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CENTRO UNIVERSITÁRIO ÍTALO BRASILEIRO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGENS DA INFÂNCIA

MARIA NEIDE DORNELLES

A DIMENSÃO DO BRINCAR E DA LINGUAGEM MUSICAL


NA EDUCAÇÃO INFANTIL

São Paulo
2020
MARIA NEIDE DORNELLES

A DIMENSÃO DO BRINCAR E DA LINGUAGEM MUSICAL


NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Projeto de Pesquisa da Monografia de


Conclusão de Curso de Pós-Graduação
apresentada ao Centro Universitário Ítalo
Brasileiro, como parte dos requisitos para
obtenção do título de Especialista (lato sensu)
em Linguagens da Infância, sob a orientação da
Prof. Ma. Ivani Magalhães.

São Paulo
2020
A DIMENSÃO DO BRINCAR E DA LINGUAGEM MUSICAL NA EDUCAÇÃO
INFANTIL

RESUMO- O presente trabalho tem como objetivo apresentar a importância do brincar e da


linguagem musical na educação infantil, ou seja, na primeira etapa da educação básica,
tendo em vista que o brincar é uma atividade social, onde a criança experimenta, constrói,
reconstrói simbolicamente sua realidade e apropria-se do mundo. A música acompanha a
história da humanidade, está presente em diversas culturas e com funções diversas,
seguindo os ritualismos culturais. Na educação infantil não é diferente, a música tem sua
função e respeita os momentos e as manifestações culturais, colocando as crianças em
contato com essa diversidade tão importante no processo de desenvolvimento, articulando-
se as brincadeiras em um processo que contribui para com os aspectos social, cognitivo e
afetivo.

PALAVRAS-CHAVE: Brincar. Música. Educação Infantil.

ABSTRACT- This paper aims to present the importance of playing and musical language in
early childhood education, that is, in the first stage of basic education, considering that
playing is a social activity, where the child experiences, builds, reconstructs symbolically its
reality and appropriates the world. Music accompanies the history of humanity, is present in
different cultures and with different functions, following cultural rituals. In early childhood
education it is no different, music has its function and respects cultural moments and
manifestations, putting children in contact with this diversity so important in the development
process, articulating play in a process that contributes to aspects social, cognitive and
affective.

KEYWORDS: Play. Music. Child education.

“Primeiro, devemos educar a alma através da música e a


seguir o corpo através da ginástica” disse Platão.

I. INTRODUÇÃO
O tema surgiu do interesse pessoal pelas brincadeiras infantis e pela
linguagem musical desde pequena como ouvinte e brincante e posteriormente na
atuação pedagógica, em que as brincadeiras exercem papel fundamental uma vez
que brincar é essencial para o desenvolvimento e para a formação de qualquer
criança, é traçar um caminho infinito de descobertas e de compreensão do mundo.
Ainda nesta perspectiva, podemos enfatizar que a música, assim como as
brincadeiras infantis são mediadoras do processo de aprendizagem, contribuindo
para o desenvolvimento integral da criança, pois participa dos processos de
pensamento e de criatividade.
A música é uma linguagem universal, que perpassa gerações, sua presença é
incontestável, atravessando barreiras de tempo e espaço. É possível ainda dizer que
em cada cultura a música tem uma função ou funções, mas que no meio acadêmico
na área da educação ainda é pouco valorizada, carecendo ainda de concepções
mais sólidas.
A música está presente desde muito cedo no cotidiano das crianças, pois “por
meio dos acalantos, das parlendas, dos brinquedos ritmados entre a mamãe e o
bebê que são estabelecidas as primeiras experiências lúdico-musicais da vida
humana” (Oliveira 2009, apud NOGUEIRA 2006).
Com relação à educação infantil, os brinquedos e as brincadeiras musicais
vão se tornando cada vez mais diversificadas e dinâmicas, contribuindo assim para
a ampliação dos referenciais auditivos, num processo crescente. Dessa forma:
A relevância da inserção musical na educação infantil também está
fundamentada na própria Lei de Diretrizes e Bases para a Educação
Nacional (Lei no 9394/96) quando afirma que a finalidade da
educação infantil está relacionada ao desenvolvimento integral da
criança, ou seja, pensando nesses termos, a música assume um
papel fundamental no processo de desenvolvimento infantil em seus
vários aspectos (OLIVEIRA, 2009, p. 4668).

