É importante saber que a Bíblia jamais admite interpretação pessoal. Isso significa dizer
que não se pode ignorar as especificidades das profecias para compreendê-las ao seu próprio
modo. Toda profecia bíblica possui uma mensagem central. Para compreendê-la, é necessário
o conhecimento de algumas informações:
Quem profetizou:
A mensagem dos profetas na Bíblia sempre esteve relacionada com a sua vida. O que
significa afirmar que muitas vezes além de anunciar a mensagem, o profeta “se tornava“ a
mensagem. Podemos aplicar isso para nossas vidas: Nós somos a mensagem que estamos
pregando, se a mensagem que pregamos não for testemunhada pela nossa experiência pessoal,
o mensageiro fica sem condições de expressar a mensagem que ele mesmo comunica.
A profecia no contexto bíblico tem pontos intrigantes. É importante destacar que nossa
dificuldade de compreender as profecias bíblicas se dá porque nós estamos a uma distância
temporal muito grande do contexto original e, com isso, acaba ocorrendo uma perda no processo
da comunicação, o que requer de nós um pouco mais de cuidado na pesquisa e de análise
naquilo que estamos comunicando.
A ação dos profetas abrange um longo período da história bíblica, que vai do ano 760 a.C
até 453 a.C, quando há um período em que Deus silencia-se para com o povo de Israel. O nosso
estudo vai girar em torno de um contexto histórico de aproximadamente 300 anos, quando os
profetas estão atuando em Judá e Israel, chamando o povo ao arrependimento.
O profetismo foi inserido em Israel com o objetivo de salvá-la da influência das nações
pagãs que estavam ao redor. O objetivo da profecia no Antigo Testamento era preservar viva a
consciência do povo acerca da aliança abraâmica. Daí vem a afirmação do escritor:
“Onde não há profecia, o povo se corrompe;
mas o que guarda a lei esse é bem-
aventurado.”
(Provérbios 29:18)
A missão do profeta era contestar toda a ação que fugia daquilo que o Espírito Santo
estava revelando como sendo a vontade de Deus para aquele povo. Precisamente por esse
motivo encontramos profetas no Antigo Testamento tendo conflitos e confrontos com autoridades
civis e religiosas.
Ezequiel, por exemplo, profetizava tanto para a corte como para os sacerdotes, levitas e
o povo em geral. O capítulo 22 é um exemplo rico para ser analisado, porque além de ser uma
profecia que envolvia classes distintas, retrata muito bem a forma de comunicar do profeta.
Percebe-se que, nesta passagem, o texto retrata o cenário dizendo que o Senhor olhou
para a corte e viu que estavam com as mãos manchadas de sangue; olhou para o clero e viu
que ofereciam sacrifícios que não seriam aceitos; olhou para os profetas e viu que profetizavam
falsamente; então o próprio Deus começa a caminhar por Jerusalém – figuradamente, é claro –
para averiguar a situação do povo.
Outros profetas que confrontaram reis podem ser citados: Agade e Natã contestaram os
pecados de Davi e Salomão. O profeta Micaías enfrentou o pecado de Acabe. O profeta Aías
confrontou o pecado de Roboão e de Jeroboão. A atuação destes profetas pode ser encontradas
em I e II Samuel, I e II Reis e I e II Crônicas.
Parte-se de um princípio que quando o pecado da nação começava a partir dos lideres,
toda a nação era contaminada pela transgressão, então Deus começa repreendendo a liderança
de Israel e Judá para então atingir todo o povo.
É importante destacar que Elias e Eliseu, embora não estejam no agrupamento dos
chamados profetas escritores, atuaram confrontando a monarquia (nos dias de Acabe e Jezabel),
a religião (que havia abandonado ao Senhor para seguir Baal e Azera) e o povo.
O profeta atuava de fato participando da vida pública e da história de sua nação, sempre
com o propósito de trazer todos os termos da nação para debaixo da orientação e comando de
Deus porque eles compreendiam que só assim a nação seria próspera e honorária à aliança que
tinha com o Senhor. Portanto, o profeta não vivia isolado do seu mundo, ao contrário, ele estava
tão inserido no contexto da sua convivência que ele participa da vida pública e política da sua
nação.
A partir do século VIII a.C., o profetismo é demarcado por uma ação mais específica do
profeta, quando de maneira mais enfática adota o uso da expressão “Assim diz o Senhor”. Essa
expressão começa a ser usada pelo profeta no contexto de Israel e Judá quando a nação sofre
a influência das religiões cananitas e o politeísmo e idolatria foram se inserindo no contexto de
Israel. Então o profeta, para deixar claro quem estava falando com a nação, enfatiza “assim diz
o Senhor”.
