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Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do título
de especialista em Gestão de Pessoas – 2022
Resumo
A pandemia da COVID-19 trouxe desafios para diversas áreas, sobretudo nas escolas
que foram obrigadas a realizar adaptações repentinas para atender às premissas do ensino
remoto. Os gestores escolares protagonizaram um papel importante na implementação de
mudanças, na atuação junto aos diferentes agentes da comunidade escolar e tiveram que
liderar com inteligência emocional em um período delicado de muitos conflitos. Nesse
contexto, esta pesquisa teve como objetivo compreender os principais desafios enfrentados
por líderes educacionais no período pós-pandemia no ambiente escolar. Para aprofundar
nessa temática, este trabalho usou o método de pesquisa qualitativa e foram realizadas oito
entrevistas semiestruturadas com líderes escolares das cinco regiões do Brasil. De modo
geral, confirmou-se o momento desafiador do retorno 100% presencial das aulas, a
importância da atuação próxima do líder na gestão da escola e na gestão de conflitos, bem
como a importância do equilíbrio emocional para atravessar esse momento.
Palavras-chave: Liderança; Inteligência Emocional; Gestão de Conflitos; Gestores escolares;
Pós-pandemia.
Introdução
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pedagógico de maneira online (Barreto e Rocha, 2020), e com isso tendo que reinventar suas
práticas para garantir o processo de ensino e aprendizagem nesse novo contexto (Aguiar,
2020).
Passados dois anos de aulas remotas e atividades híbridas, é possível começar a
observar os reflexos desse período em que a educação não cumpriu seu papel de maneira
efetiva, cabendo ressaltar a dificuldade das famílias em com relação ao uso das plataformas
digitais que foram utilizadas nesse período, mas, sobretudo, nos segmentos da educação
infantil e ensino fundamental, já que as aulas remotas não se mostraram muito efetivas para
esse público (Giordano, 2021). Mesmo as escolas particulares, que possuem mais acesso a
recursos, tiveram muitas dificuldades, como por exemplo, para controlar a frequência dos
alunos nas aulas online, pois muitos não abriam a câmera durante as aulas, e também na
aplicação de avaliações para verificação da aprendizagem (Bernardineli e Almeida, 2020).
Dessa forma, as escolas têm se deparado no ano de 2022 com diversos problemas
relacionados ao baixo engajamento e desempenho acadêmico aquém do esperado do corpo
discente, além da readaptação do corpo docente ao modelo 100% presencial com salas
cheias.
Diante desse cenário preocupante, para conduzir na prática o dia a dia da escola,
motivar e orientar toda a comunidade escolar e traçar estratégias de maneira a entregar um
ano letivo de excelência, faz-se ainda mais necessária a atuação da Gestão Escolar,
elucidando o diretor como líder e promotor da cultura educacional proativa, influenciando e
mobilizando os membros da comunidade escolar em prol de uma gestão democrática e que
traga bons resultados (Luck, 2008). A autora ainda destaca a liderança como sendo um
conjunto de ações e comportamentos adotados pelo líder para influenciar pessoas em busca
de objetivos e resultados comuns, ou seja, o líder deve orientar pessoas para atingirem os
resultados propostos pela organização e seu papel é crucial para uma boa performance
escolar. Todavia, além da gestão de pessoas, a liderança escolar implica também a gestão
administrativa, de resultados pedagógicos, do cotidiano escolar, currículo, dentre outras
atribuições (Luck, 2008), tornando esse trabalho ainda mais complexo em um contexto
desafiador como o pandêmico.
Os professores, em sua grande maioria, citam a escolha e a permanência em sua
profissão por se sentirem úteis para os alunos (Luck, 2009), e esse pilar de motivação vem se
perdendo com o acesso facilitado dos alunos à conhecimento por meios digitais e que foi
impulsionado no período pandêmico. Luck (2009) ainda afirma que é papel do líder da
comunidade escolar promover satisfação no seu quadro de professores e esse tem sido um
grande desafio neste momento de grande fragilidade emocional por conta das consequências
da pandemia. Dessa forma, aprofundar no tema inteligência emocional é primordial, e
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Material e Métodos
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análise pré-definidas, o qual foi validado por três professores orientadores do MBA de Gestão
de Pessoas da USP/Esalq. As categorias análise pré-definidas estão listadas na Tabela 1:
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Resultados e Discussão
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público de alunos dos segmentos infantil e fundamental dos anos iniciais, relata como foi
afetado, # o que mais afetou foi a insegurança da permanência dos alunos na escola privada,
principalmente dos pequenos, por mais que o ensino remoto tenha ajudado, para essa faixa
etária, ele não consegue ajudar tanto. Então, essa incerteza me afetou demais, não saber
sobre a permanência me afetou demais. As crianças da educação infantil tinham uma
permanência pequena no computador, com o risco de fechar turma. A pressão das famílias
em cima da escola foi muito forte cobrando outras maneiras de ensinar e pedindo descontos.