É necessário preocupar-nos em relação à formação das crianças não


somente com o ensino sistematizado e conteudista, mas também e principalmente
no ensino dos movimentos corporais, das expressões e da percepção, uma vez que
ao oferecer música e um ambiente sonoro, permitimos que bebês e crianças iniciem
seu processo de musicalização e conseqüentemente um mundo de descobertas.
Brincar é a atividade mais prazerosa e enriquecedora, pois, a medida em que
a criança brinca ela também desenvolve capacidades importantes, além de
autonomia. Assim:
[...] Brincar é uma das atividades fundamentais para o
desenvolvimento da identidade e da autonomia. [...] Nas brincadeiras
as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes,
tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação.
Amadurecem também algumas capacidades de socialização, por
meio da interação e da utilização e experimentação de regras e
papéis sociais. (BRASIL, 1998, vol. 2, p. 22).
As brincadeiras são fontes inesgotáveis de aprendizagem. Assim como a
música, que desde muito cedo permeiam a vida das crianças, sendo responsáveis
por grande parte das habilidades sociais adquiridas, habilidades essas essências
para o sucesso ulterior.
A presente pesquisa foi desenvolvida com o intuito de averiguar as
contribuições do brincar e da linguagem musical nesse campo especifico que é o da
educação infantil. Dessa forma, objetiva-se verificar como interferem no processo de
desenvolvimento global da criança, suas formas de utilização e de socialização.
Para considerar o objeto central, foi desenvolvida uma pesquisa bibliográfica
utilizando-se de materiais como: teses, artigos e dissertações, materiais estes que
abordam o brincar e a linguagem musical em diversas perspectivas.

II. O BRINCAR E SUAS CONSIDERAÇÕES NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Compreender a importância do ato de brincar das crianças surge num


momento de significativas alterações, inclusive de um encurtamento de sua duração.
As crianças tem se tornado adolescentes prematuramente, modificando assim o
significado que o brincar tem na sociedade.
As crianças brincam na maior parte de seu tempo e devemos considerar que
brincar além de uma necessidade é um direito. Assim, as instituições de educação
infantil devem ser organizadas de modo a oferecer e valorizar as brincadeiras em
seus espaços e tempos.
De acordo com Navarro e Prodócimo (2012) o valor que as brincadeiras terão
para as crianças dependerá de como elas são encaradas no contexto pelos adultos
que ali freqüentam, sendo as mediações, a organização dos espaços e do momento
de brincar pelo professor ali interpondo-se, atitudes essas que farão a diferença no
brincar da escola.
É brincando que a criança descobre o mundo, que se comunica e se
socializa. Mas brincar por si só não é suficiente, o brincar deve ser de qualidade e a
escola deve ser um mediador dessa atividade, propiciando ambientes e experiências
para que ela possa criar produzir e reproduzir, reiterar em cada brincadeira,
atribuindo assim significados que são perpassados por gerações. Dessa forma é
correto afirmar que:
No processo do brincar, a criança desenvolve a atenção, imitação,
memória, imaginação e também amadurece algumas capacidades de
socialização por meio da interação e utilização de regras e papéis.
Por isso, ao se falar em brincar na educação infantil, é necessário
destacar que o mesmo precisa ser planejado com significado e
intencionalidade, entendendo a relevância de priorizar um espaço
adequado, com materiais interessantes para as crianças e que
estimulem a criatividade e a socialização. A mediação de um adulto,
de outras crianças, ou dos próprios objetos que se encontram à
disposição da criança faz a diferença nas brincadeiras. É preciso ter
um olhar diferenciado em relação as crianças, a fim de perceber suas
necessidades e propor brincadeiras desafiadoras, que contribuam
para o desenvolvimento integral das mesmas (LOPES et al, 2017 p.
20491).

Ao brincar a criança explora o mundo e desenvolve suas capacidades


cognitivas, motoras e afetivas. Brincar ainda é um ato social, a criança não brinca
sozinha, ela tem um brinquedo, um ambiente, outra criança, um professor que
intercede nessa relação do brincar. Em suma, a forma de brincar é importante para
sua qualidade e para que ofereça diferentes aprendizagens.

