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NÍVEIS ESTRUTURAIS DA LINGUAGEM ESCRITA, SEGUNDO EMÍLIA palavras, desde que essas palavras ou histórias façam algum sentido

u histórias façam algum sentido para elas. Os


FERREIRO “erros” das crianças podem ser trabalhados, ao contrário do que a maioria das
escolas pensam, esses “erros” demonstram uma construção, e com o tempo vão
1) Nível Pré-Silábico- não se busca correspondência com o som; as hipóteses das diminuindo, pois as crianças começam a se preocupar com outras coisas (como
crianças são estabelecidas em torno do tipo e da quantidade de grafismo. A criança ortografia) que não se preocupavam antes, pois estavam apenas descobrindo a
tenta nesse nível: escrita.
diferenciar entre desenho e escrita utilizar no mínimo duas ou três letras para
poder escrever palavras reproduzir os traços da escrita, de acordo com seu contato O desenvolvimento infantil de 0 a 6 anos
com as formas gráficas (imprensa ou cursiva), escolhendo a que lhe é mais
familiar para usar nas suas hipóteses de escrita percebe que é preciso variar os Tendo em vista a proposta do atendimento à criança na Educação Infantil que
caracteres para obter palavras diferentes. engloba os aspectos funcionais e relacionais, é necessário que a escola e o
educador conheçam os diferentes momentos do desenvolvimento da criança de 0 a
2) Nível Silábico- pode ser dividido entre Silábico e Silábico Alfabético:Silábico- 6 anos.
a criança compreende que as diferenças na representação escrita está relacionada Segundo Wallon (1934), a criança deve ser estudada na sucessão das etapas de
com o “som” das palavras, o que a leva a sentir a necessidade de usar uma forma desenvolvimento caracterizadas pelos domínios funcionais da afetividade, do ato
de grafia para cada som. Utiliza os símbolos gráficos de forma aleatória, usando motor e do conhecimento, entendidos como sendo desenvolvidos primordialmente
apenas consoantes, ora apenas vogais, ora letras inventadas e repetindo-as de pelo meio social.
acordo com o número de sílabas das palavras.Silábico- Alfabético- convivem as
formas de fazer corresponder os sons às formas silábica e alfabética e a criança Os estágios do desenvolvimento propostos por Wallon (1934) têm início na vida
pode escolher as letras ou de forma ortográfica ou fonética. intra-uterina, caracterizada por uma simbiose orgânica. Após o nascimento,
apresenta-se o estágio impulsivo- emocional no qual prevalece a emoção,
3)Nível Alfabético- a criança agora entende que: caracterizado como o período da simbiose afetiva. No período seguinte, que vai
a sílaba não pode ser considerada uma unidade e que pode ser separada em até os 2 anos de idade, a criança encontra-se no estágio sensório-motor e projetivo,
unidades menores a identificação do som não é garantia da identificação da letra, o voltando-se para a exploração do mundo físico. Gradualmente, com a aquisição da
que pode gerar as famosas dificuldades ortográficas a escrita supõe a necessidade marcha e da linguagem, a criança apresenta modificações no seu padrão de
da análise fonética das palavras Smolka1 diz que podemos entender o processo de interação com o mundo.
aquisição da escrita pelas crianças sob diferentes pontos de vista: o ponto de vista
mais comum onde a escrita é imutável e deve se seguir o modelo “correto” do A partir dos 3 anos, ocorre o estágio do personalismo, momento da constituição do
adulto; o ponto de vista do trabalho de Emília Ferreiro onde escrita é um objeto de eu, no qual a criança em seu confronto com o outro passa por uma verdadeira crise
conhecimento, levando em conta as tentativas individuais infantis; e o ponto de de personalidade, caracterizada pelas mudanças nas suas relações com o seu
vista da interação, o aspecto social da escrita, onde a alfabetização é um processo entorno e pelo aparecimento de novas aptidões. Wallon (1953) considera esse
discursivo. Cabe a nós pedagogos pensar nesses três pontos de vista e construir o estágio, que vai até os 6 anos de idade, como sendo muito importante para a
nosso.Coloca a autora ainda que para a alfabetização ter sentido, ser um processo formação da personalidade.
interativo, a escola tem que trabalhar com o contexto da criança, com histórias e
com intervenções das próprias crianças que podem aglutinar, contrair, “engolir”
Nesse sentido, considerando a idade compreendida na Educação Infantil, O terceiro período, o da imitação, por volta dos 5 anos, é marcado por uma
ressaltam-se as características desse momento do desenvolvimento da criança reaproximação ao outro, manifestada pelo gosto por imitar, que possui um papel
como forma de oferecer subsídios para a atuação do educador e do psicólogo essencial na assimilação do mundo exterior. O professor deve observar que sua
escolar nesse contexto. Parte-se do princípio da necessidade de que a escola e figura geralmente desperta o desejo de identificação no aluno, devendo estar
todos aqueles envolvidos com a Educação Infantil tenham consciência de que suas consciente de tal fato para estabelecer sua conduta. Wallon (1939) entende a
ações têm conseqüências não só no momento atual do desenvolvimento da criança, imitação como uma “necessidade de identificar-se com a realidade percebida para
como também nos posteriores. É também nesse momento que a criança está mais identificá-la melhor” (p.231).
propensa à formação de complexos, ou seja, atitudes que podem marcar de forma
prolongada seu comportamento em relação ao meio (Deldine & Vermeulen, 1999; A partir dessas considerações, verifica-se que a Educação Infantil possui um papel
Mahoney, 2002). importantíssimo na formação da personalidade da criança, visto que permite a sua
adaptação à vivência em comunidade, em grupos que vão além dos limites
Ao ingressar na escola, a família ainda se constitui no grupo por excelência para a familiares, e contribui para a formação do eu psíquico. A escola pode estimular o
criança. No entanto, a escola proporciona uma diversificação dos grupos nos quais desenvolvimento de valores saudáveis nas interações, tais como a cooperação, a
a criança poderá se inserir. O papel do grupo formado por crianças da mesma solidariedade, o companheirismo e o coletivismo. As atividades em grupo devem
idade passa a ser o de favorecer a aprendizagem social, ou seja, o convívio com os alternar-se com atividades individuais fazendo assim uso das alternâncias comuns
padrões e regras sociais. Durante esse estágio, o grupo permitirá à criança nesse estágio para promover o desenvolvimento de mais recursos de personalidade
diferenciar-se dos outros e descobrir sua autonomia e sua originalidade (Wallon, (Wallon, 1937).
1953).
As etapas de desenvolvimento das crianças dentro da concepção de Piaget são de
O estágio do personalismo divide-se em três períodos distintos, todos com o extrema valia para o entendimento da atividade lúdica e seus efeitos na infância.
objetivo de tornar o eu mais independente e diversificado. Os períodos de desenvolvimento são:

São eles: período da negação, idade da graça e período da imitação. • Período sensório-motor (0 a 2 anos): o desenvolvimento ocorre a partir da
atividade reflexa para a representação e soluções sensório-motoras dos problemas
No primeiro, o da negação, surge na criança a necessidade de se auto-afirmar, de
impor sua visão pessoal e lutar para fazer prevalecer sua opinião. • Período Pré-Operacional (2 a 7 anos): aqui o desenvolvimento ocorre a partir da
representação sensório-motora para as soluções de problemas e segue para o
No período seguinte, o da idade da graça, por volta dos quatro anos de idade, a pensamento pré-lógico
criança desenvolve maneiras de ser admirada e chamar a atenção para si através da
sedução, com uma necessidade de agradar cujo objetivo é obter a aprovação dos • Período Operacional Concreto (7 a 11 anos): O desenvolvimento vai do
demais. A criança passa a se considerar em função da admiração que acredita pensamento pré-lógico para as soluções lógicas de problemas concretos
poder despertar nas pessoas. Ressalta-se a importância da oferta de oportunidades
de expressão espontânea da criança, através de atividades como a música, a dança, • Período de Operações Formais (11 a 15 anos): A partir de soluções lógicas de
artes, etc. Exercitar na criança as habilidades de representação do seu meio, ou problemas concretos para as soluções lógicas.
seja, através do faz-de-conta ou do uso da linguagem, contribui para que ela
adquira uma precisão maior na expressão de seu eu (Galvão, 1992).
Aprendendo a observar os desenhos e as produções artísticas: desenho e a percepção pelo adulto. Ao prazer do gesto associa-se o prazer da
inscrição, a satisfação de deixar a sua marca. Os primeiros rabiscos são quase
Descoberta de um universo – A evolução do desenho infantil Thereza Bordoni sempre efetuados sobre livros e folhas aparentemente estimados pelo adulto,
possessão simbólica do universo adulto tão estimado pela criança pequena.
“Antes eu desenhava como Rafael, mas precisei de toda uma existência para
aprender a desenhar como as crianças”.(Picasso) Ao final do seu primeiro ano de vida, a criança já é capaz de manter ritmos
regulares e produzir seus primeiros traços gráficos, fase conhecida como dos
Os primeiros estudos sobre a produção gráfica das crianças datam do final do rabiscos ou garatujas ( termo utilizado por Viktor Lowenfeld para nomear os
século passado e estão fundados nas concepções psicológicas e estéticas de então. rabiscos produzidos pela criança).
É a psicologia genética, inspirada pelo evolucionismo e pelo princípio do
paralelismo da filogênese com a ontogênese que impõe o estudo científico do O desenvolvimento progressivo do desenho implica mudanças significativas que,
desenvolvimento mental da criança (Rioux, 1951). no início, dizem respeito à passagem dos rabiscos iniciais da garatuja para
As concepções de arte que permearam os primeiros estudos estavam calcadas em construções cada vez mais ordenadas, fazendo surgir os primeiros símbolos Essa
uma produção estética idealista e naturalista de representação da realidade. Sendo passagem é possível graças às interações da criança com o ato de desenhar e com
a habilidade técnica, portanto, uma fator prioritário. Foram poucos os desenhos de outras pessoas. Na garatuja, a criança tem como hipótese que o
pesquisadores que se ocuparam dos aspectos estéticos dos desenhos infantis. desenho é simplesmente uma ação sobre uma superfície, e ela sente prazer ao
Luquet (1927 – França) fala dos ‘erros’ e ‘imperfeições’ do desenho da criança constatar os efeitos visuais que essa ação produziu. No decorrer do tempo, as
que atribui a ‘inabilidade’ e ‘falta de atenção’, além de afirmar que existe uma garatujas, que refletiam sobretudo o prolongamento de movimentos rítmicos de ir
tendência natural e voluntária da criança para o realismo. e vir, transformam-se em formas definidas que apresentam maior ordenação, e
podem estar se referindo a objetos naturais, objetos imaginários ou mesmo a
Sully vê o desenho da criança como uma ‘arte embrionária’ onde não se deve outros desenhos.
entrever nenhum senso verdadeiramente artístico, porém, ele reconhece que a
produção da criança contém um lado original e sugestivo. Sully afirma ainda que Na evolução da garatuja para o desenho de formas mais estruturadas, a criança
as crianças são mais simbolistas do que realistas em seus desenhos (Rioux, 1951). desenvolve a intenção de elaborar imagens no fazer artístico. Começando com
São os psicólogos portanto, que no final do século XIX descobrem a originalidade símbolos muito simples, ela passa a articulá-los no espaço bidimensional do papel,
dos desenhos infantis e publicam as primeiras ‘notas’ e ‘observações’ sobre o na areia, na parede ou em qualquer outra superfície. Passa também a constatar a
assunto. De certa forma eles transpõem para o domínio do grafismo a descoberta regularidade nos desenhos presentes no meio ambiente e nos trabalhos aos quais
fundamental de Jean Jacques Rousseau sobre a maneira própria de ver e de pensar ela tem acesso, incorporando esse conhecimento em suas próprias produções. No
da criança.As concepções relativas a infância modificaram-se progressivamente. A início, a criança trabalha sobre a hipótese de que o desenho serve para imprimir
descoberta de leis próprias da psique infantil, a demonstração da originalidade de tudo o que ela sabe sobre o mundo. No decorrer da simbolização, a criança
seu desenvolvimento, levaram a admitir a especificidade desse universo. incorpora progressivamente regularidades ou códigos de representação das
imagens do entorno, passando a considerar a hipótese de que o desenho serve para
A maneira de encarar o desenho infantil evolui paralelamente. imprimir o que se vê.

Modo de expressão próprio da criança, o desenho constitui uma língua que possui
vocabulário e sua sintaxe. Percebe-se que a criança faz uma relação próxima do
É assim que, por meio do desenho, a criança cria e recria individualmente formas 1. Estagio vegetativo motor: por volta dos 18 meses, o traçado e mais ou menos
expressivas, integrando percepção, imaginação, reflexão e sensibilidade, que arredondado, conexo ou alongado e o lápis não sai da folha formando turbilhões.
podem então ser apropriadas pelas leituras simbólicas de outras crianças e adultos. 2. Estagio representativo: entre dois e 3 anos, caracteriza-se pelo aparecimento de
formas isoladas, a criança passa do traço continuo para o traço descontinuo, pode
O desenho está também intimamente ligado com o desenvolvimento da escrita. haver comentário verbal do desenho.
Parte atraente do universo adulto, dotada de prestigio por ser “secreta”, a escrita 3. Estagio comunicativo: começa entre 3 e 4 anos, se traduz por uma vontade de
exerce uma verdadeira fascinação sobre a criança, e isso bem antes de ela própria escrever e de comunicar-se com outros. Traçado em forma de dentes de serra, que
poder traçar verdadeiros signos. Muito cedo ela tenta imitar a escrita dos adultos. procura reproduzir a escrita dos adultos.
Porém, mais tarde, quando ingressa na escola verifica-se uma diminuição da
produção gráfica, já que a escrita ( considerada mais importante) passa a ser Em uma análise Piagetiana, temos:
concorrente do desenho.
1. Garatuja: Faz parte da fase sensório motora ( 0 a 2 anos) e parte da fase pré-
O desenho como possibilidade de brincar, o desenho como possibilidade de falar operacional (2 a 7 anos). A criança demonstra extremo prazer nesta fase. A figura
de registrar, marca o desenvolvimento da infância, porém em cada estágio, o humana é inexistente ou pode aparecer da maneira imaginária. A cor tem um papel
desenho assume um caráter próprio. Estes estágios definem maneiras de desenhar secundário, aparecendo o interesse pelo contraste, mas não há intenção consciente.
que são bastante similares em todas as crianças, apesar das diferenças individuais Pode ser dividida em:
de temperamento e sensibilidade. Esta maneira de desenhar própria de cada idade – Desordenada: movimentos amplos e desordenados. Com relação a expressão,
varia, inclusive, muito pouco de cultura para cultura . vemos a imitação “eu imito, porém não represento”. Ainda é um exercício.
– Ordenada: movimentos longitudinais e circulares; coordenação viso-motora. A
Luquet[2] distingue quatro estágios: figura humana pode aparecer de maneira imaginária, pois aqui existe a exploração
do traçado; interesse pelas formas (Diagrama).
1. Realismo fortuito: começa por volta dos 2 anos e põe fim ao período chamado Aqui a expressão é o jogo simbólico: “eu represento sozinho”. O símbolo já existe.
rabisco. A criança que começou por traçar signos sem desejo de representação Identificada: mudança de movimentos; formas irreconhecíveis com significado;
descobre por acaso uma analogia com um objeto e passa a nomear seu desenho. atribui nomes, conta histórias. A figura humana pode aparecer de maneira
imaginária, aparecem sóis, radiais e mandalas. A expressão também é o jogo
2. Realismo fracassado: Geralmente entre 3 e 4 anos tendo descoberto a identidade simbólico.
forma-objeto, a criança procura reproduzir esta forma.
2. Pré- Esquematismo: Dentro da fase pré-operatória, aparece a descoberta da
3. Realismo intelectual: estendendo-se dos 4 aos 10-12 anos, caracteriza-se pelo relação entre desenho, pensamento e realidade. Quanto ao espaço, os desenhos são
fato que a criança desenha do objeto não aquilo que vê, mas aquilo que sabe. dispersos inicialmente, não relaciona entre si. Então aparecem as primeiras
Nesta fase ela mistura diversos pontos de vista ( perspectivas ). relações espaciais, surgindo devido à vínculos emocionais. A figura humana,
torna-se uma procura de um conceito que depende do seu conhecimento ativo,
4. Realismo visual: É geralmente por volta dos 12 anos, marcado pela descoberta inicia a mudança de símbolos. Quanto a utilização das cores, pode usar, mas não
da perspectiva e a submissa às suas leis, daí um empobrecimento, um há relação ainda com a realidade, dependerá do interesse emocional. Dentro da
enxugamento progressivo do grafismo que tende a se juntar as produções adultas. expressão, o jogo simbólico aparece como: “nós representamos juntos”.
Marthe Berson distingue três estágios do rabisco:
3. Esquematismo: Faz parte da fase das operações concretas (7 a 10 É a idade das famosas garatujas: simples riscos ainda desprovidos de controle
anos).Esquemas representativos, afirmação de si mediante repetição flexível do motor, a criança ignora os limites do papel e mexa todo o corpo para desenhar,
esquema; experiências novas são expressas pelo desvio do esquema. Quanto ao avançando os traçados pelas paredes e chão. As primeiras garatujas são linhas
espaço, é o primeiro conceito definido de espaço: linha de base. Já tem um longitudinais que, com o tempo, vão se tornando circulares e, por fim, se fecham
conceito definido quanto a figura humana, porém aparecem desvios do esquema em formas independentes, que ficam soltas na página. No final dessa fase, é
como: exagero, negligência, omissão ou mudança de símbolo. Aqui existe a possível que surjam os primeiros indícios de figuras humanas, como cabeças com
descoberta das relações quanto a cor; cor-objeto, podendo haver um desvio do olhos.
esquema de cor expressa por experiência emocional. Aparece na expressão o jogo
simbólico coletivo ou jogo dramático e a regra. · De 3 a 4 anos

4. Realismo: Também faz parte da fase das operações concretas, mas já no final Já conquistou a forma e seus desenhos têm a intenção de reproduzir algo. Ela
desta fase. Existe uma consciência maior do sexo e autocrítica pronunciada. No também respeita melhor os limites do papel. Mas o grande salto é ser capaz de
espaço é descoberto o plano e a superposição. Abandona a linha de base. Na figura desenhar um ser humano reconhecível, com pernas, braços, pescoço e tronco .
humana aparece o abandono das linhas. As formas geométricas aparecem. Maior
rigidez e formalismo. Acentuação das roupas diferenciando os sexos. Aqui · De 4 a 5 anos
acontece o abandono do esquema de cor, a acentuação será de enfoque emocional.
Tanto no Esquematismo como no Realismo, o jogo simbólico é coletivo, jogo É uma fase de temas clássicos do desenho infantil, como paisagens, casinhas,
dramático e regras existiram. flores, super-heróis, veículos e animais, varia no uso das cores, buscando um certo
realismo. Suas figuras humanas já dispõem de novos detalhes, como cabelos, pés e
5. Pseudo Naturalismo: Estamos na fase das operações abstratas (10 anos em mãos, e a distribuição dos desenhos no papel obedecem a uma certa lógica, do tipo
diante)É o fim da arte como atividade expontânea. Inicia a investigação de sua céu no alto da folha. Aparece ainda a tendência à antropomorfização, ou seja, a
própria personalidade. Aparece aqui dois tipos de tendência: visual (realismo, emprestar características humanas a elementos da natureza, como o famoso sol
objetividade); háptico ( expressão subjetividade) No espaço já apresenta a com olhos e boca. Esta tendência deve se estender até 7 ou 8 anos
profundidade ou a preocupação com experiências emocionais (espaço subjetivo).
Na figura humana as características sexuais são exageradas, presença das · De 5 a 6 anos
articulações e proporções. A consciência visual (realismo) ou acentuação da
expressão, também fazem parte deste período. Uma maior conscientização no uso os desenhos sempre se baseiam em roteiros com começo, meio e fim. As figuras
da cor, podendo ser objetiva ou subjetiva. A expressão aparece como: “eu humanas aparecem vestidas e a criança dá grande atenção a detalhes como as
represento e você vê” Aqui estão presentes o exercício, símbolo e a regra. cores. Os temas variam e o fato de não terem nada a ver com a vida dela são um
indício de desprendimento e capacidade de contar histórias sobre o mundo.
E ainda alguns psicólogos e pedagogos, em uma linguagem mais coloquial,
utilizam as seguintes referencias: · De 7 a 8 anos

· De 1 a 3 anos O realismo é a marca desta fase, em que surge também a noção de perspectiva. Ou
seja, os desenhos da criança já dão uma impressão de profundidade e distância.
Extremamente exigentes, muitas deixam de desenhar, se acham que seus trabalhos
não ficam bonitos. Infantil. São Paulo: Cultrix, 1974.
Como podemos perceber o linha de evolução é similar mudando com maior ênfase NAVILLE, Pierre. “Elements d’une bibliographie critique”. In: Enfance, 1950,
o enfoque em alguns aspectos. O importante é respeitar os ritmos de cada criança e n.3-4, p. 310. Parsons, Michael J. Compreender a Arte. Lisboa: Ed. Presença,
permitir que ela possa desenhar livremente, sem intervenção direta, explorando 1992.PIAGET, J. A formação dos símbolos na Infância. PUF, 1948
diversos materiais, suportes e situações. RABELLO, Sylvio. Psicologia do Desenho Infantil. São Paulo: Companhia
Para tentarmos entender melhor o universo infantil muitas vezes buscamos Editora Nacional, 1935.READ, HEBERT. Educação Através da Arte. São Paulo:
interpretar os seus desenhos, devemos porém, lembrar que a interpretação de um Martins Fontes, 1971.RIOUX, George. Dessin et Structure Mentale. Paris: Presses
desenho isolada do contexto em que foi elaborado não faz sentido. Universitaires de France, 1951.ROUMA, George. El Lenguage Gráfico del Niño.
Buenos Aires: El Ateneo, 1947.
É aconselhável, ao professor, que ofereça às crianças o contato com diferentes REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO
tipos de desenhos e obras de artes, que elas façam a leitura de suas produções e INFANTIL. Ministério da Educação e do Desporto, secretaria de Educação
escutem a de outros e também que sugira a criança desenhar a partir de Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. 3v.
observações diversas (cenas, objetos, pessoas) para que possamos ajuda-la a [1] Mestranda em Políticas Educacionais. Pesquisadora e Consultora Educacional.
nutrisse de informações e enriquecer o seu grafismo. Assim elas poderão Contato 34-99992793
reformular suas idéias e construir novos conhecimentos. [2] A terminologia de Luquet, na medida que subordina o desenho a noção de
Enfim, o desenho infantil é um universo cheio de mundos a serem explorados. realismo, deixa a desejar. Embora tenha sido o primeiro a distinguir as etapas do
grafismo e não tenha sofrido grande modificações ate hoje, sua analise é
LUQUET, G.H. Arte Infantil. Lisboa: Companhia Editora do Minho, insuficientemente explicativa.
1969.MALVERN, S.B. “Inventing ‘child art’: Franz Cizek and modernism” In:
British Journal of Aesthetics, 1995, 35(3), p.262-272.MEREDIEU, F. O desenho Fonte:cantinhodaeducacaoinfantil.com.br

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