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Objetivos
• Trabalhar novas possibilidades de reamonização com acordes SubV,
acordes napolitanos e acordes de 6ª Aumentada, bem como harmo-
nizações em blocos.
• Dominar a manipulação dos diversos parâmetros musicais.
• Desenvolver conteúdos conceituais e procedimentais, relacionados à
criação da música.
• Criar música.
Conteúdos
• Apresentação dos novos acordes: SubV7, 6ª Napolitana, 6ª aumenta-
da e harmonizações em blocos.
• Re�etir sobre a natureza da Música.
• Compreender os diversos parâmetros envolvidos no fenômeno mu-
sical.
• Sensibilizar para a criação.
• Organização da duração dos sons: ritmo e métrica.
• Organização das alturas: uso de escalas, acordes e conjuntos de sons.
• Organização dos timbres e da agógica: parâmetros sonoros inerentes
ao som.
• Organização do discurso musical: princípios formais e estruturantes.
Problematização
O que é a música? Você já re�etiu sobre música e temporalidade? E a
consciência composicional? Podemos a�rmá-la como ideia musical, co-
mo guia, sempre aliada à técnica?
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Para conhecer um pouco mais sobre esse acorde, assista ao vídeo indica-
do:
Acorde SubV7
Outro acorde que poderá ser usado no intuito de so�sticação da harmonia
é o acorde Substituto da Dominante. Ele poderá funcionar como substitui-
ção de acordes dominantes (V7 grau), aumentando o campo de possibili-
dades no quesito da rearmonização, além de fornecer o conhecimento de
alguns clichês harmônicos que aparecem em diversos estilos musicais.
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| Dm7 | G7 | C7M |
Como regra, o acorde subV7 é um acorde maior com sétima menor que se
localiza meio tom acima da tônica que ele irá resolver. Como a tônica aqui
é o acorde C7M, o acorde maior com sétima que se localiza um semitom
acima dele é o C#7 ou o II grau baixado bII7 (Db7).
E por que chegamos a esses acordes? Porque eles possuem o mesmo tríto-
no encontrado na Dominante primária de C, que é G. O trítono está entre as
notas Si - Fá.
Analisando o acorde de C#7, temos as notas Dó#, Mi#, Sol#, Si. Observe
que, entre Mi#(Fá) e Si, há o mesmo trítono encontrado em G7.
Vamos analisar, agora, o acorde enarmônico de C#7, que é Db7. Ele é for-
mado pelas notas Réb, Fá, Láb, Dób, e observamos que, entre Fá e Dób(Si),
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Compare:
Acordes de 6ª Aumentada
Como último grupo de acordes fora do campo harmônico aqui abordado,
temos os acordes de 6ª Aumentada. São eles:
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Figura 3 O cravo e a rosa rearmonizada pelo uso do acorde 6ª Aumentada Italiana (desconsiderando a nota Dó
na melodia).
Figura 4 O cravo e a rosa rearmonizada pelo uso do acorde de 6ª Aumentada Francesa (desconsiderando a nota
Dó da melodia).
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Agora que você já pôde conhecer novos acordes alheios ao campo harmô-
nico e suas possibilidade no tocante a rearmonização, passaremos a falar
sobre harmonização em blocos. Mas, antes de avançar, sugerimos, que vo-
cê faça uma pausa na sua leitura e re�ita sobre sua aprendizagem, reali-
zando as questões a seguir:
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Figura 7 O cravo e a rosa harmonizada por blocos em diferentes movimentações internas de vozes.
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Atenção! Ao lidar com as dissonâncias, você deve colocá-las de modo a enriquecer o acorde do tre-
cho melódico escolhido, dando preferência às tensões disponíveis mais próximas às notas do acorde
(como sétimas e nonas). Isso deixa as dissonâncias mais duras (décima primeira aumentada e déci-
ma terceira, trítonos) para as notas de passagem ou bordaduras (ou seja, tempos fracos). Esse tipo de
harmonização é muito comum no jazz, sobretudo em seções da música em que há o uso de naipes
(como o de saxofone, por exemplo), pois ele gera colorido orquestral e melódico, uma vez que dobra a
melodia principal, em termos rítmicos, em alturas diferentes.
