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Introducão:

Sabendo primeiramente isto: que


nenhuma profecia da Escritura é de
particular interpretação.
Porque a profecia nunca foi produzida
por vontade de homem algum, mas os
homens santos de Deus falaram
inspirados pelo Espírito Santo.
(2 Pedro 1:20,21)

É importante saber que a Bíblia jamais admite interpretação pessoal. Isso significa
dizer que não se pode ignorar as especificidades das profecias para compreendê-las ao seu
próprio modo. Toda profecia bíblica possui uma mensagem central. Para compreendê-la, é
necessário o conhecimento de algumas informações:

Quem profetizou:

Conhecer a identidade do profeta é fundamental para a interpretação da


profecia. A vida e as experiências dos profetas influenciaram a forma como eles
expressaram suas mensagens. Se observarmos o livro do profeta Isaías, por exemplo,
perceberemos que suas alegorias, metáforas e figuras de linguagem espelham seu
caráter contemplativo da natureza, de forma que ele conseguia tornar sua mensagem
de forma simples e inteligível para o povo.

Quem era o alvo da profecia:

Nem todas as profecias são direcionadas à Israel. Primeiramente, é


necessário fazer a diferenciação entre Israel e Judá, que já haviam se tornado reinos
distintos no tempo dos profetas maiores. Além disso, algumas das profecias têm como
alvo nações vizinhas desses dois povos descendentes de Abraão. É possível
encontrar profecias para a Síria, Tiro, Etiópia, Egito e ainda outras nações do mundo
antigo.

Qual era o propósito da profecia:

Em Isaías 5, por exemplo, o profeta faz uma descrição da realidade sócio-


econômica das mulheres de Jerusalém antes do cativeiro e, portanto, retrata as
vestimentas daquelas mulheres. Por falta de conhecimento do contexto histórico,
muitos já fizeram uso daquele texto para defender falar de usos e costumes
específicos.

Em que contexto a profecia foi lançada:

Só quando entendemos o contexto da profecia conseguimos aplicá-la aos dias


de hoje. Ao estudarmos a ação profética no Antigo Testamento, precisamos ainda
compreender a relação do profeta com o povo e com Deus. Era comum usar-se
termos específicos para se referir ao profeta entre eles: Vidente, atalaia, pastor,
homem de Deus.

Historicidade da profecia no Antigo Testamento


A mensagem dos profetas na Bíblia sempre esteve relacionada com a sua vida. O
que significa afirmar que muitas vezes além de anunciar a mensagem, o profeta “se tornava“
a mensagem. Podemos aplicar isso para nossas vidas: Nós somos a mensagem que estamos
pregando, se a mensagem que pregamos não for testemunhada pela nossa experiência
pessoal, o mensageiro fica sem condições de expressar a mensagem que ele mesmo
comunica.

A profecia no contexto bíblico tem pontos intrigantes. É importante destacar que nossa
dificuldade de compreender as profecias bíblicas se dá porque nós estamos a uma distância
temporal muito grande do contexto original e, com isso, acaba ocorrendo uma perda no
processo da comunicação, o que requer de nós um pouco mais de cuidado na pesquisa e de
análise naquilo que estamos comunicando.

Breve histórico do profetismo biblico

A ação dos profetas abrange um longo período da história bíblica, que vai do ano 760
a.C até 453 a.C, quando há um período em que Deus silencia-se para com o povo de Israel.
O nosso estudo vai girar em torno de um contexto histórico de aproximadamente 300 anos,
quando os profetas estão atuando em Judá e Israel, chamando o povo ao arrependimento.

O profetismo foi inserido em Israel com o objetivo de salvá-la da influência das nações
pagãs que estavam ao redor. O objetivo da profecia no Antigo Testamento era preservar viva
a consciência do povo acerca da aliança abraâmica. Daí vem a afirmação do escritor:
“Onde não há profecia, o povo se
corrompe; mas o que guarda a lei esse é
bem-aventurado.”
(Provérbios 29:18)

A missão do profeta era contestar toda a ação que fugia daquilo que o Espírito Santo
estava revelando como sendo a vontade de Deus para aquele povo. Precisamente por esse
motivo encontramos profetas no Antigo Testamento tendo conflitos e confrontos com
autoridades civis e religiosas.

A ação dos profetas maiores foi durante o período da monarquia e, posteriormente,


no cativeiro e pós-cativeiro. Em seu ofício, atuavam confrontando ou encorajando tanto reis
como sacerdotes e levitas, e o povo em geral. Portanto, seu ministério era exercido nos
palácios, no Templo, nas ruas, nas praças e nas casas.

Ezequiel, por exemplo, profetizava tanto para a corte como para os sacerdotes, levitas
e o povo em geral. O capítulo 22 é um exemplo rico para ser analisado, porque além de ser
uma profecia que envolvia classes distintas, retrata muito bem a forma de comunicar do
profeta.

Percebe-se que, nesta passagem, o texto retrata o cenário dizendo que o Senhor
olhou para a corte e viu que estavam com as mãos manchadas de sangue; olhou para o clero
e viu que ofereciam sacrifícios que não seriam aceitos; olhou para os profetas e viu que
profetizavam falsamente; então o próprio Deus começa a caminhar por Jerusalém –
figuradamente, é claro – para averiguar a situação do povo.

Outros profetas que confrontaram reis podem ser citados: Agade e Natã contestaram
os pecados de Davi e Salomão. O profeta Micaías enfrentou o pecado de Acabe. O profeta
Aías confrontou o pecado de Roboão e de Jeroboão. A atuação destes profetas pode ser
encontrada em I e II Samuel, I e II Reis e I e II Crônicas.
Parte-se de um princípio que quando o pecado da nação começava a partir dos
lideres, toda a nação era contaminada pela transgressão, então Deus começa repreendendo
a liderança de Israel e Judá para então atingir todo o povo.

Existem dois tipos de profetas no tempo bíblico:

● Profetas escritores: aqueles que além de revelar sua mensagem,


escreveram-na.

● Profetas não escritores: são aqueles que antecederam os profetas


escritores, mas cuja a mensagem não foi registrada por escrito, salvo
episódios específicos relatados por historiadores ou algum escritor sagrado
que fez menção do ministério daquele profeta, a exemplo de Eliseu, Elias,
Micaias Aias, Natã, Gade.

