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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

ROSILENE VALERIANO MARTINS

BRINCADEIRA NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA


EDUCAÇÃO INFANTIL

Trabalho de Projeto de Pesquisa em Educação


apresentado à Coordenação do Curso de
Licenciatura Plena em Pedagogia na Modalidade
a Distância, da Faculdade Estácio de Sá.
Tutora: Marcia Alves

GOIÂNIA
2024
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

BRINCADEIRA NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO


INFANTIL1

RESUMO

O presente artigo visa a importância das brincadeiras no desenvolvimento e aprendizagem das crianças
na Educação Infantil. Tendo o objetivo de conhecer o significado do brincar e o lúdico, demonstrando e
conceituando os principais termos utilizados. Torna fundamental compreender o universo onde a
criança expressa para ela mesma e aceita a existência dos outros para estabelecer relações sociais,
construindo seus próprios conhecimentos. O benefício do brincar e dos brinquedos proporciona uma
socialização das crianças no mundo que vivemos. A pesquisa revelou a necessidade de os profissionais
da educação infantil superarem a problematização entre o brincar e o aprender, visto que ambos são
processos que se complementam. Este estudo proporcionará uma leitura mais eficiente da importância
do brincar na vida das nossas crianças.

PALAVRAS-CHAVE: Brincar. Aprendizagem. Desenvolvimento. Criança. Professor. Escola. Educação


Infantil.

1
Artigo apresentado como um dos requisitos para obtenção do título de licenciatura em pedagogia, sob a orientação
da Profª tutora: Marcia Alves conforme folha de aprovação em anexo.
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ABSTRACT

This paper aims to the importance of play in children's development and learning
in early childhood education. With the aim of knowing the meaning of play and playfulness,
conceptualizing and demonstrating the key terms used. Taking fundamental understanding of the
universe where the child expresses to herself and accepts the existence of others to establish
social relations, building their own knowledge. The benefit of playing and toys provides a
socialization of children in the world we live in. For the development of work literature, based
on the reflection of reading books, articles, videos, magazines, observation of children with toys
and games was used. Where they revealed the need for early childhood professionals overcome
the problematic between play and learning, as both are processes that complement each other.
This study will provide a more efficient reading of the importance of play in the lives of our
children.
KEYWORDS: Playing. Learning. Development. Child. Teacher. School. Early Childhood
Education.
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INTRODUÇÃO

Sabemos que o ato do brincar e as brincadeiras, são dois pilares que ajudam a compor a aprendizagem.
É uma construção singular que a criança vai fazendo segundo seu saber e vai transformando as
informações através das brincadeiras em conhecimento e vivenciando a alegria que acompanha este
processo. O ato de brincar possibilita o processo de aprendizagem da criança, pois facilita a construção
da reflexão, da autonomia e da criatividade, estabelecendo, desta forma, uma relação estreita entre
jogo

e aprendizagem. Brincar é uma importante forma de comunicação, é por meio deste ato que a criança
pode reproduzir o seu cotidiano. De acordo com Kishimoto (1994), os primeiros estudos sobre jogos
datam da Grécia e Roma antigas, em que se colocava a importância do aprender brincando. Este mesmo
autor (2000). Ainda dizia que a brincadeira e o jogo interferem diretamente no desenvolvimento da
imaginação, da representação simbólica, da cognição, dos sentimentos, do prazer, das relações, da
convivência, da criatividade, do movimento e da autoimagem dos indivíduos. Há que se levar em conta
que todo o desenvolvimento que esses recursos trazem para o indivíduo é pré-requisito para ativar seus
recursos de conhecimento.

Os estudos que originaram esse artigo buscaram compreender a importância das


brincadeiras para ativar os recursos de conhecimento do indivíduo, no caso as crianças. Para definir a
brincadeira infantil, ressaltamos a importância do brincar para o desenvolvimento integral do ser
humano nos aspectos físico, social, cultural, afetivo, emocional e cognitivo. Para isso se faz necessário
conscientizar os pais, os educadores e a sociedade em geral sobre à ludicidade que deve estar sendo
vivenciada na infância, pois certamente o brincar faz parte de uma aprendizagem prazerosa não sendo
somente lazer, mas sim, um ato de aprendizagem. Este trabalho foi desenvolvido através da ajuda de
alguns dos teóricos que sedimentam a minha prática, e fizeram-me sistematizar e aprofundar meus
conhecimentos a cerca deste assunto, levando-me a desenvolver análises crítico-reflexivo sobre o tema.