As famílias ficaram fora do controle sem saber o que fazer e como ajudar # (LE4).
Bernardineli e Almeida (2020) apontam sintomas psicológicos como depressão, medo
e ansiedade como uma tendência no pós-pandemia. A evasão escolar, não somente de
alunos, mas também de professores tem causado grande preocupação nos gestores, o que
corrobora com os comentários dos líderes entrevistados e é percebido no cotidiano das
escolas. Apesar do abalo emocional por parte dos líderes, não raro, também apareceram
comentários positivos e de aprendizado neste período.
O líder LE1 aborda # mudei minha percepção da vida, passei a dar mais valor às
pessoas à minha volta e me tornei um pouco mais sensível #. LE6 relatou que foi um momento
de crescimento e ressalta # eu saí mais forte da pandemia, passamos por tantas privações e
eu tenho a sensação que saí mais forte, mesmo com todos os desafios e me vejo como outra
pessoa depois da pandemia #. Na mesma linha, o líder LE8 trouxe a seguinte reflexão # eu
vejo os dois lados nesse momento de muita tensão, mas eu vejo que me afetou de maneira
positiva, pois eu passei a valorizar as pequenas alegrias da vida que passavam
desapercebidas e aflorou em mim o meu lado mais humano, até de maneira de ser mais
solidário e de ter mais empatia pela dor do outro # (LE8).
Se para os líderes foi um período conturbado e uma mistura de sentimentos e
emoções, conforme relatado pelos entrevistados, eles também trouxeram que para os demais
agentes da comunidade escolar não foi diferente: alunos, professores, colaboradores
administrativos, pais e demais responsáveis tiveram que se adaptar à nova dinâmica e adotar
soluções para não perderem o ano letivo. O líder LE5 relatou o medo dos colaboradores de
serem demitidos, e no período pós-pandemia LE6 destaca que os funcionários
desacostumaram a ter uma escola cheia e a trabalhar com escola, dada a dinâmica acelerada
da rotina escolar com o colégio cheio de alunos.
De acordo com o relato dos entrevistados, grande parte dos pais e responsáveis, além
do medo da doença e da insegurança de ficarem sem emprego, passaram a trabalhar de casa
e na presença dos filhos, mudando completamente suas rotinas. O líder LE4 foi categórico ao
dizer que # as famílias não sabiam o que fazer e os pais descarregavam na escola e sem
saber o que fazer com as tarefas e com os filhos, muita impaciência das famílias ameaçando
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tirar da escola levar para escola pública e afirmando que o ensino remoto era igual em
qualquer lugar #. Na mesma linha de pensamento, LE5 afirma # pais com excesso de
responsabilidade para controlar as tarefas escolares e sabemos que muitos alunos não
estavam assistindo, famílias estressadas cobrando a escola e cobrando o que estava no
contrato de prestação de serviços #. Ficou claro o desgaste entre famílias e escola levando
essa relação ao seu limite com muitos processos abertos e denúncias levadas ao Procon, o
líder LE8 completa dizendo # houve muito individualismo, não houve um senso coletivo #. Os
entrevistados relataram que essa situação só começou a melhorar no final de 2020 e início
de 2021 com o início de atividades presenciais de maneira parcial.
Os líderes afirmaram que os alunos reagiram de diferentes formas de acordo com a
faixa etária e com a dinâmica e recursos que tinham em casa para acompanhar as aulas, mas
muitos sofreram com a ausência da convivência social, fator que é primordial para o
desenvolvimento da criança, conforme destacado por Vygotsky (1978). LE3 relatou que # os
alunos no início até gostaram por ficar em casa e ter aula na cama, câmera desligada, poder
dormir mais, mas depois os alunos passaram a sentir mais a falta da socialização prejudicando
o conteúdo e o emocional dos alunos #. Para além da socialização, o líder LE4 abordou sobre
as dificuldades dos estudantes com as ferramentas utilizadas para as aulas # os alunos não
tinham experiência com o ensino remoto, as crianças abrindo o microfone, brigando pelo chat
e muita confusão, muita novidade e sem saber como se portar diante de uma aula remota #.
E mesmo na escola particular, LE7 destaca dois cenários divergentes por parte dos alunos, #
alguns alunos se adaptaram muito bem e conseguiram conquistar autonomia e tiveram ajuda
familiar na adaptação e alguns alunos lidaram de maneira péssima e não conseguiram
aprender e tiveram dificuldade dentro da sua estrutura familiar, seja por questões estruturais
dentro de casa, seja por problemas familiares e divisão de espaço dentro de casa # (LE7).
Na visão dos gestores, os professores foram o público mais afetado dentre os agentes
da comunidade escolar e isso fica evidente na fala de LE8 que trouxe uma tônica recorrente
para esse público: # muitos professores antigos se viram obrigados a se verem de frente a
uma tela. Os pais estavam em casa e os professores estavam em uma vitrine e os
questionamentos ficaram recorrentes #. Quando indagado sobre o equilíbrio emocional dos
agentes da comunidade escolar, LE3 aborda # o primeiro afetado foi o professor,
principalmente o professor dos pequenos, do nada teve que dar aula no computador para um
pequeno que ainda está aprendendo a ler e escrever e a família dentro da sala de aula
intervindo na aula e dando opinião, o professor ficava inseguro de chamar atenção de um
aluno ou de falar algo indevido, pois a família ouvia tudo #.
Nessa mesma linha, o líder LE4 relata # os professores foram muito afetados, recebi
muitos chorando que nunca tinham feito uma aula online e desesperados para saber como
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usar o quadro, # como vou alfabetizar sem pegar na mão dessa criança, sem estar do lado
dessa criança #. Nós dormimos no presencial e acordamos no remoto e o curso de pedagogia
não tem essa formação. Muito desespero com os alunos na tela (...) no híbrido também foi
muito difícil, pois o professor tinha que dar conta de quem estava em casa e quem estava em
sala. Em 2022, estávamos confiantes com o retorno 100% presencial, mas não lembramos
que o aluno ficou 2 anos afastado da escola, muitas habilidades sociais foram perdidas:
paciência, convívio social, esperar o momento do lanche e a vez de falar #.
Diante de tantas adversidades, os líderes foram impelidos a agir e conduzir todas
essas situações com um olhar para as pessoas, mas sem perder de vista os resultados, como
resume LE8 # para gestão foi um grande laboratório #. O líder LE2 trouxe uma importante
indagação sobre o ano de 2022 # será que as pessoas estão pensando na escola pós-
pandemia ou olhando a escola no pré-pandemia? Os pais estão enxergando que a escola
está tentando uma nova organização? Ainda estamos no processo de adaptação #. Nesse
processo de adaptação, os gestores estão buscando alternativas para promover equilíbrio
emocional por parte da comunidade escolar e o exercício da empatia tem se mostrado crucial
como um dos pilares da gestão e do equilíbrio emocional como forma de lidar com as emoções
alheias (Mandelli e Loriggio, 2016). Para atuar com empatia, LE1 aborda # tenho utilizado a
escuta ativa individual separando momentos para chamar membros da equipe pedagógica,
sobretudo professores que precisam conduzir a sala de aula e que neste primeiro semestre
demonstraram vários momentos de insegurança. Em alguns momentos chamo alunos
também. Só de ter o momento de escuta é muito rico e muito válido e percebo gratidão por
parte deles #.
Luck (2008) afirma que é papel da gestão atuar sobre, sentimentos, emoções e
motivação dos seus liderados e isso interfere diretamente na forma como as pessoas
canalizam suas energias nas ações do dia a dia. LE8 também destaca que # uma das grandes
lições que aprendi foi escutar mais e compreender mais as necessidades de cada um. Uma
escuta mais ativa está sendo muito importante para antecipar e atender melhor os
colaboradores #. Nesse olhar individualizado para equipe interna das escolas, dois programas
criados pelos entrevistados merecem destaque, pois estão dando resultados e se encaixando
como boas alternativas para esse momento. O líder LE2 criou a seguinte solução # criei um
programa interno chamado CUIDAR DE QUEM CUIDA: diretores e coordenadores são
chamados a refletir "nós estamos olhando para quem cuida dos alunos, para os professores,
serviços gerais e inspetores? A liderança não coloca a mão na massa como o professor, por
exemplo, então é importante olhar para eles. Temos encontros mensais com esses
colaboradores para ver o que estamos colocando em prática para cuidar dessas pessoas #
(LE2).