Alguns reis de Israel aderiram à prática pagã de contratar profetas com finalidades
políticas. Esses profetas eram mantidos pela corte com conforto e luxo para profetizarem sempre
a favor do rei e levar o povo a segui-lo:
E o rei disse ao homem de Deus: Vem
comigo para casa, e conforta-te; e dar-te-ei
um presente.
Outro exemplo pode ser visto na situação da Guerra que levou à morte de Acabe (I Re
22:1-28). Esses exemplos mostram que era comum os reis de Israel copiarem a prática pagã de
ter profetas contratados.
O Profeta
O Ministério dos profetas não era resultante de vontade própria, mas de um chamado
divino. Ele era o instrumento de Deus para confrontar ou trazer ao povo uma mensagem. O
profeta era o porta-voz de Deus. Esses indivíduos possuíam características distintas do resto da
população, vivendo uma vida reta em santidade. O profeta não vivia exclusivamente da profecia,
entretanto, também desempenhando atividades do povo.
O profeta não vivia em “transe ou êxtase” mas tinha uma vida normal, e como já foi
mencionado anteriormente, se envolvia inclusive com a vida política de seu povo. Um exemplo
de como o profeta poderia falar por si mesmo acontece quando Natã respondeu a Davi conforme
o que lhe parecia bem, porém esta não era a vontade do Senhor:
Há vários termos que definem o ofício de profeta. Essas palavras revelam um pouco sobre
suas funções:
● Prophētēs (πρoφήτης):
Esse termo designa aquele que fala em nome de um deus e interpreta a sua
vontade. No contexto que estamos estudando, prophetes refere-se àquele profeta que
falava para Israel em nome do Senhor Jeová e que era o interprete ou comunicador da
vontade de Deus.
O termo é formado a partir da junção de duas palavras: “Pro” que significa “diante”
e “phētēs”, que significa “aquele que fala”. Ou seja, profeta se traduz literalmente como
“falar por alguém” ou, em uma palavra mais moderna, “porta-voz”. O profeta é, portanto,
aquele que falava do presente ou do futuro em nome do Senhor.
O termo que define a função do profeta. NABI ocorre mais de 300 vezes no Antigo
Testamento. Pode ser traduzido como “chamar” ou “chamado”. Os estudiosos revelam
que todos os fenômenos proféticos do Antigo Testamento estão relacionados com a
palavra (נְ נִ ִאיםnābîʾ) que é derivada do verbo acadiano nabū (“chamar”).
Enquanto prophētēs caracteriza aquele que “sofre uma vocação”, NABI qualifica
aquele que era provocado por uma revelação imediata e deliberada da soberania divina.
O prophētēs era aquele indivíduo que sentia a chamada para o ministério profético e essa
chamada era desenvolvida no decorrer do tempo. Para esses havia uma preparação,
uma escola de profetas. O NABI era aquele que não tinha chamada para o ministério e
não estava se preparando, mas Deus falava com essa pessoa e a tornava seu
mensageiro. Isso foi, por exemplo, o que aconteceu com Jeremias:
Nabi aparece pela primeira vez no contexto hebraico em Gênesis 20:7, quando o
próprio Deus chama Abraão de profeta, caracterizando-o como tal.
● Vidente:
Estudiosos sugerem que sua raiz esteja na palavra hebraica cḥōzeh ()חֹ זֶה. Possui
o significado de “olhar”, “contemplar”, “profetizar” e “prover”. Vidente aparece mais de 50
vezes no Antigo Testamento.
Um termo similar a este é “roeh” que designa uma espécie de vidente específico,
que recebia mensagens particulares a um indivíduo. O texto de I Samuel 9 utiliza a
expressão roeh, por exemplo.
Seja qual for o caso, o Vidente era o homem responsável por comunicar às
pessoas a vontade de Deus.
Outros termos que designam o ministério profético eram Atalaia e pastor, porque
eles deveriam dirigir, orientar e encaminhar o povo a Deus. Outra autoridade religiosa
chamada de pastor era o Sacerdote. Isso significa que tanto o profeta quanto o sacerdote
tinham a missão de conduzir o povo a Deus.
Há, entretanto, uma diferença entre eles: enquanto o sacerdote tinha a missão de
representar o povo diante de Deus, o profeta representava-O diante do povo. Era usado
ainda o termo “Vigia”, pois ele tinha a função de atentar para a maneira como o povo
estava se conduzindo e alertá-lo quanto às consequências de suas ações.
