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São Paulo
2020
CAMINHOS ALÉM DO MURO
EDUCAÇÃO, deriva da palavra EDUCARE no Latim, que significa
“guiar para fora”.
1.5. CEU 39
1.5.1. Referência projetual: 41
CEU Rosa da china
3.1. Diagnóstico 91
10
cação básica para todos, isto significa dizer que, o Estado tem
a obrigatoriedade de fornecer vaga desde a Educação Infantil
até o Ensino Médio.
A vulnerabilidade social e econômica prejudicam a implantação
de escolas públicas de qualidade em áreas periféricas do esta-
do, onde a taxa de desigualdade social e econômica é elevada
devido ao processo de industrialização no Brasil, nos períodos
entre 1930 a 1950, causado pelo êxodo rural. O estado se viu
na necessidade de atender a alta demanda escolar nas regiões
periféricas, mas sem um estudo prévio das áreas e das neces-
sidades do bairro, se investia em uma educação secundária.
Atualmente podemos ver a vulnerabilidade da educação públi-
ca em áreas periféricas, a segregação territorial e social acar-
reta em uma carência de incentivos ao interesse a educação,
somado ao descaso do Estado, a educação para áreas pobres
não é um privilégio.
Diante disto, o objetivo deste TFG é salientar a necessidade e
um direito a uma educação inclusiva, pública e de qualidade.
Em áreas periféricas do estado de São Paulo, onde que essa
necessidade não é privilégio. Embasando argumentos através
de referências ideológicas e bibliográficas de Anísio Spínola Tei-
xeira, grande pedagogo e um dos precursores da implantação
da educação pública no Brasil. Por fim, a responder à pergunta
feita no início deste texto, utilizando da arquitetura como uma
ferramenta que quebre os muros da segregação.
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01
EDUCAÇÃO ALÉM DO MURO
CEU - Butantã
Centro Educacional Carneiro Ribeiro - Escola Parque
fonte: VD ARQUITETURA,
SALES, 2016. 2002.
13
1.1. A Escola Como Equipamento de Organização Urbana
Fonte: SCIELO
eram definidos pela hierarquia viária. As unidades residenciais
seriam servidas por comércio local, equipamentos sociais e
parques onde a inter-relação e autonomia fossem adotadas no
cotidiano dos moradores. Além disso, Perry planejou desloca-
mentos entre bairros que poderiam ser percorridos em cinco 1 | No século XX, sociólogos, geógrafos e planejadores norte-ameri-
canos, indicaram diretrizes para uma nova proposta de melhorias ur-
minutos de caminhada, criando propensão por deslocamentos banas, essas pesquisas acarretaram em uma proposta Plano regional
a pé. de Nova York. Com Base nas ideologias de Robert Parks os planos
propõem a expansão geográfica, onde a metrópole seria formada por
núcleo industrial e áreas periféricas reservadas para uso residencial.
A implementação ideológica da Unidade de Vizinhança teve (BARBA, Frederico. New York Plano Regional, Arquiscopio, 2012.
influência em algumas diretrizes urbanísticas, como o Plano Disponível em: <https://arquiscopio.com/archivo/2012/06/24/
Piloto de Lucio Costas para Brasília, ao qual as quadras au- plan-regional-de-nueva-york/?lang=pt>. Acesso em: 08/Abril)
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tossuficientes (Superquadras) formataram bairros, resultando numa estrutura central
ocupada por escolas.
Assim, o documento da linhagem CIAM para o urbanismo moderno e a Carta de Atenas,
dialogou quase diretamente com grande influência das ideologias pregadas por Perry,
com afirmação sobre algumas diretrizes fundamentais como a necessidade de situ-
ar as escolas nas proximidades das unidades habitacionais, com inclinação para que
os equipamentos educacionais se estabelecessem em superfícies verdes da cidade.
(CHAHIN, 2018)
A tentativa de estabelecer a implantação de escolas em áreas verdes e espaços aber-
tos, se propagava desde o primeiro CIAM (1928), onde Le Corbusier afirmava isso em
sua Cidade Radiosa (1930), pautando a necessidade de edifícios educacionais serem
situados em parques e espaços abertos. Logo em seguida com o surgimento do IV
CIAM (1933), o tópico “tamanho e situação de lugares para educação e recreação” in-
fluencia o questionário “Cidade Funcional” que foi alvo de discussões no Congresso e
pauta na revista GATEPAC 2 , Grupo de Artistas y Técnicos Españoles para el Progreso
2 | O GATEPAC foi formado durante a Segunda
de la Arquitectura Contemporánea. (CHAHIN, 2018)
República Española com o objetivo de promo-
ver a arquitetura racionalista. Também reco-
nhecido como braço espanhol dos CIAM, entre
seus membros estavam Josep luís Sert, Antoni
Bonet i Castellana, Fernando García Mercadal,
Josep Torres Clavé e José Manuel Aizpurúa. A
revista AC, Documentos de Actividad Contem-
porânea foi o instrumento de divulgação das
ideias do Grupo. A edição número 9, citada, foi
organizada poucos meses antes da realização
do IV CIAM. (CHAHIN, Samira Bueno, Cidade
nova, escolas novas? Anísio Teixeira, arqui-
tetura e educação em Brasília, 2018. 244F
Tese [Doutorado - História e Fundamentos da
Arquitetura e do Urbanismo] – FAUUSP, São
Paulo, 2018).
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No que se refere a habitação, as novas cidades deverão adotar um nova tra-
çado para suas vias de circulação de veículos que seja independente da dis-
tribuição de seus edifícios. Com isso, o atual conceito de rua desaparecerá.
