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Resumo: Este trabalho visa refletir sobre a experiência docente em formação inicial
de professores de música e dos anos iniciais, com atividades lúdico-musicais
orientadas e realizadas no projeto de extensão Brinquedos e Brincadeiras Sonoras
em um Espaço Lúdico não Formal de Ensino, no caso, a Ludoteca da UEL. O
projeto tem como objetivo assegurar um lugar para troca de experiências,
conhecimento e aprendizagem musical em um contexto educativo não formal e
partindo da premissa de que a educação musical e a aprendizagem musical não se
dão somente em contextos formais, mas, sobretudo, em contextos não formais,
especialmente em espaços onde o brincar está presente, desenvolver a
sensibilidade, a criatividade e a expressão musical das crianças atendidas pelo
referido projeto, promovendo um aprendizado musical lúdico através de jogos e
brincadeiras sonoras, aproximando a educação musical infantil com uma concepção
de brincar que a compreende como imprescindível ao desenvolvimento humano,
entendendo o jogo e a brincadeira como elementos promotores do desenvolvimento
do pensamento musical de crianças em idade escolar.
Introdução
Fundamentação:
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diversos modos em cada contexto em que se vive. Enquanto linguagem musical,
está presente na vida dos seres humanos e sempre fez parte da educação de
crianças e adultos.
Desde o nascimento, a criança tem necessidade de desenvolver o
senso de ritmo, pois o mundo que a rodeia se expressa numa profusão de ritmos. A
criança está aberta, intuitivamente, a uma enorme variedade de estímulos sonoros
que lhe chegam naturalmente através de “redes”, ou seja, de maneira não ordenada,
intuitiva e criativa. Por isso, não podemos ignorar o gosto musical das crianças nem
lhes negar a possibilidade de ampliar o seu campo de conhecimento musical.
Segundo Rodrigues (2009), a brincadeira cria laços de solidariedade
e de interação entre os sujeitos que dela participam e também assume importância
fundamental como forma de participação social. Através da brincadeira, as crianças
podem desenvolver seu pensamento, a linguagem, a imaginação e a criatividade.
A educação musical, enquanto área de conhecimento, pode permitir
que as crianças ampliem as possibilidades de criar e vivenciar experiências sonoras
significativas para o seu desenvolvimento.
De forma lúdica, o aprendizado musical que ocorre dentro de um
espaço de brincar, sem a formalização de conhecimentos específicos da área, pode
contribuir para o desenvolvimento de vários aspectos da musicalização infantil, como
por exemplo, a percepção auditiva, a distinção dos elementos da música ou ainda as
diferenças de ritmos.
Sekeff (2007), afirma que, como atividade lúdica, a música se
recorta como um jogo que se realiza na escuta, cuja dinâmica se enriquece com a
aprendizagem, motivando, criando necessidades e despertando interesses.
Portanto, a utilização de jogos e brincadeiras musicais pode
contribuir para a melhora da coordenação motora, visto que através de movimentos
rítmicos corporais, da memória, da atenção e da concentração em atividades
propostas, a criança pode perceber, sentir e ouvir, deixando-se orientar pela
imaginação e pela sensação que a música lhes sugere e comunica.
De acordo com Brito (2003), a escuta é uma das ações
fundamentais para a construção do conhecimento referente à música. Ouvindo, as
crianças podem perceber detalhes: se cantam gritando ou não; se o volume de
instrumentos ou se objetos sonoros estão adequados; se a história sonorizada é
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interessante; se os sons utilizados aproximam-se do real etc. Por isso, o educador
necessita ouvir o que dizem e cantam as crianças, ou seja, a “paisagem sonora” de
seu meio ambiente e a diversidade musical existente: o que é transmitido por rádio e
televisão, músicas de propagandas, trilhas sonoras de filmes, músicas folclóricas,
música erudita, música popular, música de outros povos e culturas. É importante
desenvolver nas crianças atitudes de respeito e cuidado com materiais musicais, de
valorização da voz humana e do corpo como materiais expressivos. Isso porque, por
meio da voz, do corpo, de instrumentos musicais e objetos sonoros as crianças
podem interpretar, improvisar e compor, interessadas pela escuta de diferentes
gêneros e estilos musicais e pela confecção de materiais sonoros.
