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CENTRO UNIVERSITÁRIO ITÁLO BRASILEIRO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

EDUCAÇÃO MUSICAL NAS ESCOLAS

VALDREA DA SILVA

Novo Hamburgo 2023


Resumo
Neste artigo são expostas algumas questões sobre música e educação
musical, bem como o significado da educação musical para a formação dos
alunos, de modo que a música pode ser considerada uma ferramenta essencial
no desenvolvimento dos alunos. Não se pretende oferecer, portanto, uma visão
sobre música enquanto expressão artística, mas a reflexão de aspectos que
relevantes neste debate. Reflete, portanto, na música e sua relação com a
educação e evita deliberadamente abordar outras questões filosóficas, éticas e
estética sobre a arte e a educação musical.

Palavras-chave: educação musical; ensino da música; desenvolvimento motor.


INTRODUÇÃO

A atividade musical tem sido estudada em várias especialidades


científicas, tendo avanços e descobertas nos campos da antropologia, biologia,
medicina, psicologia ou sociologia. Estas confirmaram e expandiram o
conhecimento sobre a existência de atitudes e aptidões estritamente humanas
em relação a produção de sonoridades. A música é, portanto, um fenômeno
inato no ser humano: está presente de uma maneira espontânea nas primeiras
manifestações sonoras de crianças e acompanha a humanidade em um grande
número de eventos de seu ciclo de vida.
A música é ensinada e progressivamente conforma um legado de
conhecimento transmitido de geração em geração. Em sociedades mais
desenvolvidas, e particularmente na cultura ocidental, a língua musical tornou-
se, por um lado, mais complexo, enquanto, por outro, perdeu sua presença na
vida cotidiana.
Além de diferentes concepções, o que é evidente é que a emissão de
sons produzido com algum tipo de intencionalidade expressiva ou comunicativa
é um fato consubstancial da natureza humana. A música é um produto do
comportamento de grupos humanos, sejam eles formais ou não. A música é o
som humanamente organizado.
O público-alvo deste trabalho são os alunos do ensino fundamental I,
a partir da compreensão que a Educação Musical se torna, então, um
necessário, tanto para garantir a transmissão de um sistema de comunicação
específico quanto ao desenvolvimento de habilidades individuais que afetam a
educação integral do ser humano.
A relevância deste trabalho se dá a partir da compreensão que a
aprendizagem musical exige o desenvolvimento de habilidades auditivas
específicas, execução e criação, e conta com a assimilação de conteúdo e
prática. De modo que aprender as novas informações é significativo, se estiver
relacionado ao que a pessoa já sabe. Consequentemente, os conceitos
musicais são aprendidos combinando recepção-descoberta e os eixos
memoriais significativos. Na faixa etária dos alunos do ensino fundamental I, o
desenvolvimento destas habilidades é fundamental para conformar o sistema
cognitivo, motor e de memória destas crianças.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) foi formulada como uma
diretriz curricular para os sistemas e redes de ensino público e privado do país,
sendo reconhecido por escolas públicas e privados do Brasil. Um dos eixos
centrais da BNCC, enquanto fundamentos e diretrizes, se aplica à área de
linguagens, apontando a relevância do ensino da língua portuguesa. A BNCC
está prevista desde a Constituição de 1988, no entanto, apenas em 2014 foi
definida como meta no Plano Nacional da Educação. Finalmente, em 2017 foi
aprovada pelo Conselho Nacional de Educação e homologada pelo Ministério
da Educação.  Conforme.
A BNCC está dividida em 5 campos do conhecimento: Linguagens,
Matemática, Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Ensino Religioso. A
Língua Portuguesa se encontra dentro do campo da Linguagem, campo o qual
é composto por Artes, Educação Física e Inglês.
A metodologia se baseia em uma metodologia qualitativa utilizando a
técnica da pesquisa bibliográfica. Deste modo as bases de dados utilizadas
serão: Capes e Scielo a partir das palavras-chave: arte, música, educação
musical.

Neste sentido, o objetivo central deste trabalho é discutir acerca das


possibilidades e da importância da educação musical no segmento do ensino
fundamental I.