● Servo do Senhor:
Outro termo utilizado para designar o profeta é “Servo do Senhor”, “Homem do Espírito”
e “Santo Homem de Deus”. Isso se dá porque o profeta era alguém sensível à ação do Espírito
de Deus. Ele precisava manter contínua comunhão com o Senhor para que, no momento que o
Senhor quisesse trazer a revelação, ele estivesse pronto para recebê-la.
Definição de profecia
Ao definir profecia no contexto do Antigo Testamento, precisamos entender que esta era
a mensagem transmitida da parte de Deus, através de seu mensageiro, para levar a nação a
entender a vontade do Senhor.
Observe que, embora grupo de profetas das nações pagãs estivessem acostumados a
profetizar em estado de “êxtase” ou “transe”, os profetas do Senhor comunicavam sua
mensagem de outras formas, em perfeito estado de lucidez. A consciência do profeta continua
ativa no processo da visão e o profeta tinha absoluta compreensão do que lhe estava
acontecendo. Esta prática de “transe” foi, entretanto, transportada posteriormente para Israel
pelos profetas de Baal e Azera.
O recebimento da profecia
A fonte da atividade profética era o contato com Deus. Por meio do contato com Deus, o
profeta vivia uma experiência pelo meio da qual era recebida a mensagem para transmiti-la ao
povo. O objetivo da profecia era provocar no povo uma mudança para haver uma adaptação
àquilo que Deus queria.
“A palavra anunciada por muitas vezes está
centrada no anúncio de falhas humanas ou
da sociedade daquele período. Assim, o
profeta trazia a palavra com a intenção de
animar o indivíduo ou a população a buscar
mudança. Por vezes ela serviu de consolo
para pessoas e povos sem esperança”
A palavra profética era recebida por palavras audíveis, face a face - Deus falava com o
profeta (Êx. 33:11). Existem, porém, outras formas de recebimento da mensagem profética:
Visões e sonhos (Jó 33:14-15).
Vale ressaltar que o profeta recebia a mensagem de forma clara, ou seja, ele entendia
exatamente o que o Senhor queria revelá-lo. Naturalmente, em relação às visões futurísticas o
profeta não tinham total compreensão do seu significado. Hoje, porém, quando analisamos a
profecia, temos um espaço temporal, geográfico e linguístico muito grande entre nós e o profeta,
o que pode trazer-nos alguma dificuldade na compreensão do significado da profecia.
Por isso, é preciso pesquisar, analisar e conhecer o contexto político, social, cultural e
militar da época em que a profecia foi transmitida. Só assim pode-se compreender o que o profeta
estava querendo transmitir para o povo de seus dias e então aplicá-la para nós. Em Hb 1:1 o
autor menciona que no contexto do Antigo Testamento Deus falava pelos profetas. Isso revela
que os Escritores Sacros da dispensação da graça reconhecem a autoridade do ministério
profético.
A prática profética.
A profecia não era uma exclusividade de Israel. A prática comum do profeta em israel era,
entretanto, diferente das outras, uma vez que não apresentava o caráter extático presente em
tantas outras culturas. O próprio profeta Jeremias 29:7,8 faz uma menção da possibilidade de
manifestações proféticas nas nações vizinhas:
“E procurai a paz da cidade, para onde vos
fiz transportar em cativeiro, e orai por ela ao
Senhor; porque na sua paz vós tereis paz.
Porque assim diz o Senhor dos Exércitos, o
Deus de Israel: Não vos enganem os vossos
profetas que estão no meio de vós, nem os
vossos adivinhos, nem deis ouvidos aos
vossos sonhos, que sonhais;
Porque eles vos profetizam falsamente em
meu nome; não os enviei, diz o Senhor.”
(Jeremias 29:7-9)
Para compreender o contexto de Israel, devemos analisar também o estado das nações
vizinhas. Apesar da semelhança, o profetismo de Israel foi um fenômeno ímpar, ao menos no
fator ético-religioso (isso fica especialmente claro no caso dos profeta literários, pois os escritores
nos deixaram documentos que facilitam a compreensão de seus objetivos, seu estilo e seu
contexto). Seguem abaixo alguns exemplos de ocorrências de profetismo em nações vizinhas:
● Egito:
● Sumérios:
● Mesopotâmia:
● Canaã:
● Outros:
Em nenhuma outra cultura o fenômeno do profetismo teve tão grande influência como em
Israel, e apenas em Israel houve profetas independentes e livres para transmitir a mensagem a
quem quer que fosse. Vide os exemplos abaixo:
● O profeta Eliseu exerce grande influência em Israel, Judá e até mesmo na Síria
PROFECIA CLÁSSICA EM ISRAEL
Origens:
O fim do período dos juízes dá origem à monarquia. Samuel unge a Saul, que se torna
rei em 1020 a.C.. Cerca de 20 anos depois, o governo de Saul não foi exatamente bem sucedido.