Nestes espaços livres, e para cada uma das unidades habitacionais situadas
entre quatro vias expressas, um conjunto de serviços comuns serão implan-
tados. Um deles será a escola primária. Teremos assim uma escola rodeada
de árvores, bem ventilada, ensolarada e suficientemente afastada dos ruídos e
inconvenientes do tráfego de automóveis. Os alunos poderão, saindo de suas
casas, chegar a elas sem ter que atraWvessar nenhuma das grandes vias de
circulação expressa, evitando, assim, os perigos inerentes. (Cf. “Escuela em
laciudad funcional” In AC, Documentos de Activida Contemporanea, 1933,
p.15, apud CHAHIN, 2018, p.118)
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Podemos concluir então, que a implementação ideológica de Clarence Perry, para uma
unidade de vizinhança, facilmente poderia ser referência a futuros planos de ações ur-
banísticos para o meio periférico. Escolas próximo a unidades habitacionais, ligados a
superfícies verdes, áreas de recreação, caminhabilidade, entre outras diretrizes, pode-
riam ser adaptáveis em situações existentes. Onde a escola se formataria como instru-
mento de interação, conexão, organização e qualificação urbana.
17
1.2. Os pioneiros da Nova Educação
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operária, porém ainda incapazes de elaborar ideologias individuais. A partir deste ponto,
novos bairros surgem exigindo o direito ao pleito eleitoral. Diante disso, viu-se a neces-
sidade de instruir o povo, considerando que a maioria era analfabeta.
A questão do analfabetismo no Brasil emerge com a reforma eleitoral de 1882,
(Lei Saraiva), que derruba a barreira da renda, mas estabelecem a proibição do
voto do analfabeto, critérios mantidos pela primeira Constituição republica-
na. Ela se fortalece com uma maior circulação deideias ligadas ao liberalismo
e se nutre também de sentimentos patrióticos. A divulgação dos índices de
analfabetismo em diferentes países do mundo na virada do século revelava a
importância que a questão vinha adquirindo nos países centrais e, certamente,
tocou os brios nacionais. Entre os países considerados, o Brasil ocupava a pior
posição, divulgando-se internacionalmente os dados oferecidos pelo censo de
1890, que indicava a existência de 85, 21% de iletrados, considerando-se a
população total. [...] (PAIVA,1990,p. 8-9).
Diante dessas informações, percebe-se a necessidade de proporcionar evolução no
sistema educacional do Brasil em prol do desenvolvimento e processo industrial. Do
que compreende a arquitetura, a migração e imigração em função da busca por mão-
-de-obra, exigiu que as cidades pensassem em novas organizações urbanas para rece-
ber famílias da classe operária, com isso, abertura de escolas foram necessárias para
atender a alta demanda desses polos.
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Com tudo nos anos de 1920 e 1930, ocorreu uma alta deman-
da escolar por conta do processo de expansão da cidade. As
escolas que até então supriam as necessidades mesmo que
em um processo lento de implantação, passam a não atender
mais às demandas. Nesse período a educação no
Brasil passa por transformações.
De fato, a escola passa a ser indispensável na cria-
ção de mão de obra qualificada para indústria. A partir
disto a pedagogia se desenvolve a se modernizar para
atender a esta nova realidade e as escolas passam a
ter o papel de “ensinar a viver, muito mais do que so-
mente instruir”. (ABREU, 2007)
No que tange o âmbito de cidade, na perspectiva de
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1924 fundaram a Associação Brasileira de Educação (ABE), partindo de 1927 realizava
conferências nacionais sobre as condições no âmbito da educação.
Em 1930 os então nomeados “Renovadores da Educação” começaram a atuar com a
proposta de um estado novo, direcionando o país a um grande desenvolvimento indus-
trial. Por fim o Ministério da Educação e Saúde é criado na década de 30. Com tudo, o
plano de reformulação preparado pelos “Renovadores da Educação” para o Ministério
da Educação e Saúde, foi trocado por uma reformulação voltada para o ensino superior
e secundário. (ABREU, 2007)
Eles lançaram em 1932 um manifesto, onde se titulava “Manifesto dos pioneiros da
Escola Nova”
este documento eram retratadas muitas mazelas no do nosso ensino e tam-
bém eram expostos princípios que deveriam nortear sua reformulação. Dentre
esses, merece destaque a proposta de uma escola primária pública, universal,
leiga, obrigatória e gratuita em consonância com a nova realidade do pais; a
proposição de uma escolarização adaptada ás características regionais e a
formação em grau superior de todos os professores. (In Buffa, pág. 65-66,
apud, ABREU, 2007, p. 22).
Os pioneiros da Escola Nova encontraram diversas dificuldades ao longo das tentativas
de implantação de práticas voltadas a educação para o país. Pensamentos progressis-
tas vindo de diversos pesquisadores como Clarence Perry em unidade de vizinhança,
John Dewey, com Sistema Platoon, entre outros, referenciam um caminho a seguir para
uma educação popular. Mesmo com dificuldades de infraestrutura disponível para os
estados, em 1934 os Renovadores da Educação preparam um texto com diretrizes para
um anteprojeto de lei. Nele é ressaltadas instruções para implantação de sistemas edu-
cacionais.
21
1.3. Anísio Teixeira e a democratização da escola Brasileira
22
se inserem as teorias socioeducativas às quais se aderiu entusiasticamente. Na con-
dição de estudante, Teixeira esteve duas vezes no Teachers College. Dois momentos
de sua formação em que pôde observar desde a sua própria experiência em Nova
Iorque, como os embates sociais daquele tempo vinham proporcionando processos
de reorganização no sistema escolar, foi durante uma dessas vivências que pôde
entrar em contato com o programa escolar de fato praticado em algumas escolas
norte-americanas, situadas entre Nova Iorque e Chicago. (CHAHIN, 2018)
No relato publicado em Aspectos americanos de educação, as escolas visitadas
foram descritas por seus programas, instalações, fluxos de funcionamento, além de
relações pontuais sobre a cultura norte-americana, indicando a amostra de como a
escolarização primária e secundária foi vista por Anísio Teixeira. (CHAHIN, 2018)
Ainda que seus investimentos intelectuais tenham convergido principalmente para
representações da filosofia e do currículo da educação nos Estados Unidos, suas
correspondências indicam professores e pesquisadores da área da administração
escolar como interlocutores frequentes. Os desdobramentos deste período de for-
mação sobre sua carreira ultrapassam uma reprodução direcionada da filosofia da
educação de John Dewey. Para além dela, é preciso ter em vista como a incandescia
do desenvolvimento da administração escolar, cujo lugar estava patente no corpo
docente do Teachers College, lançou lastros ideológicos que se estenderam e se
consolidaram no curso das idéias e ações de Anísio Teixeira, amadurecido na figura
de administrador de educação pública no Brasil. (CHAHIN, 2018)
Divisão de Prédios e Aparelhamentos Escolares, coordenada por Enéas Silva, na ges-
tão de Anísio Teixeira no Rio de Janeiro, mobilizou a metodologia destes professo-
res para avaliar as construções escolares existentes, considerando em que medida
poderiam ser aproveitada pelo novo Plana Regulador de Construções Escolares.