DESENVOLVIMENTO
EDUCAÇÃO MUSICAL

No que tange ao campo da institucionalidade, vale mencionar que com a


aprovação da Lei nº 11.769 de 18 agosto de 2008 que altera a Lei de Diretrizes
e Bases de 1996 colocando a Educação Musical como obrigatória na Educação
Básica. O que significa que há um reconhecimento da relevância do ensino de
música para os estudantes do ensino básico.
Neste sentido, é necessário refletir sobre a importância da educação
musical na educação do ensino fundamental e sua influência no
desenvolvimento integral da pessoa. A partir da compreensão que a música é
uma ferramenta terapêutica para doenças psicológicas e corporais, cujas
propriedades aperfeiçoam os sentidos e o desenvolvimento motor tornando-se
um veículo para entender a cultura, a história, criatividade e sensibilidade
musical.
Há diversas possibilidades e limites (cognitivos, informativos,
ideológicos afetivos) da intervenção educacional a partir do conhecimento no
nível inicial, como também na Educação geral básica que enfatiza o interesse
de avançar em um conhecimento e prática que rompe com os estereótipos
existentes e propõe opções significativas para as pessoas envolvidas nesses
processos, promovendo internalização e experiência de conteúdos e, com ela,
uma formação musical de qualidade, que incluem não apenas aspectos
teóricos, mas a aprendizagem de um instrumento e prática de oficinas e grupos
musicais. (OLIVEIRA, 1992).
Cada professor deve refletir sobre seu trabalho e estilo de ensino, a fim
de encontrar o caminho metodológico mais eficaz que se adapte ao seu estilo e
facilite alcançar altos padrões em seu desenvolvimento profissional. Existem
diferenças entre os diferentes níveis educacionais e diferentes abordagens dos
profissionais que ensinam: a do domínio musical integral, que concede uma
prioridade especial à interpretação, à teoria ou à interação do grupo e aos
estilos gerenciais focados no comportamento. (BRITO, 2003)
Tomamos como pressuposto teórico e metodológico da experiência
realizada o papel essencial da escola no processo de humanização, uma
vez que é na escola que as objetivações da esfera da vida não cotidiana
podem ser apresentadas à maioria das crianças em nossa sociedade, a
compreensão da cultura como fonte das qualidades humanas e a
compreensão da escola como lugar da cultura mais elaborada. O conjunto
de conhecimentos advindos de diferentes campos da ciência – das
neurociências, da psicologia, da pedagogia, da antropologia, da sociologia -
tem demonstrado amplamente que as qualidades humanas são produzidas
pela atividade humana ao longo da história.(SOARES et al, 2019, p.128)

Mas as dificuldades que o professor de música ou linguagem musical


enfrentam não decorre necessariamente da escolha entre um método ou outro
ou entre partes deles. Outros fatores também influenciam, entre os quais
podemos mencionar a abordagem ou estilo de ensino pessoal e a abordagem
do próprio professor ao ensino musical que ele deseja realizar.

Procurando justificar a presença da música na escola, muitos professores


utilizam argumentos que não estão diretamente ligados ao processo
musical, como desenvolvimento da criatividade, sensibilidade, motricidade,
interdisciplinaridade, raciocínio, conhecimento de si próprio e as inter-
relações. São aspectos importantes, mas que não são de seu domínio
específico: é a música vista como meio para atingir outros objetivos.
(URIARTE, 2005, p.157)

Com relação ao modelo que prioriza a interpretação, também podem


ser distinguidos dois modos diferentes de realização: o estilo orientado para a
interpretação musical e o orientado para a descoberta. No primeiro caso, nos
referimos à aprendizagem instrumental focada na interpretação. Na educação
geral, o professor dirige os grupos instrumentais, usando estratégias
motivacionais não verbais e ensino assertivo para garantir que o grupo possa
tocar juntos. Na segunda orientação, enfatiza-se não apenas a interpretação,
mas também a autonomia do aluno e a dinâmica de grupo que possibilita
interações e a troca de ideias de outra natureza, a fim de permitir e incentivar
um processo em que cada aluno descobre o significado que a música tem para
ele. (BRITO, 2003)

Defende-se a necessidade de que a música esteja inserida como uma


disciplina no currículo escolar, com características de linguagem específica,
critérios de avaliação e possibilidades de expandir o conhecimento através
da experimentação das sonoridades, como um dos elementos formadores
do indivíduo. (URIARTE, 2005, p.158).

O sentido de uma educação para alunos do ensino fundamental II de


caráter descolarizante, do cotidiano das experiências e respeitando o ritmo e
suas necessidades no processo de aprendizagem. Exploração, independência
e interesse em participar são incentivados em atividades de integração de
gênero e respeito à natureza na construção de valores. Os princípios
montessorianos, enriquecidos com a análise de correntes interativas do
desenvolvimento do menino e da menina, as propostas do modelo currículo
aberto, contribuições da pedagogia crítica e da metodologia de ecoanálise.
(BRITO, 2003)

A educação musical ‘alternativa’, consequência da prática da Educação


Artística, advoga a música como uma prática de todos, amparando-se nos
pressupostos filosóficos da corrente pedagógica ativa, ou seja, centrada na
iniciativa e nos interesses dos alunos. Inserida num modelo teórico
naturalista, a prática educacional da música. (FALCÃO; NASCIMENTO,
1997, p.4)

A consideração do lugar que a música ocupa no curso vital do ser


humano e da própria concepção do que é considerado ou não "música" é uma
pergunta que já foi respondida várias maneiras ao longo da história. Essa
conceituação sempre foi influenciada por concepções filosóficas diferentes e às
vezes opostas, por crenças.

