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A MÚSICA COMO INSTRUMENTO FACILITADOR DE

APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ÍNGLESA

Solânia Maria Cordeiro Bezerra1


Professor Felipe Fernandes Cavallero da Silva2

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo mostrar o resultado obtido, ao longo de um


ano com um grupo de alunos de uma escola pública. Contou-se com a contribuição
da Música (Instrumental e Vocal) e um arcabouço teórico que constituíram a base, o
alicerce para um Projeto Experimental - aprender Inglês com Música. Assim, ela foi
utilizada para incrementar as aulas, envolver os alunos, fazendo com que eles
aprendessem mais, e melhor. Além disso, usar a música inglesa como um trampolim
para a permanência do aluno na escola, evitando ou diminuindo, assim, a evasão e
o abandono escolar. Partindo do princípio que tudo que contenha emoção e venha
embalado pela música é bem recebido, não só pela memória, mas principalmente
pelo coração. Apresentando uma nova forma na construção do saber que deságue
no desejo de aprender. A Música, musa coprotagonista, foi usada como ferramenta
de ensino-aprendizagem. Buscou-se oferecer aos alunos algo que fizesse parte do
seu cotidiano, alinhado a uma nova alternativa de aprendizagem. Algo que os
deixassem livremente participativos na produção do seu próprio saber -
aprender/fazendo. Procurou-se através desta estratégia equacionar a aprendizagem,
interesse, a evasão e o abandono escolar e intelectual. O resultado deste projeto foi
recompensador para todas as pessoas que estavam comprometidas com ele.
Constatou-se que a música trouxe um significado diferente para as informações.
Através dela houve um maior interesse, os alunos ficaram mais desinibidos,
espontaneamente participativos e seguros. Houve um número significativo de
absorção de conteúdos, maior e melhor retenção de conhecimentos e, portanto um
aprendizado efetivo.

Palavra-chave: Projeto Experimental, Música, Aprendizado.

1. INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como objetivo apresentar um Projeto


Experimental desenvolvido em uma escola pública em Fortaleza. Teve-se como fio

1. Aluna concludente do curso de Licenciatura de Letras/Inglês da Universidade Estácio de Sá


2.Professor Orientador do artigo da Universidade Estácio de Sá
condutor A Música como Instrumento Facilitador de Aprendizagem da Língua
Inglesa. Contou-se com uma turma eclética, entre homens e mulheres, com faixa
etária diferenciada, bem como o nível educacional. O Projeto Experimental ficou
conhecido como a OFICINA DE INGLÊS, que tinha um subtítulo sugestivo - VENHA
APRENDER INGLÊS CANTANDO!

A finalidade deste projeto foi vivenciar uma experiência diferente e levar


para o universo escolar uma nova perspectiva que buscasse ensinar e aprender
inglês de uma forma mais descontraída e agradável. Além de tornar a sala de aula,
até mesmo a escola, um espaço mais atrativo onde houvesse a presença de muitos
alunos, e onde a evasão e abandono fossem estigmas do passado. Procurou-se,
dentro desta nova visão, sepultar métodos tradicionais arcaicos, cansativos e
infrutíferos. Pois, segundo a pesquisa realiza pelo Britsh Counsil e pelo plano CDE
“ o ensino do inglês na educação pública brasileira constata que no Brasil, 85% dos
alunos frequentam a escola pública e que deste montante, os estudantes, chegam
ao final do ensino médio sem saber a língua – ou sabendo apenas o básico. ...o
sistema de ensino fundamental e .médio brasileiro, tanto público quanto particular,
mostra uma flagrante incapacidade de proporcioná-la.” E ligado a isso, a Revista
APRENDIZAGEM EM FOCO nº37/ Nov.2017 , aponta números gritantes de evasão
e abandono escolar, entre jovens de 15 a 17 anos, perfazendo um total de 66,6%.
Portanto, faz-se necessário implantar uma metodologia mais atrativa, eficiente e
efetiva para que se possa mudar a realidade brasileira. A princípio, criar dentro das
escolas uma atmosfera de pertencimento, um ambiente mais atrativo, harmonioso,
simples e dinâmico. E, finalmente, a crença da igualdade entre indivíduos diversos.

