocorre através de mutação
brusca, mas de transformações lentas e sucessivas. Ao atingir o pensamento
representativo a criança precisa reconstruir o objeto, o tempo, o espaço, as categorias
lógicas de classes e relações nesse novo plano da representação. Tal reconstrução
estende-se dos dois aos doze anos, abrangendo os estádios pré-operatório e operatório
concreto. A primeira etapa dessa reconstrução, que Piaget denomina período pré-
operatório, é dominada pela representação simbólica. A criança não pensa, no sentido
estrito desse termo, mas ela vê mentalmente o que evoca. Para o psicólogo suíço, o
desenvolvimento da linguagem está condicionado ao desenvolvimento da inteligência. 

O surgimento da linguagem, portanto, indica que o pensamento da criança ganhou


agilidade. Isto pois ela está ávida por descobrir como o mundo se organiza e é capaz de
tecer as primeiras hipóteses. Não à toa, esta é a fase dos “por quês”.

O mundo para ela não se organiza em categorias lógicas gerais, mas distribui-se em
elementos particulares, individuais, em relação com sua experiência pessoal. O
egocentrismo intelectual é a principal forma assumida pelo pensamento da criança neste
estádio. Seu raciocínio procede por analogias, por transdução, uma vez que lhe falta a
generalidade de um verdadeiro raciocínio lógico. O advento da capacidade de
representação vai possibilitar o desenvolvimento da função simbólica, principal
aquisição deste período, que assume as suas diferentes formas a linguagem, a imitação
diferida, a imagem mental, o desenho, o jogo simbólicocompreendidas como diferentes
meios de expressão daquela função. Para Piaget a passagem da inteligência sensório-
motora para a inteligência representativa se realiza pela imitação. Imitar, no sentido
estrito, significa reproduzir um modelo. Já presente no estádio sensório-motor, a
imitação só vai se interiorizar no sexto subestádio, quando a criança pode praticar o
“faz-de-conta”, agir “como se”, por imitação deferida ou imitação interiorizada.
Interiorizando-se a imitação, as imagens elaboram-se e tornam-se substitutos dos
objetos dados à percepção. O significante é, então, dissociado do significado, tornando
possível a elaboração do pensamento representativo. A inteligência tem acesso, então,
ao nível da representação, pela interiorização da imitação (que, por sua vez, é favorecida
pela instalação da função simbólica). A criança tem acesso, dessa forma, à linguagem e
ao pensamento. Ela pode elaborar, igualmente, imagens que lhe permitem, de certa
forma, transportar o mundo para a sua cabeça.

Dos 2 e 5 anos

Entre 2 e 5 anos, aproximadamente, a criança adquire a linguagem e forma, de alguma


maneira, um sistema de imagens. Entretanto, a palavra não tem ainda, para ela, o valor
de um conceito; ela evoca uma realidade particular ou seu correspondente imagístico.
Tendo que reconstruir o mundo no plano representativo, ela o reconstrói a partir de si
mesma. O egocentrismo intelectual está no auge no decurso dessa etapa. A dominação
do pensamento por imagens encerra a criança em si mesma. O pensamento imagístico
egocêntrico, característico desta fase, pode ser observado no jogo simbólico, no qual a
criança transforma o real ao sabor das necessidades e dos desejos do momento. O real é
transformado pelo pensamento simbólico, na medida em que o jogo se desenvolve, ao
sabor das exigências do desejo expresso no e pelo jogo. É por isso que Piaget considera
o jogo simbólico como o egocentrismo no estado puro. Um pensamento assim
dominado pelo simbolismo essencialmente particular, pessoal e, por isso,
incomunicável, não é um pensamento socializado. Ele não repousa em conceitos, mas
no que Piaget chama pré-conceitos, que são particulares, no sentido em que evocam
realidades particulares, tendo seu correlato imagístico ou simbólico próprio à
experiência, de cada criança.

