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O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA POR MEIO DA MÚSICA

Teaching English Language through Music

Acadêmico(a): Murillo Eduardo de Souza Lemos


Orientadora: Profa. Ma. Loyanny Alves Ramos
INTRODUÇÃO

• A aprendizagem de línguas estrangeiras apresenta diferentes desafios para muitos estudantes ao redor do
mundo.
• Santos e Mastrella-de-Andrade (2016, p. 542) afirmam que o ensino de língua inglesa desvela “questões de
classe social, ou seja, o acesso a bens e consumo na sociedade globalizada não se dá de forma igualitária”.
• O acesso ao ensino de língua inglesa é direito de todos cidadãos.
• A aprendizagem dessa língua, muitas vezes, tem sido reservada àqueles cidadãos que têm condições de pagar
por isso.
• Por esse motivo, é preciso refletir sobre a práxis pedagógica e a abordagem que damos ao ensinar inglês para
que esse direito torne-se, efetivamente, uma garantia de todos e todas.
INTRODUÇÃO
• O inglês desempenha um papel fundamental na comunicação global e no acesso a oportunidades
educacionais e profissionais (BECHTOLD et. al., 2022).

• Em busca de estratégias eficazes para o ensino e a aprendizagem do inglês, educadores e pesquisadores


têm explorado diversas abordagens pedagógicas ao longo dos anos (BECHTOLD et. al., 2022). Uma
dessas abordagens, que ganhou destaque nas últimas décadas, é o uso da música como ferramenta
pedagógica no ensino de línguas estrangeiras, especialmente o inglês.

• Essa abordagem envolvente e lúdica tem o potencial de cativar os alunos, tornando o processo de
aprendizagem mais prazeroso e eficiente.
INTRODUÇÃO
• A música, junto ao ensino língua inglesa, pode proporcionar boas experiências em muitos aspectos da
vida, indo desde a educação, formação cidadã e profissional. Assim, saber o inglês é uma competência
valiosa que pode abrir portas para oportunidades em todo o mundo.

• Esse instrumento de ensino pode ser usado não somente por professores com habilidades na música, mas
por todos os educadores que queiram manter seus alunos motivados (BECHTOLD et. al., 2022).

• Gainza (1998) aponta que as características da música como a melodia e o ritmo ajudam a internalizar a
cadência e a entonação do inglês, tornando a fala mais fluente.
OBJETIVO

• O presente trabalho se propõe a descrever o uso da música a refletir sobre


a sua eficácia como uma ferramenta no ensino da língua inglesa.
Exploraremos como a música pode ser integrada de maneira significativa
no ambiente de sala de aula, promovendo o desenvolvimento das
habilidades de escuta, fala, leitura e escrita em inglês.
A MÚSICA E A LINGUÍSTICA APLICADA CRÍTICA

• No que diz respeito ao ensino de língua inglesa, é essencial que o/a professor/a demonstre a importância
do idioma na formação do/a estudante, ofereça oportunidades para o uso da língua, apresente uma ampla
variedade de textos aos alunos, fazendo com que eles produzam e atribuam significados (BRASIL, 2002)
Metodologia
• O desenvolvimento deste estudo se baseia no trabalho realizado no Centro de Ensino de Período Integral
(CEPI) de aplicação Osório Raimundo de Lima, escola pública da cidade de Iporá que atende estudantes
do Ensino Fundamental II ao Ensino Médio. Dessa maneira, baseamo-nos em experiências do estágio
supervisionado do Programa de Residência Pedagógica (PRP).
• A realização do projeto teve duração de seis meses, com turmas das terceiras séries do Ensino Mèdio,
sob a perpectiva de verificar o conhecimento prévio dos alunos e fazer com que os objetos do
conhecimento estudados fossem absorvidos de maneira satisfatória e proveitosa.
A MÚSICA E A LINGUÍSTICA APLICADA CRÍTICA

• Para tanto, trabalhamos com músicas, todas pertencentes a um mesmo estilo musical: o rock. São elas:
Take on Me (A-ha) 1985, Lonely Day (System of a Down) 2005, Behind Blue Eyes (The Who) 1971,
Patience (Guns’n Roses) 1988 e A Sky Full Of Stars da banda Coldplay 2014. Através dessas canções,
exercitamos as habilidades de listening e speaking, cantando as músicas que, por meio da melodia,
cooperam com uma maior fixação (GAINZA, 1998).
• Usamos recursos como instrumentos musicais (violão), também reprodutores de mídias de áudio e
material impresso. Ademais, por contar histórias podemos abordar temas cotidianos como: ética,
sexualidade e identidade.
• A experiência vivida no PRP suscitou reflexões sobre o ensino de língua inglesa e motivou a escrita
dessa temática e a escolha do arcabouço teórico.
A MÚSICA E A LINGUÍSTICA APLICADA CRÍTICA