Esta proposta se justifica, à medida que se possa vislumbrar a


concretização do aprendizado em inglês em um espaço que proporcione a volta e a
permanência dos alunos. Para que todos juntos possam construir e vivenciar
momentos agradáveis, onde bons relacionamentos sejam estabelecidos, onde laços
de amizades sejam fortificados, e que a união entre todos possa construir uma nova
realidade. Para que os alunos retornem e permaneçam no placo escolar. A música,
a boa música, exerce a magia de envolver, de alegrar. Além de tantos atrativos a
música expressa sentimentos, tem um dom de unir pessoas, de tranquilizar, de
estimular o cérebro, tem o poder da fixação de informações, de criar um ambiente de
motivação e interação entre todos. Dialogando com esta nova experiência, alunos e
professores podem percebessem seres complementares na construção de um novo
saber.

Partindo-se da hipótese que a adoção de novas metodologias ajudarão


na permanência de mais alunos nas escolas, onde o interesse pela conhecimento
tomará lugar ao desrespeito, a violência e a agressão aos professores. E assim, na
construção coparticipativa, criar um ambiente saudável, um lugar onde toda a
comunidade escolar sinta-se respeitada e estimulada a crescer e estabelecer uma
nova estrutura educacional. Um lugar onde seja, semeada a confiança, a afeição, o
cuidado e um olhar particularizado, individualizado para cada um e onde a música
possa dar o tom.

Objetiva-se com o uso da música nas aulas de inglês, torná-la um


instrumento mediador no tripé professor, conhecimento e aluno. Alavancando-se,
assim, o processo ensino-aprendizagem. Tornando-se possível ao aluno reter as
informações mais facilmente. Pois, quando ele ouve e canta o processo de retenção,
apreensão vai cristalizando-se e desenhando-se em sua mente vocábulos, frases e
até trechos das letras das músicas. Este movimento muitas vezes acontece
inconscientemente. Segundo Lozanov, educador, pedagogo e psicólogo, quando
estamos com a mente em estado de relaxamento ficamos mais propícios a absorver
informações e potencializar nosso aprendizado.

Portanto, fica acessível apreender mais facilmente as quatro habilidades,


ou seja, Falar (Speaking), Ouvir (listening), Ler (Reading) e Escrever (Writing).
Incluindo-se a compreensão textual e o canto que se é trabalhado em sala de aula.
Desta forma, os alunos vão adquirindo conhecimentos e cristalizando informações
pertinentes ao estudo do idioma.

Quanto à problematização, eis a pergunta: será que de fato a música,


como coparticipativa, trará uma profundidade significativa no binômio ensino-
aprendizagem, professor-aluno e juntamente com as novas estratégias mudará o
quadro de evasão e o abandono, já que um dos vilões é falta de engajamento dos
jovens nas atividades escolares, e desperte neles o desejo de aprender.(?)

Quanto à metodologia, foi adotado um projeto experimental, de natureza


aplicada, com uma abordagem qualitativa e sendo uma pesquisa educacional,
adotou-se o método pesquisa-ação. Para que o pesquisador, sujeito e objeto, do
experimento tivesse a liberdade de conduzir a pesquisa de modo que pudesse
ajustar ao longo do caminho as variáveis necessárias para se chegar ao objetivo
pretendido. Segundo Thiollent “com a orientação metodológica da pesquisa-ação, os
pesquisadores em educação estariam em condição de produzir informações e
conhecimentos de uso mais efetivo, inclusive ao nível pedagógico”, o que
promoveria condições para ações e transformações de situações dentro da própria
escola. (2002, p. 75 apud VAZQUEZ e TONUZ, 2006, p. 2).