É importante destacar que Elias e Eliseu, embora não estejam no agrupamento dos
chamados profetas escritores, atuaram confrontando a monarquia (nos dias de Acabe e
Jezabel), a religião (que havia abandonado ao Senhor para seguir Baal e Azera) e o povo.

O profeta atuava de fato participando da vida pública e da história de sua nação,


sempre com o propósito de trazer todos os termos da nação para debaixo da orientação e
comando de Deus porque eles compreendiam que só assim a nação seria próspera e
honorária à aliança que tinha com o Senhor. Portanto, o profeta não vivia isolado do seu
mundo, ao contrário, ele estava tão inserido no contexto da sua convivência que ele participa
da vida pública e política da sua nação.

A importância do profeta na monarquia de Israel era enorme: Natã participou do


processo de transição do reinado de Davi para Salomão, Eliseu tinha uma influência tão
grande que, quando estava enfermo, o próprio rei veio visitá-lo e seu clamor era “meu pai,
meu pai, tu és como um exército aparelhado para a Guerra”.

A partir do século VIII a.C., o profetismo é demarcado por uma ação mais específica
do profeta, quando de maneira mais enfática adota o uso da expressão “Assim diz o Senhor”.
Essa expressão começa a ser usada pelo profeta no contexto de Israel e Judá quando a
nação sofre a influência das religiões cananitas e o politeísmo e idolatria foram se inserindo
no contexto de Israel. Então o profeta, para deixar claro quem estava falando com a nação,
enfatiza “assim diz o Senhor”.

O profeta reivindicava para si e para sua mensagem a autoridade profética e a


obrigação de seus ouvintes de se submeterem à mensagem porque quem estava falando era
o Senhor. É possível compreender também, sobretudo nas profecias de Isaías e Jeremias,
que surgiram profetas que falavam em nome de Deus, porém sem ter sido por Ele enviados.

Alguns reis de Israel aderiram à prática pagã de contratar profetas com finalidades
políticas. Esses profetas eram mantidos pela corte com conforto e luxo para profetizarem
sempre a favor do rei e levar o povo a segui-lo:
E o rei disse ao homem de Deus: Vem
comigo para casa, e conforta-te; e dar-te-
ei um presente.

Porém o homem de Deus disse ao rei:


Ainda que me desses metade da tua
casa, não iria contigo, nem comeria pão
nem beberia água neste lugar.
Porque assim me ordenou o Senhor pela
sua palavra, dizendo: Não comerás pão
nem beberás água; e não voltarás pelo
caminho por onde vieste.

Assim foi por outro caminho; e não voltou


pelo caminho, por onde viera a Betel.
(1 Reis 13:7-10)

Outro exemplo pode ser visto na situação da Guerra que levou à morte de Acabe (I
Re 22:1-28). Esses exemplos mostram que era comum os reis de Israel copiarem a prática
pagã de ter profetas contratados.

O Profeta

O Ministério dos profetas não era resultante de vontade própria, mas de um chamado
divino. Ele era o instrumento de Deus para confrontar ou trazer ao povo uma mensagem. O
profeta era o porta-voz de Deus. Esses indivíduos possuíam características distintas do resto
da população, vivendo uma vida reta em santidade. O profeta não vivia exclusivamente da
profecia, entretanto, também desempenhando atividades do povo.

O profeta não vivia em “transe ou êxtase” mas tinha uma vida normal, e como já foi
mencionado anteriormente, se envolvia inclusive com a vida política de seu povo. Um
exemplo de como o profeta poderia falar por si mesmo acontece quando Natã respondeu a
Davi conforme o que lhe parecia bem, porém esta não era a vontade do Senhor:

Então Natã disse a Davi: Tudo quanto


tens no teu coração faze, porque Deus é
contigo.
Mas sucedeu, na mesma noite, que a
palavra de Deus veio a Natã, dizendo:
Vai, e dize a Davi meu servo: Assim diz o
Senhor: Tu não me edificarás uma casa
para eu morar;
(1 Crônicas 17:2-4).

Designações que descrevem o profeta

Há vários termos que definem o ofício de profeta. Essas palavras revelam um pouco
sobre suas funções:

● Prophētēs (πρoφήτης):

Esse termo designa aquele que fala em nome de um deus e interpreta a sua
vontade. No contexto que estamos estudando, prophetes refere-se àquele profeta que
falava para Israel em nome do Senhor Jeová e que era o interprete ou comunicador
da vontade de Deus.

O termo é formado a partir da junção de duas palavras: “Pro” que significa


“diante” e “phētēs”, que significa “aquele que fala”. Ou seja, profeta se traduz
literalmente como “falar por alguém” ou, em uma palavra mais moderna, “porta-voz”.
O profeta é, portanto, aquele que falava do presente ou do futuro em nome do Senhor.
Cabe observarmos que, no contexto greco-romano, os oradores que falavam
em nome de uma autoridade jamais utilizavam-se da primeira pessoa do singular. Isso
acontecia porque não estavam comunicando uma palavra sua, mas serviam apenas
de interlocutor.

Sempre que um orador nessa situação comunicava uma mensagem, ou usava


o pronome “nohs” em referência à autoridade que ele representava, ou usava a
terceira pessoa do singular, isto é, “ele”, referindo-se diretamente a quem o enviara.

O profeta, portanto, quando no exercício da profecia ou do ministério profético,


não utilizava-se de pronomes pessoais ou possessivos em primeira pessoa, porque
não estava falando uma vontade sua, mas uma mensagem que tinha origem em Deus
da qual ele era meramente um comunicador.

● Nabi (‫) ְננ ִִאים‬:

O termo que define a função do profeta. NABI ocorre mais de 300 vezes no
Antigo Testamento. Pode ser traduzido como “chamar” ou “chamado”. Os estudiosos
revelam que todos os fenômenos proféticos do Antigo Testamento estão relacionados
com a palavra ‫( ְננ ִִאים‬nābîʾ) que é derivada do verbo acadiano nabū (“chamar”).

