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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
CAMPUS XII – GUANAMBI

POSSIBILIDADES E DESAFIOS: O TRABALHO DOCENTE FRENTE AO


RETORNO DAS AULAS PRESENCIAIS NA REDE MUNICIPAL DE GUANAMBI 1

Jainy Pinto da Silva2


Marcélia da Silva Pereira3
Zilene Fernandes Guimarães4

Resumo: O presente artigo trata-se de um relato de experiência que tivemos durante a


execução do estágio supervisionado, realizado em uma instituição básica do ensino
fundamental dos anos iniciais da cidade de Guanambi/BA, cujo instrumentos utilizados
foram a observação e a intervenção de algumas atividades que contava com o
conhecimento prévio do aluno e relacionava com os procedimentos que os professores
viam desenvolvendo com eles de acordo o projeto político pedagógico da instituição.
Esse trabalho busca compreender como está acontecendo o trabalho do professor nesse
retorno presencial nos anos iniciais do ensino fundamental. Tivemos como objeto de
estudo duas turmas de 5° ano (A e B), na qual três professoras desenvolvem os seus
trabalhos pedagógicos, e para entender melhor esse processo de retorno. A partir das
observações buscamos investigar se está ocorrendo algum tipo de curso de formação
continuada para a atuação dos (as) professores (as) no retorno presencial; conhecer os
desafios enfrentados pelos (as) professores (as) nesse retorno as aulas presenciais;
identificar como está o desenvolvimento dos alunos em relação a participação e
execução das atividades propostas e investigar como está acontecendo a organização do
trabalho pedagógico na volta das aulas presenciais. Objetivamos um resultado bem
reflexivo, no qual pudemos conhecer as possibilidades e desafios que os professores e
alunos vêm passando com as demandas do retorno das aulas presenciais, e que está
sendo complexo com todo percalço que o ensino remoto ocasionou.

Palavras-chave: Trabalho Docente. Pandemia. Aulas Presenciais. Formação


Continuada.

INTRODUÇÃO

1
Trabalho de conclusão do componente Pesquisa e Estágio nas Series Iniciais do Ensino Fundamental
orientado pelas professoras Anna Donato Gomes Teixeira e kleonara Santos Oliveira.
2
Graduanda em licenciatura em Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB – Campus XII),
discentes do 8º semestre noturno. Jainysilva@live.com
3
Graduanda em licenciatura em Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB – Campus XII),
discentes do 8º semestre noturno. marceliacba22@hotmail.com
4
Graduanda em licenciatura em Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB – Campus XII),
discentes do 8º semestre noturno. Zilenef_48@hotmail.com
Em meio ao cenário mundial em que estamos vivendo com a propagação do Novo
Coronavírus, fomos obrigados a modificar muitas coisas em nossa vida. No convívio
social tivemos que manter o distanciamento social e um cuidado redobrado para não
sermos contagiados com esse vírus que infelizmente já tirou a vida de milhões de
pessoas no mundo. Diante disto dentre as medidas que foram tomadas destaca-se o
fechamento de todas instituições educativas no Brasil, de acordo o DataSenado (2020)
foram aproximadamente 20 milhões de alunos que deixaram de ter aulas presenciais
durante a pandemia.

Com essa medida sendo executada ficamos aproximadamente dois anos sem aulas
presenciais, ou seja, no processo educativo o contato de professor e aluno estava sendo
por meio do ensino remoto. Em meio a esse cenário conturbado, vários desafios foram
surgindo no trabalho educativo, como a adaptação dos professores, alunos, pais e todo
corpo educacional nessa nova modalidade de ensino, mas conseguiram de certa forma
uma interação e desenvolvimento do que estava proposto no currículo sugerido pela
Secretaria de Educação, como diz os autores:

[...] gestores, professores, pais e alunos, desenvolvem outros


esquemas para garantir o trabalho e o estudo remotos, para
ampliar os limites das escolas por meio de atividades online.
Mesmo diante da precária inclusão digital no Brasil e das
desconfianças de muitos, a internet se tornou a tecnologia
interativa por meio da qual, de muitas e criativas maneiras,
milhares de crianças, jovens e adultos continuaram e continuam
a ensinar e aprender nesses tempos conturbados. (COUTO;
COUTO; CRUZ, 2020, p. 212).