23
Anísio Teixeira compartilhou a mentalidade de seu tempo, endossando o pa-
pel disciplinador da escola ante a heterogeneidade das classes sociais, como
um desafio a ser enfrentado pela democracia na modernidade. Com base na
via de implementação democrática dos Estados Unidos, ele vinha apontando
para a necessidade de estruturação de outras condições sociais, defendendo
a educação como instrumento de superação de uma carência que, segundo
ele, não estava no indivíduo, mas na cultura escolar que lhe faltava. Enquanto
dirigente de políticas públicas, defendia a missão civilizadora da escolari-
zação como impulso à formação de uma nova cultura urbana, letrada, in-
dispensável para conduzir o Brasil à modernidade. Por esse caminho, ainda
no antigo Distrito Federal, Anísio Teixeira empurrou a escola para fora de si
mesma, ampliando sua área de influência na cidade e alinhavando concei-
tualmente sua defesa por uma escola progressiva. (CHAHIN, Samira Bueno,
2018, p.142)
24
1.3.1. Escolas Platoon: Adaptação desse pensamento nas Escolas
Modernas e sua aplicação no Rio de Janeiro
guimento do processo.
Para escapar das questões financeiras e conseguir
edificar as escolas, o pedagogo propôs dividir em edi-
ficações distintas e com horários de funcionamento
alternados: as escolas para ensino fundamental e os
parques escolares, que concentrariam as demais ati-
vidades, como as esportivas, artísticas, médicas, etc.
Os alunos frequentaram ambas escolas diariamente, em tur-
nos separados e revezados.
25
O planejamento oficial era de prover, todas as regiões que hou-
vesse a demanda por escolas, com um programa de constru-
ções para ser cumprido durante duas ges-
tões ao longo de uma década.
Os projetos para as escolas eram:
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figura 06 | Escola Honduras, bairro Praça seca RJ. Escola núclear
de 12 salas. Referências de arquitetura moderna, com a implemetação
de caixilharia em fita e brises.
Fonte: LESSA, 2017.
27
28
classes.
Fonte: LESSA, 2017.
figura 10 | Escola Argentina, escola Paltoon de 25
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1.4. Escolas Classe e Escolas Parque: Como a adaptação
desse pensamento foi aplicado em salvador
30
era que, tendo as escolas mínimas, a possibilidade de expansão fosse adotada para
possíveis futuras reformas, ao longo que a demanda fosse aumentando. Tendo isso,
o plano causou uma repercussão de críticas relacionando ao custo das obras, em
contrapartida ele respondia com uma espiritualidade a se levar em consideração as
condições verbais disponíveis a nossa realidade atualmente.
”. É custoso e caro, porque são custosos e caros os objetivos que se visa.
Não se pode fazer educação barata – como não se pode fazer guerra bara-
ta. (...) seu preço nunca será demasiadamente caro, pois não a preço para
sobrevivência. ” (DUARTE, 1973, p.27 apud LESSA, Juliane Bellot Rolemberg,
2017, p.105)
Para capital de Salvador, as ideologias eram um pouso diferentes do então plano
adotado para o estado da Bahia no modo geral. A dificuldades encontradas em Sal-
vador fizeram com que algumas diretrizes fossem adaptáveis.
Salvador é um estado populoso, onde se encontra uma malha urbana já consolidada
e com uma topografia bem acentuada. O que me leva a relacionar com áreas peri-
féricas do estado de São Paulo por exemplo, onde já se encontra uma urbanização
acelerada e composta por morros. Da mesma maneira como havia ocorrido no Rio
de Janeiro, a dificuldade de localização de lotes para a implantação das escolas ha-
via acarretado em adaptações ao plano.
Isso levou a retomar a solução tomada para o plano do Rio de janeiro, dividir os
programas de educação integral. Anísio organizou ao longo do estado, sete conjun-
tos Escola parque e escolas Classe então nomeados Centros de Educação Elemen-
tar, onde a cada Escola parque atenderia quatro escolas classes. Visto então que, a
proposta para Salvador se diferenciava da proposta apresentada para o restante do
estado, já que uma escola CRE, por exemplo, atendia todo o programa incluído em
uma escola parque e uma escola classe em uma única gleba, acarretado pela possi-
bilidade de terrenos maiores.
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No projeto original as edificações das escolas-classes contariam com doze
classes e atenderiam 1000 alunos em dois turnos, em uma área de 1200 m2;
já as escolas-parques acolheriam 2000 alunos por turno – 500 crianças de
cada escola classe – e deveriam distar no máximo 500 metros das escolas
-classes de seu conjunto.(BASTOS, Zélia, 2014 apud, LESSA, Juliane Bello-
tRolemberg, 2017, p.107)
O único edifício construído de fato na gestão do Anísio foi a Escola parque Centro
Educacional Carneiro Ribeiro, a pedido do próprio Anísio que, viu a carência do bairro
da liberdade em Salvador.
Apesar das dificuldades ocasionadas pela existência da alta demanda populacional e
aclives acentuados, e causaram mudanças nos planos educacionais de Anísio, po-
demos perceber que o plano para Salvador, de fato, foi forçado a abordar estratégias
pertinentes perante a conflitos que perpetuam o cotidiano do nosso país.
Ideologias como a de Clarence Perry em uma Unidade de vizinhança, tornam-se
referência utópica para a situação real de expansão urbana em que vivemos. Segun-
do o autor, a unidade de vizinhança foi planejada para trabalhar como unidades resi-
denciais auto suficientes, onde a escola se encontra como eixo de organização, uma
ideologia pensada para um quadro de inexistência urbana.
