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com as sucessivas reprovações faz com que esse jovem abandone a escola (Souza

2011, p. 22 apud LOPEZ; MENEZES, 2002).

O ensino médio noturno tem peculiaridades distinta, por isso necessitaria de


uma reformulação quanto a gestão, o material didático, as metodologias de ensino e
também uma formação continuada diferenciada para seus professores. Mesmo
porque, de acordo com ALMEIDA (1995, p. 22)

...o poder público valeu-se da instalação de classes noturnas para a


expansão do ensino secundário, atual ensino médio. Assim, Outro fator impediente
relacionado ao oferecer o ensino noturno, o fez pensando em expandir a Escola
diurna, sem considerar que esta última fora organizada para atender ao aluno com
tempo e condições diferentes daquele do noturno.

Os conteúdos e as metodologias para o ensino médio noturno tem sido


amplamente debatidos, já que há desinteresse dos jovens pelos estudos. Observando
os discentes, é notório que estes veem a escola como um espaço mais social do que
para sua formação.

Para que a escola seja atrativa e para que ocorra uma aprendizagem
significativa e a construção de um conhecimento, segundo o Programa do Ensino
Médio Inovador (PROemi), as escolas que participam desse programa, devem
Redesenhar seu Currículo Escolar e organizá-lo a partir dos macrocampos: Iniciação
Científica e Pesquisa; Leitura e Letramento; Línguas Estrangeiras; Cultura Corporal;
Produção e Fruição das Artes; Comunicação, Cultura Digital e uso de Mídias;
Participação Estudantil.
Além disso, temos ainda que reconhecer e tratar o jovem como sujeito concreto,
com sua história e realidades diversas no contexto social e territorial em que vivem;
devemos ainda saber quais são seus valores, como eles veem a escola, quais são
seus interesses quanto aos estudos e ao futuro; mostrar-lhes que são parte da escola
e que são membros das tomadas de decisões da mesma, até porque a escola e a sala
de aula deve ser um espaço democrático.

No entanto, ao conhecermos a realidade dos alunos iremos nos depara com


situações nas quais podemos ter tendência a caracterizar o jovem como problema,
principalmente se levarmos em conta os fenômenos que ocorrem com participação
dos discentes, como por exemplo, os homicídios, o tráfico de drogas, o consumo de
álcool e outras drogas, a ameaça da AIDS e a gravidez na adolescência. Assim, não
podemos tratar os jovens como problema, pois estes não os criaram, muito pelo
contrário, são vítimas de necessidades e demandas não atendida, isso tudo segundo
o Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio – programa este que promove
a formação continuada aos professores e coordenadores pedagógicos, desde o início
do segundo semestre de 2014, no Paraná.

Necessitamos, também, ponderar a avaliação, pois hoje ela está atrelada com
a aprovação e a reprovação, e essa não é a finalidade de qualquer avaliação.
Devemos ter em mente que a avaliação é para analisarmos o conhecimento desses
alunos, conforme as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio
(DCNEM), que reforçam o compromisso da “avaliação da aprendizagem, com
diagnóstico preliminar, e entendida como processo de caráter formativo, permanente
e cumulativo” (BRASIL,2012).
Outro problema, no que diz respeito a falta de qualidade de ensino, é que a
constatação de que muitos estudantes chegam ao ensino médio com sucessivas
reprovações, além daqueles que foram aprovados, pelo conselho de classe, sem
terem o conhecimento mínimo para acompanharem os conteúdos dessa nova etapa.
Dentre eles estão as deficiências mais garridas, a interpretação e os cálculos. Já que
os conteúdos de biologia envolvem muita interpretação e compreensão de dados,
como por exemplo, gráficos tabelas e cálculo em ecologia e na genética. Ante deste
fato, VALLE (2003, p.30) afirma:

A grande maioria desses jovens, geralmente, a repetência é produto de uma


escolaridade sem qualidade, a que muitas crianças e jovens do nosso país estão
submetidos. Chama a atenção um novo tipo de exclusão social: antes, as pessoas
não tinham vagas na escola; hoje, elas entram e não aprendem, repetem ou são
empurradas para as séries seguintes, até evadirem. Tornam-se jovens e adultos que
recebem, apenas, um ‘verniz’ de escolaridade e um acúmulo de histórias educacionais
de fracasso.

