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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE-UFCG


CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM FORMAÇÃO BÁSICA PARA A
EDUCAÇÃO BÁSICA

MARIA JOSÉ BARBOSA DE ANDRADE

BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS DA INFÂNCIA: ASSOCIAÇÃO ENTRE


BRINCADEIRAS DA ANTIGUIDADE E DA ATUALIDADE

CAJAZEIRAS-PB
2022
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BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS DA INFÂNCIA: ASSOCIAÇÃO ENTRE


BRINCADEIRAS DA ANTIGUIDADE E DA ATUALIDADE

Maria José Barbosa de Andrade


raquelandrade390@gmail.com

Resumo

O presente artigo objetiva o resgate da ludicidade na vivência de nossas crianças na


atualidade, assim como busca o resgate de memórias de pessoas mais experientes
com idades mais avançadas, para retratar as brincadeiras que mais brincavam
excepcionalmente nas décadas de 60/70. Elaboramos uma pesquisa qualitativa, de
cunho bibliográfico, enfatizando falas de autores sobre jogos, brinquedos e
brincadeiras no desenvolvimento infantil e na aprendizagem das mesmas. Este
estudo mostra também alguns conceitos importantes sobre a ludicidade como
ferramenta importante para a construção de conhecimentos infantis. Com isso
alguns autores foram importantes para nossos estudos como Freire, Aríes, Vygotsk,
Maluf, entre outros contribuintes essenciais para nossas pesquisas.

Palavras-chave: Brincadeiras. Ludicidade. Desenvolvimento infantil.

Abstract:

This article aims to rescue the ludicity in the experience of our children today, as well
as to rescue the memories of more experienced people with more advanced ages, to
portray the games that were most played exceptionally in the 60s and 70s. We
elaborated a qualitative research, of a bibliographical nature, emphasizing the
speeches of authors about games, toys and games in child development and in their
learning. This study also shows some important concepts about ludicity as an
important tool for building children's knowledge. As a result, some authors were
important to our studies, such as Freire, Aríes, Vygotsk, Maluf, among other essential
contributors to our research.

Keywords: Jokes. Playfulness. Child development.


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1. INTRODUÇÃO
Presente a sociedade em que vivemos, a tecnologia tem forte influência nos
meios comunicativos, e sem dúvidas tornou-se o centro das atenções de crianças,
jovens e adultos. As brincadeiras tradicionais são muito importantes, porém
desconhecidas por grande parte das crianças da atualidade. Com isso torna-nos a
necessidade de resgatar as brincadeiras para apresentar a esse público novo, e
engajado nas telas tecnológicas.

Torna-se algo tristonho, ao perceber que as brincadeiras tradicionais não são


mais incorporadas no dia-a-dia de nossas crianças. (FREIRE,2003), ressalta a
importância dessas brincadeiras serem trabalhadas, afim de garantir um bom
desempenho no desenvolvimento das habilidades motoras, sem a necessidade de
apresentar as crianças uma linguagem corporal estranha.

Nessa perspectiva, buscamos fazer leituras sobre as temáticas em foco, com


discussões de texto acerca da aprendizagem infantil discutidos em sala de aula, do
curso de pós-graduação. Tendo como objetivo retomar memórias vivenciadas por
pessoas mais experientes das décadas de 60/70, e fazer comparativo com as
brincadeiras da atualidade. Secundariamente, resgatar as brincadeiras para o
ambiente escolar, assim como ampliar o universo de experiências, conhecimentos e
habilidades, diversificando e consolidando novas aprendizagens. Para enriquecer
nossas pesquisas, utilizamos de autores como Ariés, Vygotsky, Maluf, entre outros
com falas de suma importância. Além de leituras de artigos científicos, pesquisas
bibliográficas, e o uso da pesquisa qualitativa, modo entrevista com 02 pessoas do
sexo feminino, sendo uma senhora de 53 anos, e uma criança de 05 anos, para
expor suas vivências acerca das brincadeiras que fizeram e fazem parte de suas
vidas.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Jogos, lúdico e brincadeiras

Como parte de uma cultura popular, as brincadeiras e jogos fazem parte de


um povo de certo período histórico, cuja brincadeiras são costumes espirituais, onde
muitas das brincadeiras tem sua historicidade desconhecidas.
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No nosso país, encontra-se uma grande mistura de raças, com isso torna-se
dificultoso saber a origem de algumas brincadeiras. O indicio das brincadeiras,
vieram com os primeiros colonizadores, que traziam consigo o folclore lusitano, onde
incluíam jogos, lendas, superstições, contos e valores. Os jogos e brincadeiras são
oriundos dos tempos passados, que são fundamentais para a educação, e
desenvolvimento infantil.

