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INCLUSIVA:
ANTEPROJETO DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE ENSINO
FUNDAMENTAL I INCLUSIVA, COM FOCO NO PÚBLICO COM
AUTISMO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
Natal, RN
2020.2
MATHEUS ALBUQUERQUE CAMILO SARAIVA
Natal, RN
2020.2
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Dr. Marcelo Bezerra de Melo Tinôco - DARQ - -CT
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Mônica Maria Fernandes de Lima
Professora Orientadora – UFRN
________________________________________
Glauce Lilian Alves de Albuquerque
Professora – UFRN
________________________________________
Maria Solange Gurgel de Castro Fontes
Profissional Convidada
AGRADECIMENTOS
Foi um longo caminho até aqui! Não foi fácil concluir esse período de
graduação longe de casa, longe da minha família, da minha namorada e dos meus
amigos, chegar aqui foi uma vitória, tive que vencer minhas dificuldades e aprender
a me virar. Foi uma fase de grande aprendizagem acadêmica, profissional e pessoal.
Aqui agradeço a todos que fizeram parte dessa minha jornada, primeiramente
à Deus, que sempre está comigo, me segurou nos momentos difíceis, me deu forças
para continuar, me protegeu e nunca deixou me faltar nada.
Agradeço imensamente aos meus pais, que me entenderam quando decidi
sair do curso de engenharia mecânica na Universidade Federal do Ceará e sempre
me apoiaram nas minhas decisões, me ajudando a ir cursar arquitetura e urbanismo,
na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Por não medirem esforços para
que eu pudesse levar meus estudos adiante, por cada incentivo e orientação e por
me formarem com dignidade para a vida. Obrigado por todo amor, dedicação e apoio
que vocês sempre nos deram.
Ao meu irmão Júlio, que sempre foi exemplo para mim e esteve do meu lado
em todos os momentos.
Aos meus sobrinhos, que são fontes de sentimentos bons para mim e me
motivaram a escolher o tema deste trabalho, sou muito grato por tê-los na minha
vida.
À Sofia, por todo o amor e companheirismo, obrigado por sempre ser minha
companhia mesmo de longe, por me ajudar sempre que precisei e estar sempre do
meu lado, te amo!
Ao seu Wanderley e à dona Mônica, que me acolheram em Natal como se eu
fosse da família, com todo carinho e cuidado.
Obrigado à todos os professores da graduação, que nos passaram seus
conhecimentos da melhor forma, sempre buscando nos ajudar e nos entender nas
nossas dificuldades.
À professora Mônica, minha orientadora, que dedicou seu tempo,
conhecimento e paciência para me ajudar a chegar até aqui, Obrigado por tudo.
Aos amigos da graduação, que estiveram comigo nessa árdua jornada, me
ajudando a passar nas disciplinas, compartilhando conhecimentos, dividindo noites
viradas, projetos e trabalhos. Que tornaram essa caminhada mais leve e prazerosa,
e me incentivaram a continuar. E a todos os amigos que fiz em Natal e espero levar
pra vida.
Aos colegas, arquitetos e todos os profissionais que trabalhei ao longo da
minha jornada profissional.
ATENÇÃO!
Opa, oi leitor! Antes de você seguir com a sua leitura, deixa eu te dar um
aviso? Eu não sei em que ano você está lendo este documento, se você está num
futuro recente, provavelmente se lembrará da situação em que nos encontramos
agora, mas se você é um universitário de 2045 (ou depois disso) é preciso que tome
conhecimento de como anda o mundo aqui entre 2020 e 2021.
Primeiro: estamos vivendo uma pandemia de Sars-Cov-19, trabalhando,
estudando e socializando virtualmente desde março de 2020. A esta altura, em abril
de 2021 – enquanto escrevo este aviso – somente no Brasil mais de 350 mil
pessoas perderam suas vidas devido à esta doença.
Segundo: como você pode imaginar, se estamos estudando virtualmente,
deve saber que todas as atividades necessárias para a execução dos trabalhos
finais de graduação até agora têm se dado de maneira virtual, o que implica em
limitações de acesso à bibliografia, aos nossos orientadores, à um espaço adequado
ao estudo e pouquíssima ou nenhuma oportunidade de levantamento in loco.
Os trabalhos que você encontrará de autoria dos graduandos da turma 2020.2
podem não ser o que alguns de nós havíamos sonhado quando matutamos as
primeiras ideias sobre nossos trabalhos, o que não implica em menos qualidade,
mas em um desafio ainda maior. O conteúdo que está por vir é fruto de muita
persistência, acredite leitor, são tempos difíceis por aqui.
