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(https://md.claretiano.edu.br/comarrped-g00374-
dez-2021-grad-ead/)
Objetivos
• Compreender os conceitos de contracantos ativos e passivos.
• Conhecer as possibilidades da linha do baixo e sua importância maior, como
um contracanto.
• Trabalhar técnicas de arranjo para vozes, coro e suas especi�cidades.
• Proporcionar habilidades nos arranjos para coro infantil.
• Re�etir sobre as possibilidades de arranjos para os diversos tipos de coro e vo-
zes heterogêneas.
Conteúdos
• Contracantos ativos e contracantos passivos.
• A linha do baixo.
• Uma linha do baixo mais cantante.
• Como trabalhar arranjos pensando em vozes adultas e infantis.
Problematização
Contracantos: quais são os caminhos para criá-los? Qual a diferença entre um con-
tracanto ativo e um passivo? A linha do baixo é a mais importante dentro de um
arranjo? Por quê? Escrever para coros: quais as possibilidades e impossibilidades,
pensando em seu caráter pedagógico e didático?
1. A Linha do Baixo
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Antes de iniciarmos nosso estudo sobre a linha do baixo, devemos entender o con-
ceito de contracantos, que são, basicamente, linhas melódicas que se relacionam em
paralelo, porém harmoniosamente, com a linha melódica principal.
O mais notório de todos os contracantos é a linha do baixo, ou seja, a voz mais grave
da tessitura do arranjo/obra musical. Isso porque, por se opor, em geral, diametral-
mente à melodia - que quase sempre ocupa as vozes agudas, se não a linha mais
aguda no espectro de alturas de uma peça -, a linha do baixo é facilmente ouvida.
Assim, podemos entender que, por razões acústicas, a linha do baixo acaba por de-
terminar a harmonia de uma peça musical ou arranjo, uma vez que as notas graves,
quando soam, possuem mais harmônicos audíveis, ou quase audíveis, que as notas
mais agudas em seu espectro sonoro. Desse modo, em um contexto de música tonal,
as consonâncias e dissonâncias relacionam-se harmonicamente, de modo que essa
linha possa conduzir o ritmo harmônico de uma peça ou arranjo musical.
Observe a Figura 1, na qual o baixo é construído a partir das notas fundamentais dos
acordes da harmonia:
Além disso, assista ao vídeo a seguir, que aborda como criar harmonias, a partir dos
graus principais da escala.
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As notas estranhas devem vir, preferencialmente, nos tempos fracos que, em contra-
ponto, são chamados de Arsis (FUX, 1965).
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Assim, as dissonâncias na linha do baixo podem ser utilizadas como elemento mu-
sical enriquecedor, mas é preciso estar atento para que não se desestabilize a har-
monia.
Figura 3 Tratamento contrapontístico da linha do baixo, com uso de dissonâncias em contratempos e notas de passagem.
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mas que, não necessariamente, vêm entre a melodia principal disposta na voz mais
aguda e a linha do baixo. São chamadas "intermediárias" porque se relacionam con-
trapontisticamente com a melodia principal, sem, contudo, sobrepujá-la.
Contracantos passivos
Trata-se de linhas melódicas que se relacionam, harmonicamente, à melodia princi-
pal e cujo ritmo respeita o ritmo harmônico (tempo que demora até se passar de um
acorde a outro), sem sinuosidades, não caminhando paralelamente, em termos rít-
micos, com a melodia principal, embora algumas pontuações melódicas, que podem
funcionar como respirações ou ataques (convenções), possam aparecer, também,
nesse tipo de contracanto (GUEST, 2010).
Note que, no exemplo da Figura 4 a seguir, a voz superior da mão esquerda funciona
como um contracanto intermediário passivo, posto que caminha contrapontistica-
mente à melodia, mas, em termos rítmicos, acompanha o ritmo harmônico da peça.
Por vezes, a própria linha do baixo pode funcionar como um contracanto passivo,
sobretudo em texturas com pouca mobilidade melódica nos acompanhamentos
(GUEST, 2010).
Contracantos ativos
Resumem-se em linhas melódicas independentes, em termos rítmicos e discursi-
vos, mas que se relacionam harmonicamente à melodia principal, aproveitando al-
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Podem ensejar pequenos pontos de imitação ou trazer uma ideia diferente da ideia
melódica apresentada (GUEST, 2010).
No exemplo a seguir, a voz superior da mão direita funciona como contracanto ativo.
Observe a Figura 5:
Sugerimos, agora, que você faça uma pausa na sua leitura e re�ita sobre sua apren-
dizagem, realizando a questão a seguir:
3. A voz humana
As vozes humanas são classi�cadas segundo sua tessitura e região de brilho vocal,
ou seja, onde a voz tem mais projeção de som. Inicialmente, são divididas em vozes
masculinas e femininas. Para trabalharmos neste material, utilizaremos como refe-
rência o livro Arranjo - método prático, de Ian Guest (2010).
A voz e o coro
Normalmente, os corais são escritos a quatro vozes, a saber: soprano, contralto, tenor
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Coral amador
No caso de um grupo coral amador, se o grupo cantar apenas a duas ou uma voz,
ainda assim, ele deve ser dividido em vozes masculinas e femininas, e a tessitura de
referência deve ser a das vozes médias (mezzo-soprano para as mulheres e barítono
para os homens).
Note que, na Figura 6 a seguir, dispomos a tessitura para corais e grupos musicais
pro�ssionais.