Nisso pudemos ver a grande importância que as tecnologias digitais (TD) tiveram no
processo remoto de ensino e aprendizagem, uma reinvenção da prática pedagógica para
adentrar ao contexto atual mediante o desenvolvimento/interação do sujeito envolvido
no processo educacional.

Com a baixa de casos de Coronavírus no país, os governantes resolvem arriscar em um


suposto retorno das aulas presenciais em todas as instituições educativas, mas seguindo
todo um protocolo de segurança. Então com esse retorno presencial, houve uma nova
adaptação ao nível de desenvolvimento dos alunos, no quesito do que foi ou não
absorvido nas aulas remotas? Quais conhecimentos/ entendimentos que trazem consigo?
Como será o envolvimento, a participação na execução das atividades propostas? As
instituições entraram num processo de adequação para receber os diferentes alunos:
A escola precisará ser um espaço de acolhimento, no qual é
desenvolvida a empatia, o respeito às regras e o entendimento
de um novo cenário a ser vivenciado, adequando o aprendizado
com foco na aprendizagem do que é mais importante,
desenvolvendo as habilidades socioemocionais previstas na
Base Nacional Comum Curricular, com a reorganização dos
conteúdos de acordo com a nova realidade educacional, revendo
e adaptando os objetivos a serem alcançados no decorrer do ano
letivo. ( JUARI, 2021).

Os docentes assim como os alunos estão num processo de readaptação, pois cada dia
que se passa, terão que estar em busca, observação e analise de contextos que vão
surgindo ao decorrer de sua formação e atuação. O educador em sua prática docente
necessita de bastante estudos, na qual possa estar relacionando as propostas pedagógicas
com o momento de agora, trazer conteúdos que possam provocar o aluno deixando-os
mais antenados na construção dos conhecimentos em uma forma mais dinâmica e
lúdica.

O papel do professor é marcado por grandes responsabilidades


sociais e dele são requeridas determinadas funções que lhes
convocam a agir de modo consciente e crítico. Os professores
precisam, permanentemente, intensificar o pensamento
interativo, complexo e transversal, que lhe instigue a criar novas
dinâmicas de aprendizagem, sempre em plena construção. Esse
processo exige reconfiguração dos cursos de formação de
professores e demanda um novo olhar acerca da própria
formação e sobre o processo de ensino e aprendizagem.
(OLIVEIRA; SILVA e SILVA, 2020, P.8).

A capacitação do corpo docente é um dos fatores mais importante do processo de


formação, pois desenvolve o papel de mediador de conhecimento, exercendo com
responsabilidade e acolhendo seus estudantes. Entretanto é sabido analisar se esses
professores tem um suporte para estarem atendendo esses indivíduos, levando em conta
a formação continuada que as políticas de formação possam oferecer a esses
profissionais, pois estes precisam de apoio que favoreça a sua formação e adequação de
diferentes metodologias a serem aplicadas em sala de aula.

O presente trabalho aborda o tema do trabalho docente frente ao retorno das aulas
presenciais com os anos iniciais do ensino fundamental, esse tema foi escolhido a partir
do que pudemos observar das dificuldades dos alunos em acompanhar os conteúdos
abordados e pela falta de apoio pedagógico para o auxiliar os alunos no processo ensino
aprendizagem. Diante de uma perspectiva da volta das atividades presenciais, buscamos
compreender como está acontecendo o trabalho do professor nesse retorno presencial
nos anos iniciais do ensino fundamental.
É importante sabermos como está sendo esse retorno das aulas presenciais, se a maneira
do ensino continua a mesma que era desenvolvida antes da pandemia ou se houve
mudança devido o período remoto. Nesse sentido se constitui a necessidade de se
adentrar a referida temática, pois é um aspecto bem pertinente e de cunho social, com o
propósito de trazer a sociedade uma reflexão acerca de como vem sendo desenvolvido o
trabalho do professor frente aos percalços que passaram e vem passando com a
mediação do ensino desde o começo da pandemia. Como menciona Fuhr:

As novas e inovadoras metodologias de ensino e aprendizagem


deverão ser desenvolvidas e utilizadas para que o estudante
possa aprender a compartilhar o conhecimento de forma
colaborativa entre os pares, tornando a aprendizagem mais
sedutora, atraente, dinâmica, colaborativa e participativa. (2019,
p. 31).

