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A análise de Giant Steps a seguir foi realizada com base nas técnicas e procedimentos
de improvisação no jazz, conforme os princípios abaixo.
Harmonia
Melodia
Motivos
Mediantes Cromáticas B G Eb
Dominantes Secundárias D7 Bb7 F#7 Retorna ao início
Ciclo ii7-V7-I Am7 D7 Fm7 Bb7 C#m7 F#7
Essa harmonia não é mantida literalmente durante o solo, que é realizado sobre outra
sequência de acordes que segue o mesmo princípio cíclico de 16 compassos, com mediantes
cromáticas preparadas por suas dominantes e pelo encadeamento ii7-V7-I. Em outras palavras,
trata-se de uma transposição da harmonia do tema à segunda maior superior (de B – G – Eb
para Db – A – F).
Mediantes Cromáticas Db A F
Dominantes Secundárias E7 C7 Ab7 Retorna ao início
Ciclo ii7-V7-I Bm7 E7 Gm7 C7 Ebm7 Ab7
TEMA Solo Sax Solo Sax + Piano Solo Piano Solo Sax TEMA
Voltas 1ª - 2ª 3ª -13ª 14ª 15ª – 17ª 18ª – 19ª 20ª - 21ª
O SOLO DE JOHN COLTRANE
A seguir, está a análise do solo de John Coltrane em cada volta do ciclo. Vários
aspectos e elementos do solo de Coltrane são repetidos nas diferentes voltas, o que produz
coesão melódica e coerência na apresentação das ideias musicais ao longo das dezessete
repetições do ciclo temático. O solo de saxofone é realizado em treze voltas e o solo de piano
em quatro delas.
Por exemplo, é comum o uso de um fragmento da escala de Fá Maior, com as notas ré-
mi-fá-sol-lá, nos compassos com os acordes Gm7 C7 (ii7 – V7, em Fá Maior). Se forem
consideradas apenas as notas da melodia, parece tratar-se de um pentacorde formado pelo
primeiro tetracorde do modo Ré Eólio (ré-mi-fá-sol), em Fá Maior, com acréscimo de uma nota
(lá). Entretanto, geralmente este fragmento melódico ocorre sobre o acorde de Gm7. Por isso,
preferimos interpretar como sendo o segundo tetracorde do modo Sol Dórico (ré-mi-fá-sol)
com o acréscimo de uma nota (lá). Essa escolha deve-se à técnica de improvisação jazzística
com base nos modos antigos, em que se costuma tocar um modo específico para cada grau da
escala, desta forma (exemplo em Fá Maior):
O uso dos três acordes ii – V7 – I completam as notas de cada uma das tonalidades. Por
exemplo, em Réb Maior: ii = Ebm (notas: mib-solb-sib); V7 = Ab7 (notas: láb-do-mib-solb); I =
Db (notas: réb-fá-láb). O quadro abaixo demonstra como esses três acordes completam a
escala.
Por exemplo, se a referência harmônica for o acorde de A, têm-se estas duas formações:
Os pentacordes formados com base em tríades menores podem ser elaborados com base
no modo Dórico ou no modo Frígio. Tomando-se como referência o acorde de Bm7, têm-se:
Em qualquer uma dessas formações podem ser realizadas permutações de notas (pitch
changes ou step changes). Se cada uma das notas for representada por um número que
caracteriza sua posição na ordem da escala, têm-se, nos pentacordes de Lá Jônio e Lá Lídio:
Lá Jônio
1 2 3 4 5
lá si dó# ré mi
Lá Lídio
1 2 3 #4 5
lá si dó# ré# mi
Essa forma de elaborar a construção melódica, que tem sua origem nos improvisos
jazzísticos, foi incorporada nos cursos de composição das escolas de música e universidades
dos Estados Unidos e, a partir daí, tem sido divulgada em escolas do mundo inteiro. Em
inúmeros métodos contemporâneos de composição, ao tratar de diferentes estilos e gêneros
musicais, existem exercícios de permutação de notas a partir de pentacordes, incluindo
pentacordes atonais.
Em geral, considera-se que no Blues são utilizados dois modos de escala pentatônica
(exemplos em fá):
Pentatônica Maior: fá-sol-lá-dó-ré (isso também pode ser interpretado a partir do
modo da relativa: ré-fá-sol-lá-só)
Pentatônica Menor: fá-láb-sib-dó-mib
A blue note é introduzida pelo uso de um cromatismo entre segunda e a terceira nota
da pentatônica maior (nota: láb), entre a quarta e a quinta nota da pentatônica menor (nota:
si) ou entre a sétima menor e a oitava (nota: mi).
No exemplo abaixo, as notas da pentatônica maior estão escritas com notação oval
branca, as notas diferenciais da pentatônica menor estão escritas como notas ovais pretas e as
blue notes estão escritas em notas em forma triangular (o láb é tanto uma nota diferencial
entre a pentatônica maior e a pentatônica menor, quanto uma blue note).
Isso gera passagens cromáticas de três notas (sol-lab-lá; sib-si-dó; mib-mi-fá), através
da blue note, que aparecem frequentemente nos solos de John Coltrane, inclusive em trechos
que não são embasados na escala pentatônica.
Neste trecho de Giant Steps, a passagem cromática, realizada com as notas ré-ré#-mi-
mib-ré, ocorre no início de um movimento ii7 – V7 – I, em Fá Maior, em meio a um segmento
escalar com caráter Mixolídio.
Neste trecho de Giant Steps, a melodia está embasada na escala Pentatônica Maior em
Réb:
Primeira Volta
Segunda Volta
Terceira Volta
Quarta Volta
Quinta Volta
Sexta Volta
Sétima Volta
Oitava Volta
Nona Volta
Décima Volta
Décima Primeira Volta
São dois compassos de solo de saxofone e os outros 14 compassos com solo de piano.