jogos datam da Grécia e Roma antigas, em que se colocava a importância do aprender


brincando. Este mesmo autor (2000). Ainda dizia que a brincadeira e o jogo interferem diretamente no
desenvolvimento da imaginação, da representação simbólica, da cognição, dos sentimentos, do prazer,
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das relações, da convivência, da criatividade, do movimento e da autoimagem dos indivíduos. Há que se
levar em conta que todo o desenvolvimento que esses recursos trazem para o indivíduo é pré-requisito
para ativar seus recursos de conhecimento.

Os estudos que originaram esse artigo buscaram compreender a importância das


brincadeiras para ativar os recursos de conhecimento do indivíduo, no caso as crianças. Para definir a
brincadeira infantil, ressaltamos a importância do brincar para o desenvolvimento integral do ser
humano nos aspectos físico, social, cultural, afetivo, emocional e cognitivo. Para isso se faz necessário
conscientizar os pais, os educadores e a sociedade em geral sobre à ludicidade que deve estar sendo
vivenciada na infância, pois certamente o brincar faz parte de uma aprendizagem prazerosa não sendo
somente lazer, mas sim, um ato de aprendizagem. Este trabalho foi desenvolvido através da ajuda de
alguns dos teóricos que sedimentam a minha prática, e fizeram-me sistematizar e aprofundar meus
conhecimentos a cerca deste assunto, levando-me a desenvolver análises crítico-reflexivo sobre o tema.

BRINCAR É COISA SÉRIA.

No século XV, a criança era vista como um adulto em miniatura. Ela era vestida
como adulta e a ela cabiam decisões como se fosse adulta. Infelizmente na época atual, em
algumas famílias, esta situação não é muito diferente. A criança ocupa, muitas vezes, o lugar do
centro de decisões: ela é a autoridade e os pais a obedecem. É ela quem determina a hora e onde
irá dormir; se vai ou não tomar vacina; se vai ou não escovar os dentes. Sabemos, porém, que
quem deve ditar as ordens são os adultos e as crianças devem passar grande parte de seu tempo
brincando, pois a brincadeira é uma espécie de linguagem universal, essencial ao
desenvolvimento e ao equilíbrio, não só da criança, mas da própria humanidade. Segundo o
dicionário Aurélio, 2003, p.308, brincar, é "divertir-se, recrear-se, entreter-se, distrair-se, folgar",
também pode ser "entreter-se com jogos infantis", ou seja, brincar é algo muito presente nas
nossas vidas, ou pelo menos deveria ser.
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O brincar está presente em diferentes tempos e lugares e de acordo com o
contexto histórico e social que a criança está inserida. A brincadeira é recriada com seu poder de
imaginação e criação. As brincadeiras de outros tempos estão presentes nas vidas das
crianças, com diferentes formas de brincar, porque hoje nós temos diferentes espaços
geográficos e culturais. O brincar é natural na vida das crianças. É algo que faz parte do seu
cotidiano e se

define como espontâneo prazeroso e sem comprometimento. As brincadeiras são universais,


estão na história da humanidade ao longo dos tempos, fazem parte da cultura de um país, de um
povo. Segundo Wajskop (2007), a brincadeira, desde a antiguidade, era utilizada como um
instrumento para o ensino. Contudo, somente depois que se rompeu o pensamento românico
passou-se a valorizar a importância do brincar, pois antes, a sociedade via a brincadeira como
uma negação ao trabalho e como sinônimo de irreverência e até desinteresse pelo que é sério.
Mas mesmo com o passar do tempo, o termo brincar ainda não está tão definido, pois ele varia
de acordo com cada contexto: os termos ‘’ brincar’’, ‘’ jogar’’ e ‘’ atividade lúdica’’ serão
usadas como sinônimos. O ato de brincar faz parte da vida do ser humano desde o ventre de sua
mãe. Seu primeiro brinquedo é o cordão umbilical, onde, a partir da 17ª semana, através de
toques, puxões e apertos, o bebê, em desenvolvimento, começa a criar relação com algo. Ele
gosta de puxá-lo e segurá-lo. Às vezes ele

segura tão forte que impede a passagem de oxigênio, mas ele não segura por tanto tempo,
portanto, nenhum problema ocorre com essas brincadeiras.

De acordo com que Machado (2003), a mãe brinca com seu bebê mesmo antes de
ele nascer, pois fica imaginando como será ser mãe, e associa as lembranças de quando brincava
com sua boneca. Assim, quando o bebê nasce, já há uma relação criada da mãe para com o bebê
e do bebê para com a mãe, pois esse já reconhece sua voz. Dessa forma, a criança se desenvolve
através das interações que estabelece com os adultos desde muito cedo. A sua experiência sócio
histórica inicia-se nessa interação entre ela, os adultos e o mundo criado por eles, e quando os
pais estimulam seus filhos durante a brincadeira, se tornam mediadores do processo de
construção do conhecimento, fazendo com que seus filhos passem de um estágio de
desenvolvimento para outro.
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É por isso que não se deve pensar que a criança é apenas aprendiz, reprodutora de
cultura e conhecimento, um ser frágil e vulnerável, mas, na verdade, ela é tão sujeita quanto o
adulto, ela é co-construtora. Ao brincar, a criança tem a possibilidade de ir percebendo o
funcionamento das coisas que as rodeiam, e lentamente ir entrando no mundo dos adultos e nas
regras que os regem. As brincadeiras vão mudando à medida que as crianças crescem e se
desenvolvem. Primeiro, a criança brinca com o descobrimento do seu próprio corpo. Depois
descobre os objetos e as suas potencialidades. Segurando seus brinquedos com as mãos e
levando-os à boca. Esta é uma combinação dos objetos num jogo relacional ao "faz de conta",
um instante.
Piaget (1976), diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades
intelectuais da criança. Estas não são apenas uma forma de desafogo ou entretenimento para
gastar energia das crianças, mas meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento
intelectual. Ele afirma:

O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de


simbolismo, uma assimilação do real à atividade própria, fornecendo a este seu alimento
necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. “Por
isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem de todos que se forneça às
crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as
realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil”.
(Piaget 1976, p. (160)).

Wallon fez inúmeros comentários onde evidenciava o caráter emocional em que


os jogos se desenvolvem, e seus aspectos relativos à socialização. Referindo-se à faixa etária dos
sete anos, Wallon (1979), demonstra seu interesse pelas relações sociais infantis nos momentos
de jogos:

A criança concebe o grupo em função das tarefas que o grupo pode realizar, dos jogos a
que pode entregar-se com seus camaradas de grupo, e também das contestações, dos
conflitos que podem surgir nos jogos onde existem duas equipes antagônicas. (Wallon,
1979, p. 210).

Nos jogos ou brincadeiras a criança age como se fosse maior que a realidade, e
isto, inegavelmente, contribui de forma intensa e especial para o seu desenvolvimento (Rego,
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1932). Brincar é um direito fundamental de todas as crianças no mundo inteiro, cada criança
deve estar em condições de aproveitar as oportunidades educativas voltadas para satisfazer suas
necessidades básicas de aprendizagem. O jogo, em seu sentido integral, é o mais eficiente meio
estimulador das inteligências. O espaço do jogo permite que a criança (e até mesmo o adulto)
realize tudo quanto deseja. Quando entretido em um jogo, o indivíduo é quem quer ser, ordena o
que quer ordenar, decide sem restrições. Graças a ele, pode obter a satisfação simbólica do
desejo de ser grande, do anseio em ser livre.

Socialmente, o jogo impõe o controle dos impulsos, a aceitação das regras, mas sem que se
aliene a elas, posto que são as mesmas estabelecidas pelos que jogam e não impostas por
qualquer estrutura alienante. Brincando com sua espacialidade, a criança se envolve na fantasia e
constrói um atalho entre o mundo inconsciente, onde desejaria viver, e o mundo real, onde
precisa conviver. Dessa maneira ela aprende a esperar sua vez, ser e interagir de forma
organizada, respeitar regras e restrições que muitas das vezes são em grupo quando extrapola em
algum brincar, aprendendo então a ganhar e perder.

O PAPEL DO BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Os jogos na área educacional tiveram início no século XVI como apoio à prática
pedagógica, e tinha como objetivo, a aquisição de conhecimentos diversos e a partir daí,
conquista seu espaço definitivo na educação infantil. Entretanto, nos processos de expansão, a
pré-escola acabou cerceando o jogo livre proposto inicialmente por Froebel e criou condições
para o aparecimento dos jogos didáticos e educativos, com finalidades definidas. O processo
gradual de escolarização acabou dando uma nova forma ao jogo pré-escolar: um jogo aliado ao
trabalho escolar, um jogo que visa à aquisição de aprendizagens específicas, definidas a priori,
tais como forma, cor, números, além de comportamentos mais amplos e complexos como
cooperação, socialização, autonomia entre outros. Kishimoto (2002), ressalta a contribuição de
Froebel quando institui nos jardins de infância a utilização de brincadeiras e brinquedos,
atividades livres e orientadas, intercaladas por movimentos e músicas, todos estes aparecendo
como suporte da ação docente destinados à apropriação de habilidades e conhecimentos.
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Baseado em seus estudos, observamos a aplicação da teoria froebeliana sobre o brincar livre e
colaborando com o desenvolvimento. Era destinado apenas a classes privilegiadas, em
instituições específicas como os jardins de infância e em tempo curto de curso. Já para os menos
favorecidos eram destinadas às escolas maternais de caráter assistencialista, por período integral,
onde se acreditava que essa classe necessitava de constante controle e disciplina. Em Kishimoto
(2002), podemos observar o aparecimento do brinquedo nas escolas:

Os brinquedos ficam expostos como decoração e não servem de suporte ao


desenvolvimento motor da criança. Móbiles são pendurados no alto, nas paredes,
distantes do olhar e da mão da criança. Enfim o uso do brinquedo destina-se a
decoração da sala, e não como suporte de brincadeira ou de estímulo para a
exploração do ambiente. A falta de hábito em observar os efeitos do uso de
brinquedos e brincadeiras impede profissionais de creches de compreenderem a
necessidade de selecioná-los e adequá-los com interesses e nível de desenvolvimento
das crianças. (KISHIMOTO, 2002, p. 34).

Dessa forma o brinquedo passa a assumir a condição de simples objeto desprovido de


valor lúdico, perdendo seu real significado que é favorecer a interação, representação e a criação da
criança. O papel do educador é propiciar oportunidades para as crianças brincarem, propiciar um
ambiente de atividades ricas, prazerosas, lúdicas, educativas e sociais diversas. Fortuna (2003), fala que
a escolinha e a creche são lugares de brincar, enquanto a escola (as demais séries do ensino) é lugar de
estudar. Podemos afirmar que esta é a visão que se tem da escola de educação infantil, apesar de certas
instituições explorarem em suas propagandas várias vantagens, como aulas de língua estrangeira,
computação, escolinhas de esportes. O brincar é uma forma das crianças adquirirem conhecimento,
sendo considerada uma importante ferramenta no processo pedagógico. O problema é que, apesar de
muitos educadores deixarem seus alunos brincar, a efetiva brincadeira está ausente na maior parte das
classes de educação infantil. E o que é pior: à medida que as crianças crescem, menos brinquedos,
espaço e horário para brincar existem. Quando aparece, é no pátio, no recreio, no dia do brinquedo, não
sendo considerada uma atividade legitimamente escolar (FORTUNA 2003).

Quando brinca, a criança pensa e se organiza para aprender aquilo que está no
momento de aprender, na brincadeira espontânea a criança cria, escolhe e organiza seus brinquedos,
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lidando com o mundo à sua maneira e aprendendo o que ela quer aprender. Neste sentido, vale
ressaltar nas palavras de Almeida (2003).

“O brinquedo faz parte da vida da criança, simboliza a relação pensamento e ação e


torna possível o uso da fala, do pensamento e da imaginação. O mundo do brinquedo
é um mundo composto, que representa o apego, a imitação, a representação e faz
parte da vontade de crescer e desenvolver-se. Ao brincar com as bonecas a criança
descarrega seus sentimentos, exprime suas necessidades de afeto. Faz do brinquedo a
representação, constituindo uma autêntica atividade do pensamento. ”
(ALMEIDA,2003, p.37e38).

Com este apontamento percebe-se a importância do brincar como forma da criança


expressar-se e desenvolver suas habilidades de criação, de relacionar-se e de interagir. A criança
aprende melhor brincando e muitos conteúdos podem ser ensinados por meio das brincadeiras,
atividades e com jogos ou brinquedos que podem ter como objetivos didático-pedagógicos que visem
proporcionar o desenvolvimento integral do educando. O ideal, de acordo com nossa vivência, é que as
escolas de educação infantil devem ter espaços e recursos que promovam a hora da brincadeira livre e
dirigida. O espaço livre é onde a criança se expressa e desenvolve sua criatividade, o professor não
interfere, apenas observa e nesse brincar espontâneo, que podemos diagnosticar as ações da criança.
Para o brincar na forma dirigida a criança tem uma meta a alcançar, estabelecida pelo professor, por
meio de intermediar e orientar, a criança neste processo.

De acordo com Macedo (2003), a escola pode e deve ser um lugar de brincadeiras e
jogos (livres ou dirigidos) de atividades que será significativa para a criança, que estimulem seu
pensamento e sua criatividade. Entretanto, ao incorporar algumas características tanto do trabalho
como do jogo, a escola cria a modalidade do jogo educativo, destinada a estimular a moralidade, o
interesse, a descoberta, e a reflexão. As brincadeiras livres ou espontâneas permitem à criança chegar
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às suas próprias conclusões sobre o mundo que a cerca, pois ela transforma e recria objetos dando a
eles novas formas. Entende-se que a ação do educador é fundamental no processo denominado
brincadeira, pois a sua intermediação poderá ser requisitada a qualquer momento, seja para incentivar
ou para moderar as atividades. Kishimoto (2003), aconselha que a manifestação do imaginário infantil,
por meio de objetos simbólicos dispostos intencionalmente.

A função pedagógica do jogo subsidia o desenvolvimento integral da criança. Dessa


forma, deixar a criança brincando sem um objetivo específico pode não promover efetivamente a
capacidade de interação, a busca e a troca de aprendizagens. Todavia condiciona-lo rotineiramente a
atividades exclusivamente dirigidas inibe o processo de criação, curiosidade e espontaneidade da
criança, fazendo com que ela não consiga expressar seus desejos e recusas, limitando o
desenvolvimento da autonomia. Portanto, se na escola proporciona-se o espaço disponibilizando
materiais, o educador terá firmeza para estar envolvido na brincadeira da criança.

Os brinquedos constituem-se hoje em objetos privilegiados da educação das crianças,


desde que inseridos numa proposta educativa que se baseia na atividade e na interação delas, tendo
significado quando utilizados pelas crianças para brincar. Os brinquedos são objetos mediadores das
brincadeiras, trazem consigo informações que podem ser inseridos nas escolas considerando-se a
seleção de acordo com a faixa etária da criança e a necessidade de cada projeto ou propósito de
trabalho. O brinquedo deve apresentar desafios para a criança e deve estar adequado ao seu interesse e
suas necessidades criativas, ele deve ser um convite ao brincar, desde que a criança tenha vontade de
interagir com o mesmo; com isso, o brinquedo torna-se recurso didático de grande aplicação e valor no
processo ensino-aprendizagem. E é nesse sentido que o professor pode e deve utilizar-se do brinquedo
como recurso no processo de ensino-aprendizagem.

O lúdico na educação infantil, se bem planejado e desenvolvido, pode tornar-se um


grande aliado do professor, auxiliando-o no desenvolvimento de suas aulas. Faz com que o ensino não
se torne cansativo, sem atrativos e a aprendizagem resulte em uma ação prazerosa onde a criança tem
oportunidade de aprender brincando. Contudo o ensino-aprendizagem é desenvolvido com mais
qualidade porque o professor deixa de desempenhar uma ação mais estática tornando o ensino mais
ativo e motivador, no qual a criança é estimulada a interagir com o conhecimento posto em questão.

