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PROFESSOR REGENTE:

CONTRIBUIÇÃO DA MÚSICA NO DESENVOLVIMENTO


COGNITIVO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Débora Cristina Ildêncio - smpremusica@hotmail.com


(Autora do Artigo)
Prof. Esp. Alex Lopez
(Orientador)

RESUMO

A música tem o poder de influenciar diretamente o desenvolvimento cognitivo, social


e afetivo de todo indivíduo. Diversas pesquisas apontam por exemplo que o feto é
capaz de ouvir sons e responder a estes estímulos dentro do útero da mãe. Por isso,
introduzir esta arte desde cedo é fundamental para a formação do ser humano. O
papel da escola vai muito além, utilizar a música como instrumento alfabetizador e
desenvolver habilidades como coordenação motora, cognitiva, afetiva, memorização,
entre outros. Por isso, é crucial que o professor seja alguém capacitado, que veja
além da música, que é o produto, mas está conectado a inúmeras possibilidades e
fatores cruciais para o aprimoramento e desenvolvimento de cada indivíduo.

Palavras-Chaves: Regência; Ensino Musical; Desenvolvimento; Educação,


Professor.

1. INTRODUÇÃO

É fundamental que a música seja inserida na vida da criança logo na primeira infância.
Sua assimilação acontece de forma recreativa, através de gestos, corpo, audição,
fala e pela criatividade, pois, a música está associada a ludicidade. Ela inda influencia
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questões individuais e sociais, fortalecendo assim o vínculo e compartilhamento das


emoções, por isso, é importante estimular o indivíduo a desenvolver todas as suas
sensibilidades.

Estudos comprovam, que inseri-la desde cedo na esfera educacional possibilita o


desenvolvimento de diversas habilidades, além de proporcionar momentos de
interação e lazer. A música não é somente a associação de sons e palavras, ela pode
ir muito mais além, contextualizando ainda nossa história e narrando a evolução
humana desde os primórdios até os dias atuais.

[...] A música, além de suas próprias atribuições, sociabiliza e


sensibiliza o indivíduo, desenvolve o seu poder de concentração e
raciocínio, tão importante em todas as fases de nossas vidas. Auxilia,
ainda, na coordenação neuro motora e na parte fonoaudiológica da
criança. A criança que escuta bem, fala bem (PIAGET, 1996, p. 34).

Apesar do produto final ser sempre a música, está pode ser utilizada para o estudo de
diferentes disciplinas, aspectos cognitivos, conhecimentos lógicos e sociais podem e
devem fazer parte dessa relação, ampliando através da arte, conhecimentos de outros
temas que parecem ser distintos, mas que estão interligados. A necessidade de uma
metodologia eficaz é essencial para auxiliar principalmente as crianças e adolescentes
a trabalharem suas percepções e integração na sociedade.

2. A MÚSICA

Há indicativos de que a música é produzida desde a pré-história e muito


provavelmente como consequência da observação dos sons existentes na natureza.
Pesquisadores encontraram vestígios de uma flauta de feita aproximadamente no ano
de 60.000 a.C. e ainda de liras e harpas na Mesopotâmia com cerca de 3.000 a.C
Essa relação começou quando não havia outra forma de se comunicar, a não ser
ouvindo o som presente no ambiente. A partir dessa observação humana e da
manifestação natural destes sons, os homens da pré-história descobriram que
poderiam imitá-los e emiti-los.
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A música se faz presente na vida humana em todas as manifestações sociais e


pessoais. Sendo uma prática cultural, expressão artística, podendo ser apreciada e
vivida em qualquer fase da vida, seja por bel-prazer, por profissão ou indicações
médicas, o que sabe ao certo, é que ela sempre trará grandes benefícios a quem a
experimentá-la.