Dito isto, espero que aí no futuro o mundo seja um pouco mais tranquilo.
Desejo a você uma boa leitura!
The school offers one of the first moments in society in the life of the human
being, and since autism spectrum disorder (ASD) is characterized by deficits in social
communication and social interaction, it is at school that people with autism face the
first challenges. Thus, it is questioned that architectural characteristics can make
children's experiences less painful in their relations with the built environment and the
dynamics that happen in it. In the present work, an architectural draft of an inclusive
public primary school, focused on the public with ASD, was developed. The main
aspects addressed in the draft to serve this audience were: addition of scape spaces
at school, contrast between floor color and of the walls, sectorization with different
door colors, use of softer colors, among others. The theme is justified by the
historical importance of the education environment and the need to have a more
inclusive education environment. Based on theoretical research on school
architecture, inclusion in the school, characteristics of children with autism and the
relationship between people with autism and the built environment; the intention of
the work is to propose solutions for accessibility, comfort, functionality, and inclusion
in the school environment.
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 11
2. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 15
2.1 INCLUSÃO NA ESCOLA ................................................................................. 15
2.2 CARACTERÍSTICAS DE CRIANÇAS COM TEA ............................................. 17
2.3 ARQUITETURA ESCOLAR ............................................................................. 19
2.4 RELAÇÃO ENTRE AUTISMO E AMBIENTE CONSTRUÍDO .......................... 25
2.5 MÉTODO MONTESSORI ................................................................................ 34
3. ESTUDOS DE CASO ............................................................................................ 40
3.1 ESTUDOS INDIRETOS ................................................................................... 40
3.1.1 COMUNIDADE SWEETWATER SPECTRUM ........................................... 40
3.1.2 SHRUB OAK INTERNATIONAL SCHOOL ................................................ 45
3.1.3 FUJI KINDERGARTEN .............................................................................. 51
3.2 ESTUDOS DIRETOS ....................................................................................... 55
3.2.1 CEEP PROFESSORA DJANIRA BRASILINO DE SOUZA ........................ 55
3.2.2 ESCOLA ESTADUAL AUTA DE SOUZA ................................................... 63
4. DIRETRIZES E CONDICIONANTES PROJETUAIS ............................................. 69
4.1. PROGRAMA DE NECESSIDADES ................................................................ 70
4.2. ESCOLHA DO TERRENO .............................................................................. 72
4.3 CONDICIONANTES AMBIENTAIS .................................................................. 78
4.4. CONDICIONANTES LEGAIS .......................................................................... 80
5. PROPOSTA ARQUITETÔNICA ............................................................................ 83
5.1. CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO .................................................. 83
5.2. EVOLUÇÃO DA PROPOSTA ......................................................................... 84
5.3. MEMORIAL DESCRITIVO .............................................................................. 87
5.3.1. DESCRIÇÃO DO ANTEPROJETO ........................................................... 87
5.3.2. IMPLANTAÇÃO ........................................................................................ 88
5.3.3. SOLUCÕES DE CONFORTO AMBIENTAL ............................................. 91
5.3.4. SOLUCÕES PARA O PÚBLICO COM TEA ............................................. 93
5.3.5. PÁTIO CENTRAL ..................................................................................... 98
5.3.6. DEFINIÇÃO DA PALETA DE CORES .................................................... 100
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 103
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 104
ANEXO A – Matriz de Recomendações .................................................................. 108
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1. INTRODUÇÃO
O ambiente que nos circunda é percebido através dos nossos sentidos: visão,
audição, olfato, paladar e tato. No livro “O Cérebro Autista: pensando através do
espectro”, Temple Grandin (2014) fala sobre como os cinco sentidos são nossa
forma de compreender tudo que nós somos e são as cinco maneiras como o
universo pode se comunicar conosco, e quando seus sentidos não funcionam
normalmente, na forma como o cérebro os recebe, talvez a sua experiência do
mundo ao redor não será como a dos outros.
Ainda em seu livro, Temple Grandin (2014) fala sobre como alguns estímulos
são dolorosos, para a autora o que mais a afeta são sons, como o barulho do
secador de mãos dos banheiros públicos, o toalete a vácuo nos aviões, ou alarmes
em geral, que ela diz parecer com a sensação de um obturador de dentista dentro
de seu crânio. Em escolas sinais sonoros são comuns para anunciar os horários de
aulas e intervalos, imagine a cada aula ter uma sensação dolorosa como essa.