Os conteúdos, os procedimentos didáticos, a relação professor-aluno não


têm nenhuma relação com o cotidiano do aluno e muito menos com as
relações sociais. É a predominância da palavra do professor, das regras
impostas, do cultivo exclusivamente intelectual. (LIBÂNEO, 1987, p.22).

Há a perspectiva de aprendizagem musical significativo que ocorre


quando existe uma relação indutiva ou dedutiva com a experiência musical
vivida. No entanto, há também a perspectiva que se refere aos significados
atribuídos a experiência musical como procedimentos de aprendizagem, isto é,
da vontade do pessoas, o que as motiva a aprender. (BRITO, 2003)

No ensino da música predominam atividades como o desenvolvimento da


leitura da notação musical, a aprendizagem de habilidades específicas para
tocar um instrumento e informações acerca das ‘melhores músicas’ e dos
‘melhores compositores’ dos diferentes períodos da história da música. Em
geral, ocorre um ensino fragmentado, sem que exista uma relação entre os
assuntos estudados, ou seja, existe uma desvinculação bastante
significativa entre a teoria e a prática. (FALCÃO; NASCIMENTO, 1997, p.4).
No ensino da música é preciso haver um planejamento interpretação
colaborativa, intercultural e interdisciplinar, tendo como ponto de partida a
preocupação de discutir o que significa conhecimento musical, porque
considera que as divergências epistemológicas causaram grande confusão
curricular entre profissionais de musicologia, educação musical e
instrumentistas. Além disso, é necessário revisar os conhecimentos
processuais e os critérios de avaliação oferecidos nas escolas, bem como
desenvolver procedimentos metodológicos para os professores de música
tendo a capacitação adequada para atuar em cooperatividade com professores
de outras disciplinas.

DESENVOLVIMENTO MOTOR E COGNITIVO ATRAVÉS DA MÚSICA

A perspectiva de Vygotsky se enquadra no rol daquelas que superam


as diferenças e oposições valorativas construídas socialmente entre os
indivíduos de modo a subjugar uns em relação aos outros. A teoria Vygotskiana
parte do princípio da interação entre sujeito e estrutura social, na qual
compreende que as características humanas não são inatas, ou seja, não
compõe o indivíduo desde o seu nascimento bem como não acredita que estas
características sejam produto das influências do meio social.

O homem não nasce dotado das aquisições históricas da humanidade.


Resultando estas do desenvolvimento das gerações humanas, não são
incorporadas nem nele, nem nas suas disposições naturais, mas no mundo
que o rodeia, nas grandes obras da cultura humana. Só apropriando-se
delas no decurso da sua vida ele adquire propriedades e faculdades
verdadeiramente humanas. Este processo coloca-o, por assim dizer, aos
ombros das gerações anteriores e eleva-o muito acima do mundo animal.
(LEONTIEV, 2004, p. 301).

Para Vygostky (1994), as características humanas, no que tange ao


aspecto psicológico, são desenvolvidas a partir da interação entre o indivíduo e
a sociedade, ao tentar adaptar ao meio social os sujeitos transformam a
estrutura social e a si mesmos. Isso significa dizer que as funções psíquicas
dos indivíduos estão em constante processo de transformação a partir do
contato com o outro e a cultura em questão. Assim, a criança, desde seu
nascimento, vai moldando seu comportamento, suas atitudes, emoções em
função da cultura que a cerca.

Um processo interpessoal (entre pessoas) é transformado num processo


intrapessoal (no interior da pessoa). Todas as funções no desenvolvimento
da criança aparecem duas vezes: primeiro no nível social, e, depois, no
nível individual; primeiro entre pessoas (interpsicológica) e, depois, no
interior da criança (intrapsicológica). Isso se aplica igualmente para a
atenção voluntária, para a memória lógica e para a formação de conceitos.
Todas as funções superiores originam-se das relações reais entre
indivíduos humanos. (VYGOTSKY,1994, p.74)

O desenvolvimento da criança decorre do movimento e da exploração


de sua criatividade, que pode se através de uma série de estímulos sensoriais.
A música é uma ferramenta que propicia o desenvolvimento cognitivo e motor
das crianças.

Cada esquema cognitivo segue o mesmo padrão: A assimilação é seguida


pela acomodação (vice-versa), conduzindo a um equilíbrio para o esquema
cognitivo daquele estádio. Depois, um novo acontecimento (ou um despertar
interior) perturba o equilíbrio e o esquema cognitivo, mais uma vez requer o
ajustamento. Todavia, em consequência de ser impelido para um novo
estádio, o esquema cognitivo torna-se mais maduro, mais útil e mais bem
ajustado ao ambiente em que a criança vive.” (SUTHERLAND, 1996. p.47)

A música torna-se uma ferramenta de aprendizagem e é essencial que


o psicomotricista saiba trabalhar adequadamente para intervir de modo positivo
incluindo como ferramenta no processo de aprendizagem proporcionando o
prazer de aprender. Com o aporte da música, várias potencialidades podem ser
trabalhadas como o corpo e a ludicidade. Estas práticas, por sua vez,
promovem a interação, o prazer, a cooperação e a perda da timidez. Desta
forma, o desenvolvimento do aluno ocorre com o intuito de propiciar uma
reflexão ao término de cada atividade musical.

As funções motoras, vão além da tarefa de executar as ações pensadas


pelo sujeito. O ato motor no ser humano garante desde o início a função de
expressão da afetividade (por meio dos gestos, expressões faciais e
agitação corporal). Essa atividade expressiva, possibilitada pela atividade
motora, regula, modula e produz estados emocionais. Bastante atento à
maturação neurofisiológica da motricidade [...]. Na medida em que a função
simbólica se desenvolve, a representação possibilita internalizar o ato
motor. Ou seja, quanto mais a criança passe a dominar os signos culturais e
desenvolver os aspectos cognitivos, mais o gesto motor tende a se reduzir
como agitação, ganhando em refino e qualidade motora autônoma.
(ALFANDÉRY, 2010, p.37-38).

A educação musical é fundamental para a aprendizagem e


desenvolvimento cognitivo e motor do ser humano, considerando a Educação
Infantil como uma etapa fundamental para desenvolver as capacidades e
potências das crianças no que tange a diversas aptidões.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A importância de garantir uma educação musical é assim destacada


em certos contextos, como uma necessidade indiscutível que deve ser
assegurada para toda a população. Dado que a música é um elemento
expressivo e comunicativo comum a todas as culturas humanas, podendo ser
desenvolvido em todas as idades.
Deve-se assim, considerar as implicações demonstradas dos efeitos da
educação musical no desenvolvimento de ambas habilidades intelectuais
afetivas ao ser humano, sem esquecer que vivemos em um contexto social e
cultural em que a linguagem musical se desenvolveu paralelamente outras
manifestações da cultura e se tornou um de seus componentes. Assim, é
essencial contemplar a educação musical a todos indivíduos.
Em resumo, se considerarmos a música como um elemento
educacional que afeta o desenvolvimento de certas habilidades físicas e
psíquicas do indivíduo, que enriquecem e fornecem instrumentos para sua
realização como ser humano em um contexto social e culturalmente, a escola
deve assumir o desafio de integrá-la totalmente ao currículo.

REFERÊNCIAS
ALFANDÉRY, Hélène Gratiot. Henri Wallon. Recife: Fundação Joaquim
Nabuco, Massangana, 2010.

BRASIL. Ministério da Educação. Lei nº 11.769, de 18 de agosto de 2008.


Brasília/DF, 2010.

BRITO, T.A. de. Música na educação infantil. São Paulo: Petrópolis, 2003.

FALCÃO, Eliete de Fátima; NASCIMENTO, Maria Isabel M..Educação Musical


nas Escolas Brasileiras: Breve Retrospectiva Histórica, algumas tendências e a
obrigatoriedade nos Currículos atuais. GT- História e Sociedade nos Campos –
PR, 1997.

LEONTIEV, Alexis. O desenvolvimento do psiquismo. 2 ed. São Paulo:


Centauro, 2004.

LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública: A Pedagogia


Crítico Social dos Conteúdos. 5ª.ed. São Paulo: Loyola, 1987.

SOARES, Olavo Pereira; CERVEIRA, Rosimeire Bragança; MELLO, Suely


Amaral. Educação Musical Na Escola: valorizar o Humano em Cada um de
Nós. Cad. Cedes, Campinas, v. 39, n. 107, p. 125-138, jan.-abr., 2019.

SUTHERLAND, P. (1996). O Desenvolvimento Cognitivo Actual. Lisboa.


Instituto PIAGET.

URIARTE, Mônica Zewe. O Papel e A Importância da Educação Musical na


Escola Regular Brasileira. Anais III Fórum De Pesquisa Científica em Arte
Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Curitiba, 2005.

VYGOTSKY, LS. A Formação Social da Mente: o desenvolvimento dos


processos psicológicos superiores. 5ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

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