Você está na página 1de 8

INTRODUÇÃO

A atividade musical tem sido estudada em várias especialidades


científicas, tendo avanços e descobertas nos campos da antropologia, biologia,
medicina, psicologia ou sociologia. Estas confirmaram e expandiram o
conhecimento sobre a existência de atitudes e aptidões estritamente humanas
em relação a produção de sonoridades. A música é, portanto, um fenômeno
inato no ser humano: está presente de uma maneira espontânea nas primeiras
manifestações sonoras de crianças e acompanha a humanidade em um grande
número de eventos de seu ciclo de vida.
A música é ensinada e progressivamente conforma um legado de
conhecimento transmitido de geração em geração. Em sociedades mais
desenvolvidas, e particularmente na cultura ocidental, a língua musical tornou-
se, por um lado, mais complexo, enquanto, por outro, perdeu sua presença na
vida cotidiana.
Além de diferentes concepções, o que é evidente é que a emissão de
sons produzido com algum tipo de intencionalidade expressiva ou comunicativa
é um fato consubstancial da natureza humana. A música é um produto do
comportamento de grupos humanos, sejam eles formais ou não. A música é o
som humanamente organizado.
O público-alvo deste trabalho são os alunos do ensino fundamental I,
a partir da compreensão que a Educação Musical se torna, então, um
necessário, tanto para garantir a transmissão de um sistema de comunicação
específico quanto ao desenvolvimento de habilidades individuais que afetam a
educação integral do ser humano.
A relevância deste trabalho se dá a partir da compreensão que a
aprendizagem musical exige o desenvolvimento de habilidades auditivas
específicas, execução e criação, e conta com a assimilação de conteúdo e
prática. De modo que aprender as novas informações é significativo, se estiver
relacionado ao que a pessoa já sabe. Consequentemente, os conceitos
musicais são aprendidos combinando recepção-descoberta e os eixos
memoriais significativos. Na faixa etária dos alunos do ensino fundamental I, o
desenvolvimento destas habilidades é fundamental para conformar o sistema
cognitivo, motor e de memória destas crianças.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) foi formulada como uma
diretriz curricular para os sistemas e redes de ensino público e privado do país,
sendo reconhecido por escolas públicas e privados do Brasil. Um dos eixos
centrais da BNCC, enquanto fundamentos e diretrizes, se aplica à área de
linguagens, apontando a relevância do ensino da língua portuguesa. A BNCC
está prevista desde a Constituição de 1988, no entanto, apenas em 2014 foi
definida como meta no Plano Nacional da Educação. Finalmente, em 2017 foi
aprovada pelo Conselho Nacional de Educação e homologada pelo Ministério
da Educação.  Conforme.
A BNCC está dividida em 5 campos do conhecimento: Linguagens,
Matemática, Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Ensino Religioso. A
Língua Portuguesa se encontra dentro do campo da Linguagem, campo o qual
é composto por Artes, Educação Física e Inglês.
A metodologia se baseia em uma metodologia qualitativa utilizando a
técnica da pesquisa bibliográfica. Deste modo as bases de dados utilizadas
serão: Capes e Scielo a partir das palavras-chave: arte, música, educação
musical.

Neste sentido, o objetivo central deste trabalho é discutir acerca das


possibilidades e da importância da educação musical no segmento do ensino
fundamental I.
DESENVOLVIMENTO

EDUCAÇÃO MUSICAL

No que tange ao campo da institucionalidade, vale mencionar que com


a aprovação da Lei nº 11.769 de 18 agosto de 2008 que altera a Lei de
Diretrizes e Bases de 1996 colocando a Educação Musical como obrigatória na
Educação Básica. O que significa que há um reconhecimento da relevância do
ensino de música para os estudantes do ensino básico.
Neste sentido, é necessário refletir sobre a importância da educação
musical na educação do ensino fundamental e sua influência no
desenvolvimento integral da pessoa. A partir da compreensão que a música é
uma ferramenta terapêutica para doenças psicológicas e corporais, cujas
propriedades aperfeiçoam os sentidos e o desenvolvimento motor tornando-se
um veículo para entender a cultura, a história, criatividade e sensibilidade
musical.
Há diversas possibilidades e limites (cognitivos, informativos,
ideológicos afetivos) da intervenção educacional a partir do conhecimento no
nível inicial, como também na Educação geral básica que enfatiza o interesse
de avançar em um conhecimento e prática que rompe com os estereótipos
existentes e propõe opções significativas para as pessoas envolvidas nesses
processos, promovendo internalização e experiência de conteúdos e, com ela,
uma formação musical de qualidade, que incluem não apenas aspectos
teóricos, mas a aprendizagem de um instrumento e prática de oficinas e grupos
musicais. (OLIVEIRA, 1992).
Cada professor deve refletir sobre seu trabalho e estilo de ensino, a fim
de encontrar o caminho metodológico mais eficaz que se adapte ao seu estilo e
facilite alcançar altos padrões em seu desenvolvimento profissional. Existem
diferenças entre os diferentes níveis educacionais e diferentes abordagens dos
profissionais que ensinam: a do domínio musical integral, que concede uma
prioridade especial à interpretação, à teoria ou à interação do grupo e aos
estilos gerenciais focados no comportamento. (BRITO, 2003)
Tomamos como pressuposto teórico e metodológico da experiência
realizada o papel essencial da escola no processo de humanização, uma vez
que é na escola que as objetivações da esfera da vida não cotidiana podem ser
apresentadas à maioria das crianças em nossa sociedade, a compreensão da
cultura como fonte das qualidades humanas e a compreensão da escola como
lugar da cultura mais elaborada. O conjunto de conhecimentos advindos de
diferentes campos da ciência – das neurociências, da psicologia, da pedagogia,
da antropologia, da sociologia - tem demonstrado amplamente que as
qualidades humanas são produzidas pela atividade humana ao longo da
história.(SOARES et al, 2019, p.128)
Mas as dificuldades que o professor de música ou linguagem musical
enfrentam não decorre necessariamente da escolha entre um método ou outro
ou entre partes deles. Outros fatores também influenciam, entre os quais
podemos mencionar a abordagem ou estilo de ensino pessoal e a abordagem
do próprio professor ao ensino musical que ele deseja realizar.
Procurando justificar a presença da música na escola, muitos
professores utilizam argumentos que não estão diretamente ligados ao
processo musical, como desenvolvimento da criatividade, sensibilidade,
motricidade, interdisciplinaridade, raciocínio, conhecimento de si próprio e as
inter-relações. São aspectos importantes, mas que não são de seu domínio
específico: é a música vista como meio para atingir outros objetivos.
(URIARTE, 2005, p.157)
Com relação ao modelo que prioriza a interpretação, também podem
ser distinguidos dois modos diferentes de realização: o estilo orientado para a
interpretação musical e o orientado para a descoberta. No primeiro caso, nos
referimos à aprendizagem instrumental focada na interpretação. Na educação
geral, o professor dirige os grupos instrumentais, usando estratégias
motivacionais não verbais e ensino assertivo para garantir que o grupo possa
tocar juntos. Na segunda orientação, enfatiza-se não apenas a interpretação,
mas também a autonomia do aluno e a dinâmica de grupo que possibilita
interações e a troca de ideias de outra natureza, a fim de permitir e incentivar
um processo em que cada aluno descobre o significado que a música tem para
ele. (BRITO, 2003)
Defende-se a necessidade de que a música esteja inserida como uma
disciplina no currículo escolar, com características de linguagem específica,
critérios de avaliação e possibilidades de expandir o conhecimento através da
experimentação das sonoridades, como um dos elementos formadores do
indivíduo. (URIARTE, 2005, p.158).
O sentido de uma educação para alunos do ensino fundamental II de
caráter descolarizante, do cotidiano das experiências e respeitando o ritmo e
suas necessidades no processo de aprendizagem. Exploração, independência
e interesse em participar são incentivados em atividades de integração de
gênero e respeito à natureza na construção de valores. Os princípios
montessorianos, enriquecidos com a análise de correntes interativas do
desenvolvimento do menino e da menina, as propostas do modelo currículo
aberto, contribuições da pedagogia crítica e da metodologia de ecoanálise.
(BRITO, 2003)
A educação musical ‘alternativa’, consequência da prática da Educação
Artística, advoga a música como uma prática de todos, amparando-se nos
pressupostos filosóficos da corrente pedagógica ativa, ou seja, centrada na
iniciativa e nos interesses dos alunos. Inserida num modelo teórico naturalista,
a prática educacional da música. (FALCÃO; NASCIMENTO, 1997, p.4).
A consideração do lugar que a música ocupa no curso vital do ser
humano e da própria concepção do que é considerado ou não "música" é uma
pergunta que já foi respondida várias maneiras ao longo da história. Essa
conceituação sempre foi influenciada por concepções filosóficas diferentes e às
vezes opostas, por crenças.
Os conteúdos, os procedimentos didáticos, a relação professor-aluno
não têm nenhuma relação com o cotidiano do aluno e muito menos com as
relações sociais. É a predominância da palavra do professor, das regras
impostas, do cultivo exclusivamente intelectual. (LIBÂNEO, 1987, p.22).
Há a perspectiva de aprendizagem musical significativo que ocorre
quando existe uma relação indutiva ou dedutiva com a experiência musical
vivida. No entanto, há também a perspectiva que se refere aos significados
atribuídos a experiência musical como procedimentos de aprendizagem, isto é,
da vontade do pessoas, o que as motiva a aprender. (BRITO, 2003).
No ensino da música predominam atividades como o desenvolvimento
da leitura da notação musical, a aprendizagem de habilidades específicas para
tocar um instrumento e informações acerca das ‘melhores músicas’ e dos
‘melhores compositores’ dos diferentes períodos da história da música. Em
geral, ocorre um ensino fragmentado, sem que exista uma relação entre os
assuntos estudados, ou seja, existe uma desvinculação bastante significativa
entre a teoria e a prática. (FALCÃO; NASCIMENTO, 1997, p.4).
No ensino da música é preciso haver um planejamento interpretação
colaborativa, intercultural e interdisciplinar, tendo como ponto de partida a
preocupação de discutir o que significa conhecimento musical, porque
considera que as divergências epistemológicas causaram grande confusão
curricular entre profissionais de musicologia, educação musical e
instrumentistas. Além disso, é necessário revisar os conhecimentos
processuais e os critérios de avaliação oferecidos nas escolas, bem como
desenvolver procedimentos metodológicos para os professores de música
tendo a capacitação adequada para atuar em cooperatividade com professores
de outras disciplinas.

DESENVOLVIMENTO MOTOR E COGNITIVO ATRAVÉS DA MÚSICA

A perspectiva de Vygotsky se enquadra no rol daquelas que superam


as diferenças e oposições valorativas construídas socialmente entre os
indivíduos de modo a subjugar uns em relação aos outros. A teoria Vygotskiana
parte do princípio da interação entre sujeito e estrutura social, na qual
compreende que as características humanas não são inatas, ou seja, não
compõe o indivíduo desde o seu nascimento bem como não acredita que estas
características sejam produto das influências do meio social.
O homem não nasce dotado das aquisições históricas da humanidade.
Resultando estas do desenvolvimento das gerações humanas, não são
incorporadas nem nele, nem nas suas disposições naturais, mas no mundo que
o rodeia, nas grandes obras da cultura humana. Só apropriando-se delas no
decurso da sua vida ele adquire propriedades e faculdades verdadeiramente
humanas. Este processo coloca-o, por assim dizer, aos ombros das gerações
anteriores e eleva-o muito acima do mundo animal. (LEONTIEV, 2004, p. 301).
Para Vygostky (1994), as características humanas, no que
tange ao aspecto psicológico, são desenvolvidas a partir da interação entre o
indivíduo e a sociedade, ao tentar adaptar ao meio social os sujeitos
transformam a estrutura social e a si mesmos. Isso significa dizer que as
funções psíquicas dos indivíduos estão em constante processo de
transformação a partir do contato com o outro e a cultura em questão. Assim, a
criança, desde seu nascimento, vai moldando seu comportamento, suas
atitudes, emoções em função da cultura que a cerca.
Um processo interpessoal (entre pessoas) é transformado num
processo intrapessoal (no interior da pessoa). Todas as funções no
desenvolvimento da criança aparecem duas vezes: primeiro no nível social, e,
depois, no nível individual; primeiro entre pessoas (interpsicológica) e, depois,
no interior da criança (intrapsicológica). Isso se aplica igualmente para a
atenção voluntária, para a memória lógica e para a formação de conceitos.
Todas as funções superiores originam-se das relações reais entre indivíduos
humanos. (VYGOTSKY,1994, p.74).
O desenvolvimento da criança decorre do movimento e da exploração
de sua criatividade, que pode se através de uma série de estímulos sensoriais.
A música é uma ferramenta que propicia o desenvolvimento cognitivo e motor
das crianças.
Cada esquema cognitivo segue o mesmo padrão: A assimilação é
seguida pela acomodação (vice-versa), conduzindo a um equilíbrio para o
esquema cognitivo daquele estádio. Depois, um novo acontecimento (ou um
despertar interior) perturba o equilíbrio e o esquema cognitivo, mais uma vez
requer o ajustamento. Todavia, em consequência de ser impelido para um novo
estádio, o esquema cognitivo torna-se mais maduro, mais útil e mais bem
ajustado ao ambiente em que a criança vive.” (SUTHERLAND, 1996. p.47).
A música torna-se uma ferramenta de aprendizagem e é essencial que
o psicomotricista saiba trabalhar adequadamente para intervir de modo positivo
incluindo como ferramenta no processo de aprendizagem proporcionando o
prazer de aprender. Com o aporte da música, várias potencialidades podem ser
trabalhadas como o corpo e a ludicidade. Estas práticas, por sua vez,
promovem a interação, o prazer, a cooperação e a perda da timidez. Desta
forma, o desenvolvimento do aluno ocorre com o intuito de propiciar uma
reflexão ao término de cada atividade musical.
As funções motoras, vão além da tarefa de executar as ações
pensadas pelo sujeito. O ato motor no ser humano garante desde o início a
função de expressão da afetividade (por meio dos gestos, expressões faciais e
agitação corporal). Essa atividade expressiva, possibilitada pela atividade
motora, regula, modula e produz estados emocionais. Bastante atento à
maturação neurofisiológica da motricidade [...]. Na medida em que a função
simbólica se desenvolve, a representação possibilita internalizar o ato motor.
Ou seja, quanto mais a criança passe a dominar os signos culturais e
desenvolver os aspectos cognitivos, mais o gesto motor tende a se reduzir
como agitação, ganhando em refino e qualidade motora autônoma.
(ALFANDÉRY, 2010, p.37-38).
A educação musical é fundamental para a aprendizagem e
desenvolvimento cognitivo e motor do ser humano, considerando a Educação
Infantil como uma etapa fundamental para desenvolver as capacidades e
potências das crianças no que tange a diversas aptidões

Você também pode gostar