III. O BRINCAR, O BRINQUEDO E A MEDIAÇÃO

Brincar é essencialmente dinâmico e a brincadeira muda de acordo com cada


contexto, com cada geração, entendendo que as características das brincadeiras
mudam de acordo com quem, quando e onde a criança brinca.
Segundo Brougère (1998), a brincadeira depende da interpretação do ato
social, considerando que geralmente quem busca conceituar o ato de brincar é um
adulto, e que cada adulto tem a sua história e uma vivência diferente com cada
brincadeira. A brincadeira é uma situação na qual há uma necessidade de escolha,
de querer brincar e que ela pode acontecer em diferentes situações e ambientes, só
é preciso querer.
Ainda nesse contexto, o autor explica que o brincar não pode ser separado
das influências do mundo, pois não é uma atividade interna e sim de uma
significação social.
Para Vigotsky (2007), a criança ao nascer já está inserida num mundo social
e é no internalizar, na apropriação desse mundo pela criança que o brincar é
essencialmente importante.
O brinquedo é considerado um suporte na brincadeira e também uma
produção cultural da criança, pois ela pode, no momento da brincadeira transformar
qualquer material ou objeto em brinquedo, criando e recriando de acordo com sua
imaginação. Um controle remoto pode tornar-se um carrinho ou um avião, a
vassoura um cavalo. “Tudo aquilo do mundo real que for usado pela criança para
fazer suas experiências e descobertas, para expressar-se e lidar com seu mundo
interno e subjetivo diante da realidade desses objetos pode ser considerado
brinquedo” (MACHADO, 2003, p. 35).
Para Vigotsky (2007) o ato de brincar não é somente uma atividade
prazerosa, mas uma forma de satisfazer as necessidades e a realização de desejos
que não poderiam ser imediatamente satisfeitos, pois o brinquedo é um mundo
ilusório, onde qualquer desejo pode ser realizado.
Pensar na brincadeira no contexto escolar é de suma importância. Conhecer
as especificidades de cada período do desenvolvimento é imprescindível para que o
professor possa direcionar a brincadeira e as experiências de forma a contribuir com
o desenvolvimento infantil. Nesse contexto, o professor tem um papel fundamental
como mediador, de forma a possibilitar a aquisição dos conhecimentos
historicamente acumulados, planejando de forma a contemplar esses objetivos.
A intervenção pedagógica provoca avanços que não ocorreriam
espontaneamente, a importância da intervenção deliberada de um
indivíduo sobre outros como forma de promover desenvolvimento
articula-se com um postulado básico de Vigotski: a aprendizagem é
fundamental para o desenvolvimento desde o nascimento da criança.
A aprendizagem desperta processos internos de desenvolvimento
que só podem ocorrer quando o individuo interage com outras
pessoas (OLIVEIRA, 1993, p. 33 apud NAVARRO e PRODÓCIMO,
2012, p. 638).

A mediação não ocorre somente com a interferência do professor, mas na sua presença, na
organização dos espaços, dos objetos e dos horários. Para Brougère (2001), o papel do educador na
brincadeira deve ser o de construir um ambiente que possibilite e estimule a brincadeira. Um
professor mediador constrói um ambiente também mediador do brincar.

O professor pode possibilitar infinitas formas de mediação, basta que ele reconheça o valor
dos objetos, dos espaços e de sua organização para fornecer as crianças um ambiente acolhedor que
lhes proporcione
REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretária de Educação


Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil: formação
pessoal e social. Brasília: MEC/SEF, 1998. v. 2.

OLIVEIRA, R. L. G. A inserção da música na educação infantil e o papel do


professor. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO – EDUCERE, 9, 2009,
Paraná. Pontifícia Universidade Católica do Paraná, 2009, p. 4667.

DANTAS, E. dos S. et al. O brincar e suas implicações no processo de


aprendizagem na educação infantil. Disponível em:
https://www.ufpe.br/documents/39399/2403144/DANTAS%3B+COSTA%3B+SILVA
%3B+CARAU%C2%B4BAS+-+2019.1.pdf/a89cf8a1-91d5-4362-8c1a-
0c10c0223969.> Acesso em 13. nov.2020.

BROUGÈRE, G. Brinquedo e cultura. 4 ed. São Paulo, Cortez, 2001.

MACHADO, M.M. O brinquedo-sucata e a criança: a importância do brincar (Falta


finalizar dados)

NAVARRO, M.S; PRODÓCIMO, E. Brincar e mediação na escola. Rev. Bras.


Ciênc. Esporte. Vol 34, n. 03. Porto Alegre, 2012.

LOPES, A.C.F et al. A importância do brincar na educação infantil: a experiência


PiBID- Pedagogia/UEL na brinquedoteca. In: CONGRESSO NACIONAL DE
EDUCAÇÃO – EDUCERE, 5, 2017, Paraná. Pontifícia Universidade Católica do
Paraná, 2017, p. 20491.

OLIVEIRA, R. L. G. A inserção da música na educação infantil e o papel do


professor. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO – EDUCERE, 9, 2009,
Paraná. Pontifícia Universidade Católica do Paraná, 2009, p. 4667.

VIGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos


psicológicos superiores. 7 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

NAVARRO, M. S. O brincar na educação infantil. In: CONGRESSO NACIONAL DE


EDUCAÇÃO – EDUCERE, 9, 2009, Paraná. Pontifícia Universidade Católica do
Paraná, 2009, p. 2124.

LIRA, N. A. B; RUBIO, J de A. S. A importância do brincar na educação infantil.


Revista eletrônica Saberes da Educação. Vol. 05, n. 01, 2014.

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