Pesquisas apontam ainda que tanto ouvir música quanto tocar um instrumento
contribui para o desempenho, desenvolve habilidades em matemática, leitura e
compreensão de texto e a capacidade do trabalhar em equipe, como é o exemplo de
quem toca em um grupo, banda ou orquestra. Ou seja, para que o resultado esperado
aconteça, é primordial que cada indivíduo aprenda a ouvir e executar o seu
instrumento com os demais participantes.

O estudo publicado pela revista Psychology of Music1 (2009) mostrou que a exposição
a música pode estimular o cérebro aumentando a capacidade de memória. Além
disso, um teste com 22 crianças entre 3 e 4 anos foi realizado, e esses indivíduos que
receberam aulas de teclado e canto durante um determinado período, e outro grupo
de 15 crianças com a mesma faixa etária não foram expostos ao aprendizado durante
o mesmo tempo. O resultado foi surpreendente, o grupo exposto ao ensino musical
aprimorou suas habilidades de espaço-temporal em 34% a mais do que as demais
crianças.
GAINZA (1988) afirma ainda que a conduta musical pode refletir diferentes aspectos
e níveis de interação em etapas distintas da vida, proporcionando relações e reações
diversas. Por exemplo: uma criança bem pequena comumente atuará como receptora
destes sons, pois suas informações são passadas através do choro e de reações
como o tampar dos ouvidos. Já em sua fase escolar percebe-se que esta não costuma
escutar os sons que ela mesmo produz, por isso, sua reação é gritar quando canta,
bater nos instrumentos externando assim sua energia física e afetiva, além de explorar
os sons do mundo. Já na pré-adolescência normalmente este individuo evita gritar e
talvez prefira nem cantar.

1Psychology of Music é um periódico acadêmico criado em 1973 que publica até os dias atuais artigos
no campo da psicologia da Música.
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Todavia, já na adolescência pela ansiedade natural este coloca na música sua mente
e seu afeto, seu sistema corporal naturalmente deseja aprender e reaprender. Por
isso, é tão comum o despertar para a música nessa fase. Já o adulto manifesta uma
série de reações bem específicas diante de um som e de uma música. É notado que
independente da fase da vida essa conduta musical refletirá diferentes aspectos e
níveis de integração.

Pesquisadores da Escola Médica da Universidade John Hopkins, nos Estados Unidos,


realizaram um estudo publicado pela Revista “Plos One” em 2014 para analisar o
comportamento do cérebro sob a influência da música, para isso, músicos de jazz
fazia ressonância magnética enquanto tocavam seus instrumentos com objetivo de
averiguação e rastreamento de quais partes do cérebro se acendiam enquanto a
música era executada e improvisada em conjunto. O resultado deste estudo sugeriu
que essas regiões do cérebro onde são processadas a sintaxe não estão limitadas
apenas à linguagem falada, mas sim toda área cerebral para o processamento da
comunicação em geral.

3. MÚSICA NA ESCOLA

Ao se trabalhar música nas escolas é importante considerar todas as limitações


existentes em uma sala de aula, como ambiente, materiais, mas principalmente no
que se diz a respeito ao entendimento deste aluno quando o assunto é abordado.
Nem todos possuem a mesma bagagem e as mesmas habilidades para determinados
conteúdos. Por exemplo, um bebê iniciará o seu processo de musicalização de forma
intuitiva, porém, esse desenvolvimento está a cargo de quem o ensina.

Por isso, o professor precisa estar atento as diferenças culturais, as suas facilidades
e também dificuldades relacionadas as estas atividades; mas é fundamental ainda,
que este possibilite seus alunos a novas experiências para chegar a outros níveis
desejados de aprendizagem.
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Um dos principais aspectos da música neste processo de ensino-aprendizagem é o


estímulo ao uso dos sentidos pelo aluno. Pois qualquer experiência musical,
independentemente do estilo, ou dos instrumentos utilizados, irá promover maior
habilidade de observação, compreensão, descrição. Além da criatividade é possível
evidenciar habilidades até então desconhecidas, adicionar a interação com objetos e
o “saber-fazer” nessa fase de desenvolvimento pedagógico tão importante, permitindo
desenvolver sua musicalidade, algo diferente do estudo musical a sós.