Juntou-se à seleção das músicas trabalhadas, um arcabouço teórico que


respaldou a pesquisa. Foi feito consultas em artigos científicos e plataformas, foram
utilizados Periódicos do UFRN, Scielo, revistas científicas; complementado com
teóricos que pudessem vetorizar e respaldar a experiência, como: Paulo Freire
(1996), Brito(2003), Zampronha(2002), Georgi Losanov, Vicentini &Basso(2008),
Gainza (1988), Gadotti(1992) dentre tantos outros .

A relevância do artigo coaduna dois pontos estratégicos: A música e a


Aprendizagem da Língua Inglesa, pois confere a criação e/ou a descoberta de
emancipação do indivíduo capaz de se autotransformar, transformando ao mesmo
tempo o mundo que o circunda. Pois, com a sua emancipação ele percebe-se como
ser consciente, criador e cocriador da sua própria história.

Assim, à medida que se vai descortinando um novo mundo ele aumenta


e/ou cria a sua autoestima, sente-se mais confiante, melhora sua qualidade de vida
e sua socialização dentro e fora da escola.

Somando-se a isso, traz ao mercado de trabalho profissionais qualificados,


capacitados e responsáveis; e como cidadão é capaz de contribuir para a
construção de uma sociedade mais justa, igualitária e solidária.

Portanto,

Pontuar música na educação é defender a necessidade de sua prática em


nossas escolas, é auxiliar o educando a concretizar sentimentos em formas
expressivas; é auxiliá-lo a interpretar sua posição no mundo; é possibilitar-
lhe a compreensão de suas vivências, é conferir sentido e significado à sua
nova condição de indivíduo e cidadão (ZAMPRONHA, 2002, p. 120)
A organização do artigo foi feita em cinco partes. A primeira, a introdução,
dando uma visão geral sobre o trabalho; A segunda, o conceito de música e sua
importância no processo ensino-aprendizagem; Na terceira, abordou-se a escola nos
seus moldes atuais e a carência dos alunos por uma mudança estrutural na
Educação; A quarta parte, implementação do projeto experimental, a estrutura e o
funcionamento onde foi implementado o projeto, os atores e metodologia adotada. E,
finalmente, fechou-se a quinta parte com as considerações finais.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. A importância da música no ensino-aprendizagem


enquanto presença marcante no nosso cotidiano.

Para estabelecer uma compreensão sobre a importância da Música no


ensino-aprendizagem, faz-se necessário clarificar o seu significado enquanto
mediadora em todo processo existencial humano e como ela é vista como
instrumento facilitador da aprendizagem.

Portanto, entende-se que...

“Música é a combinação de ritmo, harmonia e melodia, de maneira


agradável ao ouvido. No sentido amplo é a organização temporal de
sons e silêncios (pausas). No sentido restrito, é a arte de coordenar e
transmitir efeitos sonoros, harmoniosos e esteticamente válidos,
podendo ser transmitida através da voz ou de instrumentos musicais.
É uma manifestação artística e cultural de um povo, em determinada
época ou região. A música é um veículo usado para expressar os
sentimentos. Música é a combinação de ritmo, harmonia e melodia,
de maneira agradável ao ouvido. No sentido amplo é a organização
temporal de sons e silêncios (pausas). No sentido restrito, é a arte de
coordenar e transmitir efeitos sonoros, harmoniosos e esteticamente
válidos, podendo ser transmitida através da voz ou de instrumentos
musicais”. Fonte https://www.significados.com.br>musica
Na visão de Cristovão,

As músicas são exemplos de uma linguagem autêntica, memorável e


rítmica. [...] a) as músicas são exemplos acessíveis de inglês oral; b)
as rimas permitem aos alunos exercícios de identificação de sons
similares; c) a atmosfera agradável que a musicalidade traz faz com
que o aluno sinta-se mais à vontade com o trabalho de pronúncia; d)
a identificação das sílabas fortes e fracas ajuda na pronúncia da
língua (CRISTOVÃO, 2007, p. 66).

A música perpassa a própria história do homem, assim como o homem


perpassa e cria a própria história da música. Desde os primórdios tem-se a
presença da música, a sua musicalidade circunda toda a natureza. É possível ouvir
a música no canto dos pássaros, na correnteza das águas, no sibilar dos ventos, na
dança das folhas das palmeiras. É pela música, pelo seu som e silêncio, que a
natureza se expressa e se faz perceptível ao homem.

Perceber gestos e movimentos sob a forma de vibrações sonoras é


parte de nossa integração com o mundo em que vivemos: ouvimos o
barulho do mar, o vento soprando, as folhas balançando do coqueiro
[...]. [...] Entendemos por silêncio a ausência de som, mas, na
verdade, a ele correspondem os sons que já não podemos ouvir, ou
seja, as vibrações que o nosso ouvido não percebe como uma onda,
seja porque têm um movimento muito lento, seja porque são muito
rápidas. (BRITO, 2003, p.17).

A importância da música como estratégia facilitadora ao aprendizado, veio ao


encontro do desejo de trazer às aulas motivação e alegria, e da necessidade de criar
um ambiente harmônico e acolhedor. Um espaço propício ao aprendizado, um lugar
onde eles sintam-se respeitados e valorizados. Possibilitando, assim, o engajamento
efetivo do aluno nas atividades escolares.

Gadotti afirma que a escola precisa ser reencantada, encontrar


motivos para que o aluno vá para os bancos escolares com
satisfação, alegria. Existem escolas esperançosas, com gente
animada, mas existe um mal-estar geral na maioria delas. Porém,
essa insatisfação deve ser aproveitada para se dar um salto. Se o
mal-estar for trabalhado, ele permite um avanço. Se for aceito como
uma fatalidade, ele torna a escola um peso morto na história, que
arrasta as pessoas e as impede de sonhar, pensar e criar. (Moacir
Gadotti e a escola cidadã,2017.Revista Admbrasileira)

Além de todos os benefícios que a música traz à aprendizagem, à escola, à


integração professor/aluno e a todo o grupo escolar; precisa-se ressaltar que a
música é um instrumento poderoso para a ativação da memória. Retém mais
facilmente as informações, armazenando-as em longo prazo. Segundo Gfeller,
(GFELLER,1983 apud GOBBI,2001) “ a música e seu sub componente, o ritmo, tem
beneficiado a rota do processo de memorização.”

Corroborando com esta ideia,

Lozanov verificou também que a música barroca (clássica), com 60


a 70 batidas por minuto, estimula as ondas cerebrais alfa, e é ideal
para harmonizar e tranquilizar o corpo e a mente. Desta forma, a
música é eficaz para potencializar a capacidade de memorização de
informações, a base de todo processo de aprendizagem.
(MARQUES, 2012, p.s/n)

3. MUDANÇA DE PARADIGMA

3.1. A Escola e Seus Atores

Atualmente muito tem se falado como as escolas de um modo geral, tanto as


escolas públicas, bem como particulares estão passando por uma crise de
identidade, aquele momento incerto, melancólico onde tudo anda desmotivado. As
escolas a muito perderam o passo e a muito custo tentam ter o controle da situação
e assim, se valem de velhas práticas. Práticas arcaicas, antequadras, obsoletas que
não respondem mais as necessidades dos alunos e muito menos dos professores.
Desta feita, explodem aqui e acolá métodos, metodologias para tentar acertar o
passo e num girar do compasso, mudar o universo escolar. “De nada adianta o
discurso competente se a ação pedagógica é impermeável às mudanças”.
(Freire,1996,p.4)

Pesquisas apontam que "o que se vivem nas escolas são as velhas práticas
de letramento, vinculadas às práticas de leitura e de escrita no papel, com nenhum
uso de novas tecnologias de comunicação" (GERVAI, 2018. Revista Intercâmbio).

A pesquisa levantada pela ESCOLA BRASIL,

Em dados coletados, os jovens chamaram atenção para a


deterioração e obsolescência dos prédios, dos equipamentos e
dos mobiliários escolares; problemas de relacionamento com os
professores, no sentido de distanciamento ou desconsideração
à escola; inadequação dos currículos e metodologias no
processo de ensino e aprendizagem; e a desigualdade e
inadequação da educação ao mercado de trabalho. (BRUINI,
2014. Escola Brasil).

Portanto, urge que as instituições educacionais sigam os tempos e,


renovem paradigmas. Tragam às salas de aula, ensinamentos vibrantes. Pois,
temos uma juventude brilhante, que pede desafios. E, assim, cabe aos condutores
do saber cadenciar harmoniosamente o ensino-aprendizagem com a prática
necessária.

Desse modo, você poderá entrar em contato com a realidade


profissional, complementando sua formação acadêmica e
realizando o desenvolvimento de competências importantes,
como responsabilidade, compromisso, pensamentos crítico e
inovado. Essa aproximação é fundamental, pois é na ação e
na vivência do cotidiano que o conhecimento da experiência
do fazer pedagógico assume significado, para saber
observar, descrever, registrar, interpretar, problematizar e,
consequentemente, propor alternativas de intervenção
(PIMENTA, 2001).

Segundo Paulo Freire,

“A reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência de


relação Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando
blábláblá e a prática, ativismo “...“ ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria
produção ou a sua construção” (Freire,1996,p.11)

4. IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO EXPERIMENTAL

4.1. Estrutura e Funcionamento da Escola

Criada em 1974, com o advento da Lei nº 9394/96-LBD


o " ensino supletivo" passava então a denominar-se "Educação de
Jovens e Adultos e o Centro de Estudos Supletivos passava a chamar-se
CEJA PROF. GILMAR MAIA DE SOUZA que caracteriza-se por ofertar
ensino personalizado e semipresencial para jovens e adultos, acima
de 15 anos, para o curso do Ensino Fundamental e, acima de
18 anos para o Ensino Médio, funcionando em horário ininterrupto.

Respeitando o saber, as vivências e as iniciativas dos educandos, o


material didático através de uma educação personalizada, auxilia no
desenvolvimento de competências e habilidades voltadas ao exercício da
cidadania.

A modalidade semipresencial requer metodologia diferenciada onde o


processo de aprendizagem seja exercido pela autoaprendizagem, buscando
preservar o processo o desenvolvimento e a iniciativa de cada um, de forma
humana e eficaz, enfatizando a autoestima, a conquista da cidadania e o
desenvolvimento de competências.

O processo de aprendizagem que tem como suporte as experiências de


vida, interesses, motivação, habilidades e competências que caracterizam os
adultos, remetem-nos a um modelo de educação de adultos voltada ao campo da
aprendizagem autodirigida onde, através de avaliação diagnóstica, processual e
inclusiva. O aluno orientado nas suas dificuldades, atingirá a aprendizagem.

No CEJA os alunos são atendidos em três turnos ininterruptos, com um


Curso Modular Semipresencial Ensino Fundamental e Ensino Médio (Art. 5º, Inciso
II- Res. Nº 363/2000do CEC).

4.2. O PROJETO EM FOCO

O Projeto Experimental, denominado Oficina de Inglês e com subtítulo:


Venha Aprender Inglês Cantando, foi desenvolvido em um período de um ano,
contando-se apenas com dois recessos do dia 20 de dezembro ao dia 5 de janeiro
e os cinco dias de carnaval, perfazendo um total de 22 dias. Os alunos foram
submetidos a duas horas e trinta minutos de aula, sem intervalos, em um dia na
semana, em um total de quatro a cinco aulas por mês.

Quanto à sala de aula, na maioria das vezes foi usada: sala de aula
climatizada, outras vezes salas com janelas abertas, proporcionando uma
ventilação natural, o uso da sala de informática e por fim, o uso de espaços
abertos para atividades ao ar livre. Foi feito esta alternância espacial com o
objetivo de se avaliar cada espaço e ver qual o resultado obtido em cada um.
Outra razão para esta alternância, aproveitar os espaços disponíveis na escola. E,
o terceiro motivo fazer com que o projeto fosse adaptado à realidade de cada
escola.

Contou-se com o privilégio de ser uma escola com uma modalidade


flexível, com um espaço amplo, uma escola modelo e projetada estruturalmente
para oferecer conforto e mobilização tanto aos professores quanto aos alunos.

