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Relatório de grupo – 1º semestre/2018

Turma: Maternal A
Professora: Jéssica Oliveira
Professora auxiliar: Maria Rita Terrazan
Coordenadora: Lucy Ramos Torres

MATERNAL A E O COCÔ DE PASSARINHO

Chegou a tão esperada hora de ir para escola. A chegada da criança pequena na escola é
muito marcante para todos que à rodeiam e principalmente para ela. Um importante e
muitas vezes difícil momento para as famílias, que necessitam de cuidados e atenção
assim como as crianças.

O primeiro dia de aula marca a vida das famílias é uma nova fase que esta se iniciando e
assim como tudo que é novo, trás consigo muita ansiedade, expectativa, dúvidas,
curiosidades e uma porção de sentimentos.

Vivemos na escola momentos marcantes que ficam em nossa memória para sempre e vez
ou outra nos lembramos com carinho de vivências e aprendizados que passamos na
Educação Infantil, que muitas vezes contribuíram para os adultos e as escolhas de hoje.

A criança pequena chega na escola por diversos motivos, mas o maior deles é a
necessidade de suprir estímulos, convivências e interações com o outro, que a família já
não consegue mais garantir em casa.
Cada criança acolhida na turma do maternal A, possui a sua individualidade e
personalidade, por isso cada rostinho, mãozinha e olhinhos curiosos são vistos de forma
singular e única. E por cada criança por ser única, ela naturalmente vai precisar de uma
atenção especial, por que possui um jeito sem igual de deixar transbordar seus
sentimentos, se expressar e contar ao mundo o que está sentindo. No período de
adaptação é assim, tão pequenos e frágeis, mas ao mesmo tempo, tão corajosos, há
aquelas crianças que entram na sala sem olhar para trás, as que adoram carregar a
mochila, mas precisam de um colo na hora de entrar, ou então as que choram muito
tentando processar as novas informações.

Falando em choro... Está ai algo que mexe com todos, desestabiliza um grupo e desperta
preocupações. Mas ele nada mais é do que o modo que a criança, que acabou de furar a
bolha e sair de sua zona de conforto, em fase de aquisição da linguagem oral tem para
expressar seus sentimentos, tentar organizar e entender o que esta acontecendo.

Pensando no momento de encontro com essas crianças, que mais tarde se tornariam
juntas um grupo, as famílias foram recebidas com um carinhoso abraço de forma bem
acolhedora para que se sentissem bem no novo ambiente e para essa nova etapa que só
estava se iniciando. Para que as crianças se sentissem seguras os pais participaram da
rotina dos primeiros dias de aula e estiveram presentes durante o todo período de
adaptação, o que foi fundamental para que as crianças fossem se adaptando de forma
gradual e o mais natural possível ao espaço da escola, também para que ficassem a
vontade para brincar, descobrir e aprender de maneira natural e feliz sentindo-se cada vez
mais segura com o ambiente e adultos. Segundo Velasco (1996) o brincar tem um papel
significativo no desenvolvimento infantil, representa o desejo e colabora com o surgimento
das nossas expressões psicomotoras de maneira harmoniosa e prazerosa. Transmitir
segurança e oferecer condições para que a criança interaja com o meio em que inserida
contribui também para que as professoras sejam aceitas e se tornem referencia de
conforto e segurança para os pequenos.

Nas primeiras semanas na escola a proposta foi brincou muito, na maior parte das vezes
fora da sala, furando a bolha de casa, da sala, sempre com ofertas e diversificando as
condições propostas com brinquedos, espaços, movimentos e sons, e se desafiando no
espaço gigante da escola. A cultura do brincar na educação infantil é reconhecida
principalmente pela sua importância para o desenvolvimento saudável do imaginário
infantil, pois é na educação infantil que as crianças vão desenvolver o jogo simbólico a
partir de propostas de atividades lúdicas. Segundo o RCNEI (1998) é através do ato de
brincar que a criança se desenvolve globalmente, ou seja, é o principal modo de expressão
da infância, brincando a criança pequena aprende a viver e a se desenvolver de forma
lúdica e prazerosa.

Ao passar do tempo e do período de adaptação, que difere de para cada uma, as crianças
cada uma com suas características e individualidades começaram a dar forma a um grupo,
que foi se tornando amigo, companheiro e acolhedor com os amigos que chegaram um
pouquinho depois, as crianças foram aprendendo com as diferenças e características
umas das outras e a conviver em grupo de forma harmoniosa e companheira. Foi então, o
grupo descobriu a roda, aprenderam a fazer roda e a brincar precisando do outro, e assim
as interações e contato com outro foi ficando cada vez mais frequente.