3.1 A MÚSICA ALÉM DA ARTE

A prática social da música é tão antiga que pesquisadores acreditam que surgiram
assim que o ser humano começou a se reunir em bandos. Na Grécia Antiga por
exemplo, o coral era associado ao teatro e quem participa afirmava que a prática
melhorava o ouvido e enriquecia a cultura geral. O canto por exemplo, aprimora a
propriocepção ou consciência corporal que nada mais é do que a capacidade de
reconhecer seu próprio corpo, entender a respiração e cada movimento muscular,
além do desenvolvimento fonético.

Tocar ou cantar uma canção parece simples, mas é necessário pensar o que se
deseja passar e o qual reação se espera do ouvinte. Apesar de abstrato, ela pode ser
previsível ou não. Por exemplo, ao executar uma música movida, comumente
possibilitamos ao ouvinte sensações de alegria, em contrapartida, se tocamos uma
música triste podemos passar essa sensação também. E isso não está ligado somente
pela execução da obra, mas, pelas características de construção, melodia, tonalidade,
entre outros fatores. É como se cada canção fosse o protagonista de uma história!

Um bom exemplo para entendermos a relevância sonora e o poder que a música


carregar em transmitir sentimentos e sensações diversas é se permitir assistir um
trecho de um filme sem com o volume mutado. Em muitas cenas, as sensações
pensadas pelo diretor não serão passadas, porque você terá somente a imagem para
construir a história. Isso porque a música por muitas vezes apesar de aparentar ser
somente uma soma para a imagem, é muito mais que isso! ela tem o poder narrativo
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de auxiliar na construção deste discurso e ela é papel fundamental do que se deve e


desejar passar.

Após vivenciar isso, se você assistir o mesmo trecho agora com áudio perceberá o
quanto ela é importante e faz total diferença neste contexto, pois, muitas vezes nossas
sensações de medo, suspense, tristeza, aflição, angústia, começam antes mesmo da
cena de fato acontecer, somente pela música nossas impressões e emoções
começam naturalmente a se manifesta.

Além disso, ela carrega consigo conhecimentos multidisciplinares, não é somente o


período ou o contexto social que podem ser passados através dela. Sabemos que em
inúmeros momentos de nossa história ela foi de fato ferramenta primordial, com
caráter de resistência, posicionamento político, aclamação e até devoção, sendo
usada de maneira articulada a ponto de ser a voz de grandes multidões. Quando
pensamos nisso, é possível perceber que ela já transcendeu a questão sonora,
passando a ser parte da História, passeando ainda pela Literatura, Sociologia,
podendo ser contextualizada em várias canções e em várias disciplinas.

A geografia por exemplo pode ser pauta em determinados momentos, com canções
que falam de diferentes temáticas, desde a migração, vegetação, guerras até a
globalização. Ou na ciência com temas que falam sobre genética, meio ambiente
entre outros. No quadro a seguir é possível analisar alguns exemplos de músicas que
abordam temas interdisciplinares, que podem ser agregados ao estudo musical
associados a outras disciplinas:
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HISTÓRIA GEOGRAFIA CIÊNCIAS

Apesar de você — Chico Riacho do Navio — Luiz Spyro Gyro — Jorge Ben
Buarque; Gonzaga e Zé Dantas; Jor;

Como nossos pais — Elis Rosa de Hiroshima — Zé Meningite — Grupo


Regina; Secos e Molhados; Revelação;