Conforme Oliveira (2000), o brincar não significa apenas recrear, é muito mais,
caracterizando-se como uma das formas mais complexas que a criança tem de comunicar-se consigo
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mesma e com o mundo, ou seja, o desenvolvimento acontece através de trocas recíprocas que se
estabelecem durante toda sua vida. Através do brincar, a criança pode desenvolver capacidades
importantes como a atenção, a memória, a imitação, a imaginação, ainda propiciando à criança o
desenvolvimento de áreas da personalidade como afetividade, motricidade, inteligência, sociabilidade e
criatividade. As crianças aprendem através da relação com outras pessoas, além do contato com os
objetos e com o meio ambiente, explorando e vivenciando esses materiais. Mas todo esse
desenvolvimento em aprender brincando deve ser muito bem planejado, com objetivos, recursos,
desenvolvimento, para que, ao final, o professor possa ter o retorno se a atividade foi bem desenvolvida
e os objetivos alcançados. Por meio do brinquedo, a criança solta suas emoções, seus sentimentos de
felicidade, paixões, tristezas e agressividades, podendo assim será um detector do professor quanto ao
comportamento da criança.

Se bem desenvolvidos os jogos, brinquedos e brincadeiras podem tornar-se valiosos


recursos educacionais proporcionando uma aprendizagem de mais atividade, motivação e qualidade no
desenvolvimento integral da criança na educação infantil.

O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

O professor é o grande agente do processo educacional, é a alma de qualquer instituição


de ensino. A formação é um fator fundamental para o professor. Não apenas a graduação universitária
ou a pós-graduação, mas a formação continuada, ampla, as atualizações e os aperfeiçoamentos.
Enquanto educadores, deve-se encarar o brincar como algo natural e espontâneo da criança, por isso
deve ser respeitado e promovido dentro das instituições de ensino. Na Educação Infantil, o brincar deve
andar de mãos dadas com o educar e o cuidar. Ainda está muito presente nas escolas a ideia da sala de
aula silenciosa como ideal para o aprendizado.

Hoje em dia muitos educadores estão presos a esta prática, que parece ser tão natural,
onde querem que crianças fiquem imóveis para aprender. Devemos ter a consciência de que o prazer e
o aprender não devem ser separados dentro das escolas, um deve completar o outro. Quando a criança
aprende brincando ela aprende de maneira natural. Esse aprendizado é muito mais significativo para
ela, a aprendizagem deve despertar a curiosidade e vontade de aprender no aluno, não deve ser
imposto e forçado através de atividades repetitivas, maçantes e insignificantes para o aluno. Baseado
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nas pesquisas de Piaget, Vygotsky e Wallon, o professor da área de educação infantil deve ter como
princípio a valorização do sujeito e o papel da interação social no processo de aprendizagem e no
desenvolvimento da criança. Nessa perspectiva, o educador deverá propiciar situações, brincadeiras e
aprendizagem orientadas de forma integrada e que contribua para o desenvolvimento das capacidades
infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação,
respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e
cultural.

Neste processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de


apropriação e conhecimentos das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na
perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis. A educação segue rumo a
novos caminhos que vão além da vontade de seguir simplesmente um caminho novo. Ela tem se
proposto a possibilitar ao educador conhecer-se como pessoa, saber de suas possibilidades e limitações,
desbloquear suas resistências. Ampliando suas relações sociais, interações e formas de comunicação, as
crianças sentem-se cada vez mais seguras para se expressar, podendo aprender nas trocas sociais, com
diferentes crianças e adultos cujas percepções e compreensões da realidade também são diversas. Para
se desenvolver, as crianças precisam aprender com os outros com os vínculos que estabelecem. Se as
aprendizagens acontecem na interação com as outras pessoas, sejam elas, adultos ou crianças, elas
também dependem dos recursos de cada criança. Partindo do princípio de que a criança aprende
brincando, a educação infantil deve privilegiar o tempo e o espaço para que a aprendizagem aconteça,
não esquecendo que as brincadeiras proporcionam um contato social e reorganização das relações
emocionais, favorece a integração com outras crianças e possibilita que as mesmas superem seus medos
e inseguranças.

A grande responsabilidade para a construção de uma educação cidadã está nas mãos do
professor. Por mais que o diretor ou o coordenador pedagógico tenham boa intenção, nenhum projeto
será eficiente se não for aceito, abraçado pelos professores porque é com eles que os alunos têm maior
contato. O artigo 13 da LDB discorre sobre a função dos professores:

Os docentes incumbir-se-ão de: I. participar da elaboração da proposta pedagógica do


estabelecimento de ensino; II. Elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta
pedagógica do estabelecimento de ensino; III. Zelar pela aprendizagem dos alunos; IV.
Estabelecer estratégias de recuperação dos alunos de menor rendimento; V. ministrar os
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dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos
dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; VI.
Colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade.

A definição de uma profissionalidade para os educadores infantis deve considerar


o fundamental da natureza da criança que é a ludicidade, entendida na sua perspectiva de
liberdade, prazer e do brincar enquanto condição básica para promover o desenvolvimento
infantil. Para Angotti (2008),

A profissionalidade dos educadores infantis deverá ser fundamentada na efetivação de


um cuidar que promova educação, e de uma educação que não deixe de cuidar da
criança, de atendê-la em suas necessidades e exigências essenciais desde a sua mais
tenra idade em atividades, espaços e tempos de ludicidade. (ANGOTTI, 2008, P.19).

Para trabalhar com crianças da Educação Infantil, o professor deve ter uma
competência polivalente, o que significa que lhe cabe trabalhar com conteúdo diversos, que
abrangem desde cuidados básicos essenciais, até conhecimentos específicos provenientes das
diversas áreas do conhecimento. Por meio dos jogos e brincadeiras lúdicas, o professor estimula
a imaginação das crianças, fazendo com que ideias e questionamentos sejam despertados. É
preciso que o professor fique muito atento para que nenhuma criança seja autoritária com as
outras, e que todas tenham as mesmas oportunidades na brincadeira. O professor deve estar
atento também com a competição nos jogos, e deve intervir quando necessário, para que as
crianças saibam que os jogos são coletivos e democráticos, e dão condições de vencer a todos os
jogadores. É muito importante lembrar que as crianças têm todo o seu aprendizado baseado em
imitações.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste artigo faz-se uma reflexão sobre o assistencialismo e o educar, bem como,
discute-se as bases do significado de ensinar e apenas cuidar, ressaltando seu caráter de unicidade, ao
invés de dupla tarefa. Foi possível perceber que o brincar existe desde a antiguidade, já sendo utilizado
como fonte de ensino e que até os dias atuais podemos verificar que além de ser usado como fonte de
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aprendizagem, ele também é usado para um melhor desenvolvimento em todos os aspectos da criança.
As crianças conseguem se expressar, criar, fantasiar e as professoras também proporcionam esses
momentos, sendo colaboradoras do processo.

No entanto, as escolas precisam de reformas em relação aos espaços. Infelizmente,


percebe-se que a prática nem sempre está de acordo com o que o discurso prega. Em certos momentos,
por falta de estrutura, mas muitas vezes, por posicionamento e escolha. É impossível separar a prática
do brincar (GOMES 2006); A educação infantil deve ser pensada e baseada em uma pedagogia centrada
na infância e em suas especificidades, considerando-se e contemplando o prazer que o brincar
proporciona. Pode-se constatar que o jogo, o brinquedo e a brincadeira são instrumentos mediadores
no processo didático-pedagógico, são importantes ferramentas, auxiliares no desenvolvimento motor,
afetivo, psicológico e social da criança em formação. Peças-chave neste processo, estimulam a relação
da criança consigo mesmo, com os outros e com o mundo. Pode-se visualizar a transformação do
contexto social, modificado e marcado por um estilo de vida acelerado, abarrotado de compromissos e
atividades, espaços e tempos limitados.

A introdução da tecnologia e do ambiente virtual, a violência e a insegurança causadas


pelo crescimento acelerado das cidades e do consumo, todos esses são fatores contribuintes para a
mudança no conceito de brincar na vida de nossas crianças. De acordo com toda essa constatação,
conclui-se que o educador ocupa um papel principal nesta situação, pois é na escola, e talvez somente
na escola, que ocorram oportunidades para as crianças brincarem. Portanto, o educador necessita
refletir sobre a questão do brincar, criar espaços e tempos que permitam a realização de jogos,
brincadeiras. Instituindo estratégias que permitam a promoção e evolução integral da criança.
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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

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