Além deste primeiro capítulo, onde é feita uma breve introdução sobre o
assunto abordado, explicitando a motivação, os objetivos e a estrutura do trabalho, o
presente trabalho se estrutura em 6 capítulos.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo Cavaco (2014), incluir não se trata de, apenas, integrar; não é só
juntar pessoas na mesma sala, sem que se tenha aceitação e conscientização de
valores. É preciso que exista uma valorização do ser enquanto semelhante, com
igualdade de direitos e oportunidades, aceitando integralmente a diferença de todos,
é uma questão de conscientização de atitudes.
Inclusão não deve ser entregar os mesmos recursos para todos, e sim
entregar os recursos necessários para que todos fiquem em pé de igualdade. Não
adianta integrar alunos ditos “normais” e alunos com necessidades especiais em
uma sala de aula convencional sem que haja mecanismos que proporcionem uma
igualdade de aprendizado e oportunidades entre esses alunos.
Para Sánchez (2005) a educação inclusiva deve ser um meio para atender
dificuldades de aprendizado de qualquer aluno do sistema educacional. É uma
questão de direitos humanos, já que defende que não se pode segregar ninguém
por causa de sua deficiência, sua dificuldade de aprendizado, seu gênero ou sua
etnia.
No Brasil não vemos uma efetiva inclusão nas escolas públicas regulares, e a
aplicação de leis que defendem este direito para os autistas é uma questão difícil, já
que são necessárias reformas educacionais em grande escala e que incluem
capacitações de profissionais e intervenções na arquitetura e infraestrutura das
escolas, dentre outros elementos (VERGARA et al., 2018, p. 6).
Um dos recursos que podem e devem ser utilizados para favorecer a inclusão
de todos os alunos é a própria estrutura física da escola. Para Déoux (2010) uma
arquitetura mal planejada pode intensificar episódios de incapacidade e exclusão.
Crianças com autismo tem neurônios a mais, isso as deixam mais elétricas e
antenadas o tempo todo, parecendo nunca desligar, seus sentidos ficam ativos,
absorvendo tudo, e, algumas vezes, elas não conseguem perceber o que é
prioridade para o momento (VERGARA et al., 2018, p. 4).
alguns até não falam, ou tem a fala muito limitada. As crianças usam a linguagem
para fazerem pedidos ou protestos, não especialmente para conversar. Além disso
podem ter a compreensão limitada, embora possam parecer entender mais do que
falam, o entendimento pode se dar de forma muito literal, sem entender ironias,
expressões faciais, linguagem corporal e diferentes entonações de voz (HEBERT,
2003).
Quando autistas evitam olhar nos olhos é como uma defesa para conseguir
entender o que o outro diz sem se distrair com o movimento do rosto à sua
frente. Para eles o mundo real já oferece muita informação, ficando mais
complicado ao tentar entender mensagens subliminares, como as que uma
expressão facial pode transmitir. Crianças com TEA entendem mais o lado
racional do que o emotivo, e por isso preferem as coisas mais concretas,
evitando se complicar com a difícil interpretação de metáforas de duplo
sentido. (VERGARA et al., 2018, p. 5)
Diante de todos estes problemas fica evidente que a inclusão de crianças com
TEA ainda carece de estudos mais aprofundados, principalmente no âmbito dos
espaços arquitetônicos das escolas que buscam a inclusão.
Como a escola é um referencial da vida social, que nos prepara para a vida
adulta, deve ser um ambiente democrático, com espaço para todos. O direito a
educação está previsto na Constituição Federal e se estende também a alunos com
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Tabela 1 - Estatura média por idade e proporções de dimensões para detalhamento do projeto
Projetar espaços para pessoas com autismo é um grande desafio, já que nem
a medicina conseguiu ainda estabelecer elementos teóricos e metodológicos que
possibilitem o entendimento da mente desses indivíduos, faltam, então, critérios e
padrões arquitetônicos para o dimensionamento e a determinação dos aspectos
ideais para cada espaço (Góes, 2010).
Góes (2010) faz recomendações gerais sobre locais especializados, ele indica
que esses projetos devem apresentar semelhança com os locais habituais que as
pessoas com autismo frequentam, e devem apresentar com clareza os seus usos,
além de ser interessante a utilização de diversos materiais que causem sensações
diferentes no campo visual e tátil, e o uso de cores na paginação dos locais para
favorecer a orientação.