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O líder LE7 também criou uma iniciativa que merece destaque, # aqui nós fizemos a
criação de momentos individuais com a equipe tanto como a criação de momentos
significativos em grupo. Promovendo alinhamentos regulares para garantir que todos têm as
mesmas informações e estão na mesma página, e não só sendo um momento expositivo, mas
deixando a equipe expor as situações e propondo soluções colaborativas e deixando a equipe
partilhar. Muitos momentos de escuta com professores e alunos com representantes de turma
para serem porta voz de situações que estavam acontecendo na escola com momentos
mensais. Momento de escuta com professores chamado AMAR (atenção, mudança, apoio e
reconhecimento) # (LE7).
Outros líderes também relataram a importância de realizar de maneira efetiva a
readaptação e retorno dos alunos e familiares para dentro da escola visando diminuir os
desgastes de relacionamento e acelerar esse processo de ambientação. LE3 destacou a
importância de trazer os pais e alunos mais para dentro da escola com eventos e atividades
no contraturno, criando assim mais oportunidades de se aproximar novamente das famílias
sem que seja por motivos de indisciplina ou de rendimento escolar. O líder LE4 criou uma
série de iniciativas para diferentes agentes da comunidade escolar e destacou a importância
da atuação da psicóloga escolar nesse processo, assim como da escola ter uma ferramenta
socioemocional na grade curricular e trouxe o seguinte relato, # nós temos feito na unidade O
PROJETO ESCOLA PARA PAIS, trazendo profissionais para falar ‘quem é seu filho pós
pandemia?’ e mostrando para os pais que eles precisam ter um novo olhar para os filhos e
qual é a contribuição da família esse sentido. Funciona com 1 palestra por mês para os pais.
Para professores o trabalho tem sido feito pela psicóloga escolar com encontros individuais.
Também tem o trabalho ADOLESCER que a psicóloga também desenvolve com os alunos e
tem dado um resultado bem bacana com os alunos trazendo uma tranquilidade maior para o
contexto escolar. O início do ano parecia que em 4 meses nós já tínhamos passado por 1 ano,
tamanho o cansaço e desgaste. O LIV (laboratório inteligência de vida, ferramenta
socioemocional que a escola utiliza) tem tido um papel muito importante para tratarmos as
dores das perdas da pandemia # (LE4).
É possível afirmar, diante dos relatos dos entrevistados, que esse período está
sobrepondo a inteligência emocional à inteligência tradicional. Goleman (1998) sustenta que
a inteligência emocional abrange cinco competências emocionais e sociais básicas:
autopercepção, auto-regulamentação, motivação, empatia e habilidades sociais. Pode-se
afirmar que todas elas foram e estão sendo profundamente exigidas neste período e isso fica
claro na fala dos gestores que estão enfrentando muitos desafios de lidar com suas próprias
emoções e com as emoções dos diferentes agentes da comunidade escolar, tarefa essa nada
simples, mas que tem sido cada vez mais relevante nos dias atuais.
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O ano letivo de 2022 foi marcado pelo retorno 100% presencial dos alunos às escolas
e já nos primeiros dias, de acordo com os gestores entrevistados, foi possível observar uma
diferença no comportamento dos alunos que voltaram muito entusiasmados para rever os
colegas e os professores, mas também retornaram, em sua grande maioria, com dificuldade
em respeitar as regras do bom convívio escolar e, com isso, os conflitos eclodiram nas mãos
dos gestores. A preocupação com as lacunas de aprendizagem ficou em segundo plano e o
foco se tornou na readaptação dos alunos à sala de aula, como aponta LE5 # a palavra
indisciplina da forma jamais vista por essa geração! Aprender a conviver tem sido o maior
desafio, então aprender as matérias ficaram até em segundo plano nesse momento #.