As crianças em idade de maternal A, possuem a curiosidade em fazer descobertas. Em


cada lugar por onde passam, lá está a turminha olhando aqui, explorando ali e tocando
com as curiosas mãozinhas tudo que é novidade.
Então, a partir dos interesses em comum do grupo, levando em consideração os
conhecimentos prévios das crianças e os conteúdos necessários para a faixa etária, foi
trazido para a roda diária imagens, livros, musicas e mídias para instigar ainda mais a
curiosidade em brincar. A roda é um momento coordenado pela professora com plena
participação dos alunos, onde é organizado o dia, feita a chamada para verificar quem veio
na escola, por exemplo. Momento importante também para o seguimento do projeto, todo
dia uma leitura é realizada, um brinquedo ou jogo é apresentado envolvendo a turma, e
crianças contribuem ativamente deste momento, elas podem trazer livros, opinar e expor
pensamentos e ideias que contribuem com o desenvolvimento do projeto, para Derdyk
(2003), “Os educadores são os porta-vozes de uma visão de mundo, transmissores de
comportamentos, interferindo direta e ativamente na construção de seres individuais e
sociais”. (DERDYK, 2003, p. 15)
Nos momentos de roda é realizada também a chamada “roda cantada”, momento muito
apreciado pelos pequenos que se tranquilizam e acalmam-se, deixando a turma entretida e
envolvida por um bom tempo. A música é um meio de expressão e forma de conhecimento
acessível para bebês e crianças. (BRITO, 2005) Durante a “roda cantada” cantamos
músicas populares infantis com o apoio de fantoches, brinquedos e livros, essa atividade
desenvolve a memoria, percepção e associação de sons e figuras, segundo Brito (2005)
até mesmo antes do nascimento, a criança já possui envolvimento com o universo sonoro,
já que na fase intrauterina o bebê já vive em um ambiente de sons provocados pelo corpo
da mãe, como o sangue fluindo nas veias, respiração e movimentos intestinais. A
linguagem musical é um excelente meio para o desenvolvimento da expressão, equilíbrio,
autoestima, autoconhecimento e integração social. A música é muito presente na rotina do
maternal A também como forma de estratégia para organizar e situar as crianças nas
transições entre as atividades. Durante a roda cantada que faz parte da rotina diária, as
músicas contribuem muito para que as crianças desenvolvam a linguagem oral e ampliem
seu vocabulário de forma significativa e natural.

E em um dos momentos de roda, depois de vários livros lidos, brinquedos e fantoches, a


turma do maternal A vê muita graça em um livro onde os passarinhos faziam cocô na
cabeça das pessoas. O livro em questão se chama “Cocô de passarinho” de Eva Furnari,
ele conta a história de seis moradores de uma cidade que tem um grande problema: os
passarinhos que fazem cocôs em suas cabeças. Eles até que conseguem uma solução
para o problema, cada um com seu jeito constrói um chapéu e então o cocô já não cai
mais em suas cabeças. Mas tem sua “bolha” furada quando recebem a visita de um
vendedor de sementes, que transforma as coisas de um jeito que a cidade e os negócios
até expandem. Com a imaginação, foram criadas muitas possibilidades de brincadeiras
lúdicas e a turma do maternal A virou até os moradores da pequena cidade. Segundo o
RCNEI (1998) as possibilidades de brincar devem respeitar a integridade da criança e
serem diversificadas com materiais, espaços e possibilidades, a fim de desenvolver
movimentos e experiências corporais durante a atividade de brincar.
E como os moradores da pequena cidade a turma do maternal também criou os seus
chapéus. Para Piaget (1977), é no estágio pré-operatório que as crianças desenvolvem
sua maior capacidade de expressão simbólica, o que deve ser explorado pelo professor
através das brincadeiras.