Esse tema é bem relevante, com isso acreditamos que este trabalho contribuirá para a
nossa carreira profissional, no que se refere a nossa atuação na prática docente em que
iremos nos depararmos com diferentes situações presentes no modelo de ensino e
aprendizagem.

O presente artigo está organizado em dois sub tópicos. Primeiramente vamos apresentar
alguns dos desafios encontrados na prática docentes no retorno das aulas presenciais na
rede municipal de Guanambi, e em seguida exibiremos como vem ocorrendo o
envolvimento dos alunos com o retorno das aulas presenciais.

METODOLOGIA

A realização dessa pesquisa apresenta uma abordagem de cunho qualitativo


observacional, se deu na execução do estágio formal de maneira presencial, na Escola
Municipal Eudite Donato Vasconcelos, localizada na rua General Cordeiro de Farias, n°
225/ Bom Jesus, Guanambi-Bahia. A instituição contém 4 salas de aulas contendo
aproximadamente 30 alunos por turma, 1 sala multifuncional que atende
aproximadamente 29 crianças de diferentes especialidades e 1 biblioteca que funciona
como brinquedoteca, no qual disponibiliza vários materiais didáticos para a
compreensão/construção dos conhecimentos.

A escola atende nos anos iniciais de 1° ao 5° ano do ensino fundamental. Tivemos como
objeto de estudo duas turmas de 5° ano do ensino fundamental, alunos entre nove e dez
anos, e três professoras que mediavam as aulas. Os instrumentos utilizados foram a
observação e intervenção de algumas atividades desenvolvidas em sala de aula,
atividades essas que trabalhamos a interdisciplinaridade com eles, para podermos
identificar suas maiores dificuldades. Pudemos ter o contato direto e entender melhor o
processo de como vem acontecendo o ensino aprendizagem dos alunos nesse retorno
das aulas presenciais e como os professores estão lidando com as adversidades que o
ensino remoto acabou ocasionando. E para fundamentar esse material empregamos
alguns documentos e autores, Fuhr (2019); COUTO; COUTO; CRUZ (2020); JUARI
(2021); OLIVEIRA; SILVA e SILVA (2020); BRASIL (2013); Castilho (2000); Nóvoa
(2002); BRASIL (1996) e Carvalho e Gil-Pérez (2006), textos esses que foram
trabalhados em algumas disciplinas durante as aulas e encaixam com o que o texto vem
dizer.

DESAFIOS ENCONTRADOS NA PRÁTICA DOCENTES NO RETORNO


PRESENCIAL

Diante das observações feitas no período de estágio formal, identificamos alguns


desafios que a escola vem enfrentando na volta das aulas presenciais após um período
afastado das instituições que deixou inúmeras sequelas em todos os setores da
sociedade, principalmente na educação.

A pandemia foi um período desafiador para todos, os projetos e os cronogramas já


planejados tiveram que rapidamente ser repensado, e uma dessas foi o ensino remoto,
mas, infelizmente as pessoas não estavam preparadas para esse novo cenário. A falta de
equipamentos, o acesso à internet, as condições financeiras dos pais e professores, e o
descaso com a educação pública, tornou-se um grande obstáculo na eficácia do processo
ensino aprendizagem.

Assim, estudos apontam que o diálogo com os professores, atores desse processo, levou
ao entendimento de que as tecnologias em si não promovem a produção do
conhecimento, nem o aprendizado, pois é preciso uma reconfiguração das práticas
pedagógicas para a potencialização da interação entre os sujeitos envolvidos no
processo de ensino e aprendizagem. Quiçá, as vivências com o ensino remoto possam
dar um impulso para se pensar essa prática mediada pelas Tecnologias Digitais, mas
também possibilidades para além delas.

As novas demandas do setor educacional, leva o educador a busca por uma


assistência na elaboração e execução das propostas, apoio que supre suas necessidades
no manuseio de estratégias, facilite a produção de conhecimentos e uma interação maior
com os alunos, “[...] é necessário repensar a formação dos professores para que possam
enfrentar as novas e diversificadas tarefas que lhes são confiadas na sala de aula e além
dela” (BRASIL, 2013, p. 171).