Davi sucede Saul em aproximadamente 1000 a.C.. Davi reina por aproximadamente 40 anos,
lutando em guerras para preservar a soberania da nação e conseguindo entregar a seu filho,
Salomão, uma nação segura e bem-estabelecida.
Depois disso, ambos os reinos sofrem com a decadência. O reino do norte abandona a
religiosidade judaica, adotando para si uma fé sincretista. Judá também vive ciclos de decadência
e restauração, alternando entre monarcas tementes e não tementes ao Senhor. A violência e
idolatria crescem, gerando ainda mais corrupção. Nessa situação de crise, os profetas de Jeová
surgem para alertar as pessoas contra a fuga da observância da Lei.
O primeiro período de profecia demonstra sinais prodigiosos numa época em que a terra
era repleta de paganismo. O ministério de Elias foi uma grande confrontação à idolatria pagã.
Elias atuou no período dos reis Acabe e Acazias, sendo depois sucedido por Eliseu. O profeta
Eliseu estende seu ministério para além das fronteiras de Israel, alcançando também Judá e a
Síria. O projeto desses profetas era fazer ressurgir no povo a fé e a disposição de adorar a Deus.
● Período pré-exílico (750 a.C. a 586 a.C.): é marcado principalmente por um profundo
desvio moral. Amós e Oséias repreendem e alertam o povo de Israel no norte. No sul,
Isaías, Miquéias, Naum, Sofonias, Habacuque e Jeremias buscam levar o povo ao
arrependimento.
● Período exílico (586 a.C. a 538 a.C.): Judá é aprisionada em cativeiro na Babilônia. É
durante o cativeiro que Ezequiel exercerá seus ministério às margens do Rio Quebar,
convidando o povo ao arrependimento
● Período pós-exílico (538 a.C. a 460 a.C.): há o retorno de Judá à sua terra. Ageu, Zacarias
e Malaquias atuam pela restauração do templo, do culto, e o restabelecimento da nação.
Introdução:
O ministério do profeta Isaías surge num período crítico para Israel. Seu livro abre a
sessão de profetas clássicos: Depois da morte do rei Salomão, a nação entra num período de
decadência: lugares de culto pagão haviam se tornado comuns, muitos sacerdotes e profetas
eram corruptos, não condenando pecados e aceitando sacrifícios que Deus não aceitava. Nesse
cenário, Deus questiona a legitimidade do culto em Israel.
Aqui vale um adendo: há vezes em que o termo “Israel” é utilizado para fazer referência
a apenas os Reinos do Norte, noutras, entretanto, ele é empregado para ambos.
Isaías surge, então, voltando-se principalmente para Judá. Sua mensagem era uma de
clamor ao povo, convidando-os ao arrependimento. A mensagem de Isaías aponta para o futuro
cativeiro babilônico e, depois, seu livramento e restauração:
O livro de Isaías também é considerado uma Mini Bíblia. Isso de dá por causa das
várias semelhanças que ele possui com o Livro Sagrado:
Autoria:
A tradição nos revela que o autor do livro é o próprio profeta Isaías. Há teólogos do ramo
liberal que questionam essa posição. Segundo eles, Isaías escreveu apenas do capítulo um ao
39, e o restante do texto foi completado por outra pessoa (ou outras pessoas). Tal ceticismo é
reprovado pela teologia pentecostal.
Temas principais:
Sobre o profeta:
Sugere-se que o profeta Isaías tenha sido criado num lar aristocrático. Foi contemporâneo
dos profetas Oséias, Amós e Miquéias e profetizou nos reinados de Uzias, Jotão, Acaz e
Ezequias.
Estima-se que o profeta Isaías atuou entre os anos 740 e 680 a.C. Seu chamado para o
ministério profético se dá no ano da morte do rei Uzias e há relatos no texto da morte de
Senaqueribe (mencionada em Is 37:37,38), que morreu em 680 a.C.