Ao relacionar os estudos de Clarence Perry a Anísio Teixeira, pode-se perceber a real
inserção das ideologias de Perry nos planos de Anísio para Rio de Janeiro e Salvador.
Por mais que os estudos urbanísticos de Perry fossem projetadas para outro quadro
socioeconômico para o período, a fundamentação de diretrizes como, a escola sendo
o centro da organização urbana e a possibilidade de caminhabilidade entre equipa-
mentos, deixa claro a referência nas ideias de Anísio para as escolas de Salvador.
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Centro Educacional Carneiro Ribeiro - Escola Parque
Ano: 1950
fonte: SALES, 2016.
Área: 42.000 m2
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IMPLANTAÇÃO de usos
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1.5. CEU
O s Centros Educacionais Unificados, mais conhecidos como CEU, obteve sua con-
cepção projetual básica elaborada pelos arquitetos do Departamento de Edificações da
Prefeitura de São Paulo (EDIF), durante a gestão da ex-prefeita Marta Suplicy. São ins-
trumentos educacionais instituídos em São Paulo pela primeira vez em 2003. Seguindo
a reflexão do desenvolvimento de diversos estudos sobre a educação no Brasil, desde
o padrão das Escolas Parque proposto pelo pedagogo Anísio Teixeira 4, até chegar ao
conceito atual dos Centros Educacionais Unificados na cidade. Desde então, os CEUs
estabeleceram-se como referência na educação, atingindo atualmente uma rede com
46 unidades.
Foram criados com a finalidade de promover uma educação integral, com ideologias
democráticas, humanas e sociais. Contribuindo não somente na educação mas em
uma qualificação num todo, com cultura, esporte e lazer, tornando possível o desenvol-
vimento individual e social de cada aluno.
Os CEUs complementam o sistema educacional da Prefeitura de São Paulo e são admi-
nistrados pela Secretaria Municipal de Educação, para o desdobramento educacional
integral, em concordância com os objetivos e políticas estabelecidas para as áreas de
educação, cultura, esportes, entretenimento e tecnologia.
O projeto dos CEUs foi concebido, desde sua origem, como uma proposta in-
tersetorial, somando a atuação de diversas áreas, como: meio ambiente, edu-
cação, emprego e renda, participação popular, desenvolvimento local, saúde,
cultura, esporte e lazer. Os CEUs inspiram-se na concepção de equipamento
urbano agregador da comunidade, com uma visão de educação que transcen-
04 | Segundo Anísio a construção do conjunto de a sala de aula e o espaço escolar. (GADOTTI, 2004, p.2 apud, FIGLIOLINO,
escolar poderia se concretizar como força
motora de uma transformação socioeconômi- Simone Aparecida Preciozo, 2014, p.160 )
ca e testar a eficiência da inovação pedagógi-
ca. (LESSA, Juliane Bellot Rolemberg, 2017,
p.108)
39
Relacionado com o pensamento de Teixeira:
Reconheçamos, entretanto, que nenhum outro elemento é tão fundamental,
no complexo da situação educacional, depois do professor, quanto o prédio e
suas instalações. Reconheçamos, também, com Pascal, que o homem é feito
de tal modo que embora o sentimento anteceda o gesto, na sua ordem natural,
o gesto pode gerar o sentimento. No Brasil, estamos a procurar este efeito. Fa-
çamos o gesto da fé para ver se a adquiriremos. A arquitetura moderna é este
gesto [...] (TAKIA, 2009, p.17 apud, FIGLIOLINO, Simone Aparecida Preciozo,
2014, p.84)
Podemos perceber então, uma certa relação dos pensamentos de Anísio na concepção
dos CEUs, onde que a arquitetura está diretamente relacionada na forma como apren-
demos e através dela.
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1.5.1 Referência Projetual:
CEU Rosa da China
fonte: VD ARQUITETURA, 2002.
Ano: 2003-2004
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CEU - Rosa da China - Mapa Aérea
fonte: Google Earth
N os períodos de 1948 a 1952 Hélio Duarte assumiu a Comissão Executiva do Con-
vênio Escolar em São Paulo, por conta da alta expansão do estado na década de 1940,
acarretando na falta de demanda de vagas escolares. Esse convênio estava no encargo
da construção em massa de escolas. Duarte criou uma equipe para tentar efetivar as
ideologias aplicadas em Salvador, com as configurações de blocos de ensino, adminis-
trativo e de recreação. Esses blocos cumpriam a implantação de volumes organizados
de formas distintas no terreno.
Com o fim do Convênio, a ideologia de escolas como equipamento de transformação
social e espacial em determinados bairros, continuaram a se propagar com outras ins-
tituições, no qual os CEU fazem parte.
O projeto realizado pelos arquitetos do Departamento de Edificações da Prefeitura de
São Paulo (EDIF), se consolidaram em ideologias recebidas do Convênio Escolar, con-
cebendo programas em três blocos volumétricos bem distribuídos. Contendo o maior
bloco com programa de aulas didáticas, refeitório, biblioteca, programa de inclusão
digital, padaria-escolar, áreas para exposição e áreas de recreação. O bloco circular
abriga a creche. O terceiro bloco se concebe em cinco andares com teatro, ginásio es-
portivo e salas de música. (ANELLI, 2004)
O projeto do CEU, propõe uma tipologia padrão, no qual serviria como diretriz para as
futuras construções nos lotes de escolha, seguindo o seguinte estudo:
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44
figura 14 | Planta térreo - CEU Padrão
Editado pela autora
Fonte: ANELLI, 2004.
45
46
figura 16 | Planta térreo - CEU Padrão
Editado pela autora
Fonte: ANELLI, 2004.
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Planta térreo
Corte longitudinal
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50
Planta térreo
Corte longitudinal
53
P rojetos como a escola Antônio Derka do escritório Obranegra Arquitectos em Me-
dellín, Colômbia, foram projetadas para promover práticas educativas, culturais e so-
ciais de seus bairros circundantes, funcionando como pontos de transformação e for-
talecimento das comunidades e culturas locais.
