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https://novaescola.org.br/conteudo/20408/gestao-escolar-os-impactos-da-
pandemia-e-a-reorganizacao-da-escola
Gestão escolar
Pesquisas buscam quantificar os impactos que a pandemia da covid-19 trouxe para a Educação. É o
que investiga o estudo O impacto da pandemia da COVID-19 sobre os resultados dos estudantes
brasileiros de educação básica do Centro de Aprendizagem em Avaliação e Resultados para o Brasil e
a África Lusófona (FGV EESP Clear). As redes de ensino também buscam avaliar as consequências da
pandemia na aprendizagem dos alunos. O que esses e outros apontam é que houve um retrocesso na
aprendizagem, aumento das desigualdades e do abandono escolar. Enquanto o governo prioriza nas
discussões educacionais o homeschooling, a prioridade deveria ser a urgência de pensar em
caminhos para minimizar os impactos que os estudos já apontam para a Educação.
Fizemos um esforço daquilo que era possível. Os educadores fizeram o possível e impossível para
chegar nos seus alunos. Se nada tivesse sido feito e nenhum aluno tivesse tido nenhum tipo de
trabalho, as consequências seriam muito mais graves. No entanto, não foi isso que aconteceu. Cada
escola brasileira reagiu e se organizou da forma que conseguiu. Agora, é urgente entender o
tamanho do problema e pensar em caminhos. Dentro desse trabalho, penso que será necessário
organizar o trabalho em cinco frentes:
1. Oferecer os recursos materiais necessários: A oferta e acesso ao ensino remoto, pelo seu caráter
emergencial, foi muito irregular. Com isso, as desigualdades que já existiam se aprofundaram. Não
tivemos uma preparação das pessoas envolvidas nem o material ideal. Falamos que a tecnologia veio
para ficar e que a pandemia acelerou esse processo na Educação. No entanto, para que isso seja
verdadeiro e feito com qualidade, devemos pensar na formação dos professores para essas novas
metodologias e ferramentas digitais, e em criar materiais didáticos que sejam pensados também
para o trabalho on-line (ou remoto), que seja mais autoexplicativos e ajudem o aluno a estudar de
forma autônoma.
ACESSE AQUI OS
MATERIAIS
3. Foco nas aprendizagens essenciais: Em diálogo com o ponto anterior, também vale destacar a
necessidade de focar naquilo que é fundamental para que o aluno aprenda. Não dá para acreditar
que vamos conseguir dar todos os conteúdos que estavam previstos. Temos que qualificar aquilo que
oferecemos para os alunos e selecionar os mais relevantes. Neste trabalho, a Base Nacional Comum
Curricular será a grande bússola do trabalho pedagógico.
4. O aluno de tempo integral: É preciso ter na escola um projeto pedagógico na escola que pense o
aluno em tempo integral. Isto é, organizar planos de aprendizagem que utilizem o contraturno para
oferecer atividades complementares focadas nas habilidades em defasagem. Dentro dessa ação, é
fundamental organizar avaliações diagnósticas regulares para acompanhar o resultado das ações.
Neste ponto, a gestão escolar terá um papel fundamental para conseguir articular e organizar esse
trabalho na instituição.
5. Regime de colaboração: as redes não vão conseguir enfrentar esse problema sozinhas, muito
menos cada escola individualmente. É necessário organizar um trabalho colaborativo entre os estados
e municípios, os institutos e fundações, e a sociedade civil como um todo. Precisamos de uma
articulação nacional.
Mozart Neves Ramos é titular da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira do Instituto de Estudos
Avançados da Universidade de São Paulo (USP) – Ribeirão Preto. Engenheiro químico de formação,
possui doutorado e pós-doutorado na área, além de grande trajetória no Ensino Superior. Foi
professor, pró-reitor acadêmico e reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e atualmente
é membro do Conselho Nacional de Educação (CNE) e diretor de articulação e inovação do Instituto
Ayrton Senna. Eleito pela Revista Época como uma das 100 pessoas mais influentes do Brasil em
2008, também foi considerado Educador Internacional do Ano, em 2005, pela IBC Cambridge. Mozart
atuou como secretário de Educação de Pernambuco, foi presidente do Conselho Nacional de
Secretários Estaduais de Educação (Consed) e presidente-executivo do Todos Pela Educação. Também
é autor dos títulos “Educação brasileira: uma agenda inadiável” e “Educação sustentável”.