O líder LE7 explicita esse cenário vivenciado pelas escolas no primeiro semestre de
2022, # o principal é a expectativa das famílias sobre qual é o papel da escola sobre a
disciplina dos alunos e aprendizagem, vale ressaltar que todas as escolas estão com
dificuldade nessa questão de aprendizagem, mas existe um senso de urgência para minimizar
esses gaps o mais rápido possível. E, ao mesmo tempo, o aluno desacostumou com os
comportamentos em sala de aula, muitos conflitos o que dificulta muito esse processo de
aprendizagem, muitos problemas disciplinares. E está sendo exigido um trabalho contínuo e
uma maior parceria família e escola. Temos que promover essa parceria e isso tem sido um
grande desafio. Indisciplina e defasagem de aprendizagem e está sendo necessário um
acompanhamento pedagógico e psicopedagógico e o aluno precisa de readaptar. O professor
também teve que se reinventar para o não presencial e agora precisa se acostumar
novamente em um cenário bem diferente e está tendo que criar novas estratégias para
atender essa geração que voltou diferente em uma nova realidade # (LE7).
O líder LE8 corrobora afirmando que o problema de indisciplina está muito forte e os
professores perderam o controle da sala de aula e que está tendo que reaprender a ser
professor, pois a escola que ele deixou em março de 2020 não é a mesma encontrada agora
em 2022. Em complemento, LE4 ressalta que os professores perderam a paciência e estão
desgastados por conta de conflitos com os alunos. Os pais e responsáveis, vistos como os
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maiores beneficiados com o retorno das aulas presenciais, estão demonstrando intolerância
e tem ido até a escola reclamar por motivos banais e questões que antes da pandemia eram
resolvidas de maneira pacífica, como afirmado pelos entrevistados LE2 e LE3 em suas falas.
Percebeu-se que diante desse cenário, os líderes não podem ficar de braços cruzados,
até porque eles são demandados a todo tempo e cobrados por soluções, e as alternativas
estão vindo na mesma linha da escuta ativa e olhar individualizado para cada solução, como
afirma LE5 # não existe fórmula mágica e a ideia é estar mais próximo dos professores, dos
alunos e das famílias, criando conexão com a comunidade escolar #. O líder LE4 tem atuado
na mesma linha mostrando a importância de se preocupar verdadeiramente como cada
integrante da equipe para que as pessoas se sintam queridas e acolhidas e ainda trouxe uma
preocupação sobre a mensagem que o gestor está passando para comunidade escolar,
dizendo que o mesmo não pode se desesperar e passar isso para mais pessoas # é a mesma
analogia do avião: coloque primeiro a máscara em você e depois no outro, o líder tem que
estar bem #.
Nesse sentido, LE7 trouxe um plano de ação robusto que tem colocado em prática
com o seu time, # existe um grande desafio da escola de mostrar que dentro do nosso
conteúdo programático estamos mostrando que temos também estratégias para resolver
essas lacunas. Planejamento e comunicação, reuniões de alinhamento, plantões
pedagógicos, núcleo de psicopedagogos para atenderem alunos e familiares. Garantir que
todas as tarefas pedagógicas estão sendo executadas e alinhando com as famílias o que tem
sido feito e traçando um diagnóstico para traçar estratégias individuais para garantir que
iremos resolver. Escutar os nossos alunos, criar espaços para escuta, garantindo que a
liderança está atuando com propriedade e garantindo uma formação contínua para receber
nossos alunos e os treinamentos estão sendo muito importantes. Algumas dinâmicas estão
sendo aplicadas também para mapear as principais situações e garantindo uma melhor
comunicação de tudo que está sendo implementado # (LE7).
Ao observar essa atmosfera de conflitos, é interessante observar que os gestores
escolares têm utilizado a escuta, o diálogo e a visão sistêmica na resolução dessas situações,
abordagens defendidas por Burbridge (2012) que afirma a importância de se observar o
cenário completo e de ouvir e observar ativamente sem julgamento entendendo, assim, as
reais necessidades do outro.
Um novo cenário preconiza um papel diferente do líder e foi esse ponto que os
entrevistados foram indagados nas entrevistas. O líder LE1 trouxe a importância de deixar
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claro para equipe que é ainda um período de transição e que o gestor deve dar um norte para
o seu time e declarar qual é o ponto de chegada. LE2 afirma que # uma nova liderança vem
surgindo no pós-pandemia #, muito por conta das novas realidades que as escolas estão
atravessando, da importância no foco no emocional das pessoas e da preocupação do líder
se reinventar, pois a escola não é mais a mesma de 2019. O líder LE3 falou da importância
de ter empatia com as pessoas nesse momento ainda de fragilidade e LE4 complementa
apontando sobre a importância do gestor ser acessível e dar tranquilidade para os liderados
levarem relatos e problemas. LE7 por fim ressalta # garantir um espaço de acolhimento com
base principalmente no respeito a cada uma das diferentes realidades que atendemos na
escola de toda a comunidade escolar e criar um espaço seguro que elas consigam
compartilhar as situações que as atravessam e assim fazer com que todos possam cumprir
com seus objetivos. Temos que questionar ‘o que estamos fazendo hoje que me conecta com
o que eu quero entregar lá na frente?’. Temos que criar soluções de maneira colaborativa e
desenvolvendo a confiança um no outro # (LE7).