Cálice — Chico Buarque; Himalaia – Jorge Vercilo Espatódea — Nando Reis

Pra não dizer que não falei O Bêbado e o


das flores — Geraldo Vandré Equilibrista — Aldir Blanc
e João Bosco

EXEMPLIFICAÇÃO DE MÚSICAS – FONTE - GOOGLE

4. O DESENVOLVIMENTO ATRAVÉS DA MÚSICA


4.1 PSCICOMOTOR

A primeira manifestação do ser humano é o movimento, pois, desde o início de sua


vida intrauterina já são realizados gestos e ações que serão importantes para sua
formação. O movimento corporal possibilita ainda na fase infantil um conhecimento
de si mesmo promovendo também descoberta. Por isso, a Psicomotricidade é a
ciência que tem como objetivo o estudo do homem e seus movimentos e está
diretamente relacionada com estes movimentos realizados pelo corpo, sejam eles
voluntários ou involuntários, todas essas relações fazem conexão com a mente.

Os anos iniciais escolares são de extrema importância para a ampliação destas


capacidades motoras, fases cruciais para a maturação do desenvolvimento físico da
criança. A música além de uma linguagem artística é de total relevância para esse
trabalho, principalmente das crianças na primeira infância, contribuindo também para
a expansão dos movimentos, percepção do espaço, delimitações e ainda a
percepção de si mesmo e de outras crianças.
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4.2 A SOCIABILIDADE

A música desenvolve também a sociabilidade, agindo como facilitador destas


relações, pois, para um resultado satisfatório é necessário que cada um exerça seu
papel em favor do coletivo. Por exemplo, cantar em conjunto ou reunir pessoas para
cantar não é o mesmo que formar um coral. Este por sua vez possui metodologia e
exige ainda algumas especificidades.

Como o próprio nome sugere, coral, remete a "cores" causando um efeito sinestésico,
dando a combinação das vozes um efeito colorido sonoro. Tem como objetivo a
execução das vozes em harmonia, de uma forma sucinta, exigindo combinações
diferentes que permitem uma experiência única, inebriante, experimentando ainda
efeitos sonoros causados por estas combinações. A inclusão de uma pessoa no grupo
estabelece laços, trocas de saberes, influenciando ainda a visão de si próprio e sua
sociabilidade.

O estudo realizado pela Oxford Brookes University, publicado em 2013, avaliou 375
pessoas que cantavam em corais, cantavam sozinhos ou praticavam esportes. O
resultado, revelou que todas as atividades proporcionam bem-estar, no entanto, os
membros do coral são ainda mais beneficiados. Outro estudo realizado pelo
departamento de Psicologia Experimental da Universidade de Harvard nos EUA
apontou que cantar aumenta a produção de endorfina, que está diretamente ligada a
resistência a dor e a sensação de prazer.

Seja no instrumento, seja a música feita no próprio corpo, seja utilizando a voz, não
importa a forma de reprodução, os resultados são sempre surpreendentes e
extremamente satisfatórios.
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5. O PROFESSOR REGENTE

Os educadores experientes não são aqueles que estimulam a transpor as


barreiras exteriores, mas os obstáculos secretos. Não são aqueles que
transformam seus filhos e alunos em depósito de informações, mas os que
estimulam seu apetite intelectual e os animam a digerir informações. (CURY,
2014).

Ensinar sem dúvida é um processo que requer empenho! O professor precisa estar
em constante formação e para o âmbito musical isso é ainda mais necessário.
Vasconcelos (2003) afirma que para verdadeiramente um professor atuar, é
necessário considerar a realidade da sala de aula e de seus alunos. Por isso, além
é primordial ainda ressaltar que cada aluno possui sua individualidade, por isso a
resposta de aprendizado e desenvolvimento de cada um será diferente,
principalmente em determinas situações. Nesta hora é basal uma metodologia
diferenciada, além de outros elementos que podem influenciar diretamente neste
resultado.

O professor regente ainda precisa estabelecer parâmetros técnicos que comprovem


a efetiva contribuição da arte para o processo de desenvolvimento. Saviani (2000)
afirma que:

A música é um tipo de arte com imenso potencial educativo já que, a par de


manifestações estéticas por excelência [...] apresenta-se como um dos
recursos mais eficazes na direção de uma educação voltada para o objetivo de
se atingir o desenvolvimento integral do ser humano (SAVIANI, 2000, p.40).