Esta escola se encontra na ladeira nordeste de Medellín, no bairro Salto Domingo Sálvio,
que até muito pouco tempo era uma das zonas periféricas mais deprimidas e violentas
da cidade, devido à falta de investimento social.
A escola faz parte do programa “Medellín a mais educada” promovido pelo prefeito
Sergio Fajardo (2004 - 2007), e consistia em qualificar a educação pública, ampliando
a infraestrutura escolar nos bairros de menor cobertura e por meio desses espaços,
contribuir para o encontro cidadão 6.
Em um lote vago, localizado entre dois colégios existentes, nos foi dada a in-
cumbência de projetar um novo edifício que deveria integrá-los entre si e vin-
culá-los com a estrutura urbana, utilizando o conceito de “escola aberta”, o
qual consistia em dissipar os limites físicos e mentais dos colégios, mediante
uma intervenção urbana e arquitetônica aberta, que buscava convertê-los em
centros de atividade cultural, recreativa, educativa e em referencial urbano que
promovessem a integração de toda a comunidade. (Archdaily, 2014)
A escola Antonio Derka, possui diretrizes projetuais muito interessantes do que des-
respeito a concepção de projetos de vazios. Na figura 24 (Planta de estudo dos vazios),
podemos perceber a intenção dos arquitetos em projetar espaços vazios de ventilação,
respiros e de convívio. O mesmo utilizado para o TFG em questão, no qual teve a inten-
ção de trabalhar espaços vazios como premissa de projeto para ventilação e áreas de
convívio e estudo comunitário.
A escola Antonio Derka, de fato é um projeto que visa a qualificação urbana de uma
06 | Programa que propôs a adequação de 132
área com mau planejamento urbano da cidade de Medellín. A perspicácia de trabalhar instituições educativas existentes e a cons-
a conexão entre as escolas já existentes, unindo-as através de um parque público é de trução de 10 novos colégios. Este programa
foi executado sob a direção da empresa de
muita sensibilidade com o entorno imediato. Um projeto humano que atende as neces- desenvolvimento urbano EDU, que selecionou
sidades de um bairro carente. 10 arquitetos tendo em conta suas trajetórias
profissionais. (Archdaily, 2014)
54
ESPACIAL
PLANTA de
ORGANIZAÇÃO
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02
JAÇANÃ
JAÇANÃ
fonte: Foto Autoral
61
O bairro do Jaçanã, distrito do estado de São Paulo, ficou muito conhecido por sua
referência a música popularmente cantada de Adoniran Barbosa, “Trem das Onze”. Na
qual faz menção ao Trem da Cantareira (cujo qual fazia conexão do centro da cidade
até o reservatório de água criado na Cantareira), uns dos principais meios de mobilida-
de da população entre o final do século XIX e início do século XX.
No que tange a Educação, Jaçanã possui uma alta demanda de escolas, acarretado
pelo acelerado crescimento da mancha urbana em direção a áreas periféricas do es-
tado de São Paulo, em meados do século XX, sendo predominantemente residenciais.
A implantação das edificações escolares no bairro, se deu pela necessidade de educa-
ção e carência socioeconômica que os moradores enfrentam, porém, a dificuldade de
assentamentos era de fato grande, pois o bairro possuía muitos morros acentuados
ao longo da mancha que se expandia irregularmente. O que acarretou em edificações
escolares com pouca infraestrutura educacional (como quadra, biblioteca entre outros
equipamentos necessários para uma boa educação) para suportar a falta de espaço e
atender a alta demanda de alunos. Se investia em uma educação secundária
Atualmente Jaçanã, possui treze escolas ao todo, incluindo CEIs, EMEIs, ensino fun-
damental e médio, atendendo um total de aproximadamente 11 mil alunos com uma
péssima condição espacial e com um alto índice de desistência, em média de 30%.
A escolha do lugar acarretou pela necessidade do bairro de oferecer uma educação de
qualidade, interativa e motivacional, no que tange a equipamentos e oportunidades de
cultura e lazer para o local, e a grandes oportunidades de qualificação urbana que o
bairro proporciona. A falta de possibilidade de expansão em áreas montanhosas, gerou
áreas verdes ociosas, onde se haveria a possibilidade de trabalhar caminhos, para que
o acesso à escola fosse mais agradável e a interatividade do espaço que por sua vez
não era qualificada, pudesse se conectar com o seu entorno de uma maneira aprazível.
62
Perímetro de Estudo - Mapa Aérea
Contexto urbano
fonte: Google Earth
através do
"trem das onze"
2.1. A Estruturação
urbana do Jaçanã
63
O distrito do Jaçanã se localiza na
zona norte do município de São Pau-
lo. Um bairro Periférico, com um total
populacional de 94.609 mil habitantes
7
, em uma densidade demográfica de
aproximadamente 280 hb/há (Geo-
sampa). A moradia irregular é um dos
maiores problemas enfrentados pelos
moradores do jaçanã. No total, a área
possui 53 favelas, que abrigam quase
10 mil famílias, segundo dados da Se-
cretaria Municipal de Habitação.
65
No ano de 1964, o compositor, cantor humorista e ator Adoniran Bar-
bosa (1910 – 1982), compôs a famosa música o “trem das onze” que
eternizou a memória do bairro vinculada ao trem da Cantareira que
passava pela estação Jaçanã.
A linha ferroviária da Cantareira foi criada em 1893, inicialmente para
transportar material do centro da cidade até o reservatório de água que
seria construído na Cantareira. No ano de 1894 foi inaugurada.
A criação da linha tinha como objetivo inicial a qualificação do sistema
de distribuição de água para a cidade de São Paulo, mas o que acarre-
tou em um equipamento fundamental para a urbanização e expansão
da zona norte de São Paulo. A região norte, teve uma desenvolução
tardo em prol da barreira que naquele momento se estabelecia diante
do Rio tietê, fazendo com que as chácaras ficaram ilhadas perante ao
acesso a cidade. O que reforça, a importância que foi a linha da Canta-
reira para a evolução da zona norte.