Metodologia:
Relato de Experiência:
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acompanhadas por uma brinquedista, funcionária graduada, que permanece no local
durante o período das aulas.
No primeiro momento, percebi que não poderia avançar com as
oficinas sem antes instrumentalizar com conteúdos de música as oito alunas
estagiárias do curso de pedagogia, pois, apesar das atividades serem de fácil
aplicação, achei necessário fazer uma oficina somente com elas antes de iniciar as
atividades com as crianças. Assim, surgiu o evento, em forma de minicurso
“Musicalização para Professores da Ludoteca da UEL”, com duração de 16 horas
onde foram abordados assuntos como metodologias de ensino de música,
conteúdos básicos de música e filmes que exploravam a temática sobre
musicalização na infância. Foi de grande valia, pois as alunas do curso de
pedagogia relatam que não têm em sua grade curricular disciplinas que abordem
conteúdos de música ou artes de maneira geral. Isso me deixa preocupado, pois
estas alunas serão as futuras professoras da educação básica, e se elas não
tiverem contato com estes conteúdos da disciplina de artes, acredito que estas não
poderão ministrar estes mesmos conteúdos, como os de música, por exemplo. Mas
durante o minicurso, participaram ativamente das atividades de musicalização e o
entendimento foi considerável. Uma das primeiras atividades praticas, foi a
construção de objetos sonoros a partir de material reciclado. Instrumentos de feitos
com diversos materiais que poderiam ser utilizados durante as aulas.
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A partir destes conhecimentos, as estagiárias da Ludoteca poderiam
elas mesmas aplicar alguns dos conteúdos de música propostos no projeto. Depois
deste evento de extensão, começamos efetivamente a praticar com os alunos na
Ludoteca. No primeiro momento também percebi que as crianças também não
tinham conhecimentos musicais, mas nas primeiras atividades de Pulso e Rítimo
estas se sentiram a vontade para aplicar as sugestões de criação e improvisação.
Os processos de criação e improvisação em música tem na metodologia Koellreutter
seu principal defensor, onde o aluno já tem informações musicais, mesmo que não
sistematizadas em um ensino formal, possam fazer música. Neste sentido, as
atividades de criação são um campo fértil para a imaginação das crianças que
participaram do projeto.
Foram desenvolvidas as seguintes atividades: Atividades formativas
que envolveram todos os estagiários, aulas de musicalização, apresentação sobre
os conceitos sobre música e educação musical, exercícios de criação e
improvisação utilizando a metodologia 1Koellreutter, exercícios sobre música e
movimento, seguindo a metodologia 2Dalcroze, construção de instrumentos musicais
com materiais alternativos, apresentação de dois filmes que abordam a temática
sobre educação musical infantil “A Voz do Coração”, 2004, Direção: Christophe
Barratier e “O Som do Coração”, 2007, Direção: Kirsten Sheridan.
1
Hans J. Koellreutter, músico, educador musical alemão, veio para o Brasil nos anos 1930 e defende as
ideias sobre criação e improvisação musical, baseado nos conhecimentos que o aluno já traz em sua formação.
(BRITO, 2003).
2
Emile J. Dalcroze, (1865 - 1950) foi o criador de um sistema de ensino de música baseado no
movimento corporal expressivo, que se tornou mundialmente difundido a partir da década de 1930. Com sua
pedagogia musical, Dalcroze se torna o precursor dos chamados métodos ativos na área da educação musical.
(FONTERADA, 2008).
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Foto 2: Construção de objetos sonoros com material alternativo
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Foto 4: Atividade de Brincar de Pulso
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Referências Bibliográficas:
SEKEFF, Maria de Lourdes. Da música, seus usos e recursos. São Paulo: Editora
UNESP, 2007.
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