Velasco (1996), diz que as crianças da antiguidade brincavam e participavam dos


jogos dos adultos, mas que também tinham um momento reservado para expor suas
próprias brincadeiras. Podemos perceber que as brincadeiras da antiguidade ainda
são vivenciadas hoje, porém com algumas modificações, mas oferecendo o mesmo
prazer do brincar a criança.

Desde os tempos passados, as brincadeiras são vistas como eficazes para um


bom desenvolvimento da criança, onde a educação reflete a transmissão cultural
dos tempos antigos, até os atuais trazendo conhecimentos, valores, competências,
assim como ideologias e superstições. As formas mais utilizadas no nosso meio
social são as brincadeiras, jogos e o lúdico.

Para Kishimoto (2000), a definição da palavra brincadeira ou jogo, não é algo


fácil, pois cada um pode ter um entendimento diferenciado de ambas. Com isso
iremos buscar autores que melhor possam definir o significado de lúdico, jogos e
brincadeiras.

Segundo Piaget (1975) e Winnicott (1975), jogo, brinquedos e brincadeiras são


formados ao longo de nossas vidas. E essas são formas que eles nomeiam o
brincar, com isso ambas as palavras são consideradas sinônimos de diversão e
alegria.

No dicionário Larousse (1982), estes termos são definidos como:

 Jogo - ação de jogar; folguedo, brinco, divertimento. Seguem-se alguns


exemplos: jogo de futebol; Jogos Olímpicos; jogo de damas; jogos de azar;
jogo de palavras; jogo de empurra;
 Brinquedo -objeto destinado a divertir uma criança, suporte da brincadeira;
 Brincadeira - ação de brincar, divertimento. Gracejo, zombaria. Festinha entre
amigos ou parentes. Qualquer coisa que se faz por imprudência ou
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leviandade e que custa mais do que se esperava: aquela brincadeira custou-


me caro.

Com isso, podemos definir esses termos: Brincadeira como ação de brincar, ao
estimulo espontâneo, como a criança se comporta em determinadas atividades;
Jogo pode ser compreendido como o conceito de regras a serem seguidas, e
Brinquedo como o objeto que criança utiliza para brincar. Quanto a atividade Lúdica,
podemos conceitua-la de forma mais abrangente, se retratando dos conceitos antes
mencionados.

Segundo Dinello, 2004, por meio de atividades lúdicas:


As crianças manifestam, com evidência, uma aprendizagem de habilidades,
transformam sua agressividade em outras relações criativas, crescem em
imaginação e se socializam, melhorando o vocabulário e se tornando
independentes.

As atividades lúdicas despertam profundas transformações, e impõe algumas


exigências para o processo educacional. Onde podem auxiliar com propostas
criativas. O lúdico permite que qualquer conteúdo possa ser trabalhado de forma
prazerosa e divertida.

De acordo com Neto (2001), o desenvolvimento de atividades lúdicas, como o


jogo, é muito importante, pois a criança desperta sua independência, e torna-se um
ser capaz de realizar suas descobertas e experiências, assim, como autoexpressar-
se.

2.2 O papel da ludicidade no desenvolvimento infantil

Vygotsky (1984) ressalta a importância do ato de brincar na construção do


pensamento infantil. Acredita que é através das brincadeiras, jogos a criança
desperta o seu cognitivo, assim como seu modo de aprender com as determinadas
vivências. Através das brincadeiras, a criança é capaz de expressa-se, e ser
construtora de seu próprio pensamento.

Garcia (2002, p. 56) explana que:


“ao brincar, o sujeito ensaia, treina, aprende, se distrai, sim; mas se
constrói: afirma, assimila, reorganiza, descobre e inventa suas formas
enfrenta os enigmas, os desafios, as oportunidades e as imposições que a
vida lhe apresenta”.
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As brincadeiras permitem à criança imaginar, vivenciar situações fantasiosas. As


brincadeiras fazem com que a criança se imagine ao interagir nas brincadeiras. Ao
mesmo tempo em que ela idealiza viver situações reais, ela também consegue
assimilar normas sociais, e a vivencia com o outro elabora novos conhecimentos. O
brincar não é só coisas de crianças, a ludicidade em si faz parte da vida de todo ser
humano.

Brancher (2007) entende o lúdico como atividade essencial ao ser humano. Para
nós educadores, não podemos ver o lúdico apenas como uma prática útil para ser
trabalhada com os alunos, mas sim, percebendo a grande importância que a
ludicidade pode promover nas produções de conhecimentos. As atividades lúdicas,
nos oferece um mundo de situações a serem experimentadas, recriadas, sentidas
através de nossa imaginação. Ela nos proporciona também, viver um mundo
imaginário, despertando em nós momentos de prazer e alegria.

