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ESTRUTURAÇÃO
TÓPICO 10
INTRODUÇÃO
Caro aluno(a),
Na aula passada estuamos o conteúdo teórico tonalidades vizinhas e modulação. Como parte
deste conteúdo abordamos as notas características da tonalidade principal e as notas diferenciais
das tonalidades vizinhas. O objetivo deste estudo foi capacitá-lo à identificar as modulações que
ocorrem comumente nas peças binária e ternária, identificar a tonalidade em que ocorre a
modulação e a entender a organização tonal das pequenas e grandes formas que serão
abordadas no próximo módulo.
Nesta aula, iremos estudar a pequena forma binária. As músicas binárias apresentam duas
seções e cada seção apresenta diretrizes melódicas, harmônicas e tonais a serem seguidas. Em
função disso, vamos discutir e analisar, processos estruturais de desenvolvimento temático e
coerência musical-tonal através do repertório proposto.
Vale ressaltar a importância de ouvir os áudios e relacionar o texto sobre as análises com a
música dos exemplos.
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Sob essa perspectiva, as frases são formadas por 2, 3 ou 4 membros de frase que por sua vez,
podem apresentar 2, 3 ou 4 motivos. Isso gera uma extensão muito variada da frase partindo de 4
compassos à 16 compassos. Para iniciar o estudo da forma, iremos apenas considerar exemplos
musicais cujas frases apresentam 2 membros de frase de dois compassos por ser essa
organização, a mais encontrada na música. No entanto, se houver a necessidade de apresentar
outros tipos de organização, irei contextualizar devidamente.
A harmonia exerce uma influência importante neste contexto, ela irá colorir as frases através do
encadeamento e produzir as cadências onde residirá o significado das frases. A relação entre as
cadências e o material temático (rítmico-melódico) irá obedecer a diretriz tonal que estudamos na
aula passada em tonalidades vizinhas, desse modo, as cadências irão expressar uma tonalidade
através de conclusão ou suspensão ou modular para outra tonalidade. Desse modo, existe certa
limitação nas possibilidades de modulação e de cadência que são específicas para cada uma das
seções de uma música. Portanto, a seguir, iremos iniciar o estudo da forma musical conhecendo a
forma binária.
Abaixo, tecerei alguns comentários sobre tipos de binário de maneira geral. Apresentarei alguns
termos que serão conceituados e exemplificados ao longo dessa aula ok? A forma binária é toda a
música que pode ser organizada em duas seções. Existem três maneiras de se realizar uma
música binária:
1- Duas seções onde a segunda é, essencialmente uma repetição com ou sem variação da
primeira. Esse tipo de música gera o esquema AA ou AA’. Esse tipo de binário utiliza os
procedimentos de Exposição e Reexposição.
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As seções da música são representadas por letras maiúsculas1. Letras iguais indicam repetição.
Quando uma linha é acrescentada a uma letra igual, indica que a repetição apresenta
modificações (variação) que não alteram o significado harmônico e melódico da seção. Letras
diferentes indicam seções com conteúdo melódico, tonal e harmônico diferentes. Essas estruturas
diferentes, podem ou não compartilhar padrões rítmicos ou melódicos apresentados
anteriormente.
Vamos, então, começar a analisar alguns exemplos musicais para podermos entender como essa
teoria irá ocorrer na prática:
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Motivos e membros de frase são representados por letras minúsculas.
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Motivo 1 Motivo 2
Volte à partitura e veja que inseri uma chave para indicar o primeiro membro de frase. Observe
que o segundo membro de frase apresenta estrutura melódica e rítmica muito semelhante
(variação do primeiro membro) e o terceiro membro modifica um pouco mais a estrutura melódica
e rítmica do primeiro membro mesmo assim, é possível ainda, sentir a semelhança estrutural nos
três membros de frase (o 3º apresenta mais mudança na linha melódica e harmônica).
A harmonia nos dois primeiros membros consiste numa prolongação do acorde de tônica (E). No
terceiro membro de frase (MF) há uma progressão da tônica (E) para a dominante (B), portanto a
cadência é à dominante. Vejamos o quadro estrutural:
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A segunda frase foi repetida, portanto, apresenta a mesma estrutura descrita no quadro da frase 1
acima.
As próximas duas frases pertencem à seção B da música. Observe que seus motivos são
derivados da primeira frase, embora não sejam totalmente idênticos. Há diferenças marcantes no
perfil melódico e a harmonia explora o acorde de lá maior diferenciando o encadeamento desta
frase em relação à primeira seção. Desse modo, conclui-se que a seção B é diferente de A, mas
foi construída a partir dos motivos presentes na primeira seção. Quando isso ocorre temos um
contraste por desenvolvimento. O termo contraste ressalta a diferença entre as seções e o termo
desenvolvimento ressalta que a estrutura nova foi criada a partir de materiais musicais presentes
na primeira estrutura. Vejamos o quadro estrutural da primeira frase de B
A segunda frase de B também foi repetida, portanto, é idêntica à primeira frase. No entanto, por
causa do compasso errado, a primeira frase compreendeu os c.4-7 (4 compassos) e a segunda
compreendeu os compassos 7-10 (4 compassos). Veja que a resolução do problema do
compasso foi contar o compasso 7 duas vezes (como término da primeira frase e como início da
segunda frase da seção B.
Para terminar a análise, vamos analisar a relação tonal da música. A seção A apresenta uma
cadência à dominante no tom de Mi maior pois termina no acorde de B que é a dominante
deixando a seção A “aberta” ou suspensa. Isso faz com que seja necessário que a seção seguinte
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apresente uma cadência conclusiva para “fechar” ou concluir a música. É exatamente isso que
ocorre na seção B.
Embora tenha ocorrido uma modulação passageira no compasso 3, essa modulação não se
concretizou pois o início da seção B mantém a tonalidade de Mi maior (principal). Vamos ao
próximo exemplo:
Síntese. O tema de Primavera das quatro estações de Antonio Vivaldi apresenta 4 frases. As duas
primeiras frases formam a primeira seção e as duas últimas formam a segunda seção. A primeira
seção é formada por duas frases iguais, portanto houve o procedimento de repetição empregado.
A segunda seção (B) é diferente da primeira, mas foi construída pelos mesmos motivos que foram
repetidos e variados, portanto, houve o procedimento de contraste por desenvolvimento. Além
desse procedimento estrutural, há também a repetição ocorrendo na seção B uma vez que a
segunda frase de B é uma repetição da primeira.
https://www.youtube.com/watch?v=qwe7LTlvWx8
A primeira frase de A é formada por dois membros de frase que apresentam o mesmo padrão
rítmico, contudo, apresentam perfil melódico e movimentos harmônicos diferentes. A cadência da
frase 1 é à dominante deixando a conclusão da frase “aberta” (suspensa). Vejamos o quadro
estrutural da primeira seção.
Agora, analise a segunda frase da seção A e a compare com a primeira frase observando
semelhanças e diferenças.
O membro de frase 3 é igual em ritmo, linha melódica e harmonia ao membro de frase 1, ou seja,
a segunda frase começa do mesmo modo que a primeira. Já o segundo membro da frase 2 é
diferente dos anteriores. O padrão rítmico é diferente, mas considera-se que ele é derivado dos
motivos iniciais. O perfil melódico e a harmonia se modificam para mudar a cadência e concluir a
seção A na tônica. Portanto, diferente do tema musical de Vivaldi, a seção A de Greensleeves
está “fechada” pois houve a conclusão perfeita. Se a melodia fosse apenas a seção A ela soaria
completa, coerente em termos musicais, mas há uma segunda seção, então, agora, vamos
analisar como a segunda seção é inserida de modo a complementar uma estrutura que já é
completa musicalmente.
A segunda seção também é formada por duas frases que são muito semelhantes entre si
diferenciando-se apenas pelas finalizações (segundo membro de frase de cada frase). Volte à
partitura, e agora, analise a frase 3 da música em relação à frase 1. Observe que o primeiro
membro da frase 3 c.9-10 é diferente em termos rítmicos da frase 1, mas apresenta semelhanças,
portanto o primeiro membro de frase da seção B é derivado da seção A. O segundo membro de
frase da seção B é idêntico em padrão rítmico, perfil melódico e harmonia ao segundo membro de
frase de A. O terceiro membro de frase de B é idêntico ao primeiro membro de frase desta mesma
seção. E por fim, o quarto membro de frase de B é idêntico ao quarto membro de frase de A,
então vejamos o quadro estrutural da segunda seção da música.
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Em termos harmônicos, a seção B também se apresenta completa, “fechada” pois foi finalizada
por uma cadência perfeita no tom principal.
Sobre o percurso tonal, considera-se que a música mantém o tom de lá menor. Na seção A temos
duas frases semelhantes onde a primeira finaliza por uma cadência à dominante e a segunda
finaliza por uma cadência perfeita. Quando temos duas frases semelhantes e a primeira termina
numa cadência mais fraca que a segunda, temos a forma temática de período. Portanto, a seção
A é constituída de um período de 2 frases. O que caracteriza a seção B é um elemento novo. O
elemento novo da seção B de Greensleeves é o acorde de C para iniciar as frases 1 e 2. Esse
acorde muda a cor menor do início para a cor maior da tonalidade relativa, mas não houve nem
modulação nem tonicalização, então, conclui-se que a tonalidade de Lá menor se mantém em
toda a melodia de Greensleeves.
Quando a primeira seção for composta por duas frases, a segunda frase será construída pelos
mesmos motivos e/ou membros de frase da frase 1. O resultado pode ser uma frase exatamente
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É importante então, saber caracterizar cada um dos procedimentos tanto para utilizá-los em
atividades de criação e arranjo quanto para reconhece-los nas atividades de análise e
interpretação musical.
A parte B do binário também deve apresentar uma relação com a parte A. A seção B deve
apresentar algum tipo de novidade, algo diferente, pois seu objetivo, é estabelecer um contraste.
O contraste, portanto é um elemento novo. Nas obras binárias, esse contraste não pode ser muito
forte porque assim, a peça perde a unidade, ou seja, se o B for muito diferente do A, não
ouviremos as duas seções como parte da mesma peça. Seria como escrever sobre educação
musical num parágrafo e mudar para os problemas políticos do país no segundo parágrafo.
Portanto, para ouvirmos a seção B e sentirmos que estamos ouvindo a mesma peça que A, é
necessário que o B apresente materiais musicais presentes em A, lembrando que isso é válido
para as pelas binárias. E o que eu estou chamando de materiais musicais? Motivos, membros
de frase, perfil melódico, encadeamentos harmônicos e assim por diante. Abaixo eu irei sumarizar
os procedimentos e suas características principais.
Procedimento Características
Repetição Gera uma segunda estrutura que é idêntica à primeira do ponto de
vista rítmico, melódico e harmônico.
Variação Gera uma segunda estrutura que apresenta pequenas diferenças em
um ou mais aspectos dos elementos: ritmo, melodia e harmonia e
apresenta o mesmo significado harmônico.
Semelhança Para que duas estruturas sejam semelhantes elas devem apresentar
mais elementos comuns do que elementos divergentes e podem, ou
não, ter o mesmo significado harmônico.
Diferença Para que duas estruturas sejam diferentes elas devem apresentar
menos elementos comuns do que elementos divergentes ou não
compartilhar qualquer elemento comum. As estruturas diferentes
também podem ou não ter a mesma cadência.
Significado harmônico É a cadência da frase e gera estruturas conclusivas fortes e fracas e
estruturas suspensivas.
Frase complementar É a frase que apresenta uma conclusão mais forte que a anterior
condição para que a estrutura de período seja gerada. Obs: O período
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Exemplo musical 3: Vida Bela de Antônio Carlos Jobim Ouvir de 0:28 à 0:53
https://www.youtube.com/watch?v=_1wcpv1YVN8
Esta música de Jobim apresenta apenas duas frases e cada uma das frases se constitui em uma
seção. A primeira frase é composta de dois membros de frase que tem o mesmo padrão rítmico e
linhas melódicas e encadeamentos harmônicos semelhantes, no entanto, o movimento harmônico
do segundo membro de frase é diferente do primeiro. Para analisarmos a harmonia é necessário
identificar a tonalidade. Esta música está em Lá menor, assim, o primeiro membro de frase
apresenta o movimento do I ao Vm e no segundo membro de frase, o movimento harmônico parte
do I e retorna ao I. O perfil melódico dos dois membros de frase é semelhante, mas os graus são
diferentes, há uma intensificação na melodia ocorrendo no segundo membro de frase.
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A segunda frase compartilha alguns elementos semelhantes com a primeira. Observe que os
padrões rítmicos da segunda frase são idênticos aos da primeira, no entanto a harmonia e o perfil
melódico são bem diferentes no primeiro membro de frase da frase 2. E ainda, ocorreu uma
modulação não efetivada (tonicalização).
O perfil melódico do primeiro membro de frase da frase 2 é diferente da primeira frase, porém, o
perfil melódico do segundo membro é bem semelhante ao do segundo membro da frase 1. Isso é
interessante porque, como o primeiro membro da frase 2 modula e muda o perfil melódico
(elementos de contraste) é preciso resgatar alguns elementos da seção A para dar unidade à
música. Vamos visualizar a análise no quadro estrutural
Seção A Seção B
Frase 1 Frase 2
Lá menor Dó maior Lá menor
Membro de frase 1 Membro de frase 2 Membro de frase 3 Membro de frase 4
c.1 c.2 c.3 c.4 c.5e6 c.7 c.8 c.9 c.10
17654 34132 1 7 176 5 3 42 1 1 7 545 6174 5 46 1 7 6 5 3 4 21
A Dm Am Em Am Dm Am Em Am Dm G C Dm G C Dm Am Em Am
I IV I Vm I IV I Vm I cad (II V) III (II V) III IV I V I cad perf
imper.
Apresentação Contraste por desenvolvimento
A música apresenta apenas duas frases e porque cada uma delas é considerada uma seção
se os exemplos anteriores apresentavam duas frases por seção?
Vamos recapitular as informações. Uma seção deve apresentar uma ou duas ideias musicais que
devem estar presentes na primeira frase. A segunda frase deve ser então, uma repetição,
variação ou complementação. Se ao invés desses elementos você observar um elemento novo,
isso caracterizará a seção B. Agora, vamos voltar à melodia de Jobim.
Observe que a primeira frase termina na tônica (Am) então, esta frase não precisa de
complementação, desse modo, as opções seriam repetição ou variação. A segunda frase é uma
frase diferente, portanto não pode ser considerada nem repetição nem variação. Além disso,
observe que na segunda frase há uma modulação no primeiro membro de frase que é
considerado um elemento novo, portanto a segunda frase de Vida Bela é a seção B.
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Vamos analisar só mais um exemplo de uma música que também tem apenas duas frases, mas
ambas se referem a uma única seção para compararmos com Vida Bela.
Nós já analisamos a primeira frase de Asa Branca no módulo 1. A música está em Dó maior e a
primeira frase termina numa cadência imperfeita que é conclusiva fraca. Assim, é necessária outra
frase para complementar primeira e “fechar” a ideia musical pertinente à primeira seção. Então
agora, vamos olhar como a segunda frase foi construída.
A segunda frase é claramente diferente da primeira frase. A primeira frase é organizada a partir do
membro de frase (a cada dois compassos) enquanto a segunda frase é organizada pelo motivo (a
cada compasso), isso gera duas frases que são diferentes.
Se a segunda frase é diferente da primeira ela é uma estrutura nova, correto? A resposta é sim.
Então, por que não considerei a segunda frase como a segunda seção? Porque existem
outros elementos a serem comparados e uma seção não pode deixar a ideia musical incompleta.
A cadência imperfeita não é adequada para terminar uma seção (embora isto possa ocorrer como
exceção) . Mesmo que encontremos seções terminando por cadência imperfeita (que são
exceções) existem outros elementos que contribuem para potencializar a força de conclusão
como: reforçar o baixo, desacelerar o ritmo no compasso da cadência e etc. Então é preciso
analisar cada caso como uma ocorrência singular. Vejamos que outros elementos estão presentes
na segunda frase de Asa Branca para corroborar nossa ideia de uma única seção.
Cante as quatro primeiras notas do membro de frase 1 e cante as quatro primeiras notas do
primeiro motivo da frase 2. Há alguma semelhança? A frase 2 embora apresente uma organização
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diferente da frase 1 é construída sobre o padrão rítmico das quatro primeiras notas do membro de
frase 1. Além dessa semelhança veja que o encadeamento harmônico é muito semelhante, na
primeira frase temos C-F-C-G7-C e na segunda temos C7-F-G7-C. Portanto mesmo sendo duas
frases diferentes em padrão rítmico e perfil melódico (elementos principais da forma) existem
outros elementos que contribuem para que a frase 2 complemente a frase 1. Esses elementos
são, encadeamento harmônico semelhante, cadência conclusiva forte e ritmo derivado da frase 1.
Abaixo você verá o quadro estrutural da melodia.
Asa Branca
Frase 1 Frase 2
Membro de frase 1 Membro de frase 2 Membro de frase 3
c.1 c.2 c.3 c.4 c.5 c.6 c.7 c.8
12 3553 4 4 12 3554 3 112 35543 14 432 23 221 1
C F C G7/B C C7 F G7 C
I IV I V I V IV V I
Aapresentação Complementação
Portanto, Em vida Bela cada uma das frases constituem uma seção porque a segunda frase
apresentou elementos novos e a segunda frase não complementa a primeira. Já em Asa Branca,
mesmo a segunda frase sendo diferente da primeira, apresentou elementos comuns como o
encadeamento e a estrutura rítmica e complementa a primeira frase harmonicamente.
Bom, espero que tenha ficado claro porque as duas frases de Vida Bela constituem uma seção
cada e porque as duas frases de Asa Branca constituem uma seção apenas. Entender essa
diferença de concepção entre as duas melodias é fundamental para entendermos a função de
cada uma das seções das pequenas formas e como cada seção dialoga entre sim conferindo
unidade à música como um todo. Asa Branca é uma melodia considerada unária, ou seja
estruturada por apenas uma seção.
Como você pode perceber, existem várias formas de se realizar uma música binária, e existem
algumas características que, digamos, apresentam um peso na análise e devem ser ressaltadas
por meio de uma classificação. A forma binária apresenta duas partes e cada parte expressa uma
função estrutural. A parte A tem a função de apresentação, ou seja, a função da parte A é
apresentar o tema que pode se constituir de uma ou mais frases (geralmente até 4). A parte B tem
a função de contraste cujo objetivo é apresentar um elemento novo. Como a música binária
termina na parte B cujo objetivo é propor uma novidade, é necessário que ele não seja muito
diferente de A para que a música não perca a unidade. De que modo então é possível
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Sob o ponto de vista da classificação, a parte A pode terminar na tônica (I) ou na dominante (V).
Quando a seção A termina na tônica a classificação é binário simples. Quando a seção A termina
na dominante, a classificação é binário contínuo. Independentemente se a seção A termina na
tônica ou na dominante, a seção B deve terminar na tônica do tom original para preservar a
unidade da música, conforme já descrevemos.
Sob a perspectiva da classificação, vamos classificar os exemplos musicais analisados nesta aula:
No exemplo 1 a seção A termina numa cadência à dominante e por isso, sua classificação é
binário contínuo. No exemplo 2 a seção A termina na tônica e por isso sua classificação é binário
simples. No exemplo 3 a seção A também termina na tônica e por isso a música é classificada
como binário simples.
https://www.youtube.com/watch?v=2XtvRB1mMWo
https://www.youtube.com/watch?v=bDa3J2KJqxM
Considerações finais
Nesta aula, estudamos a forma binária representada pelo esquema AB. Abordamos exemplos
musicais que trazem situações diversificadas para termos condições de compreender as
possibilidades de desenvolvimento musical a partir da concepção binária. Com isso, vemos que a
forma não pode ser considerada uma estrutura rígida, estanque. Pelo contrário, Cada peça binária
apresenta uma série de elementos que são característicos de cada, por isso, o estudo da forma
não pode se restringir a apenas reconhecer o número de partes de uma música, mas, procurar
identificar a ideia musical apresentada, a elaboração da ideia e as conclusões de cada seção.
Portanto, é necessário analisar o conteúdo para se estabelecer a função desempenhada por cada
seção no todo e a relação entre as seções. O produto final desse trabalho é a interpretação, ou
seja é a expressão de tudo o que foi compreendido através do trabalho de análise.
Pesquisa
Para complementar os conteúdos trabalhados nesta aula, recomendo o acesso ao link abaixo
onde você terá mais informações sobre análise das formas binárias.
http://musicamurilobraga.blogspot.com/2012/07/estrutura-e-forma-musical.html
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Seção A ré menor
Frase 1 Frase 2
Membro de frase 1 Membro de frase 2 Membro de frase 3 Membro de frase 4
c.1 c.2 c.3 c.4 c.5 c.6 c.7 c.8
32343 271232 1 6 7 1 2 1 7# 1 6# 7# 5 312343 271232 121121 7# 2 1
Dm C Bb Gm A Dm C Bb Gm A Dm
I VII VI IV V cad à domin I VII VI IV V I cad perf
Apresentação: duas frases que formam um período
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F C Dm Bb C F C Dm Bb Am Dm
III VII Dm: I VI Vm I cad perf
F: I V VI IV V cad à I V VI
domin
Contraste por desenvolvimento. Duas frases que formam um período. Elementos de contraste são: modulação para Fá maior
Seção A ré maior
Frase 1 Frase 2
Membro de frase 1 Membro de frase 2 Membro de frase 3 Membro de frase 4
c.1 c.2 c.3 c.4 c.5 c.6 c.7 c.8
15 15 1123 21 1121 2232 343 2
D D D D (sem cad) D A D A cad à domin
I VII VI IV V I VII VI IV V I
Apresentação frases diferentes complementares
Seção B ré maior
Frase 1
Membro de frase 1 Membro de frase 2 Membro de frase 3 Membro de frase 4
c.9 c.10 c.11 c.12 c.13 c14 c.15 c.16
3455 6543 2344 5432 1211 423 3421 1
D G C#º F#m Bm Em A D Cad perfeita
I IV VII III VI II V I
Contraste por desenvolvimento: uma frase. Elementos de contraste. Encadeamento harmônico diferente.