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“Uma História Sobre os Instrumentos Musicais”: Contributos para o

Desenvolvimento de um Guião de uma Exposição

MARISA ISABEL GIRARDIN ROCHA

Relatório
de Estágio de Mestrado em Museologia

Março de 2019
Relatório de Estágio apresentado para cumprimento dos requisitos necessários à
obtenção do grau de Mestre em Museologia realizado sob a orientação científica de
Luísa Cymbron e co-orientação de Rui Pedro Nunes.

i
Ao meu pai.

ii
AGRADECIMENTOS

O presente trabalho não seria possível sem a colaboração, apoio e incentivo de


várias pessoas que me acompanharam ao longo deste projecto e às quais manifesto o
meu agradecimento.
Agradeço à Drª Graça Mendes Pinto por ter autorizado que desenvolvesse este
estágio no Museu Nacional da Música e pela disponibilidade demonstrada.
À minha orientadora, Professora Luísa Cymbron, agradeço profundamente por
toda a sapiência e rigor crítico com que orientou o meu trabalho e por todo o apoio e
disponibilidade que sempre demonstrou.
Agradeço ao Museu Nacional da Música, em particular à sua equipa, que sempre
demonstrou uma grande acessibilidade para me auxiliar no decurso do meu estágio, que
me incentivou a continuar, e por me ter acolhido como “parte da casa”. A todos o meu
sincero obrigado!
Também aos voluntários e restantes estagiários do Museu, agradeço pela
participação e pela ajuda que me ofereceram durante os meses de estágio, bem como
pela boa disposição e companheirismo partilhados.
Umas palavras de apreço especial para o Rui Pedro Nunes, meu co-orientador e
amigo. Agradeço por todo o tempo dedicado ao meu trabalho, pelas sugestões e rigor
crítico e pela disponibilidade e acessibilidade sempre demonstradas. Mas, acima de
tudo, pelo enorme apoio e força transmitidos ao longo desta difícil etapa, pela paciência,
por nunca me ter deixado desistir e pela amizade partilhada. Ao Rui, um enorme
obrigado!
Agradeço também aos meus amigos por “aturarem” as minhas crises e por me
apoiarem nas piores fases.
Também um agradecimento especial à minha família, não só pelos valores
transmitidos, mas sobretudo pelo apoio incondicional e por me acompanharem não só
neste trajecto tão importante, bem como em todas as fases ou escolhas da minha vida.
À minha mãe e ao meu pai, um obrigado por acreditarem sempre em mim e por
me terem feito a pessoa que sou hoje.
Um obrigado muito sincero a todos!

iii
“Uma História dos Instrumentos Musicais”: Contributos para o
Desenvolvimento de um Guião para uma Exposição

Marisa Girardin Rocha

RESUMO

O presente trabalho pretende reflectir sobre o modo como os instrumentos


musicais podem ser trabalhados e comunicados enquanto tema central de uma
exposição de um museu, mais concretamente na exposição permanente do Museu
Nacional da Música (Lisboa).
Tendo em conta esse objectivo, este trabalho começa por caracterizar o Museu
Nacional da Música, avaliando/diagnosticando a sua exposição permanente, tendo já por
base a proposta de programa expositivo realizada para esta instituição por Rui Pedro
Nunes, em 2012, para em seguida procurar perceber as alterações que esta exposição
sofreu desde então.
Partindo das principais conclusões resultantes dessa fase preparatória, o trabalho
ambiciona desenvolver um conceito de exposição, produzindo um guião consolidado
numa proposta de reprogramação da exposição permanente do Museu Nacional da
Música.
Com a proposta apresentada, pretende-se, essencialmente, fornecer algumas
linhas direccionais que possam ser trabalhados a partir de um conhecimento mais
aprofundado das colecções do museu e assume-se como objectivo principal a produção
de um modelo de exposição que possa corresponder às expectativas do Museu Nacional
da Música, bem como projectá-lo enquanto instituição museal de futuro.
Este trabalho não adopta o Acordo Otográfico de 1990.

PALAVRAS-CHAVE: Museu Nacional da Música, Instrumentos Musicais, Música,


Património Musical, Exposição.

iv
"A History of Musical Instruments": Contributions for the Development of
a Guide for an Exhibition

Marisa Girardin Rocha

ABSTRACT

The present work intends to reflect on how the musical instruments can be
worked and communicated as the central theme of a museum exhibition, more
concretely in the permanent exhibition of the Museu Nacional da Música (Lisbon).
Taking this objective into account, this work begins by characterizing the Museu
Nacional da Música, evaluating/diagnosing its permanent exhibition, based on the
proposal of an exhibition program held for this institution by Rui Pedro Nunes in 2012,
perceiving the changes that this exhibition has suffered since then.
Based on the main conclusions of this preparatory phase, the work aims to
develop a concept of exhibition, producing a consolidated guide in a proposal for
reprogramming the permanent exhibition of the Museu Nacional da Música.
With the proposal presented, the main intent is to provide some directional lines
that can be worked out by a more in-depth knowledge of the museum's collections and
the main objective is the production of an exhibition model that may correspond to the
expectations of the Museu Nacional da Música, as well as projecting it as a future
museum institution.
The Portuguese Orthographic Agreement (1990) is not adopted in this work.

KEYWORDS: Museu Nacional da Música, Musical Instruments, Music, Musical


Heritage, Exhibition.

v
SIGLAS E ABREVIATURAS

IPM – Instituto Português de Museus

IPPC – Instituto Português do Património Cultural

MNM – Museu Nacional da Música

vi
ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO 1

2. MUSEU NACIONAL DA MÚSICA 3

2.1. Génese e Antecedentes 3

2.2. Constituição do Acervo 6

2.3. Localização e Espaços 7

2.4. Missão e Objectivos 8

3. EXPOSIÇÃO PERMANENTE DO MUSEU NACIONAL DA MÚSICA 9

4. FASES PARA A CONCEPÇÃO DE UMA EXPOSIÇÃO 15

5. CONTRIBUTOS PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM GUIÃO PARA 20


UMA EXPOSIÇÃO SOBRE UMA HISTÓRIA DOS INSTRUMENTOS
MUSICAIS

6. UM ESTUDO DE CASO: “DE 1600 A 1750” 27

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 34

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 39

BIBLIOGRAFIA DE CONSULTA GERAL 42

ANEXO I – GUIÃO DA EXPOSIÇÃO “UMA HISTÓRIA DOS I


INSTRUMENTOS MUSICAIS”

ANEXO II – NÚCLEO 4: “DE 1600 A 1750” XXIV

ANEXO III – EXEMPLOS DE TEXTO DE SECÇÃO E TEXTO DE PAREDE XXXVI

vii
1. INTRODUÇÃO

O Museu Nacional da Música (MNM) encontra-se em instalações temporárias desde


1994, não reunindo condições adequadas para o seu desenvolvimento. Em função desta
realidade, parece existir alguma unanimidade em relação à necessidade desta instituição vir a
ser instalada noutro local, possibilidade que pode significar uma oportunidade para
reprogramar a sua exposição permanente.
Sabendo da oportunidade de realizar um estágio nesta instituição, e tendo em conta a
conjuntura que acabei de referir, surgiu, assim, um convite para apresentação de contributos,
tendo em vista a planificação de uma exposição que possa vir a ser a futura exposição
permanente do “novo” Museu Nacional da Música.
Tendo-se iniciado o estágio, o primeiro passo a definir foi, precisamente, o tema dessa
exposição. As hipóteses eram várias, mas atendendo à proposta de programa expositivo para
o MNM realizada, em 2012, por um dos técnicos superiores do museu, Rui Pedro Nunes,
para a obtenção de grau mestre em Museologia1, surgiu a hipótese de trabalhar um dos
núcleos desse mesmo projecto, dando-lhe continuidade. Consequentemente, ao analisar as
várias possibilidades, e tendo em conta o tipo de acervo que esta instituição museal possui,
acabámos por escolher o núcleo que, em termos temáticos, mais se aproxima da actual
exposição do MNM, “Os Melhores Amigos do Músico”, que tem como foco principal a
história dos instrumentos musicais.
O conceito global da exposição a ser planificada durante este estágio surge, portanto,
com o objectivo de dar respostas à proposta referida anteriormente e, desde logo, deparámo-
nos com questões relacionadas com o tipo de ângulo e metodologia a seguir, bem como qual
seria a melhor forma para realizar este projecto.
Assim sendo, no contexto deste trabalho, pretendo reflectir sobre a aplicação dos
conteúdos que serão produzidos, bem como sobre o modo como a história dos instrumentos
musicais pode ser trabalhada e comunicada sob a forma de exposição permanente de um
museu, produzindo um guião que possa servir como um ponto de partida para a projecção do
futuro MNM. Pretendo, assim, trabalhar com a ideia de chegar a uma organização lógica de
conteúdos sobre o tema em questão e, consoante o tempo disponível e os desenvolvimentos

1
NUNES, Rui Pedro Bernardino - A música em exposição. Um programa expositivo para o Museu da Música,
trabalho de projecto para obtenção de grau de Mestre em Museologia, FCSH-UNL, 2012

1
relativos ao futuro do MNM, trabalhar já numa lógica de aplicação prática deste guião,
incluindo uma selecção de peças.
Tendo em conta estes objectivos, irei começar por caracterizar a instituição e
diagnosticar a sua exposição permanente. Para tal, recorrerei a alguns catálogos de
exposições, bem como ao Roteiro (2002) do MNM e, como recursos, a alguns documentos
internos da instituição. Ainda como uma das fontes essenciais para a realização deste
relatório irei consultar o trabalho de projecto para a obtenção de grau mestre em Museologia,
A Música em Exposição: Uma Proposta para o Museu da Música (2012), da autoria de Rui
Pedro Nunes.
De seguida, irei concentrar-me em identificar as melhores práticas aceites
relativamente à concepção de exposições, tentando, posteriormente, aplicar essas mesmas
práticas com o objectivo de conceber um guião de exposição. Como bibliografia de referência
sobre este assunto irei recorrer a The Manual of Museum Exhibitions (Altamira, 2002),
editado por Barry e Gail Dexter Lord.
Logo após, irei trabalhar nos meus contributos para o desenvolvimento de um guião
para uma exposição sobre a história dos instrumentos musicais. No entanto, para chegar a
esse resultado final, irá ser necessário realizar uma investigação bastante ampla não só sobre
os instrumentos musicais, mas também sobre a história da música. Assim, sobre este último
tema, basear-me-ei em bibliografia mais genérica, como História da Música Ocidental
(Gradiva, 1988), de Donald J. Grout e Claude V. Palisca e Olhares Sobre a História da
Música em Portugal (Verso da História, 2015), com a coordenação de Jorge Alexandre
Costa. Já em relação à história dos instrumentos musicais utilizarei The History of Musical
Instruments (W.W. Norton & Company, 1968), de Curt Sachs e Instruments in the History of
Western Music (Georges Allen & Unwin, 1978), de Karl Geiringer, como obras de referência.
Esta será, portanto, uma das fases mais importantes do meu trabalho, senão mesmo a
ferramenta central para o planeamento desta exposição, pois é através da investigação que irei
chegar aos conteúdos e temas que irão constituir este guião.
Por fim, irei trabalhar o meu contributo para o desenvolvimento desse mesmo guião,
elaborando um breve enquadramento sobre a exposição e apresentando um dos núcleos que a
irão constituir, como um caso de estudo.
No entanto, assumo desde início que este será um trabalho incompleto. Pretendo que
seja realizado com método e que tenha como base uma reflexão, contudo, ambiciono apenas
apresentar uma proposta com temas e conteúdos lógicos que possam ser trabalhados,
posteriormente, sob a forma de uma exposição.