No caso de grupos amadores, via de regra, deve-se manter a tessitura dentro do pen-
tagrama para soprano e tenor e não ultrapassar acima da nota Si-3 para o contralto,
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O coral é uma formação de grande capacidade expressiva e, por isso, alguns cuida-
dos na escrita devem ser observados. São eles:
Atenção! O coral não deve ser pensado como um instrumento, sendo difícil cantar coisas muito rápidas, que podem
complicar a articulação das palavras pelos cantores. Além disso, é necessário ter em mente que o coro, para produ-
zir som, precisa respirar, sendo, portanto, necessário pensar nas frases e respirações que cada naipe fará.
É de bom tom, também, não misturar vogais no coro, fazendo com que um naipe
cante uma vogal e outro, uma vogal distinta, porque o som do coral vem das vogais,
uma vez que as consoantes são mudas em sua maioria, interferindo apenas na pro-
dução da vogal.
Quando uma mesma nota é cantada em vogais distintas, diferentes harmônicos são
reforçados em cada uma delas, fazendo com que a a�nação do coro �que duvidosa.
Esse efeito também acontece em notas diferentes, portanto, evite usar vogais dife-
rentes em vozes que cantam simultaneamente, ainda mais em notas longas.
Ademais, inversões de acordes, por colocarem uma série harmônica diferente na
voz mais grave, da mesma forma, geram instabilidade na a�nação. Esse recurso não
precisa ser evitado, mas deve ser usado alternadamente, com acordes que possibili-
tem ao coro se encontrar e se a�nar.
Ao tratar o texto na escrita coral, o arranjador/compositor pode optar por uma escri-
ta mais silábica, na qual cada sílaba do texto é posicionada sob um pequeno grupo
de notas, ou por uma escrita melismática, em que uma única sílaba é inserida sob
várias notas, prolongando-se a vogal principal da sílaba. Podemos entender, com es-
sa estratégia, que o primeiro método privilegia o entendimento do texto, enquanto o
segundo exalta as notas.
O coro pode, ainda, utilizar o recurso de cantar com a boca fechada (escreve-se boc-
ca chiusa, ou B.C., sobre a pauta), o que resulta em murmúrio. No caso de o coro estar
acompanhado de instrumentos, ao utilizar esse recurso timbrístico, é preciso ter cui-
dado com o equilíbrio das dinâmicas, a �m de que não se perca o efeito, pois cantar
com a boca fechada produz um volume de som muito menor do que com a boca
aberta.
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Na Figura 7 a seguir, temos o exemplo de uma peça para coro a capella, subdividida
em mais de duas vozes masculinas e femininas. Note que, nas notas longas, há
coincidência de vogais, privilegiando uma melhor a�nação do acorde, enquanto, nas
partes contrapontísticas, em que cada voz canta uma linha diferente, as vogais são
distribuídas independentemente em cada voz.
Figura 7 Excerto (compassos 5-9) da Missa Papae Marcelli, de Giovanni Perluigi da Palestrina, para coral a capella, distribuído
No caso de corais amadores, você pode utilizar cânones para formações a uma voz
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ou escrever um arranjo em que essa única voz seja acompanhada por instrumentos.
No caso do arranjo para uma voz, se o coro for misto, ou seja, composto por homens
e mulheres, você pode alternar: parte da música é cantada pelos homens e parte, pe-
las mulheres, deixando o tutti, em oitavas, para o �nal ou para pontos mais expressi-
vos.
Para duas vozes, uma pode se incumbir da melodia e outra, do contracanto ou de do-
bramentos em terças, sextas ou outros intervalos (harmonização por blocos); para
três vozes, é possível usar todas as técnicas anteriores ou colocar o coro todo para
cantar em uníssono nas estrofes, abrindo a três vozes apenas nos refrões. Observe,
na Figura 8, como as oitavas entre tenor e soprano somam-se, enquanto contralto e
baixo estão em pausas e logo a seguir, ao �nal do compasso 2, todas as vozes se jun-
tam em pequenas aberturas, sempre acompanhadas pelo piano. Esse tipo de arranjo
simpli�ca a execução para um coro de nível médio.
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criatividade pode ser a melhor saída nesse caso, além do conhecimento das limita-
ções técnicas do grupo, para o qual se está escrevendo o arranjo.
Transformação da voz
Ao pensarmos na mudança de voz infantil para adulta, vemos que as meninas ten-
dem a viver essa transformação em torno dos 12 anos, enquanto isso acontece com
os meninos um pouco mais tarde, por volta dos 13 ou 14 anos. Com isso, a tessitura
da voz muda de tal forma que algumas crianças passam a destacar-se por suas ha-
bilidades vocais, mas perdem esse talento em fases posteriores da vida.
Na sociedade ocidental, os coros infantis têm uma tradição muito antiga, e suas raí-
zes remontam à música sacra executada em templos cristãos, durante a Alta e a
Baixa Idade Média, por coros compostos apenas por meninos. Interpretavam música
sobretudo nas igrejas, já que, até o século 19, as mulheres não podiam cantar nos
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Caso o coro infantil à sua disposição consiga cantar mais de uma voz, dê preferência a
cânones ou aberturas de vozes em contraponto de primeira espécie - "nota contra nota"
(FUX, 1965) -, evitando o uso de dissonâncias.
É importante estar a atentos a: um coro que envolva, além de crianças, também adoles-
centes; é importante que os rapazes façam uma voz mais grave, oitavando abaixo a voz
das moças/crianças, ou, ainda, uma voz independente, caso o coro tenha a habilidade de
cantar em contrapontos.
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