No período de estágio que estávamos em sala de aula, foi perceptível identificar as


dificuldades dos alunos, principalmente nas disciplinas de português e matemática.
Outro fator importante, que além dessas dificuldades, os alunos apresentam
comportamentos hiperativos e ansiosos, agravando ainda mais a situação. A falta de
concentração e a ansiedade causa prejuízos a aprendizagem. Além disso, o
desenvolvimento das professoras está sendo precarizado, no quesito que não estão
conseguindo suprir as necessidades dos alunos, agravadas de certa maneira pelo período
pandêmico, que engloba todo o manejo da construção de conhecimento.

Os (as) professores (as) desde o período do ensino remoto vêm passando por muitas
dificuldades, tais como a jornada de trabalho prolongada, e isso causando um
adoecimento gigantesco. As professoras que ministram as aulas nas salas de 5° ano nos
relataram que vem sofrendo muito com a carga excessiva de trabalho, no qual citaram
estresse, nervosismo, uma exaustão emocional e sem contar das dores no corpo,
problemas nas cordas vocais, tudo isso ocasionando um esgotamento profissional, mais
conhecida como Síndrome de Burnout.

A educação está enfrentando um momento crítico. A pandemia trouxe essa realidade


aos olhos dos cidadãos, as facetas e o descaso com o ensino público, e o desrespeito
com o nosso direito de uma educação de qualidade e acessível a todos, e de
permanência, como prevê a constituição federal de 1988.

A volta as aulas presenciais, era um dos assuntos mais discutidos durante a pandemia,
visto que, foi o assunto que tem ocupado espaço significativo nos noticiários, e
preocupando pais e responsáveis, em grande parte temerosos devido aos riscos
implicados no retorno das atividades escolares presenciais, já que profissionais de saúde
e da educação sempre com conclusões muitas vezes divergentes. No entanto, trouxe à
tona algumas reflexões importantes para o repensar uma educação aberta a outras
possibilidades que esteja contextualizada com o meio onde esses alunos estão inseridos.
Porém, as salas de aulas continuam com o mesmo aspecto de antes, a única diferença, é
que a escola não é a mesma, alunos carregam as consequências, professores doentes, e
futuro incerto, de lacunas abertas que jamais fecharão, o tempo não volta, e as séries já
estão avançadas, conteúdos não estudados, e crianças que perderam a chance de ser
alfabetizadas, e todos ficará à mercê do destino de uma educação fadada ao fracasso.

A integração entre família e escola é um processo em que todos saem ganhando. A


família consegue alinhar a rotina, acompanhar o desenvolvimento da criança e ajudá-la
melhor. Já a escola ao trazer para o diálogo os saberes, contradições, memórias e os
valores das famílias e comunidade, reafirma a opção de adotar a perspectiva da
educação e crescimento de um ser humano integral. A aproximação dos responsáveis e
da escola possibilita o aumento na qualidade das ações com as crianças, bem como,
fortalece o vínculo e o respeito mútuo, tornando parceiros os responsáveis por esta
educação.

Sabemos da importância da família na escola. As observações feitas no período do


estágio, demonstram um distanciamento da família no processo de aprendizagem da
criança, isso foi notório no desenvolvimento das atividades, como também na
responsabilidade e cuidado com os matérias escolares. Ressaltamos, que a causa desse
distanciamento se deve as longas jornadas de trabalho dos pais, que são os responsáveis
pelo o sustento da família. Os filhos ficam aos cuidados de familiares que muitas vezes
não conseguem auxiliar –os nas demandas da escola.

As experiências com a pandemia de covid-19 mostram a importância do professor estar


atualizado e em constante mudança. A formação continuada é uma forma que o
professor tem de se preparar para o futuro e conquistar melhores condições
profissionais. Seja no âmbito acadêmico, através de pós-graduações ou em cursos livres.
É na melhoria da prática docente que ela é ancorada, vista como um processo
permanente e constante, desenvolver competências e se comunicar de forma diferente.
Ela acontece através de cursos de formação, capacitações, oficinas, programas de
qualificação profissional, entre outras abordagens, oferecidas por instituições privadas e
públicas para profissionais que atuam em todos os segmentos da educação.

