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Aula 8 | Questões dissertativas para concurso: teoria e prática

Luciene Cavalcante

● Pedagoga formada pela USP.


● Cursou o mestrado em Educação na Unicamp.
● Concursada da rede municipal de São Paulo desde 2002.
● Foi professora e diretora de escola, hoje é supervisora escolar.
● Foi professora da rede estadual de SP.
● Advogada e pesquisadora em direito educacional.

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Importante ressaltar, aviso da FGV no caderno de provas:

Reserve tempo suficiente para o preenchimento de suas respostas. Para fins


de avaliação, serão levadas em consideração apenas as marcações realizadas
na folha de respostas da prova objetiva e nas folhas de textos definitivos, não
sendo permitido anotar informações relativas às respostas em qualquer outro
meio que não seja o caderno de provas;

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Concurso: Diretor 2015 - VUNESP

Leia atentamente cada parágrafo para responder adequadamente às questões.


Utilize informações, concepções e argumentos constantes na bibliografia do Edital
do Concurso.

QUESTÃO 1

No Brasil, a Educação Integral é considerada um direito. Para que esse direito seja
atendido, são criadas estratégias como, por exemplo, a ampliação da jornada de
estudos. Imagine um profissional que responde pela Direção de uma escola e
precisa saber que programa foi adotado pela Secretaria Municipal de Educação
para garantir a Educação Integral como direito, e o que os membros da escola
devem fazer para que esse programa seja colocado em prática. Pensando nisso,
elabore um texto, organizado em duas partes, contendo respostas para os itens a
seguir:

a) Mencione e descreva, em poucas palavras, o programa que foi adotado na


cidade de São Paulo como estratégia para atender ao direito de Educação Integral
dos estudantes.

b) Cite ações que a gestão democrática da escola pode empreender para


concretizar a segunda dentre as sete prioridades municipais, aquela que menciona
a Educação Integral de crianças e jovens e abertura das escolas.

RESPOSTA ESPERADA E FUNDAMENTAÇÃO

A) A Prefeitura Municipal de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Educação,


adotou o Programa Mais Educação, proposto pelo governo federal, como estratégia para
atender ao direito de Educação Integral dos estudantes. O Programa Mais Educação utiliza
estratégias voltadas para a promoção do aumento da permanência dos alunos nas escolas.
Os projetos e planos de ação são concebidos pelas escolas com o objetivo de ampliar
espaços educacionais, expandir oportunidades educativas, por meio do compartilhamento
da tarefa de educar entre professores, família, comunidade e outros atores.

B) Foram julgadas corretas as respostas que identificavam 4, das setes, prioridades


municipais descritas na Revista Magistério. O candidato deveria demonstrar conhecimento
da bibliografia exigida, bem como, articular e exemplificar as ações que a gestão
democrática da escola pode empreender para concretizar a Educação Integral de crianças e
jovens e abertura das escolas.
Dentre as sete prioridades definidas para a cidade de São Paulo, consta a abertura das
escolas como forma de promover a Educação Integral de crianças e jovens. Para isso, as
ações que podem ser efetivadas são:
1 – Implementar programas que integrem educação, cultura, esporte, lazer, ciência e
tecnologia, que promovam a ampliação progressiva do tempo de permanência de crianças e
jovens na escola;
2 – Consolidar, com a participação da comunidade, um projeto político-pedagógico e uma
organização curricular interdisciplinar, que tenha o trabalho, a ciência, a tecnologia e a
cultura como eixos integradores e possibilitem a compreensão do trabalho e da produção, a
educação física, a iniciação científica e a formação cultural, com ênfase em atividades de
artes e uso de novas mídias e tecnologias;
3 – Intensificar investimento nos processos de gestão pedagógicas nas escolas, de modo a
articular professores e direção com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do projeto
político-pedagógico, com ênfase no acompanhamento da realização do currículo e na
investigação sobre as potencialidades e dificuldades dos estudantes, tendo-se em conta
seus tempos e ritmos;
4 – Fortalecer os Conselhos de Escola e outras formas de organização e manifestação
estudantis visando assegurar espaços e o direito à participação e expressão dos jovens e o
fortalecimento do diálogo como forma de resolução de conflitos;
5 – Abrir as escolas para realização de atividades culturais e esportivas a partir da
integração de políticas culturais de esporte e lazer;
6 – Integrar as políticas educacionais, culturais, de esporte, lazer, geração de emprego e
renda, do trabalho e também aquelas voltadas à inclusão, à igualdade racial e de gênero.
QUESTÃO 2

A equipe da Divisão de Orientação Técnica (DOT), da SME-PMSP, publicou na


Revista Magistério 4 uma entrevista com o diretor do INEP, José Francisco Soares,
na qual o tema do direito à instrução e ao aprendizado é apresentado de forma
entrelaçada à avaliação das aprendizagens dos alunos.
A partir desse estudo, elabore um texto no qual conste:

a) A possível relação entre os aspectos: instrução e aprendizado como direitos dos


estudantes – avaliação como forma de registro das aprendizagens.

b) Uma reflexão a respeito de práticas avaliativas realizadas no interior da escola e


as avaliações realizadas por instituições externas à escola.