Não existe uma única forma de aprender, e nem existe um tempo determinado
para isso. A aprendizagem é concebida como uma mudança ocorrida das
experiencias vividas. Sendo possível ocorrer em qualquer momento de nossas
vidas. Para Vygotsky :

“[...] o aprendizado das crianças começa muito antes delas frequentarem a


escola. [...] quando a criança assimila os nomes de objetos em seu
ambiente, ela está aprendendo”.

A criança está a todo momento aprendendo, com o seu meio, e percebe que
existe prazer no que faz, o ato de brincar proporciona novos desafios, conquistas e
aprendizagens. Através das brincadeiras a criança vai construindo ideias,
construindo conhecimentos, assim como resolvendo problemas e desafios que lhe
são propostos. A criança encontra maneiras para resolver “aquela brincadeira”, do
seu modo.

Segundo Antunes (2004), brincando a criança se adequa ao mundo em que vive,


e que a criança aprende enquanto está brincando. A criança aciona vários sentidos
durante a brincadeira, como suas emoções, seu imaginário. Esses sentimentos,
ligados as experiencias vividas por ela, torna-se em conhecimentos. Quando a
criança recria sua vivencia, ela está desenvolvendo seu imaginário, e sua
capacidade de abstrair.
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A ludicidade está presente na vida de todos, principalmente no desenvolvimento


infantil, pois através dela pode acorrer a assimilação, recriação, decodificação da
realidade humana.

3. PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

Ao decorrer de estudos e pesquisas acerca da temática em foco, Brinquedos


e brincadeiras da infância: associação entre brincadeiras da antiguidade e da
atualidade , foi percebido a importância dessa discussão, e com ênfase no setor
acadêmico, visto que as brincadeiras tradicionais estão cada vez mais escassas no
nosso meio atual. Diante do exposto, buscamos responder a seguinte problemática:
De que forma as brincadeiras tradicionais podem ser resgatadas e incluídas na
infância de nossas crianças?

Para elaboração do presente artigo, foi realizada uma pesquisa tendo como
referências autores como Aríes, Vigotsky, Maluf, entre outros. Acercar-se como
abordagem qualitativa, onde foram aplicados questionários de pesquisa com uma
pessoa mais vivida, retratando as brincadeiras dos anos 60/70, e uma criança acima
de 05 anos, retratando as brincadeiras atuais, com isso foi possível, fazer uma
abordagem relacionando quais brincadeiras ainda estão presentes, e quais podem
ser resgatadass e inseridas no cotidiano de nossas crianças.

Este trabalho tem por objetivo ser aplicado na disciplina Fundamentos teórico-
metodológicos em Educação Infantil-30 horas, do curso de Pós-Graduação Lato-
Sensu em Formação Docente para Educação Básica, do campus UFCG.

Ao retratarmos de pesquisa qualitativa, podemos utilizar das palavras de


Chizzotti (2006, p. 58), que diante de estudos científicos, e aspectos éticos
acrescenta que:

Cresce, porém, a consciência e o compromisso de que a pesquisa é uma


prática válida e necessária na construção solidária da vida social, e os
pesquisadores que optaram pela pesquisa qualitativa, ao se decidirem pela
descoberta de novas vias investigativas, não pretenderam nem pretendem
furtar-se ao rigor e à objetividade, mas reconhecem que a experiência
humana não pode ser confinada aos métodos nomotéticos de analisá-la e
descrevê-la.
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Chizzotti (2006, p. 28) cita às pesquisas denominadas como qualitativas, ao


referenciar-se que “[...] usando, ou não, quantificações, pretendem interpretar o
sentido do evento a partir do significado que as pessoas atribuem ao que falam e
fazem”. Muitos pesquisadores e estudiosos, utilizam da pesquisa qualitativa para o
levantamento de caraterísticas primordiais.

4. UMA VIAGEM SOB OS RELATOS DAS BRINCADEIRAS VIVENCIADAS


NAS DÉCADAS DE 60/70 E BRINCADEIRAS DA ATUALIDADE

Dentre diversas técnicas de coleta de dados, foi feito o uso do questionário, onde
se evidencia a coleta de forma mais detalhada. Segundo Gil (1999, p.128), o
questionário pode ser deliberado “como a técnica de investigação composta por um
número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas,
tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses,
expectativas, situações vivenciadas etc.”.