Este profissional é sem dúvida nessa ação o ator contribuinte para este processo de
escolarização, auxiliando no desenvolvimento humano no processo educacional
desses indivíduos para melhoria das relações interpessoais e dinâmicas de grupo.
Neste processo de formação humana de maneira transversal os conteúdos
pedagógicos trabalhados pelas instituições de ensino são fundamentais e por isso
mais do que nunca é necessário a busca de profissionais capacitados para exercerem
este papel. Brito (2003, p.74) afirma que os objetos sonoros e também outros
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instrumentos poderão ser descobertos se as crianças tiverem a chance de contarem


com materiais variados e também com orientação, estimulo do educador.

Quando um aluno tem acesso a linguagem musical este será capaz de desenvolver
conhecimentos e aperfeiçoá-los através do tempo. Vygotsky (1994), afirma ainda que
uma criança pode desenvolver sua zona de desenvolvimento proximal potencial com
o auxílio de um adulto. Então observa-se que os processos de desenvolvimento já
são produzidos. Por isso, oferecer conhecimentos musicais a estes indivíduos pode
torná-los futuramente um amante da música.

Cada capacidade pode ser desenvolvida independentemente, mediante um


exercício adequado. A tarefa do docente consiste em desenvolver não uma
única capacidade de pensar, mas muitas capacidades particulares de pensar
em campos diferentes; não em reforçar a nossa capacidade geral de prestar
atenção, mas em desenvolver diferentes faculdades de concentrar a atenção
sobre diferentes matérias. (VYGOTSKY, LURIA, LEONTIEV, 1994, p. 108).

Segundo Pena:

Os instrumentos de percepção são necessários para que o indivíduo possa ser


sensível à música, apreendê-la, recebendo o material sonoro/musical como
significativo. A musicalização é um processo em que as potencialidades de
cada indivíduo são trabalhadas e preparadas de modo a reagir ao estímulo
musical. (PENNA, 2014, p. 21).

CASALS (1970), citado por WOLF (1988) afirma que nunca traçou uma linha divisória
entre o ensino e o aprendizado. O professor deve saber mais que seu aluno, mas,
ensinar é também aprender. Por isso, ensinar música vai além da ação mecânica, o
que se houve deve ser o produto final e não o início do trabalho. Por isso, é comum
dizermos que o instrumento é a extensão do nosso corpo, sendo então uma forma de
expressão social, cultural e também emocional.

Segundo SALDAÑA (2017) quase 50% dos professores do ensino médio no país
ministram aulas de disciplinas para as quais não possuem formação específica. Um
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problema que cada vez se torna mais corriqueiro e afeta principalmente a redes
públicas. E com a música não é diferente!

É comum encontrarmos em escolas públicas, municipais ou até mesmo em escolas


de música, professores que não possuem nenhum tipo de capacitação ou formação
na área, e em muitos casos são pessoas que aprenderam a tocar um instrumento ou
gostam de cantar e nunca tiveram um acompanhamento especializado. Tendo em sua
grande maioria um conhecimento superficial e totalmente prático, sem entenderem
tudo que envolve o ensino-aprendizagem da música e os critérios de observação e
pedagógicos que são inerentes a este processo.

5.1 FORMAÇÃO DOCENTE

Falar de educação musical é falar sobre grandes desafios, que vão além dos
conteúdos e metodologias e profissionais verdadeiramente capacitados para esta
atividade. Por isso é de extrema importância que o professor seja devidamente apto,
sua formação valorizar paradigmas, promove reflexões, assumindo a
responsabilidade de investir em seu próprio desenvolvimento profissional. Um
profissional inexperiente ou despreparado pode acarretar vários danos não somente
no resultado final musical, mas o não aproveitamento de todas possibilidades que
seus alunos podem oferecer somado a todo conhecimento adquirido dentro e fora da
escola.