2
2. MUSEU NACIONAL DA MÚSICA

2.1. Génese e Antecedentes

O Museu Nacional da Música, que abriu as portas a 26 de Julho de 1994 ainda como
Museu da Música, é uma instituição que descende do Museu Instrumental do Conservatório,
inaugurado ao público em 1946 e criado por decreto oficial de 1915. Este teve subjacente à
sua criação um projecto desenvolvido por Michel’angelo Lambertini, um musicólogo e
organólogo de origem italiana, que foi um grande dinamizador do meio musical português
(ROTEIRO, 2002: 7).
Com a publicação de uma portaria no Diário Oficial de 21 de Dezembro de 1911,
Lambertini é nomeado pelo Ministro do Interior, Silvestre Falcão, para reunir todos os
instrumentos musicais, partituras e peças de iconografia musical dispersos em edifícios
públicos ou religiosos. O objectivo era a criação de um museu instrumental, conseguindo,
Lambertini, em 16 meses, reunir 146 instrumentos musicais provenientes de vários locais,
todos eles em Lisboa ou nas suas imediações: Museu de Arqueologia, Museu de Arte Antiga,
Museu dos Coches, Museu de Artilharia, Academia das Ciências, Convento de Mafra,
Convento de Brancanes, Palácio da Vila, Palácio da Pena, Conservatório Nacional e das
Igrejas do Sacramento, de Alcântara e de S. Pedro, em Setúbal. Todos estes espécimes
reuniram-se no Palácio das Necessidades, na Estrela (ROTEIRO, 2002: 11).
No entanto, devido à instabilidade política da época, Lambertini vê-se obrigado a
afastar-se das suas funções. Sem desistir da sua concepção inicial, idealiza de imediato um
projecto de um museu independente do Estado, procedendo a uma nova recolha. Entre 1913 e
1914 reúne alguns instrumentos populares portugueses e inicia a constituição de uma
biblioteca de música cujo objectivo seria complementar o museu (NUNES, 2012: 4).
Entretanto, em 1915, o director da Escola de Música do Conservatório, Francisco
Bahia, propõe ao Estado a criação de um museu de instrumentos musicais no conservatório e
Lambertini é convidado para o cargo de conservador e organizador do museu. Lambertini
aceita, impondo algumas condições, como a integração das peças por si reunidas no Palácio
das Necessidades e a aquisição de uma importante colecção de instrumentos musicais
pertencente a Alfredo Keil, que se encontrava em risco de ser vendida para o estrangeiro
(NUNES, 2012: 5).
Contudo, o Museu Instrumental do Conservatório não tinha instalações apropriadas
nem a protecção orçamental indispensável para se sustentar e adquirir a colecção de Keil,

3
pelo que Lambertini volta a concentrar-se no museu particular. Assim, recorre a António
Carvalho Monteiro, também coleccionador, vendendo-lhe a sua própria colecção e propondo-
lhe que adquirisse a colecção de Keil de modo a que pudessem avançar com um projecto em
conjunto. Carvalho Monteiro aceita e cede um espaço num edifício da Rua do Alecrim, onde
se passa a reunir o conjunto das colecções de Lambertini, Alfredo Keil, António Lamas e
Carvalho Monteiro, perfazendo um número superior a 500 peças (NUNES, 2012: 5).
No entanto, com as mortes de Carvalho Monteiro e de Lambertini, em 1920, o
projecto do museu instrumental vê-se adiado e, como consequência, o acervo reunido
permanece 11 anos no edifício da Rua do Alecrim, até que, em 1931, Tomás Borba,
conservador do Museu e Biblioteca do Conservatório Nacional, o “encontra” em abandono.
Assim, Borba fica encarregue de adquirir estas peças junto dos herdeiros de Carvalho
Monteiro, fazendo a sua transferência para o Conservatório Nacional. Passados cinco anos,
alguns instrumentos que haviam pertencido ao rei D. Luís e que se encontravam no Palácio
da Ajuda também se juntam às colecções reunidas por Lambertini (NUNES, 2012: 5).
Depois de 1938 o Museu Instrumental do Conservatório é enriquecido com aquisições
importantes de instrumentos, partituras e outros materiais relacionados com música e é na
sequência dos esforços de Viana da Mota, que dirigiu o Conservatório entre 1918 e 1938, e
de Ivo Cruz, que lhe sucedeu entre 1938 e 1972, que se cria pela primeira vez um espaço para
exposições, ao mesmo tempo que se procede ao restauro de alguns instrumentos. A partir de
1946, com a reabertura do Conservatório após obras de melhoramento, o museu é
oficialmente inaugurado sob a orientação da conservadora Maria Antonieta de Lima Cruz.
Posteriormente, e após a morte de Lima Cruz em 1957, Macário Santiago Kastner assegura o
cargo de conservador (ROTEIRO, 2002: 19).
No princípio da década de 70, com a elaboração de um programa de reformulação do
ensino das artes, o espaço disponível para acomodação do acervo do Museu Instrumental do
Conservatório torna-se insuficiente e, em 1971, as 658 peças que então integravam as
colecções do museu seriam transferidas para o Palácio Pimenta, no Campo Grande, tendo em
vista a possibilidade de aí ser criado um espaço próprio para este acervo. Ali permanecem
durante cinco anos, até serem novamente transferidas, desta vez para a Biblioteca Nacional,
onde Santiago Kastner se dedica à inventariação das peças. A partir de 1978, sob a acção de
Humberto d’Ávila, no departamento de Música do IPPC, foram recolhidos vários tipos de
instrumentos, partituras e manuscritos antigos, gravuras e pinturas, integrados em espólios de
compositores como Alfredo Keil, Viana da Mota, Augusto Machado e Luís Filgueiras
(ROTEIRO, 2002: 19 - 21).

4
No entanto, em 1991, as peças voltam a ser embaladas e transferidas, desta vez para o
Palácio Nacional de Mafra, por vontade da Direcção da Biblioteca Nacional que alega falta
de espaço para as 797 peças que então constituíam o acervo. Por sua vez, os registos sonoros
são transferidos para o Museu Nacional de Etnologia e a colecção de gravuras segue para o
Museu Nacional de Arte Antiga sendo que o acervo documental permaneceu, com algumas
excepções, na Biblioteca Nacional.
Só a partir do dia 1 de Outubro de 1993 é que se reúnem as condições para a
realização da ideia inicial de Lambertini, com a assinatura de um protocolo, ao abrigo da lei
do mecenato, entre o Instituto Português dos Museus (actual Direcção-Geral do Património
Cultural) e o Metropolitano de Lisboa, que cede um espaço temporário na estação de metro
do Alto dos Moinhos para a instalação do museu durante um período de 20 anos (1994 –
2014). Assim, procede-se, mais uma vez, à transferência do acervo que se encontrava no
Palácio de Mafra para o Alto dos Moinhos, sendo que alguns instrumentos, mesmo
integrando o acervo do Museu da Música, permanecem no Palácio, devido à inexistência de
espaço nas novas instalações.
Com a chegada do fim do protocolo com o Metropolitano de Lisboa, são anunciados
vários projectos para o futuro do museu: em 2010 o então Secretário de Estado da Cultura,
Elísio Sumavielle, anuncia que o Museu da Música irá deixar as suas instalações atuais em
Lisboa e transferir-se para o Convento de São Bento de Cástris, em Évora, num processo que
deveria decorrer até 20142. Contudo, dois anos mais tarde, é anunciado o bloqueamento do
projecto devido à falta de verbas3 e, assim, em 2013, procede-se à renovação do protocolo
com o Metropolitano de Lisboa durante um período de mais cinco anos, ficando assim
prevista a saída do Museu da Música da estação de metro do Alto dos Moinhos até ao final de
2018. Entretanto, são anunciados mais projectos para o futuro do museu, nomeadamente a
sua transferência para o Palácio de Mafra (2014)4, a divisão do espólio entre o Palácio Foz e
o Palácio de Mafra, criando dois pólos para esta instituição (2017)5 e, por fim, novo anúncio
de que o museu será transferido para o Palácio Nacional de Mafra (2018)6.
Entretanto, desde 1994 que o museu procura cumprir a sua missão, registando-se o
aumento do seu acervo, sobretudo através de doações. Já em 2015, o Museu da Música

2
(ZACARIAS, 2010)
3
(LUSA, 2012)
4
(LUSA, 2014)
5
(LUSA, 2017)
6
(LUSA, 2018)

5
passou a Museu Nacional da Música, designação que lhe confere maior reconhecimento e
importância, no entanto, com o fim à vista do protocolo com o Metropolitano de Lisboa, o
futuro para este museu não é certo. Face à sua história recente, irá o Museu Nacional da
Música adquirir, finalmente, um espaço próprio ou será necessário renovar, mais uma vez, o
protocolo com o Metropolitano de Lisboa? Irá o acervo ser transferido novamente? Se sim,
para onde e para quando? O que é que isso implicará, em termos de protecção, conservação e
valorização deste património cultural tão importante?