• A Linguística Aplicada (LAC) se apresenta como uma ferramenta poderosa para abordar temas sensíveis,
de forma inclusiva, informativa e respeitosa. Através da linguagem, podemos criar um ambiente de sala
de aula onde os alunos se sintam seguros para expressar suas experiências e aprender mais sobre a
diversidade humana. A LAC “possibilita todo um novo conjunto de questões e interesses, tópicos tais
como identidade, sexualidade, acesso, ética, desigualdade, desejo ou a reprodução da alteridade, que até
então não tinham sido considerados como de interesse em LA” (PENNYCOOK, 2007, p. 68).
• Sob o viés da LAC, os estudantes, através de atividades e textos (música), puderam explorar como a
linguagem influencia a percepção de identidade e como as palavras e expressões podem refletir
estereótipos e preconceitos.
• Na execução do Projeto de Residência Pedagógica, consideramos as diretrizes da BNCC (BRASIL,
2017) e os Parâmetros Nacionais Curriculares para o Ensino Médio (PCN) (BRASIL, 1999) a fim de que
a aprendizagem fosse alcançada de acordo com a concepção de ensino norteada pelos principais
documentos oficiais que orientam a prática docente.
A MÚSICA E A LINGUÍSTICA APLICADA CRÍTICA

• A LAC seria “uma nova forma de conhecimento interdisciplinar” (PENNYCOOK, 2007, p. 67), fazendo
como uma forma de pensar crítico e problematizador.

• Willems (1970 apud GAINZA, 1988) argumenta que a melodia tem o poder de estimular a afetividade.
Além disso, a ordem e a estrutura musical, seja na harmonia ou na forma musical, desempenham um papel
ativo na afirmação e restauração da ordem mental do ser humano.

• A música não substitui o restante da educação, ela tem como função atingir o ser humano em sua
totalidade” (GAINZA,1988).

• A música seria um meio para permitir uma práxis pedagógica que contempla os eixos organizadores do
componente curricular língua inglesa que são: a oralidade, a leitura, a escrita, os conhecimentos
linguísticos e a dimensão intercultural (BRASIL, 2017).
A MÚSICA NO PROCESSO DE ENSINO DE LÍNGUA INGLESA

• A utilização da música no processo de ensino de língua inglesa tem raízes históricas e culturais
profundas.
• Segundo Gobbi (2001), a música era usada pelos gregos como instrumento de ensino.
• nas décadas de 1960 e 1970, houve um aumento significativo no interesse por abordagens comunicativas
no ensino de línguas estrangeiras (GOBBI, 2001).
• A música foi vista como uma ferramenta motivacional e envolvente para os alunos, oferecendo uma
abordagem lúdica e culturalmente rica para o aprendizado de línguas.
• Nesse momento, a música foi reconhecida como uma forma autêntica de expressão linguística,
proporcionando uma exposição mais real à língua-alvo. Além disso, os educadores começaram a
perceber que as letras das músicas podiam oferecer oportunidades valiosas para a prática de vocabulário
e gramática (GOBBI, 2001).
A MÚSICA NO PROCESSO DE ENSINO DE LÍNGUA INGLESA

• Com os avanços tecnológicos do século XXI, a música tornou-se ainda mais acessível em sala de aula. A
disponibilidade de recursos online, como vídeos musicais, letras de músicas e atividades interativas,
ampliou as possibilidades de integração da música no ensino de línguas estrangeiras.
• A abordagem centrada no aluno também ganhou destaque, incentivando a participação ativa dos alunos
na escolha e exploração de músicas que refletissem seus interesses culturais e pessoais.
• Ao longo desse desenvolvimento, diversos estudos acadêmicos foram conduzidos para investigar os
benefícios específicos da utilização da música no processo de ensino-aprendizagem de línguas
estrangeiras.
• Esses estudos abordam temas como a melhoria da pronúncia, o desenvolvimento da compreensão
auditiva, a expansão do vocabulário e a promoção de uma experiência mais motivadora e envolvente
para os alunos.
O PAPEL DA MÚSICA NO ENSINO DE INGLÊS