Para trabalhar com a educação musical é preciso mais do que experiência, é


necessário conhecimento e formação, não basta somente tocar um instrumento para
atuar na área. Ter um profissional de fato capacitado é também ter alguém que sabe
lidar com conflitos, é assertivo nas realizações das tarefas em busca dos verdadeiros
resultados, além da visão reflexivo para um trabalho que desenvolve e traz resultados.
Louro (2012) afirma que o educador musical deve traçar um plano de trabalho que
priorize não apenas as questões musicais, mas sim a evolução do indivíduo como um
todo.
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O ensino da música assim como as demais disciplinas possui metodologia e um olhar


que saia do convencional, uma atenção a cada um individualizando para que a soma
com os demais alunos possa acontecer, aproveitando assim as melhores habilidades
de cada sujeito. Por isso é fundamental clareza sobre o que é música e sobre seu
ensino, pois esta deve ser pensada além da arte, sendo um processo de
conhecimento, interação e integração. Cunha (2001) afirma que o professor constrói
seu próprio conhecimento em seu cotidiano, não somente no âmbito escolar, mas de
todo seu conhecimento de vida.

6. CAPACITAR PARA MELHOR DESEMPENHO

Escolher corretamente e capacitar os profissionais é fundamental para estimular e


melhorar a aprendizagem dos alunos. Um estudo feito pelo Instituto Ayrton Senna e
do Boston Consulting Group, apontou que os alunos melhoram seu aprendizado de
47% a 70% a mais com professores que se capacitam do que quando expostos a
profissionais sem este perfil.

A educação não é um modelo teórico completamente pronto, por isso, os professores


precisam de treinamentos contínuos em várias áreas do conhecimento para se
adaptarem às diversas mudanças sociais e aprimorarem suas habilidades como
educadores para todos.

7. CONCLUSÃO

O papel do professor e sua importância no ensino da música está presente em


praticamente todas as civilizações conhecidas. É possível perceber o seu papel de
uma forma geral no contexto de cada sociedade. A educação musical não está
somente dentro da sala e o trabalho do professor começa antes mesmo dele adentrá-
la.
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O aprendizado precisa sair da superficialidade e mais ainda o professor precisa atuar


como facilitador das relações interpessoais. Seu papel deve ser muito além da música,
ele precisa atuar como mediador, facilitador e mentor, permitindo assim que seus
alunos estejam no centro de seu próprio processo de aprendizagem. Sendo alguém
que assiste um grupo com objetivos em comum, controlando processos sempre que
possível, intervindo apenas para correções técnicas e apresentando questões
norteadoras para indicar novas possibilidades e caminhos.

Sua responsabilidade como facilitador é permitir condições para que seus alunos
desenvolvam um pensamento crítico e lógico, permitindo que possam reparar seus
próprios erros e possibilitando sua criatividade, ao invés de exigir uma linha de
raciocínio única.

O professor regente atua primordialmente como suporte e personagem motivacional,


concatenando as atividades exercidas com as ambições e valores e os objetivos de
cada aluno. É muito mais do que música, é mais que som, ele precisa conhecer as
particularidades de seus alunos e construir uma relação de confiança — e precisa
ainda ser um exemplo, permitindo ainda que seus alunos possam gerir seus próprios
aprendizados e ir além do desenvolvimento exigido pelo currículo escolar.

Na educação a música auxilia na percepção, estimula a memória e a inteligência,


explorando ainda habilidades linguísticas e lógico-matemáticas. Assim, a música tem
muito a contribuir com sua expressividade, fazendo com que a criança e adolescentes
adquira a leitura do ser individual e social, transformando suas relações interpessoais.

É fundamental ainda que o professor entenda sua importância e assuma seu papel
neste processo constante e interdisciplinar que a Música pode proporcionar.
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8. REFERÊNCIAS

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alunos. Disponível em:< https://blog.academia.com.br/professor-na-educacao-dos-
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