Diante dessa perspectiva, vários bairros nasceram da oportunidade de
se ter acesso a região norte da cidade, entre esses, o bairro do jaçanã.
Fonte: LAAMARALL,2019
em seguida o nome se passou a ser Guapira, inicialmente chamado
pelo povo indígena que habitavam a região da Cantareira.
O bairro do Jaçanã, anterior a expansão, foi durante muitas décadas
um bairro hospitalar, por ser afastado da região central e adequado a
um clima propenso para construções de hospitais, clínicas e asilos. Em
1902 foi construído o ainda atual Hospital municipal São Luiz Gonzaga,
na época um leprosário. Com a chegada da linha da Cantareira em
66
figura 28 | Trem
Fonte: LAAMARALL,2019
67
evolução morfologica do jaçanâ
Alterações do desenho urbano ao longo dos anos
1. 1930 (base sara brasil - geosampa)
2. 1954 (base vasp cruzeiro - geosampa)
3. 1988 (publicação vegetação - geosampa)
4. 2004 (ortofoto - geosampa)
5. 2017 (ortofoto - geosampa)
1.1930 2.1954
68
3.1988
4.2004 5.2017
69
Em meados da década de 80, com o avanço acelerado de urbanização, o estado se viu
na necessidade de atender a alta demanda escolar nas regiões periféricas. Os locais
que sobraram foram lotes localizados nas áreas mais altas dos morros. Nesse pro-
cesso a Prefeitura do Estado de São Paulo – SUBJT10, comprou algumas glebas nas
encostas para futuras expansões de equipamentos, porém esses lotes se encontram
com uma topografia muito acentuada, maior do que permite a lei 16.402/16 de até 30%
de inclinação.
Em resultado disto, essas glebas se tornaram grandes áreas verdes subutilizadas (dia-
grama 1), não podendo ser usadas para futuras infraestruturas nem tão pouco para
habitação. Áreas estás com grande potencial de qualificação.
70
Diagrama 1 - Áreas Ociosas
Fonte: Produzido pela autora.
71
2.2. Jaçanã em desenvolvimento como periferia educacional
72
Quando a erosão causada pelos desmatamentos e ocupações das encostas
se acumula nas baixadas, rios e córregos, toda a cidade sofre com as enchen-
tes. E quando o excesso de veículos e viagens provoca o colapso da circula-
ção, é toda a cidade que para.
Portanto, a exclusão territorial na cidade brasileira é mais do que a imagem da
desigualdade, é a condenação da cidade como um todo a um urbanismo de
risco. (ROLNIK, Raquel, 2000, p. 02)
O alto crescimento da mancha urbana, decorrente da desigualdade social e da pobreza
do nosso país, acarretou em um alto índice de violência nas áreas periféricas do estado.
Na década de 80, se tinha um alto índice de morte violenta, com cerca de 28,79 homicí-
dios por 100.000 habitantes em 1991. Com isso São Paulo é considerado o estado mais
violento do Brasil11. (ROLNIK, 2000)
Segundo Raquel Rolnik, a recessão no período dos anos 80, foi um dos grandes fatores
pelo aumento da criminalidade em áreas periféricas, causados pelo ajuste estrutural do
nosso pais, acarretou em uma queda de salário e oportunidades de emprego no mer-
cado de trabalho. (ROLNIK, 2000). Com tudo, o abismo desigual é uma ferramenta a se
justificar altas taxas de criminalidade, porém cada âmbito de comunidade absorve os
conceitos de transformação no mercado de trabalho individualmente há cerca da sua
vulnerabilidade.
Certamente podemos perceber que a segregação territorial, transforma desde o âmbito
social familiar até ao hábito social de uma comunidade a cerca de uma alta vulnerabi-
lidade, compactuando para um espaço maior a violências.
A exclusão social e territorial cria uma grande barreira para classe média baixa alcançar
seus direitos. O acesso à educação e cultura fica omitido perante a situações iminen-
tes como a oportunidade de emprego, que se colocam como obstáculo em decorrên-
cia da vulnerabilidade econômica. A marginalidade acaba sendo uma opção atrativa a
tentativa de solucionar problemas sociais e econômicos, e o acesso à educação, uma
11 | 1991/1994 (SEADE) apud ROLNIK, Raquel.
alternativa para privilegiados.
Exclusão Territorial e Violência: O caso do
Estado de São Paulo. Cadernos de Textos, Belo
O que leva a pesar, para quem é a educação pública. A educação é um dos métodos
Horizonte, v. 2, p. 09, 30 ago. 2000. que mais promovem um bom desenvolvimento social e econômico, onde que, nas pe-
riferias a uma larga falta de qualificação na educação é um constante desinteresse por
razões de prioridades econômicas.
73
No jaçanã, cerca de 22,3% da população entre 15 a 29 anos, não teve qualquer estudo
ou não chegou a terminar o ensino fundamental, 30% não completou o ensino médio,
39,4% completou apenas o ensino médio e 8,3% completou o ensino superior. (Tabela
1) Isso conclui que as oportunidades de ingresso ao ensino superior e de 0,8 a cada 10
alunos formados no ensino médio.
74
A taxa de analfabetismo em São Paulo vem decaindo ao longo dos anos segun-
do censo demográfico de 2000 e 2010 do IBGE, como mostra o gráfico 1. No Ja-
çanã, houve uma diminuição considerável do índice de analfabetismo (tabela 2).
75
Porém, possui uma taxa de carência ao acesso à educação (tabela 3), se relacionar às
escolas privadas e o acesso a pública percebe-se uma grande porcentagem. Tendo em
vista a comparação do bairro do jaçanã podemos perceber através da tabela 3, a queda
para alunos sem oportunidade de estudo em 10 anos, porém a porcentagem de alunos
sem acesso à educação é apavorantemente alta, com uma porcentagem de 64,2 % da
população de 15 a 29 anos, 22,9 % estão matriculados em escolas públicas e 12,9%
matriculados em escolas privadas, concluindo então que a cada 10 alunos, 6,4 não
possuem acesso à educação no bairro do Jaçanã.
VENTUDE DA CIDADE
DE SÃO PAULO, 2014
Fonte: MAPA DA JU-
Visto que a educação é a principal ponte para um bom desenvolvimento social e eco-
nômico, esses dados mostram a carência de atratividades que possam fazer da educa-
ção do Jaçanã uma prioridade de escolha em opor-se a marginalidade, com incentivos
artísticos, culturais e de oportunidades de empregabilidade para um avanço cultural,
social e econômico do bairro.
76
Há uma memória a ser lembrada de um bairro cultural, jaçanã
já foi um dia o polo cultural de São Paulo em me-
ados da década de 50, com a implantação do es-
túdio de cinema Maristela, o bairro virou atrativo
no âmbito da arte, seja pela música que inspirou
Adoniram em o “trem das onze”, quanto no cine-
ma através da Cinematográfica. Um documentá-
rio produzido pela mesma, chamado “ Quando Ja-
çanã Virou Hollywood”, retrata a importância das
iniciativas artísticas como polo gerador de cultura
para um bairro.
Apreciando o âmbito de oportunidades para uma
requalificação urbana, educacional, cultural e so-
cial, o bairro do Jaçanã constitui uma importância
histórica por meio da arte e educação. Portanto, o
foco deste TFG, é a correlação com oportunidades
de se implementar o projeto urbano qualificando
Retrospectiva cinematográfica Maristela.
77
2.3. Planejamento Futuro da Região
78
Art. 7º Em ZEIS, as ZEIS deve atender à destinação de percentuais mínimos de
área construída para HIS 1 e HIS 2, conforme Quadro 3 deste decreto, no caso
de pedido para:
edificação nova;
79
A Lei 16.402/16 preve um coeficienciente de aproveitamento máximo de 4 e mínimo de 0,5, onde que a Taxa
de ocupação será de 0,85%.
Para área permeável, segundo os dados retirados do Geosampa, será um PA10, em atender 0,15% de área
permeável segundo a lei 16.402/16.
80
Fonte: Elaborado pela autora,
com base nos dados do GEOSAMPA.
Zoneamento
lei 16.402 2016
81
82
Fonte: Elaborado pela autora,
com base nos dados do GEOSAMPA.
Uso predomi
nante do solo
Fonte: Elaborado pela autora,
com base nos dados do GEOSAMPA.
densidade
demográgica
83
84
Fonte: Elaborado pela autora,
com base nos dados do GEOSAMPA.
índice de
vulnerabilidade
Fonte: Elaborado pela autora,
com base nos dados do GEOSAMPA.
viária
hierarquia
85
86
Fonte: Elaborado pela autora,
com base nos dados do GEOSAMPA.
público
transporte
Fonte: Elaborado pela autora,
com base nos dados do GEOSAMPA.
cultura
urbanos
Educaçao e
equipamentos
87
88
Fonte: Elaborado pela autora,
com base nos dados do GEOSAMPA.
SOCIAL
SAÚDE E
URBANOS
ASSISTÊNCIA
EQUIPAMENTOS
03
CAMINHOS além do muro:
ANEXO educacional como
conexão entre escolas
90
MAPA DE PROXIMIDADE DE PARQUES
Fonte: Elaborado pela autora,
com base nos dados do Google Earth
Perímetro de estudo
3.1. Diagnóstico
91
No mapa de proximidade de equipamentos
educacionais, podemos perceber a falta desses
equipamentos próximo a área de estudo.
A biblioteca mais próxima se encontra a 3 km
de distância do local, e cursos que oferecem educação pro-
fissionalizante, como a ETEC, se encontra a 6 km de distân-
cia.
Perímetro de estudo
MAPA DE PROXIMIDADE DE EQUIPAMENTOS EDUCACIONAIS
92
Neste mapa a análise se fundamenta na
localização e quantificação das áreas verdes
ociosas na região, afirmando o potencial para
implantação de equipamentos e áreas de qua-
lificação para o local.
E m 2014 foi estabelecido o novo Plano Nacional de Educação (PNE)12 que apontam
diretrizes, metas e estratégias para a política educacional até 2024. Essas diretrizes
incluem tópicos, como, a universalização do atendimento escolar para a população en-
tre 15 a 17 anos com meta de atender 85% das inscrições de matrículas para o ensino
médio (um incentivo realizado pelo Estado, considerando que matrículas para o ensino
médio não são obrigatórias), e 95% de incentivo para matrículas no fundamental um e
dois.
A meta de número seis, diz respeito à oferta de educação em tempo integral, no qual
requer o atendimento em no mínimo, 50% das escolas públicas. Além desta, a meta de
número dez, fala a respeito da oferta de no mínimo, 25% das matrículas de educação de
jovens e adultos, nos ensinos fundamentais e médios, na forma integrada à educação
profissional.
O atendimento das diretrizes pelo PNE é de responsabilidade estadual, onde cada esta-
do apresenta programas condizentes a situação da educação local, visto isto o estado
de São Paulo criou o programa Inova Educação13, com o propósito de oferecer novas
oportunidades para todos os estudantes do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e
Ensino Médio, com algumas diretrizes, como eletivas, aulas de tecnologia e um projeto
de vida.
Todas essas iniciativas públicas para melhorias no âmbito da educação vêm sendo
motivo de muita discussão por parte de profissionais da Educação. Depois de seis anos
de criação do Plano Nacional de Educação (PNE), cerca de 80% das propostas não fo-
12 | Lei 13.005/14 ram iniciadas. De acordo com a consultora de tecnologia educacional, Vera Cabral, o
13 | Programa Inova Educação
Disponível em: <https://inova.educacao.sp.gov. PNE e o Programa Inova Educação são propostas utópicas, segundo a realidade espa-
br/> 14h30, 08/03/2020
95
cial que se encontram as escolas atualmente, e, a postura de resistência que os esta-
dos mantêm em relação a melhoria no âmbito da educação.