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Veja que, no exemplo da Figura 10, a linha da mão esquerda executa um ritmo em
compasso binário composto, conforme expresso pela própria fórmula de compasso,
enquanto a mão direita toca algo em ternário simples. A essa sobreposição de rit-
mos distintos damos o nome de polirritmia. Note, ainda, que a pulsação subjaz ao
ritmo: ela organiza ambos os ritmos (o ternário simples e o binário composto), mas
não coincide, necessariamente, com ambas as unidades de tempo. Além disso, re-
pare que não é necessário escrever fórmulas de compasso diferentes (polimetria) si-
multaneamente para o delineamento de polirritmias. Contudo, é possível fazê-lo,
conforme demonstrado no exemplo a seguir.A sobreposição de duas fórmulas
de compasso também gera polirritmia, chamada de polimetria.
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Figura 10 Polimetria.
Hemíola
O ritmo de uma frase musical, por exemplo, pode extrapolar os limites im-
postos pela métrica mediante as barras de compasso (compositores como
Johannes Brahms utilizam muito esse recurso de criar frases com ritmos
diferentes daqueles condicionados pela fórmula de compasso). No exem-
plo da Figura 11 a seguir, uma hemíola (deslocamento rítmico do "acento
natural" da fórmula de compasso) extrapola o ritmo imposto pela fórmula
de compasso, ou seja, muda-se de fórmula de compasso, mas sem
assinalá-la.
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Lembre-se: sua ideia musical deve determinar o ritmo e a métrica de sua música, tendo como refe-
rência uma pulsação, e não o contrário. A técnica deve servir à Arte. Assim, a escolha de durações,
ritmo, métrica e pulsação é arbitrária e feita em função da sua ideia musical, daquilo que você quer
expressar com a música que estiver compondo.
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Série
Além de criar sua própria escala ou escolher uma já tradicional, você pode
agrupar notas musicais em um conjunto chamado série. A série é compos-
ta por uma sequência de intervalos melódicos que regula a aparição das
notas dentro da música. Como regra geral, nenhuma nota pode aparecer
antes que sua predecessora já tenha aparecido, o que não implica que as
notas já aparecidas não possam ser repetidas. Você pode formar séries
com a escala cromática, ou seja, utilizando as 12 notas musicais existen-
tes, ou conjuntos menores, como séries de 10 notas, por exemplo. Um as-
pecto interessante é a possibilidade de utilizar a série em sua sequência
original, retrógrada (de trás para frente), invertida (intervalos espelhados
no eixo vertical) e retrógrada da invertida. Tal trabalho sobre a série origi-
na quatro possibilidades harmônico-melódicas para a organização do léxi-
co de alturas que você pode utilizar em sua música. Além disso, é possível
transpor a série, fazendo-a começar em cada uma das notas, mantendo-se
a sequência intervalar.
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Figura 14 Exemplo de matriz para calcular uma série dodecafônica (P0: Original; R0: Retrógrada; I0: Inversão da
Original; RI0: Retrógrada da Inversão da Original; o restante diz respeito às transposições de cada uma das ver-
sões) (https://medium.com/@revistacaju/klee-schoenberg-e-o-quadrado-m%C3%A1gico-795a13501f0).
Sobre acordes
Os acordes podem ser díades (duas notas da escala empilhadas), tríades
(três notas, conforme as Figuras 15 e 16) ou tétrades (quatro notas).
Formações de acordes com mais notas são possíveis, entretanto deve-se
tomar cuidado com a clareza harmônica, isto é, utilizar muitas notas em
um mesmo acorde pode torná-lo contextualmente ambíguo, extraindo a
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direcionalidade da harmonia.
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Dessa forma, pensar no empilhamento dos graus pode resolver esse pro-
blema. Nesse exemplo, o acorde formado seria Dó - Sol - Ré, pois contaría-
mos Sol como quarto grau a partir de Dó, e Ré, como quarto grau a partir de
Sol. Se tomarmos a segunda menor como intervalo para a formação dos
acordes e formarmos uma tétrade, teremos um cluster, que consiste na
junção diatônica do menor intervalo possível no sistema temperado de a�-
nação, que é o intervalo de segunda menor. Os clusters podem ser utiliza-
dos em qualquer oitava e iniciados em qualquer nota. Por sua natureza
ruidosa, são pensados mais à guisa de entidades ou objetos que, tendo uma
função estrutural harmônica, di�cilmente direcionam o discurso harmô-
nico. Hoje em dia, é possível utilizar quartos de tom ou, ainda, a�nações
em divisões menores do semitom, os chamados microtons, que também
podem ser formas interessantes de colorir escalas, conjuntos e séries de
notas, o que expande ainda mais o leque de possibilidades de organização
das alturas dentro de uma peça ou ideia musical.
Figura 15 Acordes por empilhamento de terças sobre cada um dos graus de uma escala maior.
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de outros sons que não são notas musicais pode enriquecer timbristica-
mente sua peça ou ideia musical. No caso da técnica estendida, é necessá-
rio consultar manuais e métodos especializados sobre o que é possível em
cada instrumento, ou mesmo livros de orquestração que tratem do assun-
to. Um som conseguido por meio de técnica estendida ou ruído pode inte-
grar sua série, por exemplo, de modo que ele integre o escopo de frequênci-
as sonoras possíveis do seu material musical.
Timbre
O timbre é, para nós, seres humanos, algo que marca a identidade de uma
pessoa, pois associamos a identidade e a personalidade de alguém conhe-
cido com o timbre de sua voz. Nesse sentido, o timbre também marca a
música e sua identidade, de modo que a adaptação de uma obra para outra
instrumentação soa como uma recriação, na medida em que modi�ca a
identi�cação e os vínculos que criamos com uma música, em virtude dos
timbres, em sua versão original. Em relação aos timbres, sua ideia musical
deve nortear a escolha da instrumentação para a qual você gostaria de es-
crever, mas é possível que, no decorrer da sua vida musical, você se depare
com a possibilidade ou a necessidade de escrever para um instrumento ou
grupo instrumental preestabelecido, como é comum em concursos de
composição, por exemplo. De qualquer maneira, é preciso considerar o
timbre como um parâmetro fundamental para a construção de seu discur-
so musical, e não como mero acessório, como um adereço pessoal. O tim-
bre é parte essencial e inalienável do som e, portanto, da própria música.
Nesse sentido, é fundamental ao compositor pensar de que maneira utili-
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A articulação musical, por sua vez, tem uma relação metafórica com a lín-
gua (idioma). Quando falamos, articulamos com a boca e a língua na pro-
dução das consoantes, pontuando as vogais para criar as palavras que,
juntas, formarão nossas frases e, por �m, nosso discurso sobre o assunto.
As vogais têm mínima ou nenhuma interferência dessas estruturas na
formação do som �nal ouvido por nossos interlocutores. Da mesma ma-
neira, o uso da articulação, especialmente na música instrumental, faz
com que aproximemos metaforicamente as modi�cações paramétricas
ocasionadas por cada sinal de articulação com a língua falada. Dessa ma-
neira, utilizar sinais de articulação faz o instrumento "falar". Pensando
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O cuidado ao lidar com articulações deve ser o de saber que cada um dos
sinais (marcato, staccato, portato, tenuto etc.) altera mais de um parâmetro
de uma única vez, salvo a altura (entendida como nota musical). Por
exemplo: o marcato, que não modi�ca a altura da nota musical, altera su-
bitamente a intensidade do som, fazendo com que o volume �que maior, e
muda, ainda, o corpo da nota sustentada, recuando seu volume a uma in-
tensidade menor. Isso pode modi�car, inclusive, o timbre do instrumento
naquela mesma nota. Já o staccato, embora também não modi�que a nota
musical soante na altura, modi�ca a duração, deixando que ela �que mais
curta. Além disso, altera o timbre, na medida em que, dependendo de co-
mo o instrumentista articula o ataque (mais seco ou duro, ou mais solto ou
mole), pode mudar sutilmente o timbre do instrumento - claro que dentro
do espectro de timbres possíveis para cada um. Esse campo é um tanto
turvo, pois se relaciona a sutilezas do som que embelezam o discurso mu-
sical, além de fazer parte da natureza do som, e, sobretudo, porque, para
tratar do assunto, é requerido o uso de metáforas, especialmente daquelas
que ligam som a aspectos visuais, como cor, para a descrição de um fenô-
meno acústico. Como dica para solucionar eventuais ambiguidades, suge-
rimos que você, ao compor para um instrumento ou grupo, veri�que as
possibilidades de articulação possíveis e saiba exatamente o resultado so-
noro que cada sinal produz. Então, você poderá selecionar e utilizar em
sua peça ou ideia musical aquele que condiz exatamente com o som ima-
ginado.
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Figura 17 Excerto inicial do primeiro movimento allegro com brio da Sonata para Teclado em Sol Maior HOB
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
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e agora, José?
Por sua vez, uma frase musical que seja um comentário ou continuação
em relação a uma primeira já estabelecida pode se apegar a um motivo ou
gesto da primeira frase para sua constituição, fazendo que a segunda te-
nha materiais da primeira. Isso não con�gura um contraste, mas um co-
mentário, como na Figura 19:
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Seção:
Frase a - Frase b - Frase a' - Frase c
Note que essa seção é composta por quatro frases musicais, isto é, uma se-
ção de uma música é con�gurada como o conjunto de ideias musicais, sob
a forma de frases, que o compõem e têm coesão entre si, ou seja, que criam
um discurso. Dessa forma, sua música pode ter múltiplas seções, inclusive
reiterando algumas delas.
Note que o que de�ne uma seção é o conjunto das frases, as ideias musi-
cais e sua apresentação, segundo uma ordem no discurso. A transição de
uma seção a outra não precisa ser abrupta, como se cada seção da música
fosse uma pequena peça musical em si mesma, justaposta a outras. A co-
nexão entre elas pode se dar de maneira sutil, mediante um acorde, um
motivo, um gesto, uma frase ou, até mesmo, uma nota. Nesse sentido, o
compositor deve elaborar seu material a �m de que as divisões entre as se-
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9. O que é a Música?
Você já se deparou, ao longo de sua formação musical, com de�nições de
música como: "música é a arte de organizar os sons musicais harmonica-
mente entre si" ou "música é a arte de criar com sons"?
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Note que, nessa última proposição, o material da música está posto como
predicativo daquilo que ela é: som no tempo, visto sob a perspectiva artís-
tica, transformado com base na razão, no bem-pensar do artista em criar
uma realidade, partindo de um fenômeno acústico e temporal. Além disso,
essa de�nição não contraria a visão da música como linguagem, pois, uma
vez que a música é concebida como linguagem baseada na comunicação
de ideias musicais, versando sobre si mesma e não carecendo, assim, de
apoios verbais de qualquer outra natureza ou qualquer língua, sua existên-
cia dá-se no tempo, como qualquer língua.
A temporalidade da música
Para responder à primeira pergunta, sobre como a arte musical se organi-
za, é preciso pensar no tempo, em sua natureza cronológica, ou seja, enten-
der que o tempo acontece como uma sucessão, na qual aquilo que é agora,
daqui a pouco já não é mais, e aquilo que ainda virá a ser não chegou. Em
outras palavras, o tempo apresenta uma marcha inexorável e, até o ponto
em que sabemos e o percebemos, não é possível retrocedê-lo ou adiantá-lo.
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A temporalidade lírica faz o tempo parar, porque prende a atenção dos ou-
vintes sobre aspectos intrínsecos da própria música, por meio da reitera-
ção das ideias musicais que compõem o trecho lírico, marcando-o e
�xando-o na memória do ouvinte (em uma canção, essa seção poderia ser
identi�cada como o refrão).
Já a temporalidade progressiva faz o tempo �uir, uma vez que está estru-
turada sobre aspectos musicais que lidam mais com o desenvolvimento
dos materiais e menos com sua repetição ou reiteração, "contando" o dis-
curso musical (ainda se referindo à canção, essa parte seria a estrofe). É
possível, portanto, inferir que a organização do discurso musical se estru-
tura, basicamente, sobre o aspecto de como o tempo �ui na música, por
meio da alternância de temporalidades. Assim, uma música monótona li-
daria com pouca ou nenhuma mudança de temporalidade - isso vale tanto
para músicas em que o tempo quase ou somente �ca parado, ou seja, lida
só com a temporalidade lírica, quanto para músicas que somente �uem,
com impulso para frente, sem pontos de in�exão no �uxo temporal.
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em termos de orquestração.
Outro "erro" comum é sermos �éis demais à nossa ideia, não pensando na
sua materialidade. Por exemplo: imaginamos um gesto musical para piano
em altíssima velocidade, que exige um domínio técnico virtuosístico do
instrumentista, ou, ainda, que seja impossível de tocar, como um intervalo
muito grande em uma única mão. Nesse caso, é preciso considerar se sua
ideia é factível, se é realizável, e, caso ela não seja, será necessário rearran-
jar para aproximar o resultado o máximo possível daquilo que você imagi-
nou, sem deixar seu resultado impossível de realizar. Uma boa saída seria
conversar com o instrumentista, reescrever a passagem e, até mesmo, re-
pensar a instrumentação, por exemplo. O compositor precisa estar consci-
ente de que a música é um fenômeno artístico compartilhado entre três
agentes: público, intérprete e o próprio compositor. Cada um tem seu papel
na construção do fenômeno musical. O papel do público diz respeito à re-
cepção, a como sua obra será ouvida pelas outras pessoas. Isso implica
pensar no resultado e no possível impacto que sua música causará. Já o
papel do intérprete é executar, realizar, fazer sua ideia acontecer. Por isso,
o compositor precisa ter o cuidado de estar em contato com o instrumen-
tista e pensar que ele também sente e se relaciona subjetivamente com a
música que você criou - empaticamente ou não, dependendo de vários fa-
tores.
Mas, e no caso de um compositor teimoso, que não abre mão da ideia, mes-
mo que ela seja instrumentalmente impossível de executar? Há a possibi-
lidade de fazer música para instrumentos eletroacústicos e arti�ciais, cu-
jas limitações estão no programa e são de ordem tecnológica, diferentes
das do instrumentista. Os instrumentos eletrônicos e eletroacústicos con-
trolados por computador realizam sons que os instrumentos tradicionais
não fazem. Assim, ao se perguntar se sua ideia é factível, pense na possibi-
lidade de trabalhar com esse tipo de tecnologia. É interessante a�rmar
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11. Considerações
Esperamos que, ao longo desta disciplina, você possa ter se envolvido e se
empolgado com a criação musical, tanto no âmbito do arranjo quanto no
da composição musical, quer seja para �ns pedagógicos, quer seja para
�ns artísticos. Além disso, esperamos que os conceitos, competências e
habilidades desenvolvidos ao longo deste estudo possam ter proporciona-
do a você um repertório de vivência no âmbito da poiésis, revelando-o co-
mo campo possível de atuação dentro da música e principalmente, possi-
bilitando competências no objetivo de uma educação musical a partir de
práticas mais re�exivas e dialógicas.
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