2.2. Constituição do Acervo

O Museu Nacional da Música possui um acervo que representa diferentes ângulos do


património musical europeu, africano e asiático. O seu campo temático é, tal como o nome
indica, a música e as peças estão organizados em quatro tipologias: acervo instrumental,
iconográfico, fonográfico e documental.
Em relação ao acervo instrumental, o museu possui uma colecção com mais de
10007 peças de grande valor histórico e organológico, de tradição erudita e popular. Estes
instrumentos provenientes dos séculos XVI a XX são, sobretudo, europeus mas também
africanos e asiáticos, sendo que alguns deles são exemplares únicos (NUNES, 2012: 10),
como é o caso dos cornes ingleses de Grenser e de Grundman & Floth 8, e outros são muito
raros e importantes, representando uma memória dos seus possuidores, como, por exemplo, o
piano (Boisselot & Fils) que Franz Liszt trouxe de França para Portugal em 18459.
O acervo iconográfico integra cerca de 40010 itens com várias representações
plásticas de instrumentos, compositores, músicos e cantores ao longo do tempo,
nomeadamente em cerâmica, pintura, desenho, fotografia, escultura, gravura e tapeçaria. Este
acervo representa uma importante fonte de informação para a história da música e da
organologia.
Quanto ao acervo fonográfico, este não está totalmente contabilizado, mas o número
aproximado de fonogramas é de 29.00011, entre os quais, discos antigos de 78 e 80 rotações,
outros de 33 e 45 rotações, rolos de pianola, rolos de cera, bobinas electromagnéticas,

7
(MUSEU NACIONAL DA MÚSICA, Website Oficial - a)
8
Leipzig, final do século XVIII.
9
(REIS, 1945: 17)
10
(MUSEU NACIONAL DA MÚSICA, Website Oficial - b)
11
(MUSEU NACIONAL DA MÚSICA, Website Oficial - c)

6
cassetes de áudio e CDs, correspondendo a um importante registo que pode, nalguns casos,
fornecer informações históricas e técnicas sobre prática, execução e gravação em épocas
específicas.
Por fim, no acervo documental, que conta com cerca de 31.00012 itens, podemos
encontrar várias obras de referência para o estudo da música. Além de livros e publicações
musicais, fazem parte deste acervo algumas centenas de partituras impressas nos séculos XIX
e XX, peças de composição, excertos de teatro ligeiro e obras de músicos como Fernando
Lopes Graça e José Viana da Mota. São também de referir os livros, monografias e
publicações periódicas sobre música e organologia, partituras manuscritas e impressas,
libretos, programas de concertos, cartas e outros documentos dos espólios de Alfredo Keil,
Luís Filgueiras, Michel’angelo Lambertini, Ella Eleanore Amzel, Pedro do Prado, Tomás
Alcaide e Júlio Cardona / Ferreira da Silva.

2.3. Localização e Espaços

O Museu Nacional da Música está instalado num espaço na ala poente da estação de
metro do Alto dos Moinhos, resultado do “encontro de vontades entre o IPM13, que pretendia
instalar o Museu num local de grande acessibilidade, e o Metropolitano de Lisboa, que desde
há muito vinha defendendo uma política de integração da cultura na vida quotidiana da
cidade” (NUNES, 2012:13).
Localizado na freguesia de São Domingos de Benfica, uma das mais populosas da
cidade de Lisboa, o museu integra-se numa zona de interesse histórico e arquitectónico14,
onde funcionam, na área envolvente, vários estabelecimentos de ensino15, hospitais16, grandes
superfícies comerciais17, as instalações do Sport Lisboa e Benfica18 e o Museu das Crianças.
O Museu é composto por dois pisos sendo que o piso inferior (-1) é de acesso público
e o piso superior (0) é de acesso reservado, excepto o centro de documentação que tem um

12
(MUSEU NACIONAL DA MÚSICA, Website Oficial - d)
13
Instituto Português de Museus, instituição que à época era responsável pela tutela dos museus nacionais.
14
Exemplos: Fundação das Casas de Fronteira e Alorna, Parque de Monsanto, Palácio dos Condes de Farrobo ou
das Laranjeiras, Jardim Zoológico, Monumental Teatro Tália ou das Laranjeiras, Palácio de Beau Séjour, que
alberga a Biblioteca Olisiponense e o Museu da República e Resistência.
15
Escola Preparatória Delfim Santos, Externato Vera Cruz, Externato Marista.
16
Luz, Cruz Vermelha, Lusíadas e British Hospital.
17
Centro Comercial Colombo e Centro Comercial Fonte Nova.
18
Estádio, Piscinas e Polidesportivo, Museu Cosme Damião.

7
carácter semipúblico. O piso subterrâneo, com cerca de 600 m2, alberga a recepção,
instalações de apoio, loja e área de exposições que inclui uma área polivalente com
capacidade para cerca de uma centena de pessoas. No piso superior estão instalados os
serviços administrativos, o centro de documentação, uma oficina de restauro, um gabinete de
estudo organológico, os gabinetes técnicos e as reservas.
O projecto de arquitectura esteve a cargo da Arquitraço e Intertraço, ateliers de
arquitectura e decoração de interiores, respectivamente. Este projecto, coordenado pelo
arquitecto Carlos Pietra Torres, procurou ter em conta os problemas subjacentes à localização
do Museu numa estação de metro. Assim, a entrada foi concebida de modo a permitir uma
transparência visual que atraísse as pessoas que circulam no átrio da estação e, em
simultâneo, que garantisse um bom isolamento acústico, de forma a minimizar os ruídos e
efeitos sonoros das carruagens do metropolitano que por ali circulam, ao longo do dia.
No tratamento da área pública procurou-se dar uma sensação de um espaço amplo e
aberto e as superfícies transparentes e cores utilizadas procuraram contribuir para que as
peças expostas sobressaíssem como os elementos predominantes do Museu, tentando criar
um ambiente intimista e confortável.

2.4. Missão e Objectivos

A missão do Museu Nacional da Música, que está definida no artigo 5.º do seu
regulamento interno (2008), é: “Salvaguardar, conservar, estudar, valorizar, divulgar e
desenvolver os bens culturais do Museu, promovendo o património musicológico,
fonográfico e organológico português, tendo em vista o incentivo à qualificação e divulgação
da cultura musical portuguesa.”
No artigo 6.º do mesmo regulamento estão definidas, ainda, uma série de atribuições
que são representadas e traduzidas pela própria missão:
a) Salvaguardar e conservar as colecções à guarda do Museu, garantindo a sua
transmissão às futuras gerações nas melhores condições;
b) Estudar e tratar as colecções do Museu;
c) Promover a inventariação sistemática e actualizada dos bens que integram o
património musicológico português, assegurando o seu registo, classificação e digitalização;
d) Promover e apoiar actividades e projectos de investigação e desenvolvimento no
âmbito do património cultural móvel nos domínios da história da música, teoria da música,

8
etnomusicologia, musicologia e organologia em articulação com as universidades e centros
de investigação científica;
e) Valorizar e divulgar junto dos diversos públicos o Museu e as suas colecções, a
música, sobretudo a portuguesa, o património organológico, fonográfico e musical de uma
forma geral, bem como as instituições ou particulares que contribuam de forma relevante na
mesma direcção;
f) Criar experiências culturais e sociais de modo a fomentar o prazer de usufruir do
Património Musicológico numa perspectiva lúdica e de educação;
g) Alargar e enriquecer as colecções de acordo com a Política de Incorporação
adoptada pelo Museu.

3. EXPOSIÇÃO PERMANENTE DO MUSEU NACIONAL DA MÚSICA

Tendo em vista a elaboração de uma proposta de reprogramação da exposição


permanente do MNM, pareceu-me importante realizar um diagnóstico que permitisse
identificar os aspectos mais e menos positivos desta instituição, definindo também
prioridades de acção. Contudo, uma vez que um diagnóstico completo não se adequa às
especificidades do meu trabalho, propus-me, então, apenas analisar a exposição permanente
do museu. Para além disso, como já referi anteriormente, este trabalho acaba por dar uma
espécie de continuidade à proposta realizada por Rui Pedro Nunes para a obtenção de grau
mestre em Museologia (2012), que se encontra listada na bibliografia e que já apresenta um
diagnóstico bastante completo ao museu. Assim, neste capítulo pretendo desenvolver um
diagnóstico mais actualizado da exposição permanente do MNM e perceber quais as
alterações que esta exposição sofreu desde então.

A exposição permanente do Museu Nacional da Música localiza-se no piso -1 do


edifício e ocupa uma área aberta (open space) com cerca de 500 m2, incorporando uma
selecção de instrumentos musicais que é complementada por algumas gravuras, pinturas e
esculturas de temática musical.

9
O critério de exposição utilizado é o da classificação organológica dos instrumentos
musicais, segundo o sistema Hornbostel-Sachs19, que agrupa as peças existentes em quatro
categorias:
 Cordofones: O som é produzido pela vibração de uma ou mais cordas sob tensão
(exemplos: harpa e violoncelo).
 Aerofones: O som é produzido pela vibração do ar que passa por arestas ou palhetas
(exemplos: saxofone e trombone).
 Membranofones: O som é produzido pela vibração de uma membrana esticada e sob
tensão (exemplos: timbales e bombo).
 Idiofones: O som é produzido pela vibração do próprio corpo do instrumento ou por
alguma das suas partes, sendo que esta vibração se deve à elasticidade dos materiais
que o constituem, sem estarem submetidos a qualquer tipo de tensão (exemplos: caixa
chinesa e xilofone).

Na exposição do MNM, duas destas categorias encontram-se ainda ordenadas dentro


de subcategorias: cordofones dedilhados (com e sem braço), cordofones friccionados e
cordofones com teclado; e aerofones de sopro directo, de palheta e de bocal. Em cada célula
expositiva organizaram-se ainda os instrumentos consoante a sua antiguidade e género
(NUNES, 2012: 24).
A exposição está estruturada com um código de cores que é visível nas tabelas através
de ícones coloridos que, por sua vez, representam os diferentes tipos de peças expostas:
cordofones (vermelho), aerofones (azul), idiofones (verde), membranofones (violeta),
automatofones (laranja) e iconografia (preto).
O percurso expositivo inicia-se com os cordofones dedilhados sem braço, com um
núcleo que engloba alguns dos instrumentos mais antigos da história, como as harpas, os
saltérios e as cítaras. De seguida são apresentados os cordofones dedilhados com braço,
começando nos alaúdes e bandolins e continuando com um núcleo de guitarras inglesas e
portuguesas. Seguem-se os cordofones friccionados, sendo este um dos núcleos mais
representativos da exposição, começando pelas trombetas marinas, a família das violas (viola
da gamba, viola da braccio, viola d’amore) e culminando na família dos violinos (violinos,
violas d’arco, violoncelos e contrabaixos).

19
SACHS, Curt, HORNBOSTEL, Eric von - “Systematik der Musikinstrumente: ein Versuch”, Zeitschrift für
Ethnologie, nº 46, 1914, pp. 553-590

10
Na transição entre as duas alas do museu, encontram-se alguns instrumentos mais
populares, como o sheng, a nyckelharpa, as harmónicas e os acordeões, que são instrumentos
de palheta livre.
Já na ala esquerda estão expostos alguns cordofones de teclado, como clavicórdios,
cravos, virginais e espinetas, sendo este outro dos núcleos mais representativos da exposição
e aquele que é constituído por vários tesouros nacionais, como o cravo Antunes, o cravo
Taskin e vários clavicórdios. Seguem-se os núcleos dos aerofones de aresta (flautas e
ocarinas), dos aerofones de palheta (clarinetes, saxofones, fagotes, oboés, charamelas, entre
outros), dos aerofones de metal (trompas, trombones, serpentão, tuba, entre outros) e dos
idiofones (castanholas, chocalhos, tréculas, etc.). Por fim, a exposição é finalizada pelo
núcleo dos membranofones, com instrumentos como os timbales, a sarronca e o adufe.
Os instrumentos de grandes dimensões, como os pianos, os órgãos e a bateria, podem
ser apreciados fora das vitrinas, não integrando o circuito expositivo normal, justamente em
função do seu tamanho. Já as pinturas, gravuras e esculturas alusivas à temática da música,
que servem como um complemento iconográfico a toda a exposição, estão espalhadas por
todo o percurso, preenchendo algumas das paredes, tanto dentro como fora das vitrinas.
Os conteúdos informativos são insuficientes. À entrada não são distribuídos folhetos
nem qualquer outro tipo de conteúdo informativo, mas os visitantes podem adquirir o roteiro
do Museu (disponível na loja, em português, inglês e francês), que serve como complemento
à visita, sendo a única publicação existente relativamente à exposição permanente. No
entanto, após a sua data de publicação (2001), a exposição permanente do MNM já foi
alterada algumas vezes, o que significa que este importante complemento encontra-se
também desactualizado.
Já na exposição, a informação continua a ser escassa. Não existem textos de parede
nem textos de sala e os conteúdos disponíveis nas tabelas, que são apresentados em português
e inglês, são muito insuficientes, sendo que estas contêm apenas referências ao nome do
instrumento, número de inventário, construtor, data e local de construção. Mas, nalguns
casos, nem todos estes pontos estão referidos e parecem existir alguns erros e incoerências
nalgumas das tabelas.
De uma forma geral, a informação disponível nas tabelas não é suficiente para a
compreensão do próprio percurso expositivo. Um exemplo disso é a vitrina dos violinos
pochette, do rabel, do rebab e do eh-ru, onde não se percebe qualquer tipo de relação entre
estes instrumentos. Outro exemplo é o caso das fotografias do rei D. Luís e de Guilhermina
Suggia, que estão expostos na vitrina dos violoncelos e que pretendem estar contextualizados

11
com os instrumentos que lhes pertenceram (violoncelos de Antonio Stradivari e Henry
Lockey Hill, respectivamente), algo que só é evidente no decorrer de uma visita guiada.
Devido a esta falta de informação, não é possível perceber qualquer tipo de contexto histórico
ou geográfico, nem qualquer tipo de relação entre as diferentes peças expostas, o que faz com
que o visitante obtenha a sua informação apenas a partir da observação dos objectos,
conseguindo apreciar a sua estética e, talvez, percepcionar algo mais através dos diálogos
estabelecidos entre estas. Assim sendo, à inexistência de esclarecimento por parte do Serviço
Educativo (visitas guiadas) ou da consulta de informação complementar, o visitante terminará
a visita sem obter uma contextualização histórica adequada.
Esta falta de informação geral acaba por contribuir também para uma menor
compreensão do valor da colecção do museu, sendo esta uma das mais ricas de toda a Europa,
impossibilitando a valorização de peças de valor excepcional, como é o caso dos vários
tesouros nacionais expostos e que acabam por passar praticamente despercebidos.
No que diz respeito a conteúdos multimédia, a sua ausência é também bastante
notável, não existindo qualquer aplicação que proporcione alguma interactividade entre a
exposição e os visitantes, à excepção de um código QR (ou QR code) que se encontra
disponível na entrada do museu e que permite aos visitantes aceder a um link onde estão
localizados vários ficheiros áudio com os sons de alguns instrumentos do acervo. Estes
ficheiros estão identificados com o número que corresponde à localização da peça na
exposição, seguido pelo nome do instrumento e o seu número de inventário. No entanto, o
critério seguido nem sempre é o mesmo; não existe uma ordem definida para a sua
organização e alguns dos ficheiros disponíveis correspondem a instrumentos que não se
encontram na exposição, podendo gerar alguma confusão.
Seguindo para o aglomerado de peças expostas, nota-se uma enorme representação de
uma cultura musical ocidental, apesar de nalguns núcleos se poderem observar também
instrumentos de tradição popular portuguesa (cavaquinho, viola toeira, adufe) e de origem
asiática e africana (ehru, sheng, qin, berimbau e rebab). No entanto, a quase inexistência de
instrumentos mais contemporâneos é bastante notável, sendo que numa exposição com cerca
de 200 instrumentos apenas podemos observar uma guitarra eléctrica e uma bateria como
exemplos deste tipo.
Para além disso, os instrumentos seleccionados correspondem maioritariamente a
cordofones e aerofones. Já os membranofones e idiofones ocupam apenas três vitrinas (duas
delas destinadas a exposições temporárias), ao passo que os electrofones e automatofones
estão apenas representados, cada um, por um instrumento, uma guitarra eléctrica e um

12
polyphon, respectivamente. Esta maior predominância de algumas categorias instrumentais
reflecte algum desequilíbrio na exposição, algo que é também notável pela maior
representatividade de alguns instrumentos em função de outros, como é o caso dos violinos,
que são representados por 11 exemplares, e das violas d’arco, representadas apenas por dois
objectos.
Em relação a condições de montagem, funcionamento e acessibilidade, todas as peças
se encontram dentro de células transparentes, excepto os casos já mencionados, o que
proporciona uma boa opção do ponto de vista de segurança e conservação dos objectos. No
entanto, o acesso a estas células só é possível através da remoção das respectivas vitrinas que,
por sua vez, são demasiado grandes e pesadas, implicando a disponibilidade de, pelo menos,
duas pessoas com força para as abrir, situação que acaba por afectar todas as actividades de
manutenção da exposição.
Dependendo dos casos, os instrumentos encontram-se colocados em suportes de
acrílico que, por sua vez, poderão estar dispostos em cima de plintos de madeira de diferentes
dimensões e que podem ser reutilizados de várias formas, ou pendurados com fios de nylon.
Já os instrumentos que não integram o normal circuito da exposição não se
encontram protegidos por quaisquer barreiras dissuasoras, o que representa um risco para a
sua conservação. O mesmo acontece em relação às peças iconográficas, como as pinturas e
gravuras que, como já referi, se encontram espalhadas pelas paredes da área expositiva, sem
qualquer tipo de protecção.

À vista do que acabei de destacar, e tendo em conta o quão fundamental é uma


exposição enquanto elemento de comunicação de um museu, irei tentar responder às questões
levantadas neste diagnóstico, apresentando os aspectos que considerei mais prioritários.
Desde logo, o âmbito da exposição deve ser repensado. Sendo este um museu de
música, seria de esperar que a exposição alargasse o seu discurso às várias temáticas
relacionadas com este tema. No entanto, a planificação e a escolha de um tema para uma
exposição deve partir sempre de uma colecção e por muito que o MNM pretenda ampliar a
sua exposição a outras temáticas, a verdade é que a supremacia das peças instrumentais em
relação às restantes que constituem o seu acervo parece-me ser bastante evidente. Deste
modo, é de esperar que a exposição permanente do MNM seja sobre instrumentos musicais,
mas isso é algo que deve ser assumido com clareza, definindo um critério mais lógico, que
permita contar uma narrativa através das peças, em vez de estas estarem simplesmente
expostas para o deleite do visitante, como se o espaço se tratasse de uma galeria de arte.

13
Assim, creio que a exposição teria a ganhar seguindo um critério histórico-geográfico em vez
do critério actual, que se baseia no sistema de classificação organológica Hornbostel-Sachs,
expandindo, deste modo, a possibilidade de contar uma história.
Também a diversidade de peças expostas deve ser alargada. A selecção de peças
actual da exposição permanente do MNM acaba por conectar esta instituição com a música
erudita, deixando de parte todos os outros géneros musicais que conhecemos hoje em dia.
Deste modo, seria importante apresentar instrumentos mais contemporâneos e populares para
que esta conexão com os vários géneros musicais fosse mais evidente.
Este critério acaba por ser também essencial para o equilíbrio da exposição, que não
deve apresentar demasiados exemplos do mesmo tipo de instrumento em relação a menos
exemplares de outros. A escolha das peças deve basear-se sempre na narrativa que se
pretende apresentar e o número de espécimes escolhidos para contar essa história deve ser
apenas o ideal. No contexto do museu que se está a trabalhar, não é compreensível que seja
necessário expor 10 violinos para narrar algo que pode ser demonstrado apenas com 3, por
exemplo.
A realidade portuguesa deverá ser, também, um foco essencial da exposição. Sendo
um museu nacional, parece-me importante que o património musical português tenha algum
destaque, em particular os tesouros nacionais da colecção do museu. Assim, para além de
garantir uma maior proximidade afectiva com os visitantes nacionais, a exposição pode vir a
despertar algum interesse e sentido de descoberta em visitantes estrangeiros, ao mesmo
tempo que promove a valorização, divulgação e salvaguarda deste património.
A falta de conteúdos informativos é também algo que contribui muito para a menor
capacidade de comunicação da exposição com os públicos. Assim, seria importante que o
museu produzisse publicações sobre a exposição, como catálogos, e que apresentasse textos
de sala, textos de parede e mais informação nas tabelas da exposição, bem como outros
conteúdos em forma de iconografia, áudio, vídeo e outro tipo de aplicações que permitissem,
ao mesmo tempo, explorar as possibilidades interactivas que uma exposição sobre
instrumentos musicais pode oferecer.
Já a opção das vitrinas também deveria ser repensada. O facto de estas serem tão
pesadas e complicadas de remover dificulta as acções de manutenção da exposição,
representando ainda um risco para as peças expostas, pois existe sempre a possibilidade de o
vidro partir durante a sua abertura.
À vista disto, aquele que me parece ser um dos principais aspectos que condiciona a
exposição é, precisamente, a falta de espaço, seja dentro ou fora das vitrinas. A falta de

14
disponibilização de mais suportes informativos, a impossibilidade de apreciar
convenientemente algumas peças, como as telas de José Malhoa20, o número e diversidade de
peças em exposição e o facto de algumas delas se encontrarem completamente desprotegidas
são precisamente exemplos das limitações do espaço existente e das suas características.
Em suma, parece-me importante que a exposição permanente do MNM seja
repensada, tendo em conta os problemas identificados neste diagnóstico, alguns deles
resultado das insuficiências do próprio espaço. Para tal, seria crucial o desenvolvimento de
um trabalho conceptual preparatório, apoiado num programa científico rigoroso para que se
alcance um conceito de exposição sólido, que assegure a transmissão de uma mensagem que
se adeqúe à missão do museu.

4. FASES PARA A CONCEPÇÃO DE UMA EXPOSIÇÃO

Tendo este trabalho como foco a preparação de um guião que procure facultar os
conteúdos necessários para a realização de uma exposição, considerei importante, numa
primeira fase, fazer uma pesquisa focada na área da Museologia, centrando-me, mais
concretamente, no tema das exposições e das várias fases a seguir para a elaboração de
conteúdos expositivos de qualidade. Assim, como base metodológica, recorri a várias obras
de referência sobre museus e exposições, que estão citadas tanto no texto do trabalho, como
na bibliografia geral.
Posto isto, irei expor um breve resumo da informação reunida nesta fase, enumerando
e descrevendo alguns dos procedimentos a seguir para a elaboração de uma exposição:

O planeamento de uma exposição pode ser definido como todas as actividades que
vão permitir determinar os objectivos e a exequibilidade do projecto, bem como organizar o
processo da exposição, tendo em conta os recursos humanos, técnicos e económicos
disponíveis, bem como os custos e o tempo estimado (HERREMAN, 2004: 94). Segundo
Hugh A.D. Spencer (SPENCER, 2001: 155-162), este planeamento é constituído por seis
fases:

20
“A Música com as suas harmonias atrai a brisa e os murmúrios da noite que escutam enlevados a 7ª Sinfonia
de Beethoven” (MM 1054) e “Apoteose a Beethoven” (MM 1053).

15
1. Investigação: A investigação é uma das principais funções de um museu, mas
existe uma diferença entre a investigação realizada em torno das colecções de uma instituição
museal, que deve ser um processo contínuo, levado a cabo de acordo com a política de
investigação do museu, e a investigação realizada especificamente para uma nova exposição
(AMBROSE; PAINE, 2007: 99).
Para o primeiro caso, um museu deve desenvolver uma política de investigação que,
por sua vez, deve estabelecer o seu compromisso em investigar, confirmando que vai dedicar
tempo, dinheiro e pessoal a esta actividade, ao mesmo tempo que conserva e cumpre a sua
missão. Esta política deve ainda descrever a gama de investigação a ser realizada no museu,
incluindo uma pesquisa sobre o público-alvo da instituição, os seus programas de
comunicação e de educação, bem como sobre os estudos sobre curadoria e conservação
(LORD; LORD, 2001: 30).
Para além desta política, se o museu desenvolver investigação com pessoal exterior à
instituição deve também implementar um plano que defina os objectivos para essa actividade
periódica, relacionando-os com a colecção permanente e com os programas do museu
(LORD; LORD, 2001: 30).
Quanto ao segundo caso, esta é uma investigação que está ligada a uma exposição
específica que o museu planeia apresentar ao público. No entanto, antes de dar início a esta
tarefa essencial, é necessário que se realizem alguns estudos importantes para garantir o
sucesso da exposição.
À vista disso, é determinante que, em primeiro lugar, se assegure que o museu tem os
meios necessários para levar a cabo a investigação que dará origem à exposição. Assim, se a
equipa do museu não integrar qualquer especialista no tema a ser tratado, a instituição pode
sempre convidar ou contratar um especialista que possa liderar a investigação e supervisionar
os preparativos para a exposição. De seguida, o museu deve assegurar que o(s)
investigador(es) tem/têm acesso adequado a várias fontes de informação, como bibliotecas,
arquivos, centros de documentação, entre outros. É também importante que se certifique de
que há tempo disponível para se realizar a investigação, pois é crucial que esta seja
desempenhada com a maior precisão possível. Por fim, é necessário que os investigadores se
comprometam a escrever as tabelas com as legendas das peças seleccionadas para a
exposição e a fazer o briefing ao designer. Este consiste num documento que deve resumir os
conteúdos da exposição e formular a estrutura temática à volta da qual estes conteúdos devem
ser organizados, bem como as questões e teses fundamentais que irão ser exploradas,

16
servindo, assim, como um guia para o desenvolvimento do design da exposição (NICKS,
2001: 356). Se, por algum motivo, não for possível para os investigadores desenvolverem
estas tarefas, é necessário que trabalhem junto daqueles que as irão realizar.
Em suma, esta é uma actividade essencial para o desenvolvimento de uma exposição
pois, sem ela, não é possível haver uma comunicação satisfatória, sendo vital que as
actividades de investigação de um museu e a direcção dos seus projectos se complementem e
se suportem uns aos outros. Como já referi, a investigação dentro de uma instituição deve ser
conduzida de acordo com um plano de investigação e este deve ser desenvolvido como a
ferramenta de planeamento central para assegurar que os programas públicos do museu,
incluindo as exposições, são orientados através de uma investigação precisa e através da
própria agenda de investigação da instituição.

2. Proposta: Entre os vários resultados da investigação deve encontrar-se a


capacidade de conceber propostas para exposições. Estas devem incluir:
● Uma explicação de como é que o projecto vai ajudar a instituição a cumprir a sua
missão e objectivos.
● Uma descrição de como é que a exposição proposta vai utilizar as colecções e os
recursos da instituição.
● Um esclarecimento acerca do tema da exposição, a sua tese inicial e os seus principais
objectivos de comunicação.
● Uma descrição da audiência projectada para a exposição.
● Um tratamento breve e inicial sobre o tema geral, a abordagem e as estratégias visuais
e interpretativas previstas para o projecto.
● Qualquer outra informação que tenha inspirado a necessidade da realização desta
proposta.

3. Equipa da Exposição: Após a aprovação da proposta o museu deve constituir uma


equipa para o desenvolvimento da exposição, que deve estar representada pelas seguintes
funções institucionais ou departamentos dentro do museu: administração, conservação,
interpretação, design, media e meios de comunicação, produção e instalação, documentação,
educação, gestor de programas, publicações, relações públicas e segurança.

17
4. Planeamento e Design da Exposição: Nesta fase, deve-se produzir:
● Um layout geral da exposição, descrevendo a sua configuração de espaço geral, a
apresentação visual e os destaques da exposição.
● Um plano da exposição, descrevendo com detalhe os objectos de comunicação
particulares, conteúdos e media para todas as componentes da exposição, ligados aos
objectivos e temas gerais da exposição.
● Um resumo com as especificações do espaço, incluindo descrições e detalhes de
qualquer media interactivo, tecnologia, ambiente ou cenário propostos para a
exposição.
● Um orçamento preliminar e um cronograma, incluindo os custos detalhados e o tempo
de produção estimados para os sistemas propostos.
É nesta fase que se produz o guião ou storyboard da exposição, que pretende ser um
documento compreensível que enumera os diferentes núcleos da exposição numa sequência
rigorosa, com os temas e subtemas arranjados e classificados hierarquicamente. Este
documento deve incluir detalhes de objectos que serão utilizados, material gráfico e
quaisquer outros elementos de suporte, tais como dioramas, modelos e réplicas
(HERREMAN, 2004: 97-98).
É também importante ter em consideração dois elementos vitais neste processo de
design:
1 – A conservação preventiva, sendo a presença dos conservadores durante todo o
processo de design essencial para que possam aconselhar de perto os designers acerca
das condições de conservação preventiva das peças.

2 – Ter em consideração a manutenção das peças mesmo depois da exposição já estar


montada, lembrando que os percursos, as zonas de descanso e as vitrinas também
necessitam de uma limpeza e manutenção contínuas.

5. Produção: Com a aprovação dos desenhos de trabalho, orçamento e cronograma,


pode dar-se início à produção dos componentes da exposição e dos elementos multimédia.
Durante esta fase nunca se pode subestimar as questões de segurança e os requisitos
de conservação das peças, pelo que é importante que a montagem seja sempre acompanhada
pelos conservadores (HERREMAN, 2004: 98).

18
6. Operação e Avaliação da Exposição: A equipa da exposição deve continuar o seu
trabalho mesmo depois desta já estar aberta ao público:
● Trabalhando com o departamento de educação, mediação e com a equipa que trabalha
com os públicos de modo a avaliar se a exposição alcançou os seus objectivos de uma
forma eficaz.
● Consultando os conservadores para se certificar de que as colecções expostas
continuam em boas condições e agendando a substituição de objectos sensíveis ao
ambiente onde se encontram.
● Trabalhando com especialistas em programação para se treinar para apresentações ao
vivo e para a preparação de eventos especiais.
● Monitorizando o funcionamento de todos os media e sistemas da exposição.
● Realizando estudos sistemáticos das áreas onde a exposição necessita de ser revista e
actualizada e determinando quando a exposição necessita de ser substituída por já ter
ultrapassado o seu “tempo de vida”.

Por fim, parece-me importante referir que estas tarefas não devem ser
compartimentadas nem são, de todo, estanques. Isto é, não é necessário seguir uma ordem
para as realizar, sendo que muitas delas podem até ser realizadas em simultâneo, como é o
caso da investigação, que deve ser transversal a todas as fases, o que permite ir sempre
afinando as várias questões relacionadas com a produção de uma exposição.
Tendo em conta estes aspectos, neste trabalho específico procurei projectar uma ideia
para aquilo que poderia vir a ser uma exposição. No entanto, devido ao limite de tempo
disponível para a realização deste estágio, nunca seria possível acompanhar todo o processo
de planificação e projecção de uma exposição. Assim, na realização do trabalho que deu
origem a este relatório, ficou definido que as minhas principais tarefas seriam a realização da
investigação sobre o tema da exposição, ou seja, sobre a história dos instrumentos musicais e,
por fim, a realização de um primeiro esboço de guião que pudesse servir como um ponto de
partida para a realização de uma exposição, tarefa que se insere já na fase do planeamento e
design da exposição.

19
5. CONTRIBUTOS PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM GUIÃO
PARA UMA EXPOSIÇÃO SOBRE A HISTÓRIA DOS INSTRUMENTOS
MUSICAIS

À vista do que acabei de referir no capítulo anterior, a investigação foi a primeira


tarefa que realizei e consistiu em fazer uma recolha intensiva de informação sobre o tema da
história dos instrumentos musicais, com o objectivo de obter um enquadramento teórico
consistente e de referência. No entanto, a produção musicológica não tem sido muito activa
em relação à publicação de sínteses sobre o tema referido. Os resultados da investigação em
organologia dos últimos tempos têm vindo a ser publicados mais sobre a forma de artigos
pontuais onde, na maioria dos casos, o conhecimento se encontra disperso por vários períodos
e, como tal, baseei-me em sínteses mais antigas, mas que não deixam de ser obras de autores
de referência, como Curt Sachs21, Karl Geiringer22, Jeremy Montagu23, entre outros, que se
encontram citados na bibliografia deste trabalho.
Apesar da temática da exposição estar direccionada para os instrumentos musicais, é
importante referir que a história destes e a história da música são, obviamente, indissociáveis,
pois quando há alterações no gosto musical e nos géneros de música praticada numa
determinada época, os instrumentos musicais vão ser afectados por essas mudanças e, como
seria de esperar, quando são realizados progressos na construção de instrumentos musicais, os
compositores vão explorar exaustivamente todas essas novas possibilidades técnicas e
sonoras, influenciando a forma como a música é produzida. Deste modo, ainda durante a
investigação, foi feita, em simultâneo, uma leitura de várias obras generalistas sobre história
da música, para um melhor enquadramento histórico e científico. Entre elas, História da
Música Ocidental, de Donald Grout e Claude Palisca (2008), vários artigos de The New
Grove Dictionary of Music and Musicians, editado por Stanley Sadie (2001), entre outras,
listadas na bibliografia.
Terminada esta tarefa, iniciei, assim, a elaboração de um guião. Nesta fase, o que se
pretendeu foi programar uma exposição capaz de responder às prioridades identificadas no
ponto 3 de uma forma positiva, ao tratar diferentes assuntos de uma forma interligada, com o

21
SACHS, Curt - The History of Musical Instruments. Nova Iorque: W.W. Norton & Company, 1968
22
GEIRINGER - Karl, Instruments in the History of Western Music. Londres: Georges Allen & Unwin, 1978
23
MONTAGU, Jeremy, The World of Baroque & Classical Musical Instruments. Nova Iorque: The Overlook
Press, 1979

20
objectivo de possibilitar aos visitantes uma percepção global daquilo que é a história da
música e, essencialmente, a história dos instrumentos musicais, colocando estes temas no
centro da abordagem e pensando que outros tópicos lhes poderiam “dar corpo”.
O objectivo foi sempre que estes temas servissem como base para um trabalho que
pudesse tornar a exposição do museu mais abrangente, informativa, interactiva, pedagógica e
diversificada, permitindo ao visitante perceber o modo como os instrumentos mudaram ao
longo do tempo, até chegarem às suas formas actuais. Assim, trabalhámos sempre com uma
lógica que não limitasse o potencial da ideia da exposição em função das colecções actuais do
museu. Isto é, procurámos desenvolver um conceito com potencial de experiência
transformadora (a exposição ideal), deixando para uma fase posterior questões relacionadas
com a sua exequibilidade (exposição possível).
O critério inicial para esta exposição não era simplesmente cronológico, isto é, não se
pretendia que a exposição estivesse simplesmente organizada seguindo os vários períodos da
história da música, pois apercebemo-nos de que este é um parâmetro já muito utilizado por
outros museus e, neste caso, pretendia-se introduzir alguma originalidade à organização desta
exposição. Assim, surgiu a ideia de seleccionar uma série de acontecimentos importantes não
só para a história da música como para a história da humanidade que, por sua vez, fossem
determinantes para o desenvolvimento e história dos instrumentos musicais, aos quais demos
o nome de “Big Bangs”, baseando-nos na série documental de Howard Goodall, Big Bangs24,
que trata alguns acontecimentos centrais para a história da música. O objectivo seria que estes
“Big Bangs” pudessem ser trabalhados como temas dentro dos vários núcleos cronológicos
da exposição, alguns deles contemplando também subtemas mais específicos.
No entanto, ao aprofundar a investigação desenrolada em torno dos instrumentos
musicais, fomo-nos apercebendo de que esta organização baseada em “Big Bangs” se tornava
difícil de seguir, pois muitos dos temas seleccionados não se encaixavam na categoria de
“Big Bangs”, isto é, não tinham sido determinantes para o desenvolvimento dos instrumentos
musicais mas, por outro lado, não deixavam de ser importantes e influentes para a utilização
de instrumentos musicais e para o desenvolvimento da música instrumental numa
determinada época, como é o caso do tema “Desenvolvimento dos Concertos Públicos”.
Para além disso, apercebemo-nos também que muitos dos períodos da História da
Música podem já ser considerados como “Big Bangs” pois, com a passagem do tempo, o
gosto e o pensamento musical da sociedade vai mudando, influenciando a música que é
24
Big Bangs. Documentário dirigido por David Jeffcock e Justin Kershaw; apresent. Howard Goodall. Reino
Unido: Tiger Aspect Productions, 2000

21
produzida numa determinada época e também, por consequência, a utilização de certos
instrumentos musicais, bem como as suas características organológicas e de construção. Um
bom exemplo para este caso é, precisamente, o final do período Medieval (séc. XIV) e o
início do período Renascentista (séc. XV). Com a viragem para o século XIV, com o
florescimento de uma cultura urbana e com o crescente interesse por música polifónica e pela
expressão harmónica, começaram a ser realizadas várias experiências em instrumentos com
teclado, levando ao desenvolvimento das características organológicas de muitos destes,
como é o caso do órgão e do saltério (GEIRINGER, 1978: 80). Já a partir de meados do séc.
XV, os compositores começaram a interessar-se cada vez mais pelos instrumentos (em
particular alguns deles como, por exemplo, os de tecla), levando a um desenvolvimento
notório da música instrumental. Assim, podemos considerar que tanto o fim da Idade Média
como o Renascimento são, por si só, “Big Bangs” para a história dos instrumentos musicais.
Por fim, estávamos também conscientes de que este critério poderia trazer alguns problemas
de comunicação aos visitantes, pois em muitos casos seria complicado para estes situarem-se
cronologicamente face ao desenrolar dos vários temas expostos.
Chegando a estas conclusões, apercebemo-nos, como já referi, que seria difícil “fugir”
a uma organização cronológica para contar uma história coerente, com princípio, meio e fim
e, assim, decidimos mudar o critério de organização da exposição. Desta forma, escolhemos
organizar a exposição segundo núcleos gerais, cronológicos e que correspondiam, cada um, a
um período da História da Música.

Ilustração 1 - Representação dos núcleos da exposição.

22
Cada um destes núcleos deverá ser acompanhado por um texto introdutório que
permita dar uma ideia geral do período em questão, bem como dar a entender o gosto, o
pensamento musical e o tipo de música praticada nas diferentes épocas, sendo a partir daí que
todos os temas irão ser desenvolvidos. Basicamente, as balizas cronológicas que
correspondem a cada núcleo são referências que têm o propósito de “guiar” o visitante ao
longo da história a ser contada, servindo como o fio condutor para toda a exposição.
A cada um dos núcleos corresponde uma série de temas gerais que, por sua vez, vão
ser desenvolvidos por temas mais específicos (subtemas). O critério para a selecção destes
temas e subtemas foi bastante mais simples pois, nesta fase, a maior parte dos assuntos que
queríamos tratar já tinham sido seleccionados e trabalhados, sendo apenas necessário decidir
se um determinado assunto podia ser, por si só, um tema, ou se o poderíamos agrupar com
outros assuntos que pudessem formar uma secção temática maior. Por exemplo, o tópico
sobre a redescoberta e estudo da Música Antiga que teve início em meados do século XIX e
que, por sua vez, abriu as portas à reconstrução de instrumentos antigos, acabou por ser
seleccionado como um tema só: “Revivalismo”; enquanto os tópicos sobre o ensino da
música, a elaboração de monografias instrumentais e o desenvolvimento da musicologia
acabaram por ser agrupados como subtemas de um tema maior: “Ensino e Investigação”.
Assim, acabámos por seleccionar 11 temas diferentes que podem ser, ou não,
transversais a toda a exposição. Isto é, podem aparecer em mais do que um núcleo ou até
mais do que uma vez em cada núcleo, dependendo dos subtemas que lhes correspondem. Por
exemplo, o tema que referi no parágrafo anterior, “Revivalismo”, aparece apenas em dois dos
núcleos da exposição (“De 1820 a 1890” e “De 1890 à Actualidade”). No entanto, o tema
“Construção de Instrumentos Musicais” é transversal a toda a exposição. Deste modo, para
facilitar a compreensão dos assuntos, escolhemos utilizar um código de cores e ícones
distintos para cada um dos temas.
A aplicação deste tratamento gráfico teve essencialmente a ver com o facto de
acharmos importante facilitar a identificação dos diversos temas por parte dos visitantes,
antecipando ainda a possibilidade de produzirmos conteúdos informativos específicos para
cada núcleo.

23
Ilustração 2 - Representação dos temas da exposição

Para uma maior compreensão do conteúdo dos temas apresento, de seguida, uma
síntese dos mesmos:

1. Marcos Históricos: Este assunto pretende chamar a atenção para os vários


acontecimentos históricos que foram importantes para a história da humanidade mas
que, neste caso, foram ainda determinantes para a história da música e, mais
concretamente, para a história dos instrumentos musicais, sendo exemplos a
sedentarização e a formação das primeiras classes profissionais na Pré-História, a
emergência da civilização Greco-Romana, que funcionou como um importante
alicerce para toda a história da música Ocidental, a revolução industrial, a formação
de uma cultura de massas em meados do séc. XIX, entre outros. Este é um dos temas
que abrange subtemas diversos e que têm cronologias bastante dispersas, acabando
por ser transversal a toda a exposição.

24
2. Contacto entre Diferentes Povos/Culturas: Aqui pretende-se dar a conhecer como é
que as migrações e os contactos entre diferentes povos potenciaram a disseminação e
a migração dos instrumentos musicais. Neste tema, quando falamos em “contactos”,
podemos estar a referir-nos a trocas culturais pacíficas, bem como a guerras e
invasões. Alguns dos subtemas são os contactos realizados durante a Antiguidade
Egípcia e Mesopotâmica, a Antiguidade Grega e Romana, a Idade Média e os
Descobrimentos, no período Renascentista.

3. Música e Religião: Neste tema o objectivo é explicar de que modo é que a Igreja vai
influenciar, durante um longo período, todo o panorama musical europeu após a
ascensão do cristianismo em 391 DC, demonstrando o impacto que as práticas
musicais religiosas tiveram sob os instrumentos musicais.

4. Descobertas Técnicas e Científicas: Este é um dos temas mais abrangentes da


exposição e assemelha-se, de certa forma, ao tema 1, por englobar subtemas que
foram marcantes para a história da humanidade mas que, directa ou indirectamente,
também influenciaram em muito a história dos instrumentos musicais. É um tema
também bastante transversal a toda a exposição, aparecendo em vários núcleos
diferentes e, nalguns casos, mais que uma vez no mesmo núcleo, englobando
subtemas como a descoberta do barro e da metalurgia, na Pré-História, o
desenvolvimento da ciência e da matemática pelas primeiras civilizações antigas, o
desenvolvimento da imprensa e da publicação musical na viragem do século XV para
o século XVI, o surgimento da electricidade no século XIX e, por fim, o
desenvolvimento dos transportes e das telecomunicações, desde o século XIX até aos
dias de hoje.

5. Teoria e Prática Musical: Este é o tema mais complexo de toda a exposição e


também o mais abrangente. Tal como o nome indica, pretende abordar assuntos
relacionados com teoria e prática musical, desde o surgimento de novas técnicas de
composição, à emancipação da música instrumental, às várias formas de notação
musical desenvolvidas ao longo dos tempos, até às questões de estética musical,
dando uma ideia geral do tipo de música praticada nos diferentes períodos da história

25
da música sendo, por isso mesmo, um dos temas que é referido em todos os núcleos
da exposição.

6. Ensino e Investigação: Este tema abrange subtemas como o ensino da música,


tratando a sua evolução, a publicação de monografias instrumentais a partir de
meados do século XVI, que se relaciona com o interesse crescente pelos instrumentos
musicais e pela música instrumental nessa época, e o surgimento da Musicologia em
meados do século XIX, disciplina importante para o estudo da música praticada antes
do período Romântico.

7. Revivalismo: Este tema pretende abordar todas as questões relacionadas com as


tendências que surgiram em meados dos séculos XIX e XX em relação à redescoberta
da música antiga e da música posterior ao período Romântico. Estas tendências foram
especialmente importantes por promoverem a construção e o revivalismo de
instrumentos musicais antigos.

8. Estatuto Social do Músico: Aqui, o objectivo é demonstrar como é que o estatuto


social dos músicos se vai alterando ao longo dos séculos e a importância que isso terá
para a disseminação, migração e promoção de certos instrumentos musicais.

9. Comercialização da Música: Este é um tema bastante pequeno e que abrange apenas


subtemas que estão ligados à disseminação da música, bem como à sua
comercialização, como o desenvolvimento dos concertos públicos, que vão ser
essenciais para a disseminação da música instrumental a partir do século XVII, bem
como a formação de uma cultura musical de massas, a partir de meados do século
XIX.

10. Gravação: Inicialmente, este tema foi pensado como um subtema que poderia ser
agrupado com outros, como as descobertas técnicas e científicas ou como a
comercialização da música. Mas como o surgimento da gravação gerou tantas
possibilidades para o mundo musical, seja através da formação de públicos diversos,

26
da disseminação da música ou da conservação de uma memória, achámos que merecia
estar destacado, acabando por ser seleccionado como um tema geral que abrange
ainda assuntos como a invenção do fonógrafo e da fita magnética.

11. Construção de Instrumentos Musicais: Este é um tema semelhante ao “Estatuto


Social do Músico”, por ter como objectivo demonstrar como é que as práticas de
construção de instrumentos musicais se vão alterando ao longo dos séculos, sendo um
dos tópicos mais importantes de toda a exposição, pois permite ao visitante perceber
de uma forma clara como é que certos instrumentos foram sendo alterados e porquê.
Aqui pretende-se, também, dar a conhecer aos visitantes os vários progressos técnicos
que foram sendo desenvolvidos em relação aos instrumentos musicais ao longo dos
séculos, desde o surgimento das membranas e das cordas na Pré-História até à
invenção dos pick-ups no século XX. Tal como alguns dos temas anteriores, é
transversal a toda a exposição e é muito importante por dar a conhecer várias
curiosidades em relação à construção dos instrumentos musicais.

6. UM ESTUDO DE CASO: “De 1600 a 1750”

Depois de estarem definidos os principais temas para a exposição e, com isso, a forma
como esta iria estar organizada, entendemos que, devido à complexidade da proposta
apresentada, seria importante escolher um dos núcleos para ser trabalhado neste relatório,
pois, de um ponto de vista prático e temporal, apercebemo-nos que não seria possível
trabalhá-los a todos. Assim, escolhi o quarto núcleo, “De 1600 a 1750”, pois corresponde a
um dos períodos da História da Música pelo qual adquiri um gosto especial durante todos os
anos em que me dediquei à prática e ao estudo da música. Para além disso, apercebi-me que o
MNM conta com uma vasta gama de peças correspondentes a este período, nomeadamente
instrumentos musicais, o que acabou por influenciar, ainda mais, a minha escolha.
No entanto, penso que é importante referir, mais uma vez, que as balizas cronológicas
definidas para cada núcleo desta exposição são, no fundo, referências, pelo que algumas das
peças seleccionadas para representar um determinado assunto podem ter sido construídas

27
para além dessas datas. Contudo, são objectos que pertencem a uma tipologia de instrumentos
que ou surgiu entre 1600 e 1750 ou que teve um papel central para a música europeia deste
período.
Como já referi no ponto acima, a todos os núcleos da exposição estão associados uma
série de temas que, por sua vez, podem conter alguns subtemas. Assim, como seria de
esperar, o núcleo “De 1600 a 1750” não é excepção e em baixo apresento um esquema que
permite perceber os temas e subtemas que o constituem, seguido de uma descrição, bem
como dos conteúdos informativos que os compõem.

Ilustração 3 - Representação dos temas e subtemas do núcleo “De 1600 a 1750”, da exposição.

De 1600 a 1750:

A introdução a este núcleo pretende dar uma ideia geral do pensamento musical do
século XVII e meados do século XVIII, referindo as importantes alterações musicais que se
desenvolveram durante esta época, bem como os aspectos que se relacionam com questões de
gosto e de estética musical. Aqui pretende-se também referir as consequências que essas

28
alterações tiveram para a utilização e construção dos próprios instrumentos musicais, bem
como o facto de ter sido neste período que se desenvolveram as principais formas e géneros
musicais que perduraram nos séculos seguintes, como a ópera, a oratória, o concerto solo e a
sonata.
A grande mudança na perspectiva e pensamento artístico que teve lugar no início do
século XVII resultou numa mudança radical e decisiva para a música. Neste período,
começou a haver um interesse crescente nos contrastes extremos e com as alterações de gosto
a transitarem da polifonia praticada nos séculos anteriores para um estilo monódico
acompanhado25, os compositores começaram a demonstrar uma certa preferência pelos
instrumentos musicais com sonoridades mais cantantes, suaves e expressivas, como é o caso
dos instrumentos de sopro e os cordofones. Esta tendência foi obviamente levada em conta
pelos construtores de instrumentos (GEIRINGER, 1978: 131).
Os instrumentos musicais tiveram de passar por um processo selectivo bastante
severo, o que fez com que apenas aqueles que possuíssem uma gama suficientemente ampla e
uma flexibilidade que permitisse obter todas as dinâmicas, desde o pianíssimo até ao
fortíssimo26, fossem poupados. Nesta época, pretendia-se que os instrumentos musicais
conseguissem “cantar” como um ser humano, levando à dispensa de vários instrumentos
como os cromornes, as gaitas de foles, entre outros, por não terem uma expressividade
suficientemente satisfatória e que fosse ao encontro das exigências dos compositores
(SACHS, 1968: 352). Estas ideias acabam por reflectir a decadência de um modelo
polifónico, no qual se enfatizava a homogeneidade das várias vozes, e o florescimento de
uma monodia acompanhada, onde um instrumento “cantante” é acompanhado por outros
instrumentos musicais.
O objectivo é que estes conteúdos sejam apresentados num painel de secção (ver
Anexo 3), que servirá para introduzir os temas e subtemas que serão apresentados de seguida,
bem como os objectos que vão ser expostos.

25
A polifonia é um estilo de composição em que duas ou mais vozes se desenvolvem de forma independente,
mas que se interligam de modo a criar texturas melódicas, harmónicas e rítmicas (FROBENIUS, 2001: 70). Já a
monodia refere-se a um estilo musical solístico onde uma única linha melódica é acompanhada por outras vozes
(FORTUNE, 2001: 497).
26
Em termos musicais, as dinâmicas referem-se à intensidade de volume com que se expressam notas e sons,
desde o pianíssimo (tocar com pouca intensidade) ao fortíssimo (tocar com muita intensidade).

29
Construção de Instrumentos Musicais

Neste tema é suposto abordarem-se todas as questões relacionadas com a construção


de instrumentos musicais durante o século XVII e primeira metade do século XVIII, dando
algum destaque à realidade portuguesa. Nesta época, a construção de instrumentos musicais
melhora devido a avanços técnicos e foi muitas vezes aperfeiçoada devido às exigências dos
músicos, compositores e, como já vimos no tema anterior, devido ao próprio gosto e
pensamento artístico da época.
Em Portugal, a construção de instrumentos de tecla faz-nos recuar até ao século XV,
quando já se fabricavam clavicórdios ibéricos com madeiras existentes no nosso país, trazidas
da Serra da Estrela, bem como materiais importados dos pinhais da Sória, em Espanha e das
florestas do Norte da Europa (DODERER, 1971: 14), mas é no século XVIII que esta arte
adquire uma especial importância, principalmente a construção de cravos, clavicórdios e
pianofortes produzidos por construtores como Manuel e Joaquim José Antunes, Matias
Bostem, Henrique van Casteel e Manuel do Carmo (BRITO, 1992: 122).
A apresentação destes conteúdos deverá ser feita com recurso a um texto de parede
seguido da exposição de alguns instrumentos destes construtores, nomeadamente o cravo
Antunes e o pianoforte de Henrique van Casteel ambos pertencentes ao acervo instrumental
do MNM. Para além disso, seria interessante fazer uma simulação de uma oficina da época
que pudesse mostrar mecanismos e/ou peças de instrumentos ainda por construir, bem como
as ferramentas, moldes e diversos materiais utilizados na construção de instrumentos de tecla
ou cordofones. Ainda para este tema, poderiam ser apresentadas as biografias de alguns dos
construtores mencionados acima, através de um vídeo documental ou de uma aplicação num
ecrã touchscreen, que permitisse ao visitante ver gravuras dessas personalidades, ler alguns
textos biográficos, bem como observar fotografias de outros instrumentos construídos pelos
próprios mas que não pertencem à colecção instrumental do MNM, tornando, assim, a
exposição mais dinâmica e interactiva.

Construção de Instrumentos Musicais - Progressos Técnicos:

Aqui pretende-se mostrar aos visitantes os vários progressos técnicos que foram sendo
desenvolvidos em relação aos instrumentos musicais ao longo dos séculos.

30
A título de exemplo, no século XVII, uma das inovações técnicas para os aerofones de
bocal foi a introdução das roscas, pequenas peças de tubo extra - de vários tamanhos
diferentes - que passaram a ser inseridas entre o bocal e a tubagem principal do instrumento e
que serviram para alterar ligeiramente o comprimento da tubagem de alguns instrumentos da
família dos metais, como as trompetes e as trompas. Isto fazia com que a sua afinação fosse
alterada, o que permitia que estes instrumentos pudessem tocar em diferentes tonalidades27.
Esta inovação foi muito utilizada durante o século XVII e o objectivo é expor esta
informação como uma espécie de curiosidade, junto dos instrumentos acima referidos, o
mesmo se aplicando a outros progressos técnicos deste período.

Teoria e Prática Musical - Música Instrumental:

Como já foi referido, a música instrumental teve um importante desenvolvimento


durante o século XVII28. Aliás, pode-se afirmar que a emancipação da música instrumental,
que se iniciou por volta do século XV, realiza-se plenamente nesta época, pois é quando se
estabelece como uma forma completamente independente das formas litúrgicas e vocais
(PRICE, 1991: 22). Na primeira metade do século XVII existiam já, em Itália, ensembles ou
conjuntos de instrumentos de corda, compostos pelos membros da família do violino, os
quais iriam formar o corpo das orquestras no período Clássico (GEIRINGER, 1978: 131).
Assim, este subtema pretende demonstrar como é que o desenvolvimento significativo
da música instrumental vai ter uma importante influência para os instrumentos musicais.
Durante este período, muitos instrumentos musicais irão adquirir um certo estatuto enquanto
instrumentos solísticos, como o órgão e grande parte dos instrumentos de tecla, - que tinham
uma função tanto solística como de acompanhamento - o violino e o oboé, entre outros. Para

27
As trompetes e trompas naturais desta época soam apenas uma série de harmónicos de uma nota fundamental
e a única forma de fazer com que estes instrumentos possam tocar diferentes séries de harmónicos é alterar a sua
nota fundamental com a introdução de roscas. Por exemplo, uma trompa cuja fundamental é dó pode apenas
soar as notas dó-mi-sol (série de harmónicos de dó). Com a introdução de roscas, a fundamental pode ser
alterada, por exemplo, para fá, permitindo, assim, que o instrumento soe as notas fá-lá-dó (série de harmónicos
de fá). (BAINES, 2001: 60)
28
“Instrumental music came into its own in the period from 1600 to 1750, which we may designate in the widest
sense as the Baroque era. Pure, vocal a cappella music practically ceased to exist and vocal music required the
accompaniment of instruments. On the other hand, pure instrumental music, without the participation of human
voices, gained in significance.” (GEIRINGER, 1978: 120)

31
tal, o objectivo será expor alguns exemplos destes instrumentos ou réplicas, no caso de não
existirem originais.
Em Portugal, o desenvolvimento da música instrumental deste período, está ligado
por um lado aos ambientes religiosos (música de tecla) e, a partir do século XVIII, à sua
difusão entre a corte e a aristocracia. Assim, seria interessante dar a conhecer na exposição
obras de compositores como Manuel Rodrigues Coelho (c. 1555 - c. 1635), Abade António
da Costa (1714 - p. 1780) e João de Sousa Carvalho (1745 - c. 1799). Para além disso, sabe-
se que desde o reinado de D. João V (r. 1706 - 1750), a corte de Lisboa tinha ao seu dispor
uma orquestra de nível estimável, que nos reinados de D. José I (r. 1750 - 1777) e de D.
Maria I (r. 1777 - 1816) se passou a designar por Real Câmara e contava com um efectivo
que oscilava entre os 32 e os 21 músicos (NERY, 1991: 106). Seria curioso expor uma
maquete desta mesma orquestra, demonstrando, assim, os instrumentos que a constituíam.

Teoria e Prática Musical - Baixo Contínuo

A grande inovação do século XVII foi a adopção geral do baixo contínuo, uma forma
de acompanhamento que viria a atravessar todo este período, escrita de um modo mais
simplificado e compacto. Isto é, na partitura apenas as linhas da melodia e do baixo eram
totalmente escritas enquanto a harmonia estava implícita através de uma numeração
específica, e deveria ser realizada pelo instrumentista, formando acordes nas suas várias
inversões. Este sistema provou ser muito útil durante esta época, apesar de ter sofrido
algumas modificações (GEIRINGER, 1978: 120). No entanto, o que interessa aqui referir é
que esta forma de acompanhamento só podia ser tocada com instrumentos musicais capazes
de produzir harmonia29, e por um instrumento melódico que dobrava a linha do baixo, o que
vai, de certa forma, impulsionar a utilização desses instrumentos, como é o caso do órgão, do
cravo, do alaúde, da viola da gamba ou do violoncelo.
Para a exposição destes conteúdos, pensámos que seria interessante utilizar alguns
exemplos de composições com baixo contínuo, de modo a que se possa perceber como era

29
Instrumentos musicais onde se pode produzir mais do que uma nota ao mesmo tempo, possibilitando a
execução de acordes e, assim, a produção de várias vozes que originam uma linha harmónica numa determinada
composição, em contraste com os instrumentos melódicos, onde se pode tocar apenas uma nota de cada vez e,
como consequência, uma só voz.

32
escrito, sendo estas acompanhadas por um texto de parede, bem como por instrumentos que
eram utilizados nesta prática musical.
Para além disso, seria importante que este tema contemplasse conteúdos que
possibilitem uma mais fácil compreensão por parte dos visitantes, como conteúdos
multimédia ou interactivos.

Comercialização da Música - Desenvolvimento dos Concertos Públicos

Foi também no século XVII que começou a surgir uma novidade: os concertos
públicos. Por volta de 1672, o violinista e compositor John Banister (1630-1679) anunciou
uma série de audições musicais públicas, na sua casa. A iniciativa foi bem acolhida e, mais
tarde, Thomas Britton (1644-1714), um negociador de carvão, toma a iniciativa de fundar
uma associação de concertos por assinatura, abrindo as portas ao desenvolvimento dos
concertos públicos. Com esta iniciativa, várias associações análogas serão criadas por toda a
Europa e vários compositores e músicos acabam por organizar audições e concertos para o
seu próprio benefício. Pouco a pouco, o concerto impor-se-á como uma actividade de
excelência, sendo muito importante para a disseminação da música instrumental e para a
criação de novos públicos. Em consequência disso, o mercado musical cresce
consideravelmente a partir do século XVIII e o prestígio dos músicos e o seu estatuto social
vai também ser influenciado. Por outro lado, o mecenato começa a entrar em declínio,
abrindo portas para aquilo que se vai suceder no século seguinte: a independência dos
compositores em relação aos seus patronos (BUELOW, 1994: 14-25).
Em Portugal, a iniciativa dos concertos públicos surge um pouco mais tarde, em 1766,
quando o violinista Pedro António Avondano promove os primeiros concertos públicos de
que se tem notícia em Lisboa, as chamadas Assembleias das Nações Estrangeiras, destinadas
essencialmente à comunidade britânica de Lisboa, mas “tudo indica que a Intendência Geral
da Polícia não autorizou a realização de concertos públicos similares destinados à população
portuguesa senão a partir da década de 1790”30.
Este conteúdo deve, assim, ser apresentado através de um texto de parede
acompanhado por iconografia e, se possível, maquetes que demonstrem como eram
organizados estes concertos.

30
BRITO, 1989, p. 177 - 185 apud NERY, 1991, p. 107

33
Por fim, penso que é importante referir que a par com os conteúdos mencionados, as
componentes gráficas de toda a exposição devem estender-se aos próprios instrumentos
musicais, através de vídeos e áudio-guias que possam fornecer aos visitantes informações
sobre o som e sobre a forma como os vários tipos de instrumentos são ou eram tocados.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização deste estágio curricular no Museu Nacional da Música correspondeu


bastante às minhas expectativas, pois para além de me fornecer a possibilidade de aplicar os
conhecimentos que adquiri ao longo de todo o meu percurso académico, quer seja durante a
licenciatura em Ciências Musicais ou durante a componente curricular do Mestrado em
Museologia, deu-me também a oportunidade de adquirir novos conhecimentos em ambas as
áreas, bem como perceber, de uma forma prática, o tipo de trabalho desenvolvido em museus,
algo que ainda não tinha tido oportunidade de experienciar.
A exposição permanente de qualquer museu funciona como o seu principal meio de
comunicação com o público, servindo como uma espécie de cartão-de-visita, ao mesmo
tempo que reflecte o trabalho que se desenvolve na instituição. Ademais, uma exposição
interconecta-se com todas as outras funções de um museu, devendo estar à altura das
expectativas dos visitantes, mas também fazer jus ao nome e à missão da instituição. A meu
ver, a actual exposição permanente do MNM não o consegue fazer da melhor forma e, assim,
no âmbito deste trabalho, propus-me reflectir sobre o modo como esta poderia ser
reprogramada.
Assim, trabalhei com a perspectiva de que a exposição deveria ser reprogramada no
sentido de comunicar melhor com o público, sempre em conformidade com a missão do
museu.
Em função disso, ao desenvolver este trabalho tentei sempre reflectir sobre a forma
como o tema desta exposição poderia ser comunicado e aplicado em termos práticos,
servindo como um modelo de exposição que pudesse corresponder às expectativas do MNM,
bem como projectá-lo enquanto instituição museal de futuro.
As propostas que apresentei resultaram do diagnóstico que realizei à actual exposição
permanente do MNM, de algumas reflexões sobre as realidades de outros museus de temática

34
musical mas, essencialmente, de toda a investigação que desenvolvi durante o período de
estágio e de todo o conhecimento que adquiri ao longo do meu percurso académico.
A este propósito, aproveito para realçar a importância que esta fase de investigação
tem para o planeamento de qualquer exposição, pois é a actividade que permite estabelecer
uma comunicação satisfatória entre a exposição e os públicos do museu. Por vezes, não é
fácil comunicar certos temas de uma forma clara e foi, precisamente, à custa de todo o tempo
que investi nesta actividade que consegui trabalhar o tema da história dos instrumentos
musicais sob a forma de uma exposição, produzindo e organizando conteúdos lógicos que
pudessem ser comunicados de uma forma clara e eficaz para todos os tipos de públicos do
MNM.
Tal como referi na Introdução, trabalhei sempre com a ideia de chegar a uma
organização lógica de conteúdos sobre o tema da exposição e, consoante os
desenvolvimentos relativos ao MNM, trabalharia ainda com uma lógica de aplicação prática
do guião, incluindo a selecção de peças e a adaptação desse guião a um espaço. No entanto,
para além da falta de tempo para realizar todas essas tarefas, o local da instalação do futuro
museu não ficou completamente formalizado durante o período do meu estágio, pelo que não
se considerou pertinente avançar mais.
Entretanto, o estudo de caso aqui expresso acaba por representar uma aplicação mais
prática de um conceito mais global de toda a exposição. Este ponto foi essencial, pois
permitiu-me perceber que mesmo depois de já estarem definidos todos os temas, a fase da
investigação nunca estará concluída até se começarem a produzir conteúdos específicos para
a exposição. No núcleo que apresentei (“De 1600 a 1750”) tive, muitas vezes, que alterar
certos temas e, até, cortá-los, por não serem aplicáveis numa componente prática, algo que
tenho a certeza que iria acontecer também nos restantes núcleos, caso tivesse tido tempo para
os aprofundar da mesma forma.
Para além disso, revelou-se um grande desafio encontrar formas simples, interessantes
e coerentes para a apresentação dos vários temas propostos, algo que resulta também da
complexidade em traduzir uma linