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Elvira Souza Lima é pesquisadora, consultora,

professora universitária que se dedica à


aplicação dos conhecimentos científicos sobre
o cérebro e a cultura na vida das pessoas em
diferentes contextos como educação na família,
o ambiente de trabalho, a vida escolar e a
saúde.
A criança pequena e suas linguagens:

Na história da espécie humana, um dos desenvolvimentos mais


notáveis é como, ao longo de sua historia, os seres humanos foram
diversificando as formas de comunicação com o desenvolvimento da
cultura. E, também, como foram se modificando os tempos e os espaços
na comunicação humana com o desenvolvimento tecnológico e científico.

 O ser humano é o ser mais notável de mudanças.


 Brincadeiras que atravessam os tempos: 3 Marias, pega-pega,
brincadeira de roda.
 Desenvolvimento pela interação humana.

Por serem atividades que integram a função simbólica e a


emoção, as artes têm grande significado no processo de desenvolvimento
da infância e da adolescência. Para criança pequena o desenho, a música
e o teatro são práticas necessárias, uma vez que elas constituem o
processo de desenvolvimento.
A infância no mundo adulto:
Convivência entre adultos e crianças provocam mudanças no
comportamento de ambos.
Conviver com a infância faz o adulto “Revisitar” sua própria
infância.
Situação lúdica, encontro do adulto consigo mesmo, com a
história de sua infância.
...E o adulto no mundo da infância:
Nos primeiros anos de vida a criança depende do adulto para
muitos cuidados como alimentação, bem estar e afeto.
Entender os tempos, na infância, é tarefa para todos que se
ocupam da criança pequena.
Oralidade e tempo:
Leva nove ou dez anos para a criança desenvolver uma
oralidade mais complexa. Toda criança, desde os seus primeiros dia,
começa aprender a se comunicar com outros seres humanos.
Cultura determina como esse bebê será recebido, cuidado e
alimentado. Esta é a perspectiva sob a qual falaremos de linguagens
da criança pequena.
As linguagem da criança pequena, em qualquer cultura,
envolvem o corpo, o som, o movimento, o humor e as emoções, a
vivencia do tempo e do espaço. Estes são os recursos para o exercício
da função simbólica.
Movimento e Emoção:
Imitação do corpo, busca esta comunicação imitar uma
criança.
Uma das primeira formas de “linguagem da criança” é a
utilização do seu corpo para “dialogar” com o outro. Este diálogo pode
ser iniciado pela criança ou pelo outro. Pode surgir da própria criança
ou pode surgir através da imitação. Em ambos os caso, é a busca do
estar em comunicação, que é uma manifestação humana.
O bebê consegue imitar os adultos nos primeiros dias de vida.
EX: Bocejo, mostrar a língua sem ter a consciência de seu próprio
corpo.
Exemplo dado pela autora, Bebê que tenta tocar o rosto da
mãe aos 8 meses, quando surge uma ligação de cumplicidade, e de
aconchego e esperança entre filha e mãe.
O corpo:
Inicialmente, há uma predominância do próprio corpo para a
comunicação. A criança pequena se coloca em seu meio através do
corpo e dos movimentos que realiza, acompanhados de sonorização. É
o que ela utiliza, no primeiro ano de vida, com bastante frequência,
para chamar atenção do adulto e às vezes, também garantir a
continuidade da atenção. No primeiro ano de vida muitas emoções
serão expressas pelo corpo, notadamente a expressão facial.
O sorriso:
É um dos elementos participantes da interação entre dois ou
mais seres humanos.
Sorriso é um recurso fundamental na primeira infância,
principalmente, quando a fala não se manifestou na criança pequena.
O olhar e a expressão visual:
O bebê depende do movimento para sua comunicação, este se
encontra nos gestos, nas expressões faciais e no olhar.
A comunicação visual é muito utilizada pela criança na
primeira infância.
Comunicação vai dos 3 ao 6 anos de vida. Bebês olham
fixamente para o outro, mesmo quando estranho , prática comum em
diversas culturas,, o uso do olhar se modifica. A oralidade da criança a
partir dos 3 anos de vida está ligada igualmente a expressão gráfica.