Dos 5 e 7 anos

Entre os 5 e 7 anos, período geralmente chamado de “intuitivo”, ocorre uma evolução


que leva a criança, pouco a pouco, à maior generalidade. Seu pensamento agora repousa
sobre configurações representativas de conjunto mais amplas, mas ainda está dominado
por elas. A intuição é uma espécie de ação realizada em pensamento e vista
mentalmente: transvasar, encaixar, seriar, deslocar etc. ainda são esquemas de ação aos
quais a representação assimila o real. Mas a, intuição é, também, por outro lado, um
pensamento imagístico, versando sobre configurações de conjunto e não mais sobre
simples coleções sincréticas, como no período anterior.
O pensamento da criança entre dois e sete anos é dominado pela representação
imagística de caráter simbólico. A criança trata as imagens como verdadeiros substitutos
do objeto e pensa efetuando relações entre imagens. A criança é capaz de, em vez de
agir em atos sobre os objetos, agir mentalmente sobre seu substituto ou imagem, que ela
nomeia. Proveniente da interiorização da imitação, a representação simbólica possui o
caráter estático da imitação, motivo pelo qual versa, essencialmente, sobre as
configurações, por oposição às transformações. Com a instalação das estruturas
operatórias do período seguinte, a imagem vai ser subordinada às operações. Na
passagem da ação sensório-motora para a representação, pela imitação, é possível
apreender melhor as ligações entre as operações e a ação, tornando mais compreensível
a origem de certos distúrbios dos processos figurativos: espaço, tempo, esquema
corporal etc.

 2 anos: corre com certa segurança, sobe em móveis, ao manusear um livro ou


uma revista consegue virar uma página de cada vez, forma pequenas frases, abre
portas, sobe e desce escadas sem apoio, indica quando precisa ir ao banheiro.

 3 anos: consegue andar de velocípede, vai ao banheiro sozinha, faz perguntas


com frequência, conta até 10, sabe formar o plural de algumas palavras,
reconhece algumas cores.

 4 anos: consegue pular em um pé só, aprende a atirar bolas, sabe lavar as mãos e
o rosto, sobe e desce escadas alternando os pés.

 5 anos: consegue agarrar uma bola atirada por outra pessoa, desenha pessoas,
sabe pular, sabe colocar a própria roupa e também se despir, conhece um
número maior de cores.

 6 anos: sabe escrever o seu próprio nome, caminha em linha reta, apresenta fala
fluente (usa tempos verbais, plurais e pronomes corretamente), tem capacidade
de memorizar histórias, começa a aprender verdadeiramente a compartilhar,
começa a demonstrar interesse em saber de onde vêm os bebês.

Segundo Vygotsky
Vygotsky sugere a Lei Geral do Desenvolvimento Cultural, em que este
desenvolvimento cultural do sujeito surge primeiro num plano social e posteriormente
num plano psicológico. Nesta perspectiva, surge o conceito fundamental de Zona
Proximal. Para este autor a cognição não é um processo de descoberta individual, mas
sim uma actividade social, com os pais, professores e crianças, que motivam, orientam e
estruturam a aprendizagem da criança.

Uma criança é um aprendiz do pensamento, cujo crescimento intelectual é estimulado e


orientado pelos outros membros da sociedade com mais capacidade. Com a ajuda de
outros, as crianças aprendem a pensar através de uma participação guiada nas
experiências sociais e descobertas do seu próprio universo (Berger, 2004). Para
Vygotsky, no desenvolvimento de cada pessoa existe uma Zona de Desenvolvimento
Proximal, isto é, um conjunto de capacidades que uma pessoa pode treinar ou realizar
com ajuda, pois ainda não está preparada para o realizar de forma independente.

Primeiros contatos

A aquisição da linguagem traz mudanças nos campos cognitivo, social e afetivo da


criança. Assim, graças à linguagem, ela começa a estabelecer seus primeiros contatos
com outros indivíduos.

No entanto, é um estágio ainda muito inicial. A criança ainda não desenvolveu a


capacidade de imaginar uma realidade desconectada da existência dela própria. Ou seja,
esquemas conceituais e lógica ainda não se fazem presentes neste estágio do
pensamento. É por esse motivo que ela atribui, por exemplo, características humanas a
brinquedos, animais de estimação e plantas.

