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EDUCAÇÃO
Fabio Agnes da Paz
Curso de Pós Graduação em Psicopedagogia
Resumo
Este artigo apresenta a importância da música como ajuda cognitiva no processo de
ensino aprendizagem, que é o objetivo de estudo da Psicopedagogia, sua aplicação e seus
benefícios no desenvolvimento do indivíduo. A música com maior ou menor intensidade está
na vida do ser humano, ela desperta emoções e sentimentos de acordo com a capacidade de
percepção que ele possui para assimilar a mesma. O objetivo do artigo é mostrar que a música
não é somente uma associação de sons e palavras, mas sim, um rico instrumento que pode
fazer a diferença nas instituições de ensino, pois ela desperta o indivíduo para um mundo
prazeroso e satisfatório para a mente e para o corpo que facilita a aprendizagem e também a
socialização do mesmo.
Introdução
A Psicopedagogia, interessa a todo aquele que se dedica à Educação, na medida em
que possibilita uma análise das teorias relacionadas com as ações de aprender e ensinar,não
apenas no sentido da prática didático-pedagógica, mas no substrato epistemológico que delas
se origina para a formação do sujeito “aprendente”. Nutre-se de conhecimentos oriundos,
sobretudo da Epistemologia Genética, da Psicologia Social e da Psicanálise. A Educação
Musical utiliza os elementos sonoros para desenvolver a capacidade aural nos indivíduos.
Através do estudo de instrumentos, da gramática musical e da composição, é possível
desenvolver a criatividade e a coordenação motora, favorecer a socialização e estimular os
processos mentais de aprendizagem.
Como bem expôs Lyra (2009), “a música é uma arte rítmica, que se define por sua
progressão no espírito e, portanto, ocupa um lugar imaterial no tempo”. Existem registros
muito antigos de instrumentos musicais que foram feitos com o objetivo de imitar os sons da
natureza, dos pássaros, do trovão, do vento nas árvores e dos animais da floresta. Na Bíblia,
no Antigo Testamento, são citados alguns instrumentos musicais, já no primeiro livro, o de
Gênesis, no capítulo 4, como a harpa e a flauta.
Diante do poder da música e da relação que se tem direta ou indiretamente com ela,
fica clara a sua abrangência em todas as idades da vida humana, como afirma Gainza (1988,
p. 22-23): “A música e o som, enquanto energias estimulam o movimento interno e externo do
homem, impulsionam-no à ação e promovem nele uma multiplicidade de condutas de
diferente qualidade e grau”.
A linguagem musical vem sendo apontada, por um número cada vez maior de
especialistas em todo o mundo, como uma das áreas do conhecimento mais importantes a
serem estudadas no desenvolvimento da criança, pois a aprendizagem musical contribui para
o desenvolvimento cognitivo, psicomotor, emocional e afetivo e, principalmente, para a
construção de valores pessoais e sociais de crianças, jovens e adultos, melhorando a agilidade
cognitiva, a capacidade de administrar informações em conflito e de escolher aquela que
melhor se aplica a cada situação.
A percepção da música, dos sons musicais e dos diversos timbres que existem, é
assimilada de forma bem individualizada, varia de pessoa para pessoa, pois cada um traz suas
próprias memórias e vivências, conforme afirma Gainza (1988):
3 O que é Musicalização ?
Para Bréscia (2003) a musicalização é um processo de construção do conhecimento,
que tem como objetivo despertar e desenvolver o gosto musical, favorecendo o
desenvolvimento da sensibilidade, criatividade, senso rítmico, do prazer de ouvir música, da
imaginação, memória, concentração, atenção, auto-disciplina, do respeito ao próximo, da
socialização e afetividade, também contribuindo para uma efetiva consciência corporal e de
movimentação.
O educador também pode gravar sons e pedir para que as crianças identifiquem cada
um, ou produzir sons sem que elas vejam os objetos utilizados e pedir para que elas os
identifiquem, ou descubram de que material é feito o objeto (metal, plástico, vidro, madeira)
ou como o som foi produzido (agitado, esfregado, rasgado, jogado no chão). Assim como são
de grande importância as atividades onde se busca localizar a fonte sonora e estabelecer a
distância em que o som foi produzido. Para isso o professor pode pedir para que as crianças
fiquem de olhos fechados e indiquem de onde veio o som produzido por ele. Posteriormente o
educador pode trabalhar os atributos do som: Altura, intensidade, duração e timbre.
Através dessas atividades o educador pode perceber quais os pontos fortes e fracos das
crianças, principalmente quanto à capacidade de memória auditiva, observação, discriminação
e reconhecimento dos sons, podendo assim vir a trabalhar melhor o que está defasado. Bréscia
(2003) ressalta que os jogos musicais podem ser de três tipos, correspondentes às fases do
desenvolvimento infantil:
a) Sensório-Motor (até os dois anos): São atividades que relacionam o som e o gesto. A
criança pode fazer gestos para produzir sons e expressar-se corporalmente para
representar o que ouve ou canta. Favorecem o desenvolvimento da motricidade.
b) Simbólico (a partir dos dois anos): Aqui se busca representar o significado da música,
o sentimento, a expressão. O som tem função de ilustração. Contribuem para o
desenvolvimento da linguagem.
c) Analítico ou de Regras (a partir dos quatro anos) : São jogos que envolvem a
estrutura da música, onde são necessárias a socialização e organização. Ela precisa
escutar a si mesma e aos outros, esperando sua vez de cantar ou tocar. Ajudam no
desenvolvimento do sentido de organização e disciplina.
A duração das atividades deve variar conforme a idade da criança, dependendo de sua
atenção e interesse. Além disso, vale lembrar que é preciso respeitar a forma de expressão de
cada um, mesmo que venha a parecer repetitivo ou sem sentido. É importante que a criança
sinta-se livre para se expressar e criar.
A música é uma linguagem da arte que toca as emoções com simplicidade e eficácia,
sem que se tenha a necessidade de um estudo profundo, sabendo-se que todos conseguem
sentir e perceber seus efeitos, desde os indivíduos mais cultos aos mais iletrados. Assim, é
possível haver uma união entre esta linguagem da arte e a Psicopedagogia, objetivando uma
melhora no desempenho cognitivo em alunos que necessitam de intervenção psicopedagógica.
Sobre tal questão, Gainza (1988, p. 101) admite: “O objetivo específico da educação
musical é musicalizar, ou seja, tornar um indivíduo sensível e receptivo ao fenômeno sonoro,
promovendo nele, ao mesmo tempo, respostas de índole musical”.
Gardner (1995) destaca ainda que as inteligências são parte da herança genética
humana, todas se manifestam em algum grau em todas as crianças, independente da educação
ou apoio cultural. Assim, todo ser humano possui certas capacidades essenciais em cada uma
das inteligências, mas, mesmo que um indivíduo possua grande potencial biológico para
determinada habilidade, ele precisa de oportunidades para explorar e desenvolvê-la. “Em
resumo, a cultura circundante desempenha um papel predominante na determinação do grau
em que o potencial intelectual de um indivíduo é realizado” (GARDNER, 1995, p, 47). Sendo
assim, a escola deve respeitar as habilidades de cada um, e também propiciar o contato com
atividades que trabalhem as outras inteligências, mesmo porque, segundo o autor, todas as
atividades que realizamos utilizam mais do que uma inteligência.
Considerações Finais
Evidenciou-se através deste estudo que as diversas áreas do conhecimento podem ser
estimuladas com a prática da musicalização. De acordo com esta perspectiva, a música é
concebida como um universo que conjuga expressão de sentimentos, idéias, valores culturais
e facilita a comunicação do indivíduo consigo mesmo e com o meio em que vive. Ao atender
diferentes aspectos do desenvolvimento humano: físico, mental, social, emocional e espiritual,
a música pode ser considerada um agente facilitador do processo educacional, e auxilia os
alunos com dificuldades de aprendizagem, que é o objetivo deste estudo. Nesse sentido faz-se
necessária a sensibilização dos educadores para despertar a conscientização quanto às
possibilidades da música para favorecer o bem-estar e o crescimento das potencialidades dos
alunos, pois ela fala diretamente ao corpo, à mente e às emoções.
Referências:
ALVAREZ. Maria Esmeralda B. Exercitando as Inteligências Múltiplas – dinâmicas de
grupo fáceis e rápidas para o ensino superior. 2.ed. São Paulo: Papirus, 2008.
BRÉSCIA, Vera Lúcia Pessagno. Educação Musical: bases psicológicas e ação preventiva.
São Paulo: Átomo, 2003.
GAINZA, V. Hemsy de. Estudos de Psicopedagogia Musical. São Paulo: Summus, 1988.
WEIGEL, Anna Maria Gonçalves. Brincando de Música: Experiências com Sons, Ritmos,
Música e Movimentos na Pré-Escola. Porto Alegre: Kuarup, 1988.