Segundo a Secretaria de Estado da Educação do Paraná – SEED, no ano de


2012, no ensino médio a taxa de abandono no Paraná, em ambos os turnos do ensino
médio, foi de 9,66%. No país a taxa de evasão em 2012 foi de 24,3%, mas nesse caso
não há distinção nem quanto as etapas de ensino e nem quanto ao seu turno.

MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa teve como protagonistas alunos do município de Campo Magro,


cidade esta que pertence a região Metropolitana Norte de Curitiba. Em sua maioria
trabalhadores que enquadram-se nas classes C e D. Estes estudam porque querem
um futuro melhor.

O presente trabalho foi realizado entre os meses de agosto e novembro de


2014, com três turmas totalizando 66 alunos dos 1º, 2º e 3º anos do Ensino Médio
noturno, no Colégio Estadual Professora Iria borges de Macedo.

Como instrumento de pesquisa foi realizado um questionário, contendo 19


questões objetivas. Em seu início perguntamos aos discentes aspectos
socioeconômicos, como: com quem moram, se têm filhos, se trabalham, quantas
horas de trabalho, função exercida, se o trabalho os cansa mentalmente ou
fisicamente, se o trabalho influencia em seu rendimento escola e por que precisam
trabalhar.

Num segundo momento as perguntas foram sobre seus estudos, por exemplo:
se gostam de estudar, o que os animam e desanimam a irem à escola, foram
questionados, também, sobre a repetência e o que os levou a ela. Além de
verificarmos o que os estudantes almejam para um futuro próximo: se pensam em
parar de estudar, se vão terminar o Ensino Médio e por fim, se pretendem cursar
faculdade ou curso técnico.

RESULTADOS e DISCUSSÃO

Serão apresentados os dados coletados na pesquisa que foi realizada no


Colégio Estadual Professora Iria Borges de Macedo de Ensino Fundamental e Médio,
localizada na Rua Silvestre Jarek, 138, bairro Centro, Campo Magro, PR.

No momento da pesquisa 66 alunos estavam presentes, totalizando 77,64%.

Gráfico 1. Percentual de alunos presentes e ausentes no momento da pesquisa.

alunos
ausentes
22%

Alunos
presentes
78%

O Ensino Médio noturno necessita de uma avaliação e de reformulações e para


que os educandos sejam estimulados e motivados de forma expressiva em seu
aprendizado e para que os alunos permaneçam na escola. Tendo em vista que muitos
destes abandonam a escola, ou ainda possuem muitas faltas, deixando de frequentar
as aulas por meses, apenas retornado para não perderem a vaga ou ainda por decisão
do conselho tutelar.

Foram pesquisadas todas as três turmas do ensino médio noturno, sendo 1º,
2º e 3º anos, através de um questionário contendo 19 perguntas. Estes itens foram
analisados e comparados abaixo. E também foram pesquisados na escola a taxa de
reprovação e de desistência dos anos de 2011, 2012 e 2013.

Como já explicitado, a evasão escolar e a falta de qualidade do ensino médio


são uma preocupação do Governo Federal, que vem tomando medidas para que
tenhamos um Ensino Médio de qualidade. Dentre as medidas está o Programa Ensino
Médio Inovador (PROemi), que disponibiliza apoio técnico e financeiro para que as
escolas promovam um Redesenho Curricular. Outra medida, para um ensino de
qualidade, é a implementação do Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio
que promove a formação continuada dos professores e coordenadores pedagógicos
que atua no ensino médio público (MEC - 2014).

Quando há qualidade de ensino, principalmente no noturno, o aluno vence o


cansaço e outros empecilhos para frequenta as aulas. A maioria dos alunos relataram
em conversa, após preencherem o questionário, que se houvesse aulas com
tecnologia ou no laboratório – de ciências naturais, e ainda aulas mais dinâmicas, eles
viriam às aulas com frequência. Isso é reafirmado, pois 45% dos alunos responderam
que esse desanimo vem do cansaço.

Figura 2. O que mais desanima o aluno a ir à escola?