A tradição judaica nos diz que Isaías morreu no tempo de Manassés, serrado ao meio a
mando do rei. Talvez seja a esse acontecimento que o autor de Hebreus faz referência quando
escreve sobre o “hall dos heróis da fé”.
Sabe-se ainda que Isaías escreveu outro livro além, descrito em 2 Crônicas:
5. Devido ao fato de suas profecias estarem bastante deslocadas no futuro, Isaías morreu
desacreditado.
Esboço:
1. Capítulo 1:1 a 6:3 - uma mensagem de juízo e esperança. Os primeiros cinco capítulos
são os chamados “ditos proféticos” que iniciam-se com um “Ai”.
2. Capítulo 6:1 - aqui ocorre a mensagem específica de Isaías para o ministério profético e
sua consagração.
5. Capítulo 13:1 a 24 - o juízo de Deus sobre as nações. Aqui há profecias contra os povos
vizinhos de Israel.
10. A mensagem de libertação do cativeiro para uma nação que ainda não se encontra
dominada por estrangeiros. Essa é uma das razões pelas quais a mensagem de Isaías é
odiada pelo povo.
11. Capítulo 40:1 a 48:22 - o Senhor traz para Judá uma mensagem de consolo: a Babilônia
cairá e seus ídolos serão destruídos.
12. Capítulo 49:1 a 57:21 - aqui há uma profecia especificamente messiânica. Esses
capítulos tratam do nascimento de Cristo e os sofrimentos pelos quais passaria.
14. Capítulo 66:24 - a mensagem de consolo e a paz para o futuro povo de Judá.
PROFETA JEREMIAS
“JEOVÁ ESTABELECE”
O profeta:
Jeremias foi um homem materialmente pobre. Nasceu numa família carente e recebeu
uma ordem de Deus para que jamais se casasse. Por cerca de 40 anos ele exerce seu ministério
como porta-voz de Deus.
Sua mensagem era dura, de forma que o consideravam um trazedor de más notícias e
conclui seus dias de profeta em descrédito. Suas palavras contrariavam o povo, a até mesmo o
rei Jeoiaquim manda jogá-o no calabouço porque Jeremias estimulava a rendição à Babilônia.
Datação:
Josias é rei na terra de Judá, que encontra-se em território disputado pelas duas
potências que a circundavam: a Babilônia e o Egito. O rei Josias é morto numa batalha contra o
rei do Egito, passando o trono para Jeoiaquim. Jeremias traz uma mensagem contra a
decadência moral e insensatez política do governo.
Esboço:
2. Capítulo 2 a 25 - profecias contra Judá e seus líderes, tanto civis quanto religiosos.
4. Capítulo 25:15 a 51 - Jeremias profetizando juízo contra as nações vizinhas por causa do
ataque contra Jerusalém.
7. Capítulo 46 a 51: aqui Jeremias profetiza a queda de Babilônia como punição de Deus
pelo escravizamento de Judá.
8. Capítulo 52: Jeremias relata a queda de Jerusalém e o cativeiro babilônico. Entre suas
profecias há uma mensagem de esperança que aponta para a nova aliança.
Os sofrimentos de Jeremias:
O profeta Jeremias viveu como um homem pobre, sofrendo severas privações por
causa de suas profecias. Além de não possuir muitos bens materiais e não formar família, é
aprisionado por Zedequias em decorrência de sua mensagem dura. Foi também castigado de
outras maneiras: é lançado numa cisterna no capítulo 38, no capítulo 11 é perseguido e
rejeitado. Também é rejeitado pelos vizinhos, amigos e família, sendo expulso de sua cidade
porque planejavam matá-lo. Até mesmo o rei levantou-se contra o profeta:
“E sucedeu que, tendo Jeudi lido três ou quatro folhas, cortou-as com um canivete de escrivão, e lançou-
as no fogo que havia no braseiro, até que todo o rolo se consumiu no fogo que estava sobre o braseiro. E
não temeram, nem rasgaram as suas vestes, nem o rei, nem nenhum dos seus servos que ouviram todas
aquelas palavras. E, posto que Elnatã, e Delaías, e Gemarias tivessem rogado ao rei que não queimasse
o rolo, ele não lhes deu ouvidos. Antes deu ordem o rei a Jerameel, filho de Hamaleque, e a Seraías, filho
de Azriel, e a Selemias, filho de Abdeel, que prendessem a Baruque, o escrivão, e a Jeremias, o profeta;
mas o Senhor os escondera.”