Enquanto prophētēs caracteriza aquele que “sofre uma vocação”, NABI


qualifica aquele que era provocado por uma revelação imediata e deliberada da
soberania divina. O prophētēs era aquele indivíduo que sentia a chamada para o
ministério profético e essa chamada era desenvolvida no decorrer do tempo. Para
esses havia uma preparação, uma escola de profetas. O NABI era aquele que não
tinha chamada para o ministério e não estava se preparando, mas Deus falava com
essa pessoa e a tornava seu mensageiro. Isso foi, por exemplo, o que aconteceu com
Jeremias:

“Assim veio a mim a palavra do Senhor,


dizendo: Antes que te formasse no ventre te
conheci, e antes que saísses da madre, te
santifiquei; às nações te dei por profeta. Então
disse eu: Ah, Senhor DEUS! Eis que não sei
falar; porque ainda sou um menino. Mas o
Senhor me disse: Não digas: Eu sou um
menino; porque a todos a quem eu te enviar,
irás; e tudo quanto te mandar, falarás. Não
temas diante deles; porque estou contigo para
te livrar, diz o Senhor. E estendeu o Senhor a
sua mão, e tocou-me na boca; e disse-me o
Senhor: Eis que ponho as minhas palavras na
tua boca; Olha, ponho-te neste dia sobre as
nações, e sobre os reinos, para arrancares, e
para derrubares, e para destruíres, e para
arruinares; e também para edificares e para
plantares.”
(Jeremias 1:4-10)

Nabi aparece pela primeira vez no contexto hebraico em Gênesis 20:7, quando
o próprio Deus chama Abraão de profeta, caracterizando-o como tal.

● Vidente:

“(Antigamente em Israel, indo alguém


consultar a Deus, dizia assim: Vinde, e
vamos ao vidente; porque ao profeta de
hoje, antigamente se chamava vidente),”
(1 Samuel 9:9)

Estudiosos sugerem que sua raiz esteja na palavra hebraica cḥōzeh (‫)חֹ זֶה‬.
Possui o significado de “olhar”, “contemplar”, “profetizar” e “prover”. Vidente aparece
mais de 50 vezes no Antigo Testamento.

Um termo similar a este é “roeh” que designa uma espécie de vidente


específico, que recebia mensagens particulares a um indivíduo. O texto de I Samuel
9 utiliza a expressão roeh, por exemplo.

Nas passagens de II Sm 24:11; I Cr 21:9; 2 Cr 9:29, 29:25 e Am 7:12 o termo


vidente revela um ofício ministerial comum no Antigo Testamento. Nessa época, era
comum a prática de consultar o profeta. O termo provavelmente antecede
cronologicamente a NABI.

Seja qual for o caso, o Vidente era o homem responsável por comunicar às
pessoas a vontade de Deus.

● Atalaia (ou pastor):

Outros termos que designam o ministério profético eram Atalaia e pastor,


porque eles deveriam dirigir, orientar e encaminhar o povo a Deus. Outra autoridade
religiosa chamada de pastor era o Sacerdote. Isso significa que tanto o profeta quanto
o sacerdote tinham a missão de conduzir o povo a Deus.
Há, entretanto, uma diferença entre eles: enquanto o sacerdote tinha a missão
de representar o povo diante de Deus, o profeta representava-O diante do povo. Era
usado ainda o termo “Vigia”, pois ele tinha a função de atentar para a maneira como
o povo estava se conduzindo e alertá-lo quanto às consequências de suas ações.

● Servo do Senhor:

“Certamente o Senhor DEUS não fará


coisa alguma, sem ter revelado o seu
segredo aos seus servos, os profetas.”
(Amós 3:7)

Outro termo utilizado para designar o profeta é “Servo do Senhor”, “Homem do


Espírito” e “Santo Homem de Deus”. Isso se dá porque o profeta era alguém sensível à ação
do Espírito de Deus. Ele precisava manter contínua comunhão com o Senhor para que, no
momento que o Senhor quisesse trazer a revelação, ele estivesse pronto para recebê-la.

Definição de profecia

Ao definir profecia no contexto do Antigo Testamento, precisamos entender que esta


era a mensagem transmitida da parte de Deus, através de seu mensageiro, para levar a
nação a entender a vontade do Senhor.

Observe que, embora grupo de profetas das nações pagãs estivessem acostumados
a profetizar em estado de “êxtase” ou “transe”, os profetas do Senhor comunicavam sua
mensagem de outras formas, em perfeito estado de lucidez. A consciência do profeta
continua ativa no processo da visão e o profeta tinha absoluta compreensão do que lhe estava
acontecendo. Esta prática de “transe” foi, entretanto, transportada posteriormente para Israel
pelos profetas de Baal e Azera.
O recebimento da profecia

A fonte da atividade profética era o contato com Deus. Por meio do contato com Deus,
o profeta vivia uma experiência pelo meio da qual era recebida a mensagem para transmiti -
la ao povo. O objetivo da profecia era provocar no povo uma mudança para haver uma
adaptação àquilo que Deus queria.
“A palavra anunciada por muitas vezes
está centrada no anúncio de falhas
humanas ou da sociedade daquele
período. Assim, o profeta trazia a palavra
com a intenção de animar o indivíduo ou
a população a buscar mudança. Por
vezes ela serviu de consolo para pessoas
e povos sem esperança”

A palavra profética era recebida por palavras audíveis, face a face - Deus falava
com o profeta (Êx. 33:11). Existem, porém, outras formas de recebimento da mensagem
profética: Visões e sonhos (Jó 33:14-15).

As visões eram recebidas pelos profetas de forma sensitiva, imaginativa e intelectiva.


A visão sensitiva leva este nome porque o profeta a sentia de forma tão realista que tinha a
sensação de que o fato estava ocorrendo no exato momento da visão. A Visão imaginativa
era apenas percebida com os sentidos internos. A visão seria intelectiva quando, por meio
dos olhos, o profeta contemplava um acontecimento diante de si, como Ezequiel na visão do
Rio Quebar.

Vale ressaltar que o profeta recebia a mensagem de forma clara, ou seja, ele entendia
exatamente o que o Senhor queria revelá-lo. Naturalmente, em relação às visões futurísticas
o profeta não tinha total compreensão do seu significado. Hoje, porém, quando analisamos a
profecia, temos um espaço temporal, geográfico e linguístico muito grande entre nós e o
profeta, o que pode trazer-nos alguma dificuldade na compreensão do significado da profecia.

Por isso, é preciso pesquisar, analisar e conhecer o contexto político, social, cultural
e militar da época em que a profecia foi transmitida. Só assim pode-se compreender o que o
profeta estava querendo transmitir para o povo de seus dias e então aplicá-la para nós. Em
Hb 1:1 o autor menciona que no contexto do Antigo Testamento Deus falava pelos profetas.
Isso revela que os Escritores Sacros da dispensação da graça reconhecem a autoridade do
ministério profético.

A prática profética.

“Havendo Deus antigamente falado


muitas vezes, e de muitas maneiras, aos
pais, pelos profetas, a nós falou-nos
nestes últimos dias pelo Filho,”
(Hebreus 1:1)

A primeira forma da prática profética é por palavras: os profetas transmitiram de forma


humana a revelação que receberam do Senhor. O profeta precisava transmitir em palavras
aquilo que Deus lhe estava mostrando por visão. Esta retransmissão da mensagem levava o
profeta a apelar para comparações das mais variadas para levar o povo a entender o que
Deus estava dizendo. Por esta razão, o profeta se utiliza de simbolismos (Deus é
representado como noivo ou marido e Israel, como noiva e esposa infiel) e também de
antropomorfismos (atribuir a Deus forma humana - mãos, pés, ouvidos) e antropopatismos
(atribuir a Deus sentimentos humanos).

A profecia dentro e fora de Israel

A profecia não era uma exclusividade de Israel. A prática comum do profeta em israel
era, entretanto, diferente das outras, uma vez que não apresentava o caráter extático
presente em tantas outras culturas. O próprio profeta Jeremias 29:7,8 faz uma menção da
possibilidade de manifestações proféticas nas nações vizinhas:
“E procurai a paz da cidade, para onde
vos fiz transportar em cativeiro, e orai por
ela ao Senhor; porque na sua paz vós
tereis paz.
Porque assim diz o Senhor dos Exércitos,
o Deus de Israel: Não vos enganem os
vossos profetas que estão no meio de
vós, nem os vossos adivinhos, nem deis
ouvidos aos vossos sonhos, que sonhais;
Porque eles vos profetizam falsamente
em meu nome; não os enviei, diz o
Senhor.”
(Jeremias 29:7-9)

Para compreender o contexto de Israel, devemos analisar também o estado das


nações vizinhas. Apesar da semelhança, o profetismo de Israel foi um fenômeno ímpar, ao
menos no fator ético-religioso (isso fica especialmente claro no caso dos profeta literários,
pois os escritores nos deixaram documentos que facilitam a compreensão de seus objetivos,
seu estilo e seu contexto). Seguem abaixo alguns exemplos de ocorrências de profetismo em
nações vizinhas:

● Egito:

greisemen e lincovsky fazem uma correlação entre as experiências do


fenômeno profético com as experiências "extática" do Egito. Há, entretanto,
pesquisadores como Selim e Rolshed que rejeitam essa comparação, uma vez
que há casos de profecia extática no Antigo Testamento: a expressão
empregada para descrever o transe de Eldade e Medade, por exemplo, é a de
uma profecia extática, e é por isso que o evento incomoda Josué. Em 1
Samuel, Saul também profetiza entre os filhos de Israel. Aqui, a expressão
original indica alguém em transe, fora de controle, e era esse tipo de
comportamento que havia nas profecias egípcias.

● Sumérios:

Há pelo menos um acontecimento entre os sumérios. A história nos conta de


um homem intitulado “lunanabatu” ou "aquele que entra no céu".
● Mesopotâmia:

A literatura acadiana apresenta casos de profetismo. Há, inclusive, quem


acredite que Nabi venha do termo “Nabu”. A palavra utilizada para designar
um profeta extáticos é "baru", a mesma expressão empregada para descrever
Balaão, contratado por Baraque para profetizar contra os filhos de Israel.

● Canaã:

Também há ocorrências do profetismo na terra de Canaã. Vide, por exemplo,


a rivalidade existente entre o baalismo e os profetas de Azera contra o culto
monoteísta de Israel.

● Outros:

Há ainda outros casos de culturas que manifestaram instâncias de profetismo


como, por exemplo, a Assíria e a Arábia. Dentre esses, um merece destaque
especial: mm povo mesopotâmico chamado mari manifestou revelações de
caráter profético semelhantes aos de Israel nos seguintes aspectos:

a. Os profetas eram homens, não vivendo exclusivamente de suas


profecias e possuindo atividades entre o povo.
b. A condição de um profeta era aquela de um mensageiro, alguém que
foi enviado para repassar uma mensagem.
c. Os profetas possuíam autoridade divina e podiam comunicar sua
mensagem oral diretamente ao rei.
d. As mensagens do profeta eram normalmente transmitidas em tempo
de crise.
e. Havia uma hierarquia sacerdotal, dividindo-os em funções
específicas.

● Apesar disso, há também importantes distinções que devem ser observadas:

a. Na condição de servos do Senhor, o apelo ético dos profetas de Israel


é incomparável.
b. As mensagens passadas através dos profetas de Israel costumam
envolver todo o povo, não apenas a aristocracia ou o rei.
c. O profetismo bíblico permaneceu por longos séculos na história de
Israel, não sendo apenas um movimento efêmero e temporário.
Em nenhuma outra cultura o fenômeno do profetismo teve tão grande influência como
em Israel, e apenas em Israel houve profetas independentes e livres para transmitir a
mensagem a quem quer que fosse. Vide os exemplos abaixo:

● O profeta Natã confronta o rei Davi

● O profeta Samuel confronta o rei Saul

● O profeta Elias confronta o rei Acabe e o povo

● O profeta Eliseu exerce grande influência em Israel, Judá e até mesmo na Síria

PROFECIA CLÁSSICA EM ISRAEL

Origens:

No início da história do povo hebreu, eles viviam sob um regime de patriarcalismo


nômade. Nessa época, a organização econômica-social se dá por clãs de laços sanguíneos.
A partir da ocupação da terra prometida, há a introdução dos Juízes e a divisão da terra nas
doze tribos e o desenvolvimento da agricultura, agora possibilitada pela ausência do
nomadismo.

A diferença entre a descendência de abraão é o politeísmo e as tribos só respondem


uma pela outra quando inimigos cercavam Israel. A bíblia nos mostra que quando Israel
pecava inimigos cresciam diante deles, quando se arrependiam Deus mandava juízes. O que
distingue é o monoteísmo,

O fim do período dos juízes dá origem à monarquia. Samuel unge a Saul, que se torna
rei em 1020 a.C.. Cerca de 20 anos depois, o governo de Saul não foi exatamente bem
sucedido. Davi sucede Saul em aproximadamente 1000 a.C.. Davi reina por
aproximadamente 40 anos, lutando em guerras para preservar a soberania da nação e
conseguindo entregar a seu filho, Salomão, uma nação segura e bem-estabelecida.

O culto em Israel está estabelecido, a nação se vê forte, o reino, consolidado, e a paz


na região permite a prosperidade. Nessa época há um deslocamento demográfico do campo
para a cidade, de forma que estas se tornam o centro de poder. Em seu reinado, Salomão
promove uma expansão de Jerusalém. O fortalecimento de Israel permite que diversas
alianças sejam consolidadas com as nações vizinhas. Vide, por exemplo, as muitas mulheres
que Salomão tinha como esposas.

Tal grau de avanços, entretanto, demanda dinheiro, de forma que há um aumento de


impostos e burocracia sobre a população. Com a morte de Salomão, o trono passa a Roboão
que, ignorando os anseios da população pela diminuição das cargas tributárias, aumenta
drasticamente os impostos, causando uma divisão no reino.

Depois disso, ambos os reinos sofrem com a decadência. O reino do norte abandona
a religiosidade judaica, adotando para si uma fé sincretista. Judá também vive ciclos de
decadência e restauração, alternando entre monarcas tementes e não tementes ao Senhor.
A violência e idolatria crescem, gerando ainda mais corrupção. Nessa situação de crise, os
profetas de Jeová surgem para alertar as pessoas contra a fuga da observância da Lei.

O profetismo ocorre em momentos de crise acentuada, de forma que Deus manda um


mensageira para fazer sua vontade conhecida. Os profetas vêm respaldados pela Torá, os
livros da lei, para dar validade à sua, mensagem. Amparados pela Lei e orientados por Deus,
eles convocam o povo ao arrependimento.

É também nesse contexto de crise que há o surgimento das escolas de profetas,


que treinavam os vocacionadas para o ministério de profecia.

O primeiro período de profecia demonstra sinais prodigiosos numa época em que a


terra era repleta de paganismo. O ministério de Elias foi uma grande confrontação à idolatria
pagã. Elias atuou no período dos reis Acabe e Acazias, sendo depois sucedido por Eliseu. O
profeta Eliseu estende seu ministério para além das fronteiras de Israel, alcançando também
Judá e a Síria. O projeto desses profetas era fazer ressurgir no povo a fé e a disposição de
adorar a Deus.
Época da profecia clássica em Israel

A época da profecia clássica em Israel começa aproximadamente no século 8 a.C.,


abrangendo a época invasão da Síria às 10 tribos do norte (em 722 a.C.) e o cerco de
Nabucodonosor a Jerusalém (em 586 a.C.):

● Período pré-exílico (750 a.C. a 586 a.C.): é marcado principalmente por um profundo
desvio moral. Amós e Oséias repreendem e alertam o povo de Israel no norte. No sul,
Isaías, Miquéias, Naum, Sofonias, Habacuque e Jeremias buscam levar o povo ao
arrependimento.

● Período exílico (586 a.C. a 538 a.C.): Judá é aprisionada em cativeiro na Babilônia. É
durante o cativeiro que Ezequiel exercerá seus ministério às margens do Rio Quebar,
convidando o povo ao arrependimento

● Período pós-exílico (538 a.C. a 460 a.C.): há o retorno de Judá à sua terra. Ageu,
Zacarias e Malaquias atuam pela restauração do templo, do culto, e o
restabelecimento da nação.

Principais temas da profecia clássica:

● A reafirmação do monoteísmo em frente às religiões pagãs que tentavam se instaurar


no meio do povo.

● A declaração da universalidade de Deus, bem como Sua natureza transcendente e


imanente.

● A santidade de Deus e, portanto, a necessidade do povo pela busca do


arrependimento e perdão.

● Julgamento, isto é, a chegada dia do Senhor.


● Apelo à justiça por parte dos governantes e do povo.

● A restauração dos descendentes de Abraão como nação.

PROFETA ISAÍAS
“JEOVÁ É SALVAÇÃO”

“Mas ele foi ferido por causa das nossas


transgressões, e moído por causa das
nossas iniqüidades; o castigo que nos
traz a paz estava sobre ele, e pelas suas
pisaduras fomos sarados.” (Isaías 53:5)

Introdução:

O ministério do profeta Isaías surge num período crítico para Israel. Seu livro abre a
sessão de profetas clássicos: Depois da morte do rei Salomão, a nação entra num período
de decadência: lugares de culto pagão haviam se tornado comuns, muitos sacerdotes e
profetas eram corruptos, não condenando pecados e aceitando sacrifícios que Deus não
aceitava. Nesse cenário, Deus questiona a legitimidade do culto em Israel.

Aqui vale um adendo: há vezes em que o termo “Israel” é utilizado para fazer
referência a apenas os Reinos do Norte, noutras, entretanto, ele é empregado para ambos.

Isaías surge, então, voltando-se principalmente para Judá. Sua mensagem era uma
de clamor ao povo, convidando-os ao arrependimento. A mensagem de Isaías aponta para o
futuro cativeiro babilônico e, depois, seu livramento e restauração:

O livro de Isaías também é considerado uma Mini Bíblia. Isso de dá por causa das
várias semelhanças que ele possui com o Livro Sagrado:

● Isaías possui 66 capítulos, a Bíblia, 66 livros

● Dos 66 capítulos, 39 tratam da lei, juízo e castigo, sendo primariamente


direcionados aos judeus.

● Os 27 capítulos restantes tratam de temas que atingem amplamente os gentios,


como a vinda do messias, por exemplo.

Autoria:

A tradição nos revela que o autor do livro é o próprio profeta Isaías. Há teólogos do
ramo liberal que questionam essa posição. Segundo eles, Isaías escreveu apenas do capítulo
um ao 39, e o restante do texto foi completado por outra pessoa (ou outras pessoas). Tal
ceticismo é reprovado pela teologia pentecostal.

Temas principais:

a. Santidade: o texto possui um grande enfoque em santidade. Ele se apresenta de duas


formas: na exaltação da santidade de Deus e na convocação ao povo para o
arrependimento e santificação.

b. Punição: o livro é repleto de mensagens condenatórias contra o pecado tanto de Israel


quanto das nações vizinhas.

c. Salvação: aqui apresentada na forma de livramento do cativeiro babilônico e


apresentação profética do ministério do messias.

d. O messias: Isaías tratou amplamente de temas messiânicos, e em seu texto podemos


encontrar diversos detalhes sobre a vinda de Cristo.

e. Esperança: a restauração do reino de Judá.


Sobre o profeta:

Sugere-se que o profeta Isaías tenha sido criado num lar aristocrático. Foi
contemporâneo dos profetas Oséias, Amós e Miquéias e profetizou nos reinados de Uzias,
Jotão, Acaz e Ezequias.

Estima-se que o profeta Isaías atuou entre os anos 740 e 680 a.C. Seu chamado para
o ministério profético se dá no ano da morte do rei Uzias e há relatos no texto da morte de
Senaqueribe (mencionada em Is 37:37,38), que morreu em 680 a.C.

A tradição judaica nos diz que Isaías morreu no tempo de Manassés, serrado ao
meio a mando do rei. Talvez seja a esse acontecimento que o autor de Hebreus faz
referência quando escreve sobre o “hall dos heróis da fé”.

Sabe-se ainda que Isaías escreveu outro livro além, descrito em 2 Crônicas:

“Quanto ao mais dos atos de Uzias, tanto


os primeiros como os últimos, o profeta
Isaías, filho de Amós, o escreveu.”
(2 Crônicas 26:22)

Alguns pontos acerca de Isaías:

1. Isaías é considerado o maior profeta de todo o Antigo Testamento

2. É comumente intitulado de “O Profeta Messiânico” devido à quantidade de referências


a Cristo em seus textos. De fato, tamanha é a concentração de referências a Jesus
que Isaías é considerado o Quinto Evangelho.

3. É mencionado pelo menos 50 vezes no Novo Testamento.

4. Foi consistente e perseverante no desempenho de seu ministério, apesar da


relutância com que seus ouvintes receberam as palavras duras de suas profecias. Por
três anos e meio, Isaías andou nu para evidenciar a vergonha do cativeiro que cairia
sobre o povo.

5. Devido ao fato de suas profecias estarem bastante deslocadas no futuro, Isaías


morreu desacreditado.

Esboço:

1. Capítulo 1:1 a 6:3 - uma mensagem de juízo e esperança. Os primeiros cinco capítulos
são os chamados “ditos proféticos” que iniciam-se com um “Ai”.
2. Capítulo 6:1 - aqui ocorre a mensagem específica de Isaías para o ministério profético
e sua consagração.

3. Capítulo 7:1 a 12:6 - profecias de libertação e salvação.

4. Capítulo 4, 9 e 11 - o advento e poder do messias.

5. Capítulo 13:1 a 24 - o juízo de Deus sobre as nações. Aqui há profecias contra os


povos vizinhos de Israel.

6. Capítulo 25: juízos e promessas para o futuro de Judá.

7. Os “Ais” de julgamento dos Ditos proféticos.

8. O Dia do Senhor: o dia da manifestação do julgamento do Senhor.

9. Capítulo 36:1 a 39:8 - o reinado do rei Ezequias e o livramento concedido a ele.

10. A mensagem de libertação do cativeiro para uma nação que ainda não se encontra
dominada por estrangeiros. Essa é uma das razões pelas quais a mensagem de
Isaías é odiada pelo povo.

11. Capítulo 40:1 a 48:22 - o Senhor traz para Judá uma mensagem de consolo: a
Babilônia cairá e seus ídolos serão destruídos.

12. Capítulo 49:1 a 57:21 - aqui há uma profecia especificamente messiânica. Esses
capítulos tratam do nascimento de Cristo e os sofrimentos pelos quais passaria.

13. Capítulo 61 - há aqui a proclamação da Salvação anunciada desde o capítulo 58:1.

14. Capítulo 66:24 - a mensagem de consolo e a paz para o futuro povo de Judá.
PROFETA JEREMIAS
“JEOVÁ ESTABELECE”

“Palavras de Jeremias, filho de Hilquias, um


dos sacerdotes que estavam em Anatote, na
terra de Benjamim; Ao qual veio a palavra do
Senhor, nos dias de Josias, filho de Amom, rei
de Judá, no décimo terceiro ano do seu
reinado. [...] Assim veio a mim a palavra do
Senhor, dizendo: Antes que te formasse no
ventre te conheci, e antes que saísses da
madre, te santifiquei; às nações te dei por
profeta.”
(Jeremias 1:1-2,4-5)

O profeta:

Contemporâneo de Sofonias, Naum e Habacuque, Jeremias é conhecido como “o


Profeta das Lágrimas”. Nasceu em Anatote, um pequeno vilarejo a três quilômetros de
Jerusalém por volta de 650 a.c. no período final do reinado de Manassés.

Jeremias foi um homem materialmente pobre. Nasceu numa família carente e recebeu
uma ordem de Deus para que jamais se casasse. Por cerca de 40 anos ele exerce seu
ministério como porta-voz de Deus.

Seu ministério inicia-se no período do reinado de Josias, um monarca temente ao


Senhor. Foi este rei que reabre o templo e restaura o sacerdócio. O ministério do profeta
estende-se para além deste rei, entretanto, também atuando no reinado de Jeoiaquim,
Jeborias e Zedequias. Seu ministério até mesmo estende-se para depois da queda de
Jerusalém.

Sua mensagem era dura, de forma que o consideravam um trazedor de más notícias
e conclui seus dias de profeta em descrédito. Suas palavras contrariavam o povo, a até
mesmo o rei Jeoiaquim manda jogá-o no calabouço porque Jeremias estimulava a rendição
à Babilônia.

Jeremias tinha um ajudante escriba chamado Baruque. É creditada a Baruque a


organização das profecias de Jeremias. De fato, a competência de seu trabalho preservou os
escritos até os dias de Daniel.