Além disso, a formação continuada é uma forma de valorização do profissional. Em


constante atualização, o professor se destaca e pode conquistar melhores condições de
trabalho. Por outro lado, a escola ganha um quadro de docentes capaz de atender às
demandas por educação de qualidade.
Partindo desse pressuposto, investir na capacitação dos professores é um passo largo
que pode ser dado. A existência de projeto de formação continuada é algo muito
importante para a construção do conhecimento e fortalecimento do corpo docente.

Os docentes da instituição supramencionada participam de encontros formativos


oferecidos pela equipe da Secretária Municipal de Educação. Salientamos, que esse
processo auxilia o (a) professor (a) nas demandas diárias das salas de aulas, todavia, não
sabemos informar se existem outros seguimentos da formação continuada desses
professores, outro fator importante a destacar são as condições físicas e psicológicas,
esses profissionais da educação estão sobrecarregados e são péssimas as suas condições
de trabalho no que se refere a sua saúde mental. É fundamental que haja um elo entre a
formação e as condições de trabalho sempre estejam em equilíbrio, para que esse
profissional se sinta motivado, encorajado para o seu crescimento.

A vida profissional do docente é algo que sempre estar em estudo, e é assim que as
autores como Mercês Ferreira Sampaio e lda Junqueira Marin, em seu artigo publicado
em 2005, comenta seus resultados obtidos no decorrer da pesquisa. As autoras
compreende-se, assim, que na atual organização em ciclos, com base na aprendizagem
contínua, são nítidas as dificuldades para mudar o encadeamento seriado. As reações às
mudanças apontam para sua falta de sintonia com a prática, causando estranhamento e
rejeição dos professores. Apesar de, como se sabe, a organização por ciclos não
constituir novidade estranha à escola, há que se considerar cuidadosamente a
persistência da seriação, como indicador de sua consistência na condução da prática
pedagógica. Ocorre que, na atual reformulação do ensino, propostas que se baseiam na
organização de um percurso contínuo em que os alunos não sejam reprovados, mas
possam prosseguir com acompanhamento adequado às suas diferentes necessidades,
supõem e exigem que o professor mude a organização temporal e a sequência do que
vai desenvolver com os alunos, que mantenha o ritmo de atividade e participação dos
alunos mesmo sem a ameaça da reprovação, que consiga acompanhar grupos
heterogêneos, oferecendo trabalho e atendimento diversificados para uma mesma turma
de alunos.

No entanto, o professor nunca aprendeu a trabalhar assim, não experimentou essa


organização, sequer como aluno, e tais práticas não têm lugar numa tradição de escola
de massa, que se sustenta no atendimento indiferenciado e homogeneizador, para dar
conta de grupos numerosos e heterogêneos, distanciados do que se faz legítimo na
cultura da escola. Essa é uma realidade míope aos nossos olhos, que passa despercebida,
como estamos em constante processo de formação para sermos professoras e outros que
já exercem esse cargo muitas vezes por estar ocupado demais com a sobrevivência, que
deixamos de lutar por uma educação de qualidade para todos. E lutar pela formação
continua é um direito que temos que cobrar dos nossos governantes.

É através da formação continuada de professores que se dá o processo de


aprimoramento dos conhecimentos para ser mais do que meros transmissores, o
educador poderá melhorar sua prática docente e seu desempenho profissional e
despertar a consciência para o seu papel social dentro e fora da sala de aula, atuando na
transformação positiva do contexto escolar ao alcance da equidade. É de grande
importância o movimento de uma educação continuada, como diz Castilho (2000, p.
358):

A educação continuada dos recursos humanos merece atenção


crescente, uma vez que há necessidade de preparar as pessoas
para enfrentarem as mudanças e os novos desafios, conciliando
as demandas de desenvolvimento de pessoal e grupal com a
organização e a sociedade.

Por isso, a formação continuada é tão importante, tanto para alunos quanto para
professores. Para os docentes, se manter atualizados é uma forma de adquirir novos
conhecimentos em relação às novas práticas pedagógicas e tendências de ensino.

O processo de formação continuada entrou em vigor no país em 1996, quando foi


implementada a lei de Diretrizes e Bases da Educação. Fazer cursos de atualização é um
direito dos professores de todos os tipos de estabelecimento de ensino, desde aqueles
que lecionam em escolas infantis até profissionais que dão aulas em faculdades e
universidades. Nóvoa (2002) entende que, mais importante que formar, “é que o
aprender contínuo é essencial à profissão docente, sendo marcado pela própria pessoa
do professor, como agente, entendendo a instituição escolar, como um espaço de
crescimento profissional permanente”.