Quanto ao material, foi usado um datashow, um sistema de som, pendrive,


quadro branco, pinceis para quadro branco, apagador. Foi feito uso de uma bola
de vôlei de tamanho médio, uma corda de sisal, para serem usadas nas dinâmicas
de grupo. Foi feito uso de cartão de bingo e caça-palavras e uma dinâmica
chamada – Qual é a música (?). Os jogos foram envolvidos no projeto com o
objetivo de descontrair, divertir, trazer um momento lúdico às aulas. Unir alunos e
professores para que se reconhecessem como parceiros, companheiros de uma
mesma jornada e, trabalhando juntos para um mesmo ideal.
Para MENIN, “Trabalhar o lúdico com a EJA torna-se uma possibilidade
importante para os discentes que retornaram à escola na tentativa de superar o
tempo perdido” (MENIN, 2016, p.s/n)

Acrescenta, ainda

Os Jogos e Brincadeiras podem contribuir para o processo de ensino


aprendizagem na EJA e no desenvolvimento cognitivo e afetivo dos
educandos. Objetivando potencializar e oportunizar vivências e
experiências de Jogos e Brincadeiras, destacando a importância da
realização de atividades lúdicas no contexto escolar, resgatando
práticas que trazem benefícios para a formação dos educandos.
(Ibedem.)

4.3. PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

O projeto foi desenvolvido em um período de um ano, 2018-2019,


contando com duas horas e trinta minutos de duração. A oficina de inglês
acontecia sempre às sextas–feiras de 16hs às18hs e 30mins. Participaram do
projeto 30 alunos, entre homens e mulheres, com faixa etária diferenciada,
variando de 16 a 62 anos de idade. Diferenciado também o nível escolar –
Fundamental e Médio. Quanto ao nível de conhecimento, igualmente diferenciado.

Portanto, teve-se o desafio de ajustar a turma. Para os que tinham uma


boa bagagem, não achassem enfadonhas as aulas e para os que nada sabiam
não ficassem assustados com as informações repassadas.

Porém, o que os unificava, ou seja, o que os tornava homogêneo era o


desejo de aprender um novo idioma e de cantar em inglês.

De acordo com Vicentini e Bassos (2008,p. 5-6)

(...) aprender inglês através de músicas proporciona a vivência da


linguagem musical como um dos meios de representação do saber
construído pela interação intelectual e afetiva do educando com o
contexto de cada canção ministrada.
4.4. O PROJETO NA PRÁTICA

O primeiro dia de aula começou com uma injeção de ânimo na tarde da


sexta-feira às 16hs do dia 28.03.2018. A sala de aula estava devidamente
caracterizada, com cartazes nas paredes com saudações de boas-vindas em
inglês, fotos de cantores como Elis Presley, Michel Jackson, Beatles, fotos da torre
do “Big Ben”, fotos da Estátua da liberdade, da Águia Americana, juntamente com
uma bandeira do Brasil. Um vídeo dos Beatles, tocando no datashow, dava o ”tom”
que os levaria a uma viagem diferente, a um novo mundo que se descortinava a
sua frente. Uma aula diferente que tocasse o imaginário e, que os levasse ao
mundo encantado do Saber, do conhecimento, do aprendizado e tinha-se a
música, como “boa anfitriã”, fazendo “as honras da casa”.

Como diz Gainza (1988, p. 22),

"a música e o som, enquanto energia, estimula o


movimento interno e externo no homem; impulsionam-no a
ação e promovem nele uma multiplicidade de condutas de
diferentes qualidade e grau”.

Depois de todo o aparato inicial, foi feito a apresentação da metodologia.


Onde ficou estabelecido, que as músicas seriam escolhidas através de um
consenso de todos. Embora, algumas já estivessem pré-selecionadas a titulo
didático.

Assim, começou-se com o ABC, em ritmo de funk. A proposta foi


memorizar o alfabeto, tendo com intuito prepará-los para uma aula de
apresentação pessoal.

Para Silva, (2013)

A música é um recurso que pode ser utilizado em sala de


aula como um recurso didático facilitador, tanto do ensino
de pontos linguísticos como na introdução de aspectos
culturais e sociais. Por isso, é importante que ela seja
utilizada como um recurso para diferenciar o tradicional
método de ensino e contribuir para a melhoria de
aprendizagem.

Para Vicentini; Bassos (2008, p.4), um dos pontos mais importantes para a
aquisição de uma nova língua é a memorização.

Desta forma as aulas tomaram corpo. Cada música era discutida com os
alunos em cima da temática gramatical ou assunto que se abordaria na sala.
Neste formato foram trabalhadas além das quatro habilidades o canto. Cada letra
de música era trabalhada profundamente. Eram feitas leitura (reading),
compreensão auditiva (listening), diálogos (speaking), ditados escritos com letras
das músicas (writing).E ao cabo de cada mês, eram feitas apresentações no pátio
da escola. Coroando-se, assim, todos os eventos feitos na escola.

Dessa forma,

O trabalho com a Língua Estrangeira Moderna em sala


de aula parte do entendimento do papel das línguas nas
sociedades como mais do que meros instrumentos de
acesso à informação: as línguas estrangeiras são
possibilidades de conhecer, expressar e transformar
modos de entender o mundo e de construir significados.
(BRASIL, 2008, p. 233).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Constatou-se com o projeto experimental, que é possível uma mudança


estrutural na Educação. Que professores e alunos podem e devem compartilhar o
sonho de uma nova realidade dentro das escolas. Como diz o compositor baiano,
Raul Seixas em sua música PRELÚDIO: “sonho que se sonha só, é um sonho que
se sonha só, mas um sonho que se sonha junto é realidade”. (Fonte:https://www.
letras.mus.br>Rock and Roll>RaulSeixas).

Portanto, ter os alunos como reais parceiros, coprotagonistas da história


do seu tempo deu um ar diferente para toda comunidade escolar. Alunos que
estavam afastados e evadidos voltaram “ao palco da escola”. Não só voltaram,
mas trouxeram cores novas e coloriram de alegria uma nova realidade, dentro e
fora da escola.

A música como instrumento facilitador da aprendizagem funcionou como


“canto de sereia” envolveu todos os alunos com muito entusiasmo, dinamismo e
cooperação. Cristalizando-se, desta forma, o projeto ensino-aprendizagem.

Portanto, é preciso ter coragem, ter força, arregaçar as mangas e construir


um mundo melhor. Um lugar, onde a Educação do Brasil possa ser reconhecida
e ser motivo de orgulho para todos os brasileiros. Mudando estatísticas negativas
e sombrias e mostrando que todos juntos, cantando em uníssonos, em um mesmo
tom, com a mesma vontade e alegria, podem construir um país melhor.

E como diz Paulo Freire (1996, p.11) “Como harmonizar os diferentes


temperos numa síntese gostosa e atraente”.

6. REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação


Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: língua estrangeira. Brasília:
MEC/SEF, 1998.
BRITO, TECA ALENCAR DE. Música na Educação Infantil- Propostas Para a
Formação Integral da Criança. São Paulo, Petrópolis, 2003.
CRISTOVÃO, V. L. L. Modelos didáticos de gênero: uma abordagem para o
ensino de língua estrangeira. Londrina: UEL, 2007. .
GAINZA, Violeta Hemsy de. Estudos de psicopedagogia musical. 3ª ed. São
Paulo: Summus, 1988.
PIMENTA, Selma Garrido. O estágio na formação de professores: unidade
teoria e prática? São Paulo: Cortez, 2001.
SILVA, D. W. Minibolo de milho: desenvolvimento de produto alimentício para
público celíaco, com ingredientes funcionais, redutores calóricos e avaliação
de características sensoriais percebidas no produto submetidas a estímulos
musicais. São Paulo: Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA), 2013.

THIOLLENT, Michel. Metodologia a pesquisa‐ação. São Paulo: Cortez, 1985.

ZAMPRONHA, M de L. S. Da música: Seus usos e Recursos. São Paulo:


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