Para a construção do chapéu, dos passarinhos que também moravam na cidade e


exploração tátil, a fim de trabalhar e estimular as formas de expressão, habilidade motora
fina, como a destreza e movimento de pinça, foram realizadas ao longo do semestre
atividades livres ou direcionadas ao projeto sempre explorando diferentes materiais e
técnicas como: pintura com diferentes tintas, massinhas, canetinhas, texturas, pinceis
grossos e finos, papeis com diferentes tamanhos, pinturas em diferentes posições sempre
com novas possibilidades e ofertas tornando esses momentos significativos, onde cada
crianças tivesse a oportunidade de vivenciar, sentir e explorar do seu jeito, com a sua
individualidade, para Derdyk (2003) existem varias formas de atividades onde o desenho
pode se manifestar, com a possibilidade de vários caminhos o desenho não possui uma
única definição, não é somente o manejo do lápis sobre uma superfície, mas carregado de
significados é um meio de conhecimento, expressão e comunicação.
As crianças trabalharam também em atividades e produções coletivas, a faixa etária da
turma do maternal A, tem uma característica física sempre muito presente, o chamado
egocentrismo, que é popularmente conhecido como dificuldade de dividir, emprestar ou
realizar trocas com outras crianças. Isso acontece porque as crianças estão em transição
da fase fálica e aquisição da linguagem oral, então o trabalho coletivo é um exercício para
aprender a respeitar o corpo do amigo e aprender sobre os limites, enquanto produzem
também trabalham outros valores. Segundo Silva (2002), não se pode atentar somente
para o produto final, ou seja, o desenho e obra já prontos, é importante para a criança todo
o processo de criação, todas as ações e acontecimentos capazes de acontecer durante o
desenho. Durante a atividade gráfica em grupo as crianças imaginam e criam situações de
jogos simbólicos e interagem também com os materiais. Aproveitando as produções
coletivas, a exploração de texturas também foi explorada pelas crianças, que desenharam
no chão, pintaram com gelo, cola branca e tinta morna, sentiram o macio, áspero e duro e
fizeram um alto retrato no espelho.
De todos os temas e ilustrações que poderiam ter chamado a atenção dos pequenos, o
que eles mais gostaram foram os chapéus. A brincadeira era fazer de tudo um chapéu, o
prato virou chapéu, o livro, baldinho de areia e qualquer brinquedo era feito de chapéu. O
interesse e brincadeiras da turma sobre os chapéus, fez com que eles fossem parar na
festa junina com a música “Maracangalha” de Dorival Caymmi, o que foi muito importante
para o grupo que realizou uma apresentação no dia do evento cultural com brincadeiras e
vivencias que eles já mantinham em sala.

O desenvolvimento do projeto e todo o trabalho realizado com a turma do maternal A, se


apoiou em recursos pedagógicos como: jogos, cartazes, brinquedos e livros, para
desenvolver os conteúdos programáticos previstos segundo o RCNI (1998), respeitando a
faixa etária das crianças e o ritmo individual de cada um, como a oralidade, coordenação
motora fina e grossa, jogo simbólico, noções espaciais e temporais, seriação e
socialização. Assim internalizar e assimilar novas descobertas e vivências é muito fácil e
natural para a criança que aprende enquanto brinca.

Durante o semestre foi desenvolvido um projeto para incentivar o desfralde, todas as


crianças participam, mesmo os que já não usam mais fraldas ou os que ainda não estão
preparados para esse momento. Todos do grupo se envolveram com a história “Da
pequena toupeira que queria saber quem tinha feito cocô na cabeça dela” de Werner
Holzwarth/Wolf Erlbruch e aprenderam sobre noções de higiene pessoal e como se cuidar
corporalmente.
O desfralde é um processo muito importante no crescimento e amadurecimento das
crianças desta faixa etária, e tem como objetivo principal contribuir de maneira facilitadora
para que as crianças passem pela transição da fralda para calcinha/cueca da maneira mais
natural possível. Durante esse processo o mais importante é perceber o tempo certo para
o inicio do desfralde de cada criança, ter paciência e respeitar o ritmo de cada uma. Com
uma história lúdica e um personagem engraçado é muito mais fácil, pois as crianças se
identificam e ficam motivadas para conseguir também. A cada conquista de um xixi na
privada as crianças fazem festa e ficam ainda mais motivadas, tornando assim o momento
do banheiro muito mais divertido e natural.

Assim como os moradores da cidade da história “Cocô de passarinho”, a turma do


maternal A também furou a sua bolha ao chegar na escola, aprendendo a lidar com as
diferenças e criando estratégias para os problemas encontrados diariamente. O semestre
passou muito rápido, os vínculos de amizade se fortaleceram entre todos e o grupo se
tornou amigo, curioso e com vontade em fazer novas descobertas. Depois de descansar
nas férias a turma voltará para escola cheia de novidades em busca da próxima aventura!
REFERÊNCIAS

BRASIL. MEC – SEF. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil:


conhecimento de mundo. Volume 3, 1998.

BRITO, Teca, Alencar de. Música na educação infantil: Propostas para a formação
integral da criança. 2°. Ed. São Paulo: Editora Peiropólis, 2005.

DERDYK. Edith. Formas de pensar o desenho: desenvolvimento do grafismo infantil. São


Paulo: Scipione, 2003.

PIAGET, J. Psicologia da inteligência. Rio de janeiro: Zahar, 1977.

SILVA. Silvia Maria Cintra da. A constituição social do desenho da criança. São Paulo:
Mercado de Letras, 2002.

VELASCO, Casilda Gonçalves. Brincar, o despertar psicomotor. Rio de Janeiro: Sprint,


1996.

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