As experiências com a pandemia do Covid-19 mostram a relevância de estar atualizado


e em constante mudança. O mundo inteiro precisou se adaptar a uma realidade digital e
a lidar com uma série de alterações comportamentais. Na sala de aula, seja ela física ou
virtual, esse sentimento foi amplificado.
No mundo atualmente, viveremos o primórdio das mudanças globais, que revelam um
quadro desafiador, múltiplo não apenas em riscos, mas também em possibilidades. O
desfecho desses desafios, demonstra que a educação é o ponto mais forte para a
mudança do país, é o caminho para buscar melhores condições de vida. No entanto,
precisamos nos conscientizar qual é o nosso papel perante a sociedade, somos agente
formadores e transformadores, isso precisa ficar claro quem somos, pois somos
responsáveis pelas sementes que futuramente darão frutos, precisamos reconher e fazer
o papel de educador, mas para isso é necessário buscar o conhecimento continuo para
darmos a nós está autonomia diante dos nossos governantes.

Por isso, podemos perceber a necessidade de uma formação continuada, trazendo para o
indivíduo vários conhecimentos e lhe apresentando a dicotomia entre a teoria e a
prática, considerar como parte integrante de uma construção e aperfeiçoamento de
habilidades para saber lidar com diferentes situações.

Outro fator importante para essa formação é o auxílio da coordenação pedagógica, pois
articulando a entre as políticas educacionais e as concepções de formação enquanto
processos de construção coletiva. Pensar na qualidade de ensino implica assegurar um
processo pedagógico pautado na eficiência, eficácia e efetividade social, cultural e
econômico de modo a garantir o ingresso, permanência e a qualidade em educação, para
formar o novo cidadão brasileiro. Segundo a atual Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional,

As atribuições do coordenador estão aliadas à autonomia para


organizar e orientar o trabalho pedagógico dentro da instituição
de ensino, além de garantir nos variados setores que se faça uma
gestão participativa e democrática. (BRASIL, 1996).

Partindo, desse pressuposto, a parceria entre todos os membros das instituições


contribui para formar sujeitos de maneira integral, além disso, quando se trabalha em
conjunto o desenvolvimento e o entrosamento de toda a equipe da escola fluem com
mais facilidade. E o resultado é garantir a qualidade do processo de ensino e
aprendizagem.

ENVOLVIMENTO DOS ALUNOS COM O RETORNO DAS AULAS

Desde a volta às aulas presenciais, as escolas vêm enfrentando algumas mudanças


causadas pela pandemia. É notável que houve um prejuízo para as crianças durante o
isolamento social, algumas com sinais de ansiedade, agitação, inquietude e atraso na
aprendizagem, por isso o retorno às aulas vem exigindo muito mais cuidado do corpo
docente.

Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), é fundamental permitir que as


crianças explorem diferentes materiais, movimentos, emoções, elementos da natureza,
ampliando seus saberes sobre cultura, em conjunto com elementos simbólicos, como
músicas e histórias especialmente, permitindo a igualdade ao propor as mesmas
oportunidades a todos os estudantes, e equidade, para considerar as diferentes
necessidades regionais e sociais.

E não foi isso que ocorreu no ensino remoto, pois como sabemos o aprendizado não se
deu de maneira linear, situações financeiras, inseguranças, famílias sem acesso à
internet, perdas de familiares ou amigos, pais ou responsáveis analfabetos ou com pouca
escolaridade, todos esses fatores acabaram impactando no aprendizado dessas crianças.

Observamos que na escola, muitas crianças tiveram atraso nos seus saberes, dificuldade
na leitura e na escrita, em interpretação de textos, e esse é um dos principais desafios
dos professores e da gestão escolar, recuperar a aprendizagem dessas crianças, tanto por
que é preciso lidar com os diferentes níveis de conhecimento de cada uma delas e
sabemos que essa é uma questão desafiadora e urgente.