(Jeremias 36:23-26)
Lugares-chave:
● Anatote
● Jerusalém
● Ramá
● Egito
Pontos de destaque:
● Jeremias foi o autor de dois dos cinco livros da sessão de Profetas Maiores do Antigo
Testamento.
● Seu ministério profético aconteceu durante o reinado dos cinco últimos reis de Judá.
● Foi incentivador da grande reforma espiritual ocorrida nos dias do rei Josias.
● Mesmo apesar de suas fortes orações, Deus ainda castigou a nação de Judá com o
cativeiro babilônico.
LAMENTAÇÕES
DE JEREMIAS
O livro possui forte caráter poético, de forma que, no hebraico, os capítulos um, dois e
quatro possuem, cada um, 22 versículos, tal qual as 22 letras do alfabeto hebraico. O capítulo
três possui 66 versículos cuja letra inicial se repete a cada três, formando três conjuntos de 22.
Com exceção do quarto, todos os capítulos terminam com uma oração. Cada divisão do livro
representa uma fase do cerco a Jerusalém.
Esboço:
● Capítulo 1 - é uma oração pelo sofrimento de Jerusalém. Aqui há tristeza e choro pelos
mortos e pela destruição do templo.
● Capítulo 3 - retrata tanto a severidade quanto a misericórdia de Deus para com seu povo.
● Capítulo 5 - aqui Jeremias conclui o livro orando por Jerusalém e clamando por conversão
e arrependimento.
EZEQUIEL
“DEUS FORTALECE”
O profeta:
Ezequiel era judeu e filho de Buzi, um sacerdote. Segue para o cativeiro na Babilônia
com aproximadamente 30 anos de idade. Seu livro é datado entre os anos 593 e 573 a.C.
O profeta Ezequiel começa seu ministério no quinto ano de cativeiro, estabelecendo-se
em Tel-Abibe junto ao rio Quebar e transmitindo a Judá o porquê do cativeiro, bem como
anunciando sua salvação. Sua mensagem era transmitida não apenas por suas palavras, uma
vez que vivia na prática aquilo que pregava:
Além da perda de sua mulher, há ainda outros casos em que Ezequiel carrega sua
mensagem na prática. O texto do capítulo 4 Deus ordena que o profeta deite-se, durante 390
dias, sempre do lado esquerdo “e põe a iniquidade da casa de Israel sobre ele” (Ez 4:4) e
comendo alimentos cozidos sobre esterco de animais “dei-te esterco de vacas, em lugar de
esterco de homem; e sobre ele prepararás o teu pão.” (Ez 4:15).
Esboço:
Pessoas chave:
● Sua esposa
● Os líderes de Israel
● Nabucodonosor
Lugares chave:
● Jerusalém
● Babilônia
● Egito
DANIEL
“DEUS É O MEU JUIZ”
O profeta:
Quarto e último dos Profetas Maiores, Daniel era um jovem de família real que foi levado
à Babilônia em cativeiro com aproximadamente 16 anos de idade (606 a.C.), no fim do terceiro
ano do reinado de Jeoiaquim. Seu livro é considerado o Apocalipse do Antigo Testamento.
Sabe-se que Daniel viveu na terra para onde fora levado até os 90 anos, tornando-se um
membro de alto escalão na corte de Nabudonosor. Tamanhas era a confiança que o rei tinha
para com Daniel que Nabucodonosor agraciou-o com as mais altas posições de governo em seu
reinado. Daniel também serviu aos reis posteriores a Nabucodonosor: Belsazar, Evil-Merodaque,
Nabonido, Dario e Ciro.
A fidelidade de Daniel a Deus faz dele uma referência para os cativos. Desde o começo,
decide não se contaminar pelos pecados abundantes na Babilônia, jamais afastando-se do
Senhor.
Pessoas chave:
• Daniel
• Rei Nabucodonosor
• Rei Dario
• Rei Ciro
Esboço:
• Capítulo 6 – sob o reinado de Dario, Daniel é lançado na cova dos leões por causa
do decreto do rei.
• Capítulo 9 – aqui ocorre visão de Daniel acerca das 70 semanas. Daniel ora, a partir
do segundo versículo, pela libertação do povo do cativeiro:
“No primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel,
compreendi pelas Escrituras, conforme a
palavra do Senhor dada ao profeta Jeremias,
que a desolação de Jerusalém iria durar
setenta anos. [...] Senhor, ouve! Senhor,
perdoa! Senhor, vê e age! Por amor de ti,
meu Deus, não te demores, pois a tua cidade
e o teu povo levam o teu nome.”
(Daniel 9:2,19)