A fala:
Fala é a construção social e é um espaço de afetividade entre o
adulto e a criança. Quando a criança pequena chega a falar começa
desenvolver a oralidade.
A criança passa a dedicar bastante tempo ao exercício da fala
e construir diálogos através de um paciente exercício em que a
repetição é constante .
A criança pequena gosta de desenhar, gosta de dançar e gosta
muito de músicas, são atividades da infância e aparecem muito cedo
no desenvolvimento infantil.
Desenho:
Está presente em todas as culturas. Toda criança de qualquer
cultura, desenha. Uma das funções mais importantes do desenho, no
desenvolvimento infantil é ser uma situação complexa e muito rica de
criação e apropriação do símbolo, que fica ,então, “gravado” no
suporte e assim, se oferece ao processamento visual.
Música:
A música é uma linguagem de comunicação humana muito
significativa pelo envolvimento emocional que provoca e pelo seu
caráter de contágio. As cantigas de ninar perpassam as várias
culturas, assim como embalar o bebê é uma pratica milenar.
Parte integrante da evolução da humanidade, a música
significa para a infância a possibilidade de desenvolver a oralidade,
de orientar o movimento, organizando-o e imprimindo-lhe ritmo.
O brincar:
O Brincar revela a estrutura do mundo da criança, como se
organiza o seu pensamento, as questões que ela se coloca, como vê o
mundo em sua volta. Na brincadeira, a criança explora as formas de
interação humana à sua volta, aprende a lidar com a espera, a
antecipar decisões, a participar de uma ação coletiva. Da maneira
que a criança se coloca na brincadeira diz muito sobre ela.
O faz- de conta não é somente uma linguagem da criança
pequena, é , ainda a apropriação do que faz uma ação “Virar”
linguagem. Ou seja, dá à ação humana uma estrutura, uma
organização, um sistema. É um exercício de representação. Por esta
razão o faz- de- conta é condição para o desenvolvimento infantil.
Linguagens e diversidade Biológica:
Toda criança pequena que represente diversidade biológica
vive, como qualquer outra, sua infância e tem direito a vivê-la
adequadamente.
A capacidade da criança pequena de lidar com a diversidade
revela a importância de se explorar tal dimensão da vivencia
intercultural para uma formação ética e de respeito às diferenças.
Em nosso país, que tem como eixo de formação da sociedade a
miscigenação e cuja cultura é constituída pela integração de histórias
tão diversas, é uma necessidade, não uma opção, dar ao
desenvolvimento cultural na infância a mesma importância que
temos dado ao desenvolvimento cognitivo.

Nessas ultimas décadas , o conhecimento acumulado sobre o


desenvolvimento infantil levou à necessidade de se rever
profundamente os critérios e referenciais que orientam o processo
educativo da criança, em casa, na comunidade, na creche e na escola.
As possibilidades reais de aprendizagem de desenvolvimento da
criança são de fato, muito maiores do que se acreditava até
recentemente. Está, igualmente claro hoje em dia, como as
atividades infantis são fundamentais para seu desenvolvimento
desde o nascimento. Portanto mudanças são necessárias na
educação infantil.
Finalmente, como quem a criança pequena usa suas
linguagens?
O fundamental, para a criança pequena, é “exercer a
linguagem”. Para tanto, ela precisa de tempo, aceitação e espaço,
precisa ter acesso a matérias que constituem suas brincadeiras. Em
casa, eles são os utensílios do cotidiano, os elementos da natureza, os
brinquedo, as vestimentas e acessórios do vestir e de adorno do corpo.

Na creche e na pré escola, os ambiente e materiais, assim


como o espaço e o tempo devem ser planejados, pedagogicamente, para
que aconteçam situações que favoreçam o desenvolvimento infantil. É
importante considerar que , também, na escolarização, a criança
precisa exercer o que é próprio da idade.
É um direito da criança viver sua infância. Para orientar, é
necessário compreender e entender as linguagens da criança pequena
isto implica, também e sobretudo, participar da riqueza da infância.

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