Cansaço e ausência da aula prática do laboratório 2%

Falta dos professores, da tecnologia e de aulas… 2%

Ausência no laboratório de Biologia e de tecnologia 2%

Falta do uso de tecnologia - celulares e computadores 18%

Ausência de aulas práticas no laboratório de Biologia 9%

Cançaso 45%

Merenda 0%

Falta dos professores 6%

Horário 17%
Se levarmos em conta o fato do aluno que trabalha e daquele não trabalha,
temos o seguinte resultado: 56% dos discentes que trabalham dizem que o cansaço
é o evento que os desestimulam em sua vida escolar – com grande discrepância em
relação aos demais motivos – e 23% dos alunos não trabalhadores responderam o
mesmo. No entanto, a diferença é mínima entre os motivos de desânimo para os
educandos não trabalhadores, sendo que 22% sentem falta do uso de tecnologia -
celulares e computadores e outros 22% reclamaram do horário, conforme gráfico 3.

Gráfico 3. Comparação entre os alunos trabalhadores e não trabalhadores sobre o que mais
desanima o aluno a ir à escola.

0%
Cansaço e ausência da aula prática do laboratório 2%

Falta dos professores, da tecnologia e de aulas 0%


práticas no laboratório 2%

Ausência no laboratório de Biologia e de tecnologia 4%


0%
Falta do uso de tecnologia - celulares e 22%
computadores 16%

Ausência de aulas práticas no laboratório de 9%


Biologia 9%
26%
Cançaso 56%

0%
Merenda
0%

Falta dos professores 17%


0%

Horário 22%
14%

Não trabalha Trabalha

Dos discentes que frequentam o colégio 11% tem 18 anos, 36% tem 17 anos,
24% tem 16 anos, 14% tem 15 anos, 2% tem 14 anos, e os demais 16% estão na
faixa etária entre 19 e 23 anos.

Nesse contexto pode-se dizer que existe uma distorção série-idade e isso
dificulta para que os alunos sintam-se pertencentes a sua turma ou ao seu colégio.
Por tanto, isso inibe que estes apropriem-se de conhecimentos e da responsabilidade
sobre os acontecimentos escolares.
A distorção-série idade se comprova porque 47% dos educandos já
reprovaram, podendo observar esses os dados sobre a reprovação, no gráfico 11.

No que diz respeito a com quem residem esses alunos, a maioria, 52% morram
os pais (pai e mãe) ou com a mãe, que são 32%, 5% moram com o pai. Percebe-se
ai que quase metade dos alunos vivem em lares desfeitos, pois os demais 8% moram
ou com os àvos, ou com os tios e 5% responderam outros.

Nota-se na sala de aula que a maioria desses jovens tem uma profunda
carência afetiva, pois, através de qualquer artifício, a todo custo querem chamar a
atenção de seus professores.

Dos 66 alunos entrevistados apenas 3% possuem filhos. E Ambos os alunos


têm um único filho.

Dos alunos que estudam no ensino noturno no Colégio Professora Iria Borges
de Macedo, 65% tem alguma ocupação remunerada.

Gráfico 4. Alunos que trabalham.

Não
35%

Sim
65%

Foi perguntado em qual área o aluno trabalha e a maior porcentagem foi no


comércio, 46 %. E a segunda maior foi de trabalho informal, com 26%.

Os 43 alunos que trabalham fazem uma jornada de 4 a 12 horas por dia. Isso
explica o motivo de muitos não frequentarem as aulas com frequência por conta do
cansaço.

Dos educandos trabalhadores, 30% trabalham oito horas (8h), isso sem levar
em consideração o tempo levado durante o trajeto casa-trabalho e trabalho escola,
assim é evidente que não há disposição para irem a escola e terem um bom
desempenho escolar se não haver um Redesenho Curricular, conforme proposta do
PROemi e do Pacto pelo fortalecimento do Ensino Médio.

Gráfico 5. Cansaço mental ou físico.

Não
Fisicamente respondera
e m
Mentalment 5% Mentalment
e e
14% 28%

Fisicamente
53%

Os jovens trabalhadores alegaram que cansam mais fisicamente em seu


trabalho, 28% cansam-se mentalmente e 14% dos alunos responderam que cansam
tanto fisicamente quanto mentalmente.

Além disso, o fato de 53% desses alunos trabalhadores alegarem que o maior
cansaço que sentem é o fisicamente, também corrobora a necessidade do Redesenho
escolar, pois devem ser motivados com aulas mais dinâmicas e aulas práticas.

Para mostra o quanto aulas dinâmicas e práticas podem contribuir para a


motivação dos discentes, aqui está um relato do ocorrido em 10 de outubro de 2014:
os alunos, do ensino médio do colégio Estadual Professora Iria Borges de Macedo,
apresentaram experimentos pesquisados de acordo com seus conteúdos.
Geralmente, às sextas-feiras é o dia da semana em que os alunos têm o maior número
de faltas, mas nesse dia poucos faltaram. O que os jovens alegaram foi que era uma
aula diferente em que os mesmos poderiam fazer seu próprio experimento utilizando
materiais do laboratório de ciências naturais, o que os deixaram eufóricos. E aqueles
que faltaram ou chegaram atrasados, lamentaram por terem perdido essa
oportunidade.

Agora, quanto ao fato do porquê destes alunos terem a necessidade de


trabalharem, temos o seguinte resultado: dos 43 alunos trabalhadores, 49% disseram
que sustentam-se com seu próprio salário, porém muitos ainda moram com seus pais
(pai e mãe) e não contribuem com o orçamento de casa e disseram que esse dinheiro
é para comprar itens que os pais não podem lhes dar. Já 47% deles trabalham para
ajudarem na renda doméstica, como mostra o gráfico 6

Gráfico 6. Motivo que levou o aluno a trabalhar durante o Ensino Médio.

Não responderam 2%

Ajudar os pais e Sustento-me 2%

Sustento-me com meu salário 49%

Ajudar os pais 47%

Dos jovens pesquisados 73% gostam de estudar e 26% não gostam. Sendo
que a maioria atribuiu como o cansaço o motivo que os desanimam em estudar,
conforme gráfico 2, tanto entre aqueles que não trabalham quanto para aqueles que
são jovens trabalhadores.

Gráfico 7. Gosta de estudar.

não respondeu
Não
1%
26%

Sim
73%

Quando comparamos o gosto pelos estudos dos jovens que não trabalham com
os que trabalham, notamos que os alunos não trabalhadores gostam mais de estudar
do que os trabalhadores, conforme gráfico 8. E isso é evidente, pois quanto mais os
jovens vivenciam o fracasso escolar, menos estes gostam de estudar, isso é
confirmado no gráfico 11, quando lhes perguntado sobre reprovação.

Gráfico 8. Alunos trabalhadores e que não trabalham, respondendo a questão sobre gostar de
estudar.

0%
Não trabalha 9%
91%

2%
Trabalha 35%
63%

não respondeu Não Sim


Sobre tudo, os jovens ainda sentem prazer em frequentar a escola, pois além
se ser um ambiente para o estudo também é um ambiente de interação, sendo que
33% gostam de tudo, 21% gostam mais do intervalo e 18% gosta de irem a escola por
conta dos professores.

Gráfico 9. Animação para frequentar a escola.

33%
18% 21%
14%
9%
3% 2%

Mas se levarmos em conta os jovens trabalhadores, a maioria gosta mais dos


professores ou de tudo e em terceiro lugar está o intervalo. Isso nos mostra que estes
alunos estão interessados nos estudos e que se a qualidade do ensino melhorar
teremos um maior aproveitamento escolar.

Gráfico 10. Comparação de motivos para irem à escola entre os alunos que trabalham e
aqueles que não trabalham

39%

30% 30%
23%
16% 17%
12% 12%
9%
4% 5% 2%
0% 0%
Professores Merenda Intervalo Tudo Nada Professores e merenda e
Trabalha Não trabalha intervalo intervalo

Quando perguntado aos jovens estudantes sobre reprovação, 31 estudantes,


ou seja, 47% responderam que já ficaram retidos em algum ano/série. Reafirmando
que o fracasso escolar pode fazer com que os educandos se evadam da escola.
Sendo que, muitos destes alunos não frequentam as aulas com assiduidade e podem
ainda reprovarem por faltas, que é um dos primeiros quesitos para a retenção.
Gráfico 11. Taxa de reprovação.

Não respondeu
1%
Sim
47%
Não
52%

Sobre o fato dos estudantes escolherem o trabalho em vez dos seus estudos
podemos apurar, na figura 14, que dos jovens que reprovaram 60% são trabalhadores
e apenas 22% dos reprovados não trabalham.

Gráfico 12. Comparação de reprovação entre alunos que trabalha e não trabalham.

Não respondeu 0%
2%

Não 78%
37%

Sim 22%
60%

Não trabalha Trabalha

Ao considerarmos a quantidade de vezes que esses alunos reprovaram,


percebemos que a maioria, 52%, reprovou apenas 1 (uma) vez 52% responderam que
foram retidos ima vez, 29% ficaram retidos 2 (duas) vezes, 16% reprovaram 3 (três)
vezes e 3% dos jovens foram retidos mais vezes.

Mesmo um percentual de 29% de reprovação de 2 (duas) vezes é alarmante,


isso quer dizer que nove alunos estão muito fora da faixa etária adequada e também
alarmante, é o fato de 16 alunos terem reprovado pelo menos uma vez, de um total
de 66 entrevistados.

Tabela 13. Número de vezes que o aluno reprovou.

Mais vezes
3 vezes 3%
16%

1 vez
52%
2 vezes
29%
Na comparação entre jovens trabalhadores e jovens não trabalhadores, apenas
os jovens trabalhadores reprovaram mais de uma vez. Os alunos não trabalhadores
que foram retidos apenas uma vez, apresenta um percentual de 100%. Já os alunos
trabalhadores 42% reprovaram apenas uma vez e o restante de 58% reprovaram mais
de uma vez.

Gráfico 14. Comparação do número de vezes que o aluno, trabalhador e não trabalhador,
reprovou.

Mais vezes 0%
4%
3 vezes 0%
19%
2 vezes 0%
35%
1 vez 100%
42%

Não trabalha Trabalha

Do total dos alunos retidos, 29% disseram que a bagunça foi o motivo de
reprovação, para 26% o motivo foi por faltas, e em seguida vem excesso de trabalho
e rendimento baixo, cada com 10% do percentual.

Gráfico 15. Motivos que os levou a reprovação.

29%
26%

10% 10%
6% 6%
3% 3% 3% 3%
0%

Dos 31 alunos que reprovaram 26 são trabalhadores e apenas 5 não trabalham.


O gráfico 16, mostra que os alunos trabalhadores são mais esforçados e
comprometidos com seus estudos, pois o motivo para retenção em faltas teve um
percentual de 23% contra 40% dos alunos não trabalhadores, portanto esses alunos
trabalhadores venceram o cansaço para estarem em sala de aula.
No entanto, estes mesmos alunos trabalhadores alegaram que o motivo de
suas retenções foi a bagunça com um percentual de 31%.

Sabemos o quão árduo é o fato de trabalhar e estudar ao mesmo tempo. Logo,


a escola também é um momento para os jovens trabalhadores “extravasarem” suas
emoções.

Gráfico 16. Comparação dos motivos entre os jovens trabalhadores e não trabalhadores.

40%

31%

23%
20% 20% 20%

12% 12%

4% 4% 4% 4%
0% 2%
0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

Trabalha Não trabalha

Dos discentes 37% responderam que o fato de trabalharem prejudica seu


rendimento escolar e 61% responderam que não há interferência do trabalho no seu
rendimento escolar.

Gráfico 17. O Trabalho pode prejudicar o rendimento escolar.

Não
responderam
2%
Sim
37%

Não
61%
Mesmo com todas as dificuldades apresentadas a maioria, 76%, dos alunos do
noturno não pensam em parar de estudar, e aqueles que já pensaram em parar seus
estudos foram 21%, alegando o cansaço como motivo para abandonarem a escola.

Gráfico 18. Pensou em parar de estudar.

Não responderam
Sim 3%
21%

Não
76%

Todos os alunos entrevistados pretendem concluir o ensino médio, conforme


apresentado no gráfico 19.

Gráfico 19. Alunos que pretendem terminar o ensino médio.

Não
0%

Sim
100%

Quando questionados sobre fazer faculdade ou curso técnico, 98%


responderam que sim, pretendem fazer faculdade ou curso técnico e apena 2%
disseram que não.

Figura 20. Alunos que pretendem fazer faculdade ou curso técnico após o ensino médio.

Não
2%

Sim
98%
O Colégio Estadual Iria Borges de Macedo forneceu os seguintes resultados
sobre a repetência e evasão escolar no ensino médio noturno.

Gráfico 21. Repetência e desistência do ano de 2011.

85%

11%
2% 2%

APROVADOS REPROVADOS REPROVADOS POR DESISTENTES


FREQUÊNCIA

No ano de 2011, a escola teve 11% de seus alunos evadidos e a porcentagem


de repetência, reprovados por nota e por frequência, ficou em 4%.

Gráfico 22. Repetência e desistência do ano de 2012.

74%

17%
7%
2%

APROVADOS REPROVADOS REPROVADOS POR DESISTENTES


FREQUÊNCIA

Já no ano de 2012 a porcentagem de alunos que abandonaram a escola


aumentou para 17% e a porcentagem de alunos reprovados por frequência também
aumentou, ficou em 7%.

Gráfico 23. Reprovação e desistência do ano de 2013.

81%

19%
0% 0%

APROVADOS REPROVADOS REPROVADOS POR DESISTENTES


FREQUÊNCIA

O índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi realizado em 2013.


Isso explica o fato da porcentagem de repetência ter sido de 0% na escola. Já o
percentual de alunos que abandonaram a escola aumentou ainda mais, ficou em 19%.
Geralmente em ano de Ideb as escolas procuram não reter seus alunos para
que a pontuação da escola aumente. E no município de Campo Magro há muita
rivalidade entre os colégios. Além disso, o Governo pressiona para que o ideb melhore
sem ao menos dar suporte técnico ou financeiro, apenas impõem que não se pode
reprovar.

No entanto, sobre a repetência, também podemos considerar que as


justificativas para não se reprovar alunos do ensino noturno são inúmeras, dentre elas
estão o trabalho, os conflitos familiares e a dificuldade de aprendizagem. Não
refletindo se esse aluno realmente poderá ou não acompanhar o ano seguinte.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O ensino médio noturno requer atenção tanto do Governo quanto dos docentes,
pois será necessário que ambos se empenhem para que o ensino noturno tenha uma
melhora em sua qualidade de ensino e para que seja possível sanar, pelo menos na
escola, os motivos da evasão escolar.

O Programa do Ensino Médio Inovador (PROemi) e o Pacto Nacional pelo Ensino


Médio, vem para contribuir no combate da desistência, mesmo que o Pacto não tenha
esse intuito. Ambos os programas focam-se na qualidade do ensino médio. O PROemi foi
implantado neste ano (2014) no Colégio estadual Professora iria Borges de Macedo e
muitos docentes desta escola estão participando da formação continuada fornecida pelo
Pacto. Porém, existe muita dificuldade de se colocar em prática aquilo que é necessário,
logo a melhora na qualidade de ensino e a evasão escolar será a longo prazo.

Os recursos provenientes do PROemi recebidos pela escola já foram aplicados


em viagens (saídas de campo), no jornal da escola, em livros, e mídias e nos materiais do
laboratório, bem como em sua reforma.

Em virtude disso já podemos perceber a mudança de comportamento dos jovens,


mesmo que sutilmente. Estes alunos estão um pouco mais comprometidos com seus
estudos.
REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Laurinda Ramalho. "Curso noturno: uma abordagem histórica, disponível


em <http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_25_p017-028_c.pdf>. Acesso em:
02/10/2014.

CARVALHO, C. P. de. – Ensino noturno: realidade e ilusão. 7ª ed. São Paulo: Cortez.
,1986.

Pacto Nacional pelo fortalecimento do Ensino Médio - Cadernos I ao VI. Disponível


em <
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo
=1283>. Acesso em: 24/11/2014.
Programa Ensino Médio Inovador. Disponível em
<http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/ensino_medio_inovador/ori
entacoes_pedagogicas_adesao_execucao_proemi1.pdf>. Acesso em: 08/09/2014.

SOUSA, Antonia de Abreu; SOUSA, Tássia Pinheiro de; QUEIROZ, Mayra Pontes de;
SILVA, Érika Sales Lôbo da – Evasão escolar no ensino médio: velhos ou novos
dilemas? Disponível em
http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0CB0
QFjAA&url=http%3A%2F%2Fessentiaeditora.iff.edu.br%2Findex.php%2Fvertices%2
Farticle%2Fdownload%2F1809-2667.20110002%2F641&ei=GjZ-VMinH8aqobFgdg
E&usg=AFQjCNEh2jmpWRq9qPRkAjpmfoqJtK4D-A&sig2=RG4874DwA0bv5sP_siM
q2g. Acesso em: 21/09/2014.

VALLE, Bertha de Borja Reis do. Fundamentos Teóricos e Metodológicos do


Ensino Fundamental. Curitiba: IESDE, 2003.

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