De acordo o diálogo que tivemos na escola, com as turmas do 5° ano, com o forte
impacto que a pandemia causou, consequente do isolamento social, tiveram na condição
sociopsicológica da maioria dos estudantes, na qual observamos que aproximadamente
70% dos alunos dizem ter dificuldades de concentração sobre o que é transmitido em
sala de aula, estão se sentindo totalmente esgotados, sob pressão, não conseguindo
acompanhar as atividades desenvolvidas, dentre vários outros aspectos, e esses impactos
são muito preocupantes em relação a aprendizagem. Segundo uma pesquisa na data
folha, para 86% dos pais e responsáveis, o desempenho escolar dos seus filhos antes da
pandemia era ótimo ou bom e, agora, esse índice caiu para 59%, uma diferença de 27
pontos percentuais. O baixo desempenho escolar é a principal preocupação deles.

O docente, juntamente com a coordenação buscam nesse momento fazer adaptações


necessárias a nova realidade das crianças, desenvolvendo a empatia deles, sendo
tolerantes aos conteúdos, observando e avaliando cada criança, abordando aspectos
emocionais e as suas inseguranças. Os professores devem estar bem preparados para
enfrentar essas questões, e nós sabemos que é bem complexo, pois o corpo docente
também voltou com sequelas emocionais da pandemia, estão com sobrecarga no
trabalho, alguns se sentem desvalorizados, entre outras questões.

A tarefa desenvolvida pelas professoras conta bastante o envolvimento dos alunos, para
isso, tem que haver um serviço conjunto, foi o que pudemos observar, a organização do
trabalho pedagógico ocorre de maneira coletiva e individual, ou seja, o planejamento
das aulas acontece individualmente por 14 horas mensais distribuídas na carga horária
do docente que é correspondente a 40 horas semanais, e a cada mês de forma coletiva na
escola de maneira democrática e também mensalmente com os coordenadores da
Secretária Municipal de Educação.

Considerações Finais

A pesquisa desenvolveu muitos pontos pertinentes em relação ao retorno das aulas


presenciais. Com a ajuda de algumas educadoras conseguimos alcançar o objetivo
proposto, no qual percebemos que o trabalho do professor nesse retorno presencial, vem
sendo muito desafiador, devido os percalços que o ensino remoto e o isolamento social
acabaram causando a todos e infelizmente, a maneira que o ensino vem sendo
trabalhado, o professor não está conseguindo suprir as necessidades que os alunos
precisam, ou seja, muito trabalho para uma pessoa só.

As observações decorrentes do estágio supervisionado apontaram para as compreensões


que se desdobram, entre possibilidades e desafios. No que tange as possibilidades,
compreendemos o quanto é importante a formação continuada, o trabalho conjunto que
é desenvolvido entre todo o corpo docente, possibilitando uma troca de experiência.
Mesmo que não sejam encontros focados nos seus maiores desafios, mas são trocas
muito boas que surge de certa forma como incentivo para muito dos envolvidos. Como
Carvalho e Gil-Pérez relatam:

Consideramos a formação continuada em serviço, realizada de


forma coletiva, uma via de superação/atenuação das
necessidades formativas, pois ao se proporcionar aos
professores a oportunidade de um trabalho coletivo de reflexão,
debate e aprofundamento, suas produções podem aproximar-se
aos resultados da comunidade[...] (2006, p. 15).

Ainda convém relembra de muitos desafios identificados na pesquisa, como por


exemplo: jornada de trabalho prolongada, sinais de ansiedade, agitação, inquietude e
atraso na aprendizagem, não conseguindo acompanhar as atividades desenvolvidas, o
ensino e aprendizagem sob pressão. Isso é o que os professores e alunos vem sofrendo
no processo educacional.

Fica, pois, claro, em nível de conclusão, que o atual cenário que estamos vivenciando, é
notório as lacunas deixadas pela pandemia no sistema educacional, é um período de
muitos desafios e dificuldades, mas também é o momento de repensar a educação de
forma que acompanhe as novas demandas da sociedade. Assim, há a necessidade de
reflexão na prática pedagógica e a formação dos docentes para a integração das
tecnologias nas salas de aula. A formação continuada deve estar diretamente liga as
novas relações estabelecidas pela tecnologia e também conectados ao novo modelo de
sujeitos inseridos na sociedade. Essa nova visão determinará o repensar pragmático do
processo de ensino-aprendizagem e da construção de novas metodologias pedagógicas.

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