26
1
Uma breve descrição de cada critério: 1. Acústica: Este critério propõe que o ambiente acústico seja controlado
para minimizar o ruído de fundo, o eco e a reverberação nos espaços utilizados pelos indivíduos com TEA. O
nível de tal controle acústico deve variar de acordo com o nível de foco requerido na atividade em questão no
2. Sequenciamento Espacial: Este critério baseia-se no conceito de capitalizar a afinidade dos indivíduos com
autismo à rotina e previsibilidade. As áreas devem ser organizadas em uma ordem lógica, com base no uso
típico programado desses espaços. Os espaços devem fluir tão facilmente quanto possível de uma atividade
para a próxima através de circulação unidirecional, sempre que possível, com o mínimo de interrupção e
distração, usando Zonas de Transição.
3. Espaço de fuga: Tais espaços podem incluir uma pequena área fracionada ou um segmento em uma seção
silenciosa de uma sala, ou em todo um edifício na forma de cantos silenciosos. Esses espaços devem fornecer
um ambiente sensorial neutro com estimulação mínima que pode ser personalizada pelo usuário para fornecer a
entrada sensorial necessária.
4. Compartimentação: As qualidades sensoriais de cada espaço devem ser usadas para definir sua função e
separá-lo de seu compartimento vizinho. Cada compartimento deve incluir uma função única e claramente
definida e consequente qualidade sensorial.
5. Zonas de Transição: São destinadas a ajudar o usuário a recalibrar seus sentidos à medida que eles se
movem de um nível de estímulo para o próximo. Devem indicar a transição de uma área de alto estímulo para
uma de baixo estímulo.
6. Zoneamento Sensorial: Os espaços devem ser organizados de acordo com sua qualidade sensorial, ao invés
da abordagem arquitetônica típica do zoneamento funcional. Agrupando espaços de acordo com seu nível de
estímulo admissível, os espaços são organizados em zonas de “alto estímulo” e “baixo estímulo”.
7. Segurança: Ponto que nunca deve ser negligenciado ao projetar ambientes de aprendizagem, a segurança é
ainda mais preocupante para crianças com autismo que podem ter um senso alterado de seu ambiente. Evitar
cantos e bordas afiadas e instalar sistemas de proteção de água quente são exemplos de algumas dessas
considerações.
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No trabalho dos pesquisadores Khare e Mullick (2013), foi feita uma pesquisa
com métodos baseados em estudos do meio ambiente e reabilitação, para a criação
de ambientes favoráveis às crianças com autismo em espaços educacionais.
AVALIAÇÂO AMBIENTAL
Nível
Nível
Nível Nível incomu Nível
Parâmetros de projeto incomum Comentários
alto moderado mente baixo
ente alto
baixo
1. Estrutura física
2. Estrutura visual
3. Instrução visual
4. Oportunidades para participação da comunidade
5. Oportunidades para participação dos pais
6. Oportunidades para inclusão
7. Oportunidades para futura independência
8. Padrões espaciais
9. Espaços de retirada
10. Segurança
11. Compreensão
12. Acessibilidade
13. Espaço para assistência
14. Durabilidade e manutenção
15. Gerenciamento de distração sensorial
16. Oportunidades para integração sensorial
17. Flexibilidade
18. Monitoramento para avaliação e planejamento
Fonte: (KHARE; MULLICK, 2013).
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Irmãos
Família inteira Criança com TEA Pais
Físicos
- Ambiente sensorial
- Segurança controlado - Maximizar a visibilidade do
Ambiente físico
- Mais atividades
- Promover independência facilitar a supervisão
familiares - Possibilidade
- Proximidade ao grupo, mas - Espaço para privacidade
- Minimizar o de hospedar
não no centro conjulgal
impacto negativo amigos
- Espaço calmante para a - Limites claros para atividades
para os vizinhos - Mais atenção
criança se retirar, se sociais
- Espaços dos pais
incomodada por visitantes - Possibilidade de expansão
multiusos internos
futura
Ambiente
simbólico
- Promover identidade
- Promover o senso (personalização) - Promover relaxamento e
familiar - Usar referências visuais para controle
atividades e espaços
Fonte: (NAGIB, 2014).
Além das figuras acima e do quadro, a autora elucidou mais ainda opções de
layout de sala de aula e sala multimeios utilizada por crianças com autismo com as
perspectivas ilustradas abaixo (figura 7 e 8).