Desse modo, alinhando em questões de cunho experiencial, o questionário é um


instrumento que melhor servirá afim de acolher as informações da realidade. Todas
as questões elaboradas, diante de uma mesma temática, as brincadeiras da
antiguidade x brincadeiras da atualidade, e de que forma o ato lúdico pode favorecer
no desenvolvimento da criança.

Com base em estudos atuais, mostram-nos a importância das brincadeiras e


jogos tradicionais para socialização e educação das crianças. Pois é através das
brincadeiras que a criança estabelece liames sociais, e interage com outras
crianças. Com base nessas afirmações, algumas perguntas foram respondidas,
primeiramente com a criança de 05 anos.

Em referencia as brincadeiras que mais gostava de brincar ela nos respondeu


que: “Ah, eu gosto muito de brincar! Brincar é muito bom... eu brinco de pega-pega,
esconde-esconde... “(Rubi, 2022). Nas concepções de Amado (2002, p. 11) confirma
que o orbe lúdico continua sendo “uma introdução ao mundo... nunca uma lição...,
mas uma descoberta”. Posteriormente, a criança prosseguiu dizendo que adora
brincar com as coleguinhas na escola

“Sabe, eu brinco com minhas coleguinhas na escola, corremos muito, a


gente brinca de dançar, de amarelinha, mas minha amiguinha não gosta
quando eu brinco com as outras.” (Rubi,2022)
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Diante das palavras da menina, o interagir é bom para o desenvolvimento das


crianças, trabalha todo o corpo, memória, e também a socialização, visto que ainda
possui muitas crianças que tem essa dificuldade de se socializar com os demais.
Prosseguiu conversando livremente, falando o que durante o dia também faz uso de
telefone celular para assistir vídeos no tik tok e desenhos no You tube.

Em correlação ao uso de tecnologias a pequena (Rubi ,2022): “eu gosto de


assistir vídeos no celular, mas eu prefiro brincar de bonecas! Elas têm nomes, você
sabe qual é o nome de minhas bonecas?”. Com isso percebemos que a maioria das
crianças, tem o hábito de utilizar os aparelhos celulares no seu dia-a-dia, mas que
também gostam de brincar de brincadeiras tradicionais. Afirmou também que no
celular ela tem um joguinho instalado, e que curte bastante “Eu tenho uma gatinha,
ela tem vida! Eu banho ela, eu dou comida pra ela, ela é muito bonita, todo dia ela
está lá do jeitinho que eu deixei.” (Rubi,2022). Retratando aos jogos, pode ser
considerado em uma visão ampla, e pode ser compreendida diante de sua grandeza
de estudos em qual se insere.

Prosseguindo as entrevistas, dessa vez foi com a senhora de 53 anos, onde


nomeamos como Camélia. Sobre um entendimento sobre brincadeiras, ela nos disse
que: “Brincadeira... pra mim, brincadeira é brincar de boneca, de bola, de pipa, de
esconde-esconde. Brincadeira pra mim é se divertir” (Camélia,2022). Com relação a
fala, a ação de brincar é fator marcante na vida das crianças, visto que elas
aprendem brincar no decorrer dos tempos, e das influências, e cada um tem um
significado do que seja.

Trazendo suas memórias de infância, Camélia nos retratou que brincava


muito de boneca, de casinha, de correr com seus primos, que se divertiam-se
bastante, debaixo das árvores eram seus lugares prediletos, brincavam tanto que
nem viam a hora passar. Ao ver que essas lembranças são cheias de muita alegria,
vemos a importância de mediar as brincadeiras, que nossas crianças possam ter
contato com brincadeiras livres, nesse contexto, o ambiente influencia muito na
criação das brincadeiras, estimulando sua imaginação.

Assim, a escola pode favorecer ambientes que beneficiem e excitem a


brincadeira. O Referencial Curricular para a Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 15)
afirma que:
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Ao brincar, jogar, imitar e criar ritmos e movimentos, as crianças também se


apropriam do repertório da cultura corporal na qual estão inseridas. Nesse
sentindo, as instituições de educação infantil devem favorecer um ambiente
físico e social onde as crianças se sintam protegidas e acolhidas, e ao
mesmo tempo seguras para arriscar e vencer desafios. Quando mais rico e
desafiador for esse ambiente, mas ele lhes possibilitará a ampliação de
conhecimentos acerca de si mesma, dos outros e meio em que vivem.

