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Aprendizagem em Música
Resumo: O trabalho desenvolvido na EEB. Ary de Souza Borges em São Joaquim - SC tem
como principal característica a busca por estratégias metodológicas para uma educação
musical significativa por meio de atividades musicais lúdicas envolvendo o corpo, o canto
coral, instrumentos produzidos com materiais alternativos e instrumentos como a flauta doce
e o violão. Essas atividades são trabalhadas com base nos princípios teóricos de Keith
Swanwick, referentes à apreciação, execução e composição, valorizando também o jogo
rítmico e corporal, de forma a dinamizar as aulas de musicalização e a promover não somente
o desenvolvimento musical dos alunos, como também contribuir para a aprendizagem de uma
forma geral.
Preocupados com a maneira com que a criança entra em contato com a atividade
musical, é que se propõe utilizar o lúdico, através de jogos e brincadeiras, encadeado a outras
atividades musicais. Esse processo facilita às crianças o entendimento dos conteúdos
específicos de música bem como das atividades de coordenação motora e ritmo, dependendo
também, do nível da turma e da reação individual de cada aluno.
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Esta experiência musical de contato direto com o som e o jogo com todas as suas
possibilidades é a base de algumas das tendências principais da música atual. Nessa
perspectiva, a criança vai absorvendo passo a passo as etapas da linguagem musical
“enriquecendo a experiência direta com os elementos musicais dentro de uma visão
abrangente da educação musical” (GUIA; FRANÇA, 2005, p. 11).
Dessa forma percebemos que participando das brincadeiras oferecidas pelo professor é
que a criança vai somando pequenos detalhes que no final de um estudo fazem grande
diferença no processo de aprendizagem, pois, “quando as situações lúdicas são
intencionalmente criadas pelo adulto com vistas a estimular certos tipos de aprendizagem,
surge a dimensão educativa” (KISHIMOTO, 2001, p. 36). Apesar de não se ter certeza que o
conhecimento adquirido pela criança é o mesmo desejado pelo professor, esse processo, onde
a criança entra em contato com a atividade a ser desenvolvida através do que é atrativo, de
atividades prazerosas, já é um grande passo em direção à aprendizagem, pois cada criança
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necessita de tempo, espaço e diversidade para absorver as informações que lhe são oferecidas
a todo instante.
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Pensando dessa forma buscamos fazer com que cada criança possa ter um contato
significativo com todo conteúdo trabalhado. Através de dinâmicas, jogos e brincadeiras
conseguimos fazer com que nossos alunos prestem atenção em detalhes musicais nunca antes
percebidos por eles, assim como uma simples melodia do pássaro na janela.
Depois de algumas audições explorando a diversidades de sons existentes à nossa volta
passamos a desenvolver atividades que envolvam os sons do corpo, seguindo o que Dalcroze
afirma em (PAZ 2000, p. 10) ser a principal forma de se internalizar a música:
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relacionar tais movimentos aos intervalos musicais, visando também trabalhar com isso a
afinação. Nessa integração corpo e música, sempre verificamos um maior interesse das
crianças.
A partir desses primeiros contatos com o grupo, passamos a levar em conta as
características próprias, procurando refletir, compreender e questionar cada decisão
pedagógica tomada em relação à turma. Swanwick (2003) coloca no seu segundo princípio de
educação musical, que devemos considerar o discurso dos alunos. Segundo ele:
Cada aluno traz consigo um domínio de compreensão musical quando chega a nossas
instituições educacionais. Não os introduzimos na música, eles são bem familiarizados
com ela, embora não a tenham submetido aos vários métodos de análise que pensamos
ser importantes para seu desenvolvimento futuro.
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A curiosidade não é despertada ditando-se informações sobre a vida dos músicos ou
sobre história social, nem dizendo sempre aos alunos o que eles precisam ouvir, nem
tratando um grupo musical como se ele fosse uma espécie de máquina. É preciso que
haja algum espaço para a escolha, para a tomada de decisões, para a exploração
pessoal.
Sendo assim, consideramos cada aluno como um agente da construção de seu próprio
conhecimento, integramos a essa proposta de utilização de instrumentos com materiais
alternativos, atividades e dinâmicas onde as crianças podiam improvisar, apreciar e analisar
diferentes formas de fazer música usando uma simples lata. Nesse contexto, alcançamos uma
prática musical extremamente expressiva, devido à totalidade das funções exercidas em cada
atividade, onde muitas vezes conseguimos integrar o corpo, a voz e os instrumentos
alternativos agindo juntos nesse fazer musical.
Outro aspecto importante abordado foi o trabalho de expressão e postura, onde
desenvolvemos exercícios de relaxamento e alongamento. Na visão de SWANWICK (2003, p.
62), “Essa camada do significado musical, que chamo de expressão, não pode ser vivenciada
se nos situamos somente e sempre nos intervalos ou valores rítmicos”, e foi através de jogos de
expressão corporal e facial, com o uso de instrumentos de percussão e canto que buscamos dar
esse significado de expressão ao repertório escolhido.
Quanto ao repertório, sempre selecionamos canções que condigam com a nossa
proposta de trabalho procurando pouco a pouco contemplar todos os conteúdos, ao quais
consideramos mínimos no ensino de música, como o entendimento sobre: altura, ritmo, timbre,
intensidade e andamento. Sempre apreciando, executando, conhecendo um pouco do contexto
da música escolhida e criando.
O trabalho com violão e flauta doce ainda está em fase inicial, pois os instrumentos
foram adquiridos a pouco tempo pela escola, mas, em contrapartida temos um ótimo trabalho
com o coral, onde as crianças já conseguem cantar com até três vozes diferentes.
Por fim, percebemos que a criança quando entra em contato com os jogos e
brincadeiras dentro da sala de aula, mesmo que “coordenado” por um adulto, acaba sentindo-se
mais à vontade e mais próxima da atividade desenvolvida, nesse momento ela percebe a
existência de uma linguagem em comum entre o seu mundo e o mundo dos adultos, o mundo
do aprendizado e da escola. Usando a ludicidade estamos oferecendo um substituto dos objetos
reais, para que a criança possa manipulá-lo e compreendê-lo cada um à sua maneira e ao seu
tempo.
REFERÊNCIAS
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GUIA, Rosa Lúcia dos Mares; FRANÇA, Cecília Cavalieri. Jogos Pedagógicos para a
Educação Musical. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005.
SCHAFER, R. Murray. O Ouvido Pensante. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1991.
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