Muitas ações para garantir um bom desempenho da escola no que tange a inteligência
emocional e a gestão de conflitos foram destacas neste estudo, mas ainda cabe citar algumas.
Levando em consideração de que o corpo docente foi muito afetado em todo o processo, LE1
destaca uma ação simples, e que, por muitas vezes, passa despercebida # acompanhar a
chegada dos professores na escola e estar presente na sala dos professores diariamente é
de suma importância para mostrar proximidade e também para resolver pequenos problemas
de maneira rápida # corroborando com Luck (2009) que afirma sobre o líder escolar e sua
responsabilidade pela sensação de satisfação no trabalho na escola. O líder LE3 abordou que
é muito relevante ter dados e mostrar números para orientar a atuação do líder nas principais
situações e também para mostrar de maneira palpável o resultado das ações. Olhando para
performance pedagógica, LE5 citou que tem intensificado a elaboração de planos de estudos
para os seus alunos.
Por fim, os líderes foram indagados sobre as competências que estão sendo mais
exigidas do líder nesse novo contexto e dentre as muito citadas, duas se destacaram: empatia
e inteligência emocional. LE4 relacionou a inteligência emocional no que tange o
reconhecimento das emoções e sobre como lidar com elas, e completou ressaltando sobre
adaptabilidade por conta das mudanças cada vez mais rápidas e sobre como é primordial
saber gerir pessoas e ter o time sempre próximo do líder. LE5 relacionou inteligência
emocional e tomada de decisão, pois o líder tem que tomar decisão a todo o tempo e tem que
evitar que a emoção tome conta nesses momentos difíceis. LE6 mesclou resiliência, liderança,
equilíbrio emocional e empatia, competências que ele considera de extrema relevância para
continuar conduzindo o time em tempos difíceis.
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Luck (2008) afirma que a capacidade de liderança não é inata, mas sim exige
desenvolvimento contínuo de conhecimentos, habilidades e atitudes por meio de vivência de
processos sociais e orientação intencional. Observando as competências citadas pelos
gestores escolares, é interessante observar como as principais citadas, inteligência
emocional, empatia e resiliência figuram entre as atitudes identificadas em pessoas que
expressam liderança conforme aponta Luck (2008).
Considerações Finais
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Agradecimentos
Agradeço a Deus pelas oportunidades que me foram dadas para que eu chegasse até
aqui. Agradeço à minha família, principalmente pelo incentivo irrestrito dos meus pais nos
meus estudos. Agradeço à minha noiva Juliana pela parceria, aos meus amigos João,
Leonardo e Paulo que me incentivaram neste curso e também ao meu orientador, Luiz
Henrique, que foi fundamental e grande mentor em todo o processo.
Referências
Bozkurt, A.; Sharma, R. C. Emergency Remote Teaching in a Time of Global Crisis Due to
Corona Virus Pandemic. Asian Journal of Distance Education, v. 15, i– vi,2020.
Burbridge, Anna e Marc. Gestão de conflitos: desafio do mundo corporativo. 1. ed. – São
Paulo, SP: Saraiva, 2012.
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Lück, Heloísa. Dimensões da gestão escolar e suas competências. 1. ed. – Curitiba, PR:
Positivo, 2009.
Lück, Heloísa. Liderança em gestão escolar. 9. ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
Mandelli, Pedro; Loriggio, Antônio. Exercendo Liderança, O papel central do líder, sua
motivação, proatividade e equilíbrio emocional. 5. ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2016.
ONU News. Organização Mundial da Saúde declara novo Coronavírus uma pandemia.
2020. Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2020/03/1706881. Acesso em: 10 set.2020
Apêndices
Apêndice A
Roteiro de entrevista
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7 - Quais as principais ações que você tem efetuado, enquanto líder, para garantir uma
boa performance da sua unidade escolar nesse período pós-pandemia? Comente.
8 - Quais competências estão sendo mais exigidas do líder nesse novo cenário?
Comente sobre elas.
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