Correlacionando as falas, as crianças brincavam livremente, criavam seus


próprios brinquedos, sua imaginação era muito instigada, quando em certo momento
da entrevista (Camélia, 2022) nos disse que:

“Nossos brinquedos a gente mesmo fazia. A gente pegava um pedaço de


pau, enrolava uns paninhos e dizia que era nossa boneca. Era tão divertido,
hoje em dia eu vejo as bonecas tão bonitas, e as crianças de hoje em dia
nem liga... era riqueza quem tinha uma boneca... “

Aqui podemos ver a valorização que se tinham, como a importância do


brincar, o valor do brinquedo era importante para eles. Com isso, Fortuna (2011, p.
9) nota que:
Os brinquedos devem estar dispostos como se convidasse a brincar.
Acessíveis, visíveis e instigantes, podem ser distribuídos pela sala em
diferentes cantos e zonas, propondo, assim, diferentes pontos de partida
para a brincadeira.

A necessidade de organização no espaço em que criança está. As


brincadeiras tem um objetivo primordial em fazer com que as crianças se interajam,
proporcione momentos de partilha, de socialização, além de fazer com que se
adapte a diferentes contextos socioculturais.
Através das entrevistas com as duas participantes, foi possível ver que as
semelhanças entre as brincadeiras de antes com as atuais, muitas coisas foram
adicionadas, aconteceram transformações, a inovação tecnológica limitou com que
as crianças da atualidade criem suas brincadeiras, mas em referência ao sentido
brincar, ainda continuam os mesmos prazeres, e os mesmo motivo, divertir-se.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com as palavras de (MALUF. 2003, P. 17):


Brincar é: comunicação e expressão, associando pensamento e ação; um
ato instintivo voluntário; uma atividade exploratória; ajuda às crianças no
seu desenvolvimento físico, mental, emocional e social; um meio de
aprender a viver e não um mero passatempo.

As brincadeiras são recursos bastantes utilizados nas salas de educação


infantil, onde proporciona as crianças momentos de interação com o outro, dispondo
de momentos significativos para construção de seu desenvolvimento como
indivíduos psicossociais.
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Cascudo (1984) e Kishimoto (1999 e 2003), retratam que os jogos infantis


tradicionais, são oriundos de uma cultura popular, onde são expressados através de
um povo em determinada época, onde esses ensinamentos são passados de
geração para geração através da oralidade, podendo assim serem transformados,
incorporando brincadeiras mais antigas, e sofrendo alterações com o passar das
gerações, podendo ser agregados novas criações.

FRIEDMANN. (1996, P. 12), assegura que:


[...] brincadeira refere-se à ação de brincar, ao comportamento espontâneo
que resulta de uma atividade não estruturada: jogo é compreendido como
uma brincadeira que envolve regras: brinquedo é utilizado para designar o
sentido de objeto de brincar: atividade lúdica abrange, de forma mais ampla,
os conceitos anteriores.

O brincar desperta na criança o senso crítico, onde ao seguir as regras do


jogo fazem com que elas estejam aptas com a ideia de obedecer a limites, seguir
regras, e isso torna-se muito importante para construção de seu desenvolvimento.
Visto que atualmente nos deparamos com muitas crianças que vivem sem regras, e
não respeitam a vez do próximo.

CONCLUSÃO
Trabalhar o lúdico em salas de Educação Infantil, é de uma importância
imensurável, pois desperta na criança o poder de desenvolvimento e transformação,
por mais que atualmente o uso das tecnologias tenha tirado a concentração das
crianças para as brincadeiras tradicionais, o resgate pelas brincadeiras culturais é
prazeroso, e promove a construção de conhecimentos e promove riquezas em sua
evolução, e o contato com o outro.

O processo de ensino-aprendizagem das crianças dependerá do empenho da


família/ escola em trabalhar esses resgastes de memórias de uma geração passada,
que por meio das tecnologias algumas brincadeiras ficaram guardadas e esquecidas
do baú do tempo. Com isso, temos como finalidade valorizar a cultura das músicas
populares, cantigas de rodas, brincadeiras, etc.; para assim despertar nas nossas
crianças o prazer pelas brincadeiras culturais.

As brincadeiras promovem as crianças uma oportunidade de aprender coisas


novas, o poder de interagir com o outro, de respeitar os seus próprios limites e os do
próximo. Valoriza as suas novas experiencias, compartilha de momentos únicos,
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onde são fatores essenciais que fazem com que a criança reverencie, e reconheça a
cultura, e realidade de diferentes povos.

Referências
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2003.
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Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.
CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. 3. ed. São
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DINELLO, R. Os jogos e as ludotecas. Santa Maria: Pallotti, 2004
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GARCIA, R. L. (org). Crianças, essas conhecidas tão desconhecidas. Rio de
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Educação e do Desporto. Secretária de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF,
1998.
FORTUNA, Tânia Ramos. O lugar do Brincar na Educação Infantil. Revista Pátio-
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