• A música desempenha um papel significativo no processo de ensino-aprendizagem de língua inglesa,


proporcionando uma abordagem envolvente e eficaz para os estudantes.
• Diversos teóricos e pesquisadores têm explorado essa interseção entre música e aprendizagem de
idiomas, destacando os benefícios cognitivos e emocionais dessa abordagem.
• Em primeiro lugar, a música oferece uma exposição autêntica à língua inglesa, permitindo que os alunos
se familiarizem com diferentes sotaques, vocabulário e estruturas gramaticais de maneira natural.
• Isso contribui para o desenvolvimento da compreensão auditiva e da pronúncia. Além disso, as letras das
músicas muitas vezes apresentam um uso criativo e contextualizado da linguagem, proporcionando aos
alunos insights sobre o uso coloquial e figurado do inglês.
O PAPEL DA MÚSICA NO ENSINO DE INGLÊS

• A repetição de letras e a melodia cativante ajudam os alunos a internalizar vocabulário e estruturas


gramaticais de forma lúdica.
• Flynn (2012), destaca a importância da repetição e da exposição regular para a consolidação do
conhecimento linguístico. A música também tem o potencial de estimular as emoções, o que é crucial
para a motivação dos alunos.
• A música pode criar uma atmosfera positiva na sala de aula, facilitando o envolvimento emocional dos
alunos com o idioma.
• Em face a todos esses possíveis benefícios da música, vislumbramos a produção do pensamento crítico e
da formação humana através da música.
• As músicas que trabalhamos no PRP abordam, em sua maioria, o tema amor e paixão, mas também
tratam do tema solidão, de como nós podemos lidar com esses sentimentos que nos constituem enquanto
seres humanos.
O PAPEL DA MÚSICA NO ENSINO DE INGLÊS

• Durante a experiência no PRP, conseguimos constatar que as utilizações de canções no processo de


ensino não apenas aprimoraram as habilidades linguísticas, como também proporcionaram uma
oportunidade única de explorar temas interdisciplinares, como por exemplo; a construção da identidade.
• Ao analisar as músicas que abordam questões identitárias, os alunos puderam debater não só os
elementos linguísticos, mas também os contextos históricos e sociais que moldaram a narrativa da
canção, permitindo-lhes fazer alusão à suas vidas pessoais, levando a indagações durante as aulas.
• A importância de tocar em temas interdisciplinares em sala de aula reside na capacidade de proporcionar
uma compreensão mais profunda e completa do conhecimento.
• Ao conectar diferentes disciplinas, promovemos uma visão mais integrada do mundo, preparando os
alunos para enfrentar desafios complexos e desenvolver habilidades críticas.
O PAPEL DA MÚSICA NO ENSINO DE INGLÊS

• Em conclusão, a música emerge como uma ferramenta valiosa no ensino de língua inglesa,
proporcionando uma abordagem dinâmica e atraente para a aprendizagem. Além de poder servir para
trabalhar temáticas interdisciplinares, teóricos como Krashen (1982), Flynn (2012) e as ideias de Gardner
e Lambert (1959) na teoria das inteligências múltiplas fundamentam essa abordagem, destacando como a
música pode aprimorar a exposição à linguagem, reforçar a memorização e estimular a motivação dos
alunos no processo de ensino-aprendizagem de línguas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse artigo buscou refletir sobre o ensino de inglês por meio da música. A partir dessas reflexões
observamos que o fato de sermos seres plurais nos faz diferentes em vários aspectos. A pluralidade refere-se
à diversidade e complexidade que caracterizam a condição humana em suas várias dimensões.
De início, foi notória uma certa resistência ao trabalho com a música, pois, para alguns alunos era algo novo
e o novo sempre nos remete a mudanças que causam um certo temor, pelo menos para muitos de nós.
Durante o período de estágio de Residência Pedagógica no CEPI Osório Raimundo de Lima, alteramos o
âmbito escolar de modo considerável, ao ponto de sentirmos sensações de desconforto de alguns docentes
diante nossa presença e métodos de abordagem. Para os alunos, foi uma grande novidade o fato de aprender
a língua inglesa cantando músicas que fazem parte de um gênero musical até então desconhecido pela
maioria: o rock.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Algumas aulas foram ministradas com o auxílio de um violão e outras com um aparelho de som mp3,
sempre diversificando as canções e abordagens. Mudamos a metodologia engessada que estava acontecendo
no momento na tentativa de levar algo diferente. Os discentes por sua vez, participaram de modo
satisfatório, fazendo perguntas e trazendo questões para a aula. Percebemos um certo avanço principalmente
no interesse em se aproximar e fazer outras perguntas em relação a nossa vida particular, outrora voltando
para a disciplina.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É completamente possível utilizar a música como uma ferramenta eficaz para promover o ensino crítico.
Ao incorporar elementos musicais no processo educacional, os alunos podem desenvolver habilidades
de pensamento crítico ao analisar letras, compor músicas que expressem suas próprias perspectivas e
entender o contexto sociocultural por trás de diferentes estilos musicais. A música oferece uma
plataforma única para explorar questões sociais, históricas e culturais, permitindo que os alunos
questionem, debatam e compreendam o mundo ao seu redor de maneira mais profunda e reflexiva.

Este trabalho não tem por objetivo encerrar todas as questões em relação ao ensino de língua inglesa,
mas sim provocar e mostrar algumas possibilidades para a execução dessa estratégia de ensino.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• A SKY Full Of Stars. Intérprete: Coldplay. Compositores: Chris Martin, William Champion, Guy
Berryman, Jonathan Buckland e Tim Bergling. In: GHOST Stories. Intérprete: Chris Martin. Reino
Unido: Parlophone Records Ltd, a Warner Music Group Company, 2014. (4:27)

• BECHTOLD, Ivan et al. É possível ensinar inglês com música? Uma reflexão sobre música e
aprendizagem. Ensino & Pesquisa, v. 20, n. 3, p. 181-195, 2022

• BEHIND Blue Eyes. Intérprete: The Who. Compositor: Pete Townshend. In: WHO’S Next. Intérprete:
Pete Townshend . Reino Unido: Polydor Records , 1971. (3:42)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• BRASIL. Base Nacional Comum Curricular - Educação é a Base. Brasília,
MEC/CONSED/UNDIME, 2017. Disponível em:
<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_publicacao.pdf>.
• FLYNN, Suzanne. A parameter-setting model of L2 acquisition: Experimental studies in anaphora.
Springer Science & Business Media, 2012.

• GAINZA, V. H. Estudos de psicopedagogia musical. São Paulo, Summus, 1988.p.119

• GARDNER, Robert C.; LAMBERT, Wallace E. Motivational variables in second-language


acquisition. Canadian Journal of Psychology/Revue canadienne de psychologie, v. 13, n. 4, p. 266,
1959.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• GOBBI, Denise. A música enquanto estratégia de aprendizagem no ensino de língua inglesa.
Dissertação. Universidade de Caxias do Sul. Porto Alegre, 2001, f. 133. KRASHEN, Stephen. Principles
and practice in second language acquisition. 1982.

• KRASHEN, Stephen. Principles and practice in second language acquisition. 1982.

• LONELY Day. Intérprete: System of a Down. Compositor: Daron Malakian. In: HYPNOTIZE. Intérprete:
Serj Tankian. Los Angeles, California: The Mansion, April, 2006. (2:47).

• PATIENCE. Intérprete: Guns’n Roses. Compositores: Duff R. Mckagan, Izzy Stradlin, Saul Hudson, Steven
Adler e W. Axl Rose. In: G N’ R Lies . Intérprete: W. Axl Rose . Reino Unido : Universal Music
Publishing Group , 1988. (5:57).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• PENNYCOOK, Alastair. The myth of English as an international language. Disinventing and
reconstituting languages, v. 62, p. 90-115, 2007.

• SANTOS, Gabriel Nascimento dos; MASTRELLA-DE-ANDRADE, Mariana Rosa. O ensino de língua


inglesa e a identidade de classe social: alguns apontamentos. Trabalhos em linguística aplicada, v. 55,
p. 541-563, 2016.

• TAKE on me. Intérprete: A-ha. Compositores: Morten Harket, Paul Waaktaar e Magne Furuholmen. In:
HUNTING High and Low. Intérprete: Morten Harket. EUA : Warner Bros. Records, 1985. (3:45).
AGRADECIMENTOS
Quero agradecer a minha família e amigos pelo apoio, e pelas palavras de incentivo no
decorrer dos estudos.
Agradecer também pela amizade de todos que fizeram parte da minha trajetória no curso,
em especial à Thaisy, Larissa e Vanilza, por tornar o curso mais leve.
Agradecer também aos maravilhosos professores que fizeram parte da minha formação
acadêmica (todos em especial).
Agradecer a minha orientadora Profa. Ma. Loyanny Alves Ramos, pela paciência e
dedicação.
E a Deus, por possibilitar minha chegada até aqui!

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