Formas de linguagem 

Outra coisa comum é o que Piaget chama de linguagem egocêntrica: aquela em que
criança conversa com si mesma. Sem dúvida, nos estágios iniciais do desenvolvimento
pré-operatório, essa forma de linguagem se destaca. 

Com o passar do tempo, cresce o que ele chama de linguagem socializada – que tem a
finalidade específica de estabelecer comunicação com o outro. Dessa forma, à medida
que a criança cresce, a forma socializada se sobrepõem à egocêntrica.
Os adultos

Nesta fase, a criança nutre sentimentos contraditórios em relação aos adultos que a
cercam. Isto porque pais e professores inspiram tanto amor, quanto temor. A vontade
desses adultos se torna o critério principal para definição entre o que é bom e o que é
mau. 

A escrita

A base para a aquisição da escrita, que só acontecerá na fase seguinte, é estabelecida


nesse estágio pré-operatório. Ela é formada pelo desenvolvimento da coordenação
motora fina. 

A criança adquire a habilidade de fazer o movimento de pinça com os dedos, o que vai
lhe permitir segurar o lápis para iniciar o processo de escrita.

As Brincadeiras

A fantasia ainda reina no campo das brincadeiras. O faz-de-conta e a atribuição de


significados a objetos dominam este período. É por isso que cabos de vassoura se
tornam cavalos, tampas de panelas viram volantes de carros e baldes viram tambores,
por exemplo.

 A contação de histórias é importantíssima. Ao ouvi-las, a criança exercita o


poder de fantasiar e criar o contexto das personagens. 
 Os estímulos, portanto, são fundamentais. Além de contar histórias, vocês deve
permitir que seu filho ou filha brinque com os objetos para transformá-los em
sua imaginação e, dessa forma, conhecê-los.
 A criança chega ao final deste período com a maturação neurofisiológica
completa, per- mitindo o desenvolvimento de várias habilidades, coordenação
motora fina, conseguindo pegar objetos com a ponta do dedo, a habilidade da
escrita é um exemplo deste desenvol- vimento, culminando com a idade escolar.

Pré-Operacional

O período pré-operacional, acontece entre dois a sete anos. É chamado assim porque a
criança carrega significações do período anterior, tendo conceitos iniciais confusos, mas
em constante construção de ideias lógicas (RAPPAPORT, 1981). A criança nesta fase,
ainda é egocêntrica, tendo a noção de que o mundo é feito para ela, e voltado para seus
desejos, limitando-a a realizar trocas intelectuais, visto que ainda não possui referências
para o diálogo, irritando-se facilmente quando contrariada (LA TAILLE, 1992). Uma
característica que também perpassa pelo pensamento egocêntrico da criança é o
animismo, no qual ela acredita que a natureza é viva, e age juntamente com ela
(PIAGET, 1964). Por exemplo, quando a criança bate em uma mesa, ela acredita que a
culpada é a mesa e não ela. “No nível em que a criança anima os corpos exteriores
inertes, ela materializa, em compensação, o pensamento e os fenômenos mentais”
(PIAGET, 1964, p.325), no entendimento de Piaget (1964), estes episódios acontecem
devido à falta de noção do eu. O egocentrismo explica a confusão que ata o real e o
imaginário para a criança, não tendo certeza em que plano certas ações acontecerão,
gerando certa confusão referente aos fatos (PAPALIA, 2006). Com isso, o pensamento
da criança no limiar do período préoperatório é estático e muito concreto, sendo assim
figurado, pois a criança foca no objeto e não em suas transformações. Segundo Piaget,
“toda a casualidade, desenvolvida na primeira infância, participa das mesmas
características de: indiferenciação entre o psíquico e o físico e egocentrismo intelectual”
(PIAGET, 1999, p.32), mas também pode ser dinâmico no aspecto operativo onde as
ações e transformações se correlacionam.

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