RESPOSTA ESPERADA E FUNDAMENTAÇÃO

a) Quem precisa da escola, precisa aprender. Aprender liberta. A instrução é um


direito de todos e um dever do Estado e da família segundo o artigo 205 da
Constituição brasileira. Registrar e gerenciar os resultados da aprendizagem faz
com que seja possível verificar se esses direitos foram atendidos.

b) A avaliação é importante porque analisa o registro das aprendizagens. Ela ocorre


em dois momentos, o da avaliação interna, realizada pelo professor, e o da
avaliação externa, realizada por instituições extraescolares. A Prova Brasil é um
exemplo de avaliação externa que serve como instrumento para que sejam
detectados os níveis de aprendizagem dos alunos e para que a sociedade possa
cobrar a escola, caso as crianças não estejam aprendendo. Algumas pessoas
consideram que, se a avaliação interna fosse boa, não seria necessária a avaliação
externa, no entanto, é importante ter uma visão geral de como se comporta o
desempenho estudantil no país, como um todo, e a avaliação externa também tem
essa função. Exemplo dessa possibilidade de visualização em abrangência nacional
é o IDEB, Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, que utiliza indicadores
das avaliações externas com a intenção de permitir comparar diferentes escolas e
diferentes regiões do pais. Para isso, é necessário todo um sistema que colete e
gerencie os dados avaliativos. Por meio destes resultados nacionais é possível
pensar em políticas para melhoria da educação no país. Uma das dificuldades para
a realização das avaliações do desempenho estudantil é a ausência de uma
definição consensual sobre o que a criança deve aprender. Mesmo tendo sido
prevista na LDB que o currículo nacional deve ser composto por uma base comum
nacional acrescida de uma parte diversificada, essa base comum nacional ainda
não está definida. Por outro lado, essa indefinição confere maior autonomia e
responsabilidade para as escolas e para os educadores que definem as
competências que a criança devera dominar para viver integradamente na
sociedade e os saberes necessários para a construção dessas competências e,
com base nessas definições, montam e aplicam instrumentos que lhes permitem
avaliar o aprendizado dos alunos, e tomar decisões que possam corrigir problemas
ligados à aprendizagem.

QUESTÃO 3

Considere a seguinte situação-problema:


Um educador que, recentemente, assumiu o cargo de diretor, constatou que
a escola de ensino fundamental para onde foi designado localizava-se numa região
próxima a uma grande represa, e os 1500 alunos matriculados na escola eram,
predominantemente, provenientes de famílias instaladas em áreas de preservação
ambiental que foram invadidas. Nessa escola, o corpo docente mostrava muita
rotatividade, sendo composto por 15% de docentes que trabalhavam na escola há
cerca de dez anos, 50% há três anos, e 35% dos docentes acabaram de ingressar.
O corpo operacional e administrativo, por sua vez, possuía outro perfil: 85%
residiam na região e trabalhavam na escola há mais de dez anos e 15% há, pelo
menos, cinco anos.
Considerando a reflexão colocada por Vitor Paro a respeito dos papéis de
gerente, administrador e diretor de escola, e considerando, também, que o conteúdo
da Portaria SME no 5.930/13, datada de 14.10.2013, regulamentou o Decreto no
54.452, de 10.10.13, que instituiu o Programa de Reorganização Curricular e
Administrativa, Ampliação e Fortalecimento da Rede Municipal de Ensino de São
Paulo – “Mais Educação São Paulo”, menciona cinco eixos de ações para que as
finalidades do Programa sejam alcançadas e que um desses eixos se refere à
Gestão, responda:

a) Qual é o papel do projeto político-pedagógico de uma escola?

b) Na situação descrita, de quem é a incumbência e responsabilidade pela


elaboração do projeto político-pedagógico da escola e quais suas implicações para
o regimento educacional?

RESPOSTA ESPERADA E FUNDAMENTAÇÃO

a) De acordo com a legislação educacional da cidade de São Paulo, o papel do


Projeto Político-Pedagógico (PPP) de uma escola é articular as diferentes ações da
gestão cotidiana das Unidades Educacionais, bem como promover a valorização da
equipe escolar por meio da efetiva mobilização do potencial dos educadores.

b) Na situação descrita, quem assume a direção da escola deve coordenar o


trabalho dos educadores, estimulando seu relacionamento interpessoal para que o
conhecimento de uns complemente o conhecimento de outros, ou seja, todos são
envolvidos na elaboração do PPP, independentemente do seu tempo de experiência
profissional, formação ou local de residência. A participação dos demais servidores
da escola e dos membros da comunidade é bem-vinda durante todo o processo de
elaboração do PPP e da efetivação das ações previstas nele. Espera-se que o
candidato não expresse qualquer tipo de preconceito relativo à participação da
comunidade, independentemente da condição econômica ou do nível educacional
dos servidores da escola e das famílias dos estudantes. Por gozar de relativa
autonomia administrativa, o conteúdo do PPP implica em ajustes no Regimento
Educacional que, em certos casos, precisará ser reelaborado, pois é nele que
constam as normatizações e as definições de como a escola se organizará e
funcionará para que o Projeto Político Pedagógico seja executado. Posteriormente,
o Regimento Educacional deve ser encaminhado para aprovação da Secretaria
Municipal de Educação, por meio das respectivas Diretorias Regionais de
Educação. O diretor exerce papel importante na articulação da comunidade escolar,
interna e do entorno, buscando mecanismos para que suas potencialidades aflorem
em prol da coletividade e para que se superem possíveis limites impostos por
diferenças de idade, gênero, culturais ou outras.

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