“[...] as metas são razoáveis e, apesar de ambiciosas, condizentes com nossa necessidade
atual. O problema está em como a lei vai ser executada [...]” (Vera Cabral, Revista Veja, 2014)
96
Proposta do PNE
Problemática
Diagrama 1
Fonte: Elaborado pela autora
97
PROPOSTA
O projeto se caracteriza na criação de
um anexo das propostas induzidas
pelo Plano Nacional de Educação. Esse
anexo (escola parque) comportaria as
atividades que as atuais escolas (es-
cola classe) não têm condições espa-
ciais para atendê-las, como a oferta de
educação em tempo integral. Porém
não funcionaria como um equiamento
a trabalhar sozinho, ele fornecerá auxí-
lio as atuais escolar da região através
do programa. No que tange o âmbito
urbano, o parque funcionará como
conexão entre as escolas do entorno,
visando o caminho do aluno percorrido
a pé entre a escola classe e a esco-
la parque, formando um caminho de
educação.
99
Esses caminhos, serão a conexão entre as escolas, caminhos percorridos a pé, que em
intervalos, possam ter qualidade de espaço, convívio e identidade para a comunidade.
O lote escolhido contempla uma larga área com córregos e uma vasta possibilidade
de áreas verdes para qualificação. Com isso, o Anexo Educacional comporta também
um parque público, ressignificando o espaço através da qualificação. O projeto propõe
trabalhar com a realidade que as periferias passam, qualificando o espaço escolar e
unificando a comunidade através da educação.
100
Localizei sete escolas na região para poder estudar
mais a fundo e analisar qual poderia entrar na pro-
posta de ser atendida pelo Anexo educacional.
Nesse mapa podemos ver a intenção de levar as es-
colas existentes a ser contemplada
CEU - Jaçanã
F oram selecionados quatro escolas para trabalhar com o anexo educacional, o critério
se baseou em atender apenas escolas que oferecem ensino fundamental 2 e ensino
médio.
- E.E João Baptista Alves Silva
- E.E Gustavo Barroso
- E.E Dona Cyrene de Oliveira Laet
- EE Professora Eunice Terezinha de Oliveira Fragoas
O programa se baseia na ideia do sistema platoon apresentado por Anísio Teixeira.
As escolas irão se revezar em períodos entre manhã, tarde e noite a atender aulas de
eletivas proposta pelo Programa Inova Educação como aulas integrais e aulas livres a
serem realizadas através de cultura e esportes.
O Anexo Educacional, atenderá também cursos técnicos profissionalizantes para o en-
sino médio, onde que irá se realizar apenas no período noturno, para contemplar as
mesmas salas utilizadas pelos cursos de eletivas e os cursos livres nos períodos de
manhã e tarde.
O programa se organiza em três partes, Fundamental 2, ensino médio e cursos técni-
cos.Para o fundamental 2 foi organizado um bloco inteiro de eletivas, as aulas serão
divididas em dois períodos, manhã e tarde, para que o revezamento entre as escolas
classes aconteça em ambos os períodos. O mesmo para o ensino médio.
O alunos podem escolher quantas eletivas fazer, com uma carga mínima de 3 eletivas
por semana com duração de 1h cada. Após a aula de eletiva os cursos livres são libe-
rados podendo escolher entre cursos de cultura ou esportes, como também o uso do
parque.
O parque é público podendo ser usado por toda população do bairro do jaçanã, assim
como os cursos livres de cultura e esportes.
102
Mapa metal de organização do progama
7
4
3
107
4
7
108
Com a localização
das escolas, foi pos-
sível desenhar fluxos
de caminhos entre as
escolas existentes e
o anexo educacional
localizado no centro.
MAPA DE FLUXOS
Fonte: Elaborado pela autora
109
Com base nos estudo levantados ante-
riormente de áreas verdes ociosas e de
fluxos, a implantação dos parques se
deu nesse contexto.
SEÇÃO TÍPICA 1
Fonte: Elaborado pela autora
114
seção típica 2
Escadaria
SEÇÃO TÍPICA 2
Fonte: Elaborado pela autora
115
115
seção típica 3
SEÇÃO TÍPICA 3
Fonte: Elaborado pela autora
116
seção típica 4
SEÇÃO TÍPICA 4
Fonte: Elaborado pela autora
117
117
seção típica 5
SEÇÃO TÍPICA 5
Fonte: Elaborado pela autora
118
seção típica 6
SEÇÃO TÍPICA 6
Fonte: Elaborado pela autora
119
119
3.3.2. Anexo Educacional
120
Localização do lote
Fonte: Elaborado pela autora,
com base nos dados do GEOSAMPA.
121
121
Planta ambiental
123
ACESSO 1 ACESSO 2
Pav. 3 Pav. 2
Parque
ACESSO 3
Térreo
Bloco fundamental 2
ACESSO 4
Térreo
Bloco ensino médio
Bloco Cultural
IMPLANTAÇÃO
PLANTA PAV. 3
Fonte: Elaborado pela autora
PLANTA PAV. 2
PLANTA PAV. 2
Fonte: Elaborado pela autora
127
127
128
PLANTA TÉRREO
PLANTA TÉRREO
Fonte: Elaborado pela autora
CORTE A.A
3D - PROJETO FINAL
Fonte: Elaborado pela autora
CONCLUSÃO
A educação é um direito humano fundamental e essencial
para o exercício de todos os direitos e deveres. A inserção de
um equipamento escolar que derrube os muros da segregação,
decorrente das condições econômicas e políticas do nosso
país, torna-se vital para transformação espacial e social, utili-
zando a arquitetura como uma ferramenta de adaptação e in-
clusão da população destas áreas.
A pergunta a se responder feita no início deste trabalho foi, “Às
escolas públicas são ruins por estarem localizadas em bair-
ros ruins, ou os bairros são ruins porque a educação pública é
ruim?”. A conclusão tirada é de que os bairros são ruins porque
a educação pública é ruim, pois o acesso a ela torna da edu-
cação em bairros periféricos uma escolha menos importante,
afinal a sobrevivência imediatista se torna o foco para que a
marginalidade aconteça.
Este TFG busca contornar esses problemas com a implantação
de algo que seja representativo para uma comunidade, assim
como um campo de futebol se torna um espaço de encontros,
lazer e cultura, uma escola tem total potencial para simbolizar
uma comunidade, através da educação.
131
Geosampa – Mapa digital da cidade de São Paulo
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