Datação:

O livro foi escrito entre 626 e 586 a.C.

Contexto político:

Josias é rei na terra de Judá, que encontra-se em território disputado pelas duas
potências que a circundavam: a Babilônia e o Egito. O rei Josias é morto numa batalha contra
o rei do Egito, passando o trono para Jeoiaquim. Jeremias traz uma mensagem contra a
decadência moral e insensatez política do governo.

Esboço:

1. Introdução: relato da vocação e o chamado para o ministério.

2. Capítulo 2 a 25 - profecias contra Judá e seus líderes, tanto civis quanto religiosos.

3. Capítulo 1:4 a 20:18 - coleção de oráculos de Jeremias organizados por Baruque, o


escriba.

4. Capítulo 25:15 a 51 - Jeremias profetizando juízo contra as nações vizinhas por causa
do ataque contra Jerusalém.

5. Capítulo 25 - trata do cativeiro babilônico.

6. Capítulo 26 a 45 - uma série de episódios importantes da vida de Jeremias e a maneira


como esses episódios se relacionam com Judá. Jeremias estimula a rendição do povo
e revela a razão do castigo de cativeiro.
7. Capítulo 46 a 51: aqui Jeremias profetiza a queda de Babilônia como punição de Deus
pelo escravizamento de Judá.

8. Capítulo 52: Jeremias relata a queda de Jerusalém e o cativeiro babilônico. Entre suas
profecias há uma mensagem de esperança que aponta para a nova aliança.

Os sofrimentos de Jeremias:

O profeta Jeremias viveu como um homem pobre, sofrendo severas privações por
causa de suas profecias. Além de não possuir muitos bens materiais e não formar família, é
aprisionado por Zedequias em decorrência de sua mensagem dura. Foi também castigado
de outras maneiras: é lançado numa cisterna no capítulo 38, no capítulo 11 é perseguido e
rejeitado. Também é rejeitado pelos vizinhos, amigos e família, sendo expulso de sua
cidade porque planejavam matá-lo. Até mesmo o rei levantou-se contra o profeta:

“E sucedeu que, tendo Jeudi lido três ou quatro folhas, cortou-as com um canivete de escrivão, e
lançou-as no fogo que havia no braseiro, até que todo o rolo se consumiu no fogo que estava sobre o
braseiro. E não temeram, nem rasgaram as suas vestes, nem o rei, nem nenhum dos seus servos que
ouviram todas aquelas palavras. E, posto que Elnatã, e Delaías, e Gemarias tivessem rogado ao rei
que não queimasse o rolo, ele não lhes deu ouvidos. Antes deu ordem o rei a Jerameel, filho de
Hamaleque, e a Seraías, filho de Azriel, e a Selemias, filho de Abdeel, que prendessem a Baruque, o
escrivão, e a Jeremias, o profeta; mas o Senhor os escondera.”
(Jeremias 36:23-26)

Lugares-chave:

● Anatote

● Jerusalém

● Ramá

● Egito

Pontos de destaque:

● Jeremias foi o autor de dois dos cinco livros da sessão de Profetas Maiores do
Antigo Testamento.

● Seu ministério profético aconteceu durante o reinado dos cinco últimos reis de Judá.

● Foi incentivador da grande reforma espiritual ocorrida nos dias do rei Josias.

● Agiu como fiel mensageiro de Deus apesar de todas as circunstâncias.

● Sua tristeza pela queda de Judá rendeu-lhe o título de Profeta Lamentador.


● Mesmo apesar de suas fortes orações, Deus ainda castigou a nação de Judá com o
cativeiro babilônico.

LAMENTAÇÕES
DE JEREMIAS

As misericórdias do Senhor são a causa


de não sermos consumidos, porque as
suas misericórdias não têm fim;
Novas são cada manhã; grande é a tua
fidelidade.
(Lamentações 3:22,23)
Sobre o livro:

As lamentações de Jeremias são consideradas um salmo de lamento pela queda de


Judá. Estudiosos judaicos mencionam que este livro está entre os mais importantes para o
povo judeu, de forma que ainda hoje é lido entre eles ao menos uma vez por ano. A tradição
nos diz que o livro foi escrito no Gólgota, o mesmo monte onde depois Jesus seria crucificado.

O livro possui forte caráter poético, de forma que, no hebraico, os capítulos um, dois
e quatro possuem, cada um, 22 versículos, tal qual as 22 letras do alfabeto hebraico. O
capítulo três possui 66 versículos cuja letra inicial se repete a cada três, formando três
conjuntos de 22. Com exceção do quarto, todos os capítulos terminam com uma oração.
Cada divisão do livro representa uma fase do cerco a Jerusalém.

Esboço:

● Capítulo 1 - é uma oração pelo sofrimento de Jerusalém. Aqui há tristeza e choro


pelos mortos e pela destruição do templo.

● Capítulo 2 - a Tristeza de Sião. Esta é a reação do profeta em prantos diante da


destruição testemunhada e a consciência de Jeremias de que isto é obra do Senhor.

● Capítulo 3 - retrata tanto a severidade quanto a misericórdia de Deus para com seu
povo.
● Capítulo 4 - relata a desobediência do povo e as calamidades resultantes disso.

● Capítulo 5 - aqui Jeremias conclui o livro orando por Jerusalém e clamando por
conversão e arrependimento.

EZEQUIEL
“DEUS FORTALECE”

“No quinto dia do mês, no quinto ano do


cativeiro do rei Jeoiaquim,
Veio expressamente a palavra do Senhor
a Ezequiel, filho de Buzi, o sacerdote, na
terra dos caldeus, junto ao rio Quebar, e
ali esteve sobre ele a mão do Senhor.”
(Ezequiel 1:2-3)

O profeta:

Ezequiel era judeu e filho de Buzi, um sacerdote. Segue para o cativeiro na


Babilônia com aproximadamente 30 anos de idade. Seu livro é datado entre os anos 593 e
573 a.C.
O profeta Ezequiel começa seu ministério no quinto ano de cativeiro, estabelecendo-
se em Tel-Abibe junto ao rio Quebar e transmitindo a Judá o porquê do cativeiro, bem como
anunciando sua salvação. Sua mensagem era transmitida não apenas por suas palavras,
uma vez que vivia na prática aquilo que pregava:

“E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:


Filho do homem, eis que, de um golpe tirarei
de ti o desejo dos teus olhos, mas não
lamentarás, nem chorarás, nem te correrão as
lágrimas.
Geme em silêncio, não faças luto por mortos;
ata o teu turbante, e põe nos pés os teus
sapatos, e não cubras os teus lábios, e não
comas o pão dos homens. E falei ao povo pela
manhã, e à tarde morreu minha mulher; e fiz
pela manhã como me foi mandado.”
(Ezequiel 24:15-18)

Além da perda de sua mulher, há ainda outros casos em que Ezequiel carrega sua
mensagem na prática. O texto do capítulo 4 Deus ordena que o profeta deite-se, durante 390
dias, sempre do lado esquerdo “e põe a iniquidade da casa de Israel sobre ele” (Ez 4:4) e
comendo alimentos cozidos sobre esterco de animais “dei-te esterco de vacas, em lugar de
esterco de homem; e sobre ele prepararás o teu pão.” (Ez 4:15).

Esboço:

· Capítulos 1 a 3 – estando Ezequiel entre os cativos na Babilônia, recebe


visões impactantes que revelam a grandeza e importância de seu
ministério e, em seguida, uma chamada à vida de profeta.

· Capítulo 3:22 a 24:27 – aqui há a destruição de Jerusalém, juntamente


com uma série de oráculos proféticos de julgamento e queda de nações
poderosas ao seu redor. Ao descrever a lista de pecados de Israel,
Ezequiel demonstra que o cativeiro babilônico é justo castigo da parte de
Deus.

· Capítulo 25 a 32 – uma série de profecias contra as nações gentílicas em


torno de Judá e Israel. Aqui há profecias contra Amon, Moabe, Edom, os
Filisteus, Tiro, lamentação contra Sidom, o Egito, Faraó e assim por diante.

· Capítulo 33 a 48 - Aqui Ezequiel traz profecias de restauração para o povo


de Judá. As profecias de Ezequiel são extremamente detalhistas, de forma
que a restauração aqui descrita é trabalhada no texto até os mínimos
detalhes, descrevendo, por exemplo, cada pedaço do Templo a ser
restabelecido.

Pessoas chave:

● Sua esposa

● Os líderes de Israel

● Nabucodonosor

Lugares chave:

● Jerusalém

● Babilônia

● Egito
DANIEL
“DEUS É O MEU JUIZ”

O profeta:

Quarto e último dos Profetas Maiores, Daniel era um jovem de família real que foi
levado à Babilônia em cativeiro com aproximadamente 16 anos de idade (606 a.C.), no fim
do terceiro ano do reinado de Jeoiaquim. Seu livro é considerado o Apocalipse do Antigo
Testamento.

O momento exato do chamado de Daniel para o ministério profético não é explicitado


no texto. Um ponto interessante sobre as visões de Daniel é que elas lhe são passadas
exclusivamente por sonhos ou “visões noturnas”.

Sabe-se que Daniel viveu na terra para onde fora levado até os 90 anos, tornando-se
um membro de alto escalão na corte de Nabudonosor. Tamanhas era a confiança que o rei
tinha para com Daniel que Nabucodonosor agraciou-o com as mais altas posições de governo
em seu reinado. Daniel também serviu aos reis posteriores a Nabucodonosor: Belsazar, Evil-
Merodaque, Nabonido, Dario e Ciro.

A fidelidade de Daniel a Deus faz dele uma referência para os cativos. Desde o
começo, decide não se contaminar pelos pecados abundantes na Babilônia, jamais
afastando-se do Senhor.

Pessoas chave:

• Daniel

• Seus três amigos: Hananias, Misael e Azarias

• Rei Nabucodonosor

• Rei Dario

• Rei Ciro
Esboço:

• Capítulo 1:1-21 – A fidelidade a Deus na vida de Daniel ao decidir não se


contaminar com os banquetes do rei.

• Capítulo 2:1-49 – No capítulo segundo, Nabucodonosor manda que os sábios


interpretem o sonho que teve, mas que não se lembra de seu conteúdo. El fica
irado diante da incapacidade dos sábios de fazê-lo e manda matá-los. É aí que
surge Daniel, que pede dois dias para o rei e retira-se para orar com seus
companheiros. O Senhor traz tanto o conteúdo quanto a interpretação dos sonhos
do rei em visão durante o sono de Daniel.

• Capítulo 3 – o evento da estátua de ouro que lança Sadraque, Mesaque e Abede-


Nego na fornalha de fogo ardente. Presume-se que Daniel não esteja presente
nesse momento por estar viajando a mando do rei.

• Capítulo 4 – um novo sonho de Nabucodonosor: a árvore cuja copa alcançava o


céu. Este sonho também é interpretado por Daniel.

• Capítulo 5 – Nabucodonozor não mais governa sobre a Babilônia, sendo sucedido


por Belsazar. Há aqui o evento da mão misteriosa durante o banquete do rei.

• Capítulo 6 – sob o reinado de Dario, Daniel é lançado na cova dos leões por causa
do decreto do rei.

• Capítulo 7 – aqui acontece a primeira visão dita apocalíptica de Daniel: os quatro


animais simbólicos e a representação do império do anti-Cristo.

• Capítulo 8 – a segunda visão, esta com dois animais: o bode e o carneiro.

• Capítulo 9 – aqui ocorre visão de Daniel acerca das 70 semanas. Daniel ora, a
partir do segundo versículo, pela libertação do povo do cativeiro:
“No primeiro ano do seu reinado, eu,
Daniel, compreendi pelas Escrituras,
conforme a palavra do Senhor dada ao
profeta Jeremias, que a desolação de
Jerusalém iria durar setenta anos. [...]
Senhor, ouve! Senhor, perdoa! Senhor,
vê e age! Por amor de ti, meu Deus, não
te demores, pois a tua cidade e o teu
povo levam o teu nome.”
(Daniel 9:2,19)

• Capítulo 10 – estando Daniel num período de jejum e oração, aparece-lhe a visão do


homem às margens do rio Tigre.
• Capítulo 11 - Daniel retrata o surgimento do império medo-persa e sua queda, o
surgimento do império grego e sua divisão e os conflitos entre o reino do norte e do
sul.

• Capítulo 12 – Conclusão do livro.

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