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Maria Montessori, criadora do método que carrega seu sobrenome, foi uma
médica e pedagoga, nascida em 1870, e foi a primeira mulher italiana a concluir
medicina, em 1896. Trabalhou por dois anos na clínica psiquiátrica da Universidade
de Roma, e lá ficou responsável por estudar o comportamento de alguns jovens com
retardos mentais, e ela percebeu que as necessidades e o desejo de brincar
permaneciam intactos nessas crianças, o que a fez ir atrás de formas de educá-las
(RÖHRS, 2010, pp 12-13).
Fonte: https://psicologiaacessivel.net/2015/04/25/metodo-montessori-outro-olhar-sobre-ensino-e-
aprendizagem/. Acesso em: 19 mar. 2021.
Fonte: https://www.institutoclaro.org.br/educacao/para-ensinar/planos-de-aula/explorando-o-material-
dourado-de-maria-montessori/. Acesso em: 19 mar. 2021.
Uma pesquisa feita por Kowaltowski e Alvares (2013) teve como objetivo
geral: “identificar e organizar requisitos de projeto que norteiem a construção de
espaços de aprendizagem, relacionando comportamento humano e ambiente
construído, bem como, teorias pedagógicas”. (Alvares e Kowaltowski, 2013, p.1).
3. ESTUDOS DE CASO
Foram realizadas três análises indiretas que serviram como base e referência
para soluções tomadas para este TFG. Em busca de uma melhor compreensão de
relação entre ambientes, do programa de necessidades, da ludicidade, do conforto
ambiental e de soluções arquitetônicas que proporcionem maior conforto para o
público com autismo, foram feitos estudos por meio de acervo digital. O primeiro
estudo foi realizado na Comunidade Sweetwater Spactrum, localizada na California,
Estados Unidos, que é uma habitação coletiva para adultos com autismo. O segundo
estudo foi sobre a Shrub Oak International School, que é uma escola particular e
internato para alunos com autismo de 8 a 30 anos e por último Fuji Kindergarten,
localizada em Tachikawa, no Japão e seu foco trata da liberdade do aluno como
forma de aprendizado.
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-169110/comunidade-sweetwater-spectrum-slash-
lms-architects?ad_source=search&ad_medium=search_result_all. Acesso em: 08 mar. 2021.
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-169110/comunidade-sweetwater-spectrum-slash-lms-
architects?ad_source=search&ad_medium=search_result_all. Acesso em: 08 mar. 2021.
42
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-169110/comunidade-sweetwater-spectrum-slash-lms-
architects?ad_source=search&ad_medium=search_result_all. Acesso em: 08 mar. 2021.
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Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-169110/comunidade-sweetwater-spectrum-slash-lms-
architects?ad_source=search&ad_medium=search_result_all. Acesso em: 08 mar. 2021.
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-169110/comunidade-sweetwater-spectrum-slash-lms-
architects?ad_source=search&ad_medium=search_result_all. Acesso em: 08 mar. 2021.
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Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-169110/comunidade-sweetwater-spectrum-slash-lms-
architects?ad_source=search&ad_medium=search_result_all. Acesso em: 08 mar. 2021.
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-169110/comunidade-sweetwater-spectrum-slash-lms-
architects?ad_source=search&ad_medium=search_result_all. Acesso em: 08 mar. 2021.
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Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-169110/comunidade-sweetwater-spectrum-slash-lms-
architects?ad_source=search&ad_medium=search_result_all. Acesso em: 08 mar. 2021.
O terreno onde a escola está inserida tem mais de 127 acres e, além da
escola, conta com um estábulo para equitação, um apiário, jardins e uma piscina
coberta para uso terapêutico.
O codiretor e chefe dos serviços clínicos da Shrub Oak, Dr. Gil Tippy, explica
como as crianças com autismo costumam ser muito inteligentes, mas muitas sofrem
de dificuldades de processamento sensorial, que podem levar ao estresse,
ansiedade e confusão. As dificuldades sensoriais vão desde a visão fragmentada e
distorcida - tornando cores brilhantes e padrões desorientadores - até a
incapacidade de filtrar ruídos de fundo, de forma que o zumbido de um aquecedor
pode tornar impossível a concentração.
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Segundo Gil Tippy, muitos deles não conseguem pegar as peças sensoriais que
estão recebendo e entendê-las: “Uma das coisas que realmente marcam a
capacidade de fazer coisas boas com essas crianças é ter muito espaço, espaço
organizado. Queremos dar-lhes tempo e espaço para processar”, diz Tippy.
Trabalhando com a equipe clínica da escola, Renee Marcus fez uso de uma
série de estratégias para acolher melhor as sensibilidades dos alunos que
chegavam. Entre os principais objetivos estava o de suavizar a sensação
institucional do edifício, Marcus fez isso colocando um portão de entrada na frente
do prédio para diminuir sua escala e substituindo parte da alvenaria de tijolos por
cortinas de vidro (figura 23). “Queríamos fazer com que tivesse a aparência de uma
casa, e esse foi realmente o desafio, porque é um prédio gigante de tijolos”, diz ela.
“Nas escolas primárias que fazemos, eles adoram as cores brilhantes, mas
aqui, queríamos que fosse calmo, mas não muito chato: tons de terra suaves, tons
de cinza e azuis suaves”, diz Marcus. Em toda a escola, as cores e texturas foram
levadas em consideração: não foi usado nada muito brilhante, muito vibrante, muito
liso ou muito áspero. Assim como no saguão, que foi usado tons suaves de azul, no
refeitório temos as cadeiras nesses mesmos tons, contrastando com o tom terroso
das paredes de tijolos, trazendo um colorido mais suave (figura 25).
Fonte: https://www.archdaily.com/880027/tezuka-architects-fuji-kindergarten-wins-2017-moriyama-
raic-international-prize. Acesso em: 11 mar. 2021.
Foram realizadas duas análises diretas que servirão como base e referência
para possíveis soluções que venham a surgir. Em busca de uma melhor
compreensão de relação entre ambientes, do programa de necessidades e do
conforto ambiental. O primeiro estudo de caso direto trata-se do Centro Estadual de
Educação Profissionalizante (CEEP) Professora Djanira Brasilino de Souza,
localizado no Parque dos Coqueiros, zona norte de Natal/RN. O segundo é sobre a
Escola Estadual Auta de Souza em Macaíba/RN.
O bloco principal é resolvido com um pátio central aberto (figura 37) que
funciona como uma área de convivência, onde ficam três grandes bancos quadrados
de alvenaria, as salas de aula e laboratórios tem janelas dispostas em duas paredes,
permitindo uma boa ventilação cruzada, nas paredes que são voltadas para o pátio
central as janelas são altas, assim a permeabilidade visual entre o pátio e o interior
das salas não fica tão grande.
Fonte: https://nominuto.com/noticias/educacao/escola-auta-de-souza-deve-ser-entregue-nos-
proximos-dias/205207/. Acesso em: 26 mar. 2021
64
Com uma área de ampliação foi de 777,90 m², o projeto foi concebido
integrando-se os diversos setores e implantado de acordo com as características do
terreno, resolvido em dois pavimentos (térreo e primeiro andar), no primeiro
pavimento (figura 46) ficam, apenas, a quadra poliesportiva, a sala esportiva, a sala
de material esportivo, barrilete e um pequeno hall, ficando no térreo (figura 45) todos
os outros ambientes. Para garantir a acessibilidade entre o térreo e o primeiro
pavimento, foi previsto a instalação de uma plataforma vertical de acessibilidade.
Fonte: https://oportaln10.com.br/escola-auta-de-souza-deve-ser-entregue-nos-proximos-dias-98008/.
Acesso em: 26 mar. 2021
66
Fonte: https://oportaln10.com.br/escola-auta-de-souza-deve-ser-entregue-nos-proximos-dias-98008/.
Acesso em: 26 mar. 2021.
camurça, sobre base de massa corrida até o teto e o piso industrial de alta
resistência (granilite, na cor cinza), dentro das salas o piso é o mesmo, porém a
barra lavável vai até a altura de um metro, devendo ser complementada em pintura
acrílica na cor branco neve até o teto.
Arquivo 01 6,21
Almoxarifado 01 6,21
Coordenação 01 12,43
Sanitários funcionários 02 5,59
Depósito material didático 01 12,43
Sala de reuniões 01 12,43
TOTAL 141,34
Sala de aula 05 50
SETOR PEDAGÓGICO
Biblioteca 01 50
Laboratório 02 50
Sala multimeios 01 25
Sala multiuso 01 50
Sala esportiva 01 50
Auditório 01 110
Sala de recursos 01 25
BWC 04 6
TOTAL 684
Refeitório 01 110
Quadra poliesportiva 01 690
SETOR DE
VIVÊNCIA
Vestiário 02 28
BWC acessível 02 5,59
Pátio / Playground 02 175
Depósito material esportivo 01 6,21
TOTAL 1223,39
Cozinha / Distribuição 01 25
Copa suja 01 6,21
DML 01 3,11
Despensa 01 6,21
SETOR DE SERVIÇOS
Fonte: Mapa elaborado pela SEMURB com base nos dados da Secretaria da Educação, Cultura e dos
Desportos, 2007. Disponível no site da Prefeitura Municipal de Natal. Acesso em: 9 abr. 2021
74
Fonte: Mapa elaborado pela SEMURB com base nos dados da Secretaria da Educação, Cultura e dos
Desportos, 2007. Disponível no site da Prefeitura Municipal de Natal. Acesso em: 9 abr. 2021
75
Segundo a NBR 15520 (ABNT, 2003), Natal faz parte da zona bioclimática
oito, para essa zona a ABNT recomenda grandes aberturas para ventilação,
sombreamento das aberturas, paredes e coberturas leves e refletoras, com
ventilação cruzada permanente.
Fonte: Lei Complementar nº 082, de 21 de junho de 2007. Dispõe sobre o Plano Diretor de Natal e dá
outras providências. Natal, 2007.
81
Fonte: Lei Complementar nº 082, de 21 de junho de 2007. Dispõe sobre o Plano Diretor de Natal e dá
outras providências. Natal, 2007.
82
5. PROPOSTA ARQUITETÔNICA
Dessa forma, porém, ficou mais complicado para encaixar uma entrada de
serviço, além de que o banheiro dos alunos ficaria no lado oposto ao das salas de
aula, necessitando então de uma circulação coberta que atravessasse o pátio, para
dar acesso aos banheiros em dias de chuva, sem ter que contornar o pátio inteiro.
Na figura 68 temos uma vista superior, para entender melhor a disposição dos
blocos no terreno, a quadra e a cozinha foram puxadas mais para a fachada sudeste
87
do terreno, com a intenção de barrar um pouco do sol da tarde na fachada das salas
de aula.
5.3.2. IMPLANTAÇÃO
Por isso a área de fuga que tinha ficado localizada atrás das salas de aulas foi
pensada para ser parte integrante do pátio interno central, já que no local anterior
ficaria em um local muito isolado, ficando mais difícil a observação das crianças por
89
um adulto. Além de que o pátio central estava ficando pequeno por causa do espaço
destinado ao espaço de fuga, fora isso, também era necessário definir um acesso de
serviço, e pensar na questão dos banheiros dos alunos no lado oposto do pátio.
Para resolver esses problemas foi definido um pátio interno maior, como visto na
figura 69, dividido em duas partes, uma destinada para playgrounds e outra para
funcionar como uma área mais tranquila, onde ficaram os novos espaços de fuga,
dessa forma foi possível fazer um pátio mais atrativo, sendo acessado diretamente
de todas as salas do bloco principal.
Foi decidido, também, trocar a piscina de lugar com a quadra, para melhorar o
fluxo de acesso aos vestiários, transformando-o em um bloco anexo de educação
física, com os vestiários, material de depósito esportivo, depósito para os materiais
escolares e a sala de coordenação de educação física, a implantação final do
anteprojeto ficou como mostrado na figura 70:
A escolha das esquadrias também foi pensada para garantir maior conforto,
tanto térmico quanto acústico, já que esquadrias em metal podem gerar ruídos
incômodos para crianças com TEA.
Fonte: https://www.macalmadeiras.com.br/janela-de-correr-de-madeira-veneziana-e-vidro-6-folhas-
120x200x14.html. Acesso em: 27 abr. 2021.
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Nas salas de aula, por exemplo, foram previstas duas janelas pantográficas
voltadas para o exterior, cada uma com 3 metros de largura por 1,10 metros de
altura, e duas janelas venezianas de correr, voltadas para a circulação interna da
escola, cada uma com 2,50 metros de largura por 0,45 metros de altura, atingindo
uma área de abertura de 8,85 metros quadrados no total, atendendo às dimensões
mínimas de 1/6 da área total, especificadas no código de obras para ambientes de
uso prolongado, já que as salas de aula tem uma área de 52,10 metros quadrados.
Por fim, o uso dos pátios centrais com áreas verdes também funciona como
uma estratégia de conforto, já que ajudam na regulação da temperatura local.
Começando pela sala multimeios que, de acordo com o trabalho realizado por
Rodrigues (2019), deve ser a primeira sala ao se entrar na escola, já que nelas os
alunos com TEA conseguem se organizar e ver as atividades a serem desenvolvidas
no dia.
Por isso a sala multimeios foi definida, realmente, como a primeira sala da
escola (figura 74), que é a que fica mais próxima do portão de entrada.
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A sala (figura 75 e 76) tem uma área de 55,13 m², com duas mesas para
trabalho, viradas na posição oposta da área de descanso/fuga da sala, com os
armários que guardam os brinquedos virados de costas para os alunos, para não os
distrair. Além disso foi previsto acabamentos em madeira e carpete no piso, por
serem materiais mais absorventes e para contrastarem com as paredes. Foi usado
um layout com almofadas no chão, cadeira de balanço pendurada no teto e uso de
rede para guardar brinquedos de maiores dimensões, essa sala junto com o
auditório formam um bloco de destaque na volumetria da escola, com um pé direito
mais alto.
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virados de costas para os alunos, para que não se tornem distração; deve-se evitar
quadro de avisos expostos dentro das salas, que também induzem à distrações; o
mobiliário deve ser funcional e ergonômico, o escolhido para a sala foi o conjunto
sextavado juvenil (figura 78), que permite várias configurações de layouts e é próprio
para a faixa etária dos alunos; os espaços de fuga devem ficar no fundo das salas,
do lado contrário ao quadro; a cor do piso deve contrastar com a das paredes, foi
escolhido piso em madeira; todas as salas de aulas foram projetadas para serem
iguais, com mesmos revestimentos, mobiliários, esquadrias, cores e dimensões,
para que o ambiente seja familiar quando o aluno precisar mudar de sala; a área
mínima recomendada na sala de aula é de, 2 m² por aluno, como as salas foram
previstas para 20 alunos e tem 52,10 m² cada, a área atingida é de 2,60 m² por
aluno.
Fonte: https://www.shoptime.com.br/produto/1233890083/conjunto-escolar-sextavado-juvenil-branco-
bege. Acesso em: 03 mai. 2021.
Além disso, é indicado usar cores de portas diferentes para cada tipo de
ambiente para facilitar na leitura dos setores da escola, nas salas de aula foi usada a
cor amarela (figura 79).
O pátio central (figura 80) foi pensado para ser o coração da escola, o local
mais atrativo e que é visto pelo acesso de todas as salas do bloco principal, na parte
do pátio destinada para brincadeiras (figura 81), que é o lado do pátio mais próximo
da entrada principal da escola, foi pensado em uma área verde central com
playground e casa na árvore, também tem uma caixa de areia, onde fica um
brinquedo para escalar, com a intenção de desenvolver a propriocepção e a
coordenação motora das crianças, também tem uma parte do pátio coberto, com
brinquedos, que pode ser utilizado em dias de chuva, por exemplo e, por fim, um
anfiteatro, que pode funcionar para diversas brincadeiras e para aulas ao ar livre.
Como as cores mais vibrantes podem ser incomodas para pessoas com
autismo, durante o processo do anteprojeto foi pensado em como se traria
ludicidade para a escola, por se tratar de uma escola de ensino fundamental I.
A solução foi utilizar uma paleta de cores em tons suaves, que trouxessem
colorido para a escola, sendo usadas nos cobogós dos muros externos e nos do
refeitório (figura 83 e 84), formando um padrão que remete a um quebra-cabeça e
em tons inspirados nas cores do símbolo do autismo (figura 85).
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Além de ser usada nos cobogós a paleta de cores também foi usada nas
portas das salas, para ajudar na legibilidade dos ambientes. As portas das salas de
aula e sala multimeios ficaram em amarelo, as portas do auditório em vermelho, as
portas dos banheiros em azul, as portas das salas de aulas práticas em verde e as
salas do setor administrativo e de serviços em branco (figura 86).
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
MACÊDO, Ana Gabriela Gomes de. Escola para sentir: Uma alternativa de
espaço de aprendizagem para crianças com base no método Montessori.
Monografia (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo, Universidade do Rio Grande do Norte, Natal, 2019.
MCALLISTER, Keith. SLOAN, Sean. Designed by the pupils, for the pupils: an
autism-friendly school. British Journal of Special Education. Vol. 43, n. 4., p. 894-
910, 2016.
NETO, Cícero Marques Siqueira. Escola Municipal Edgar Morin. C.M.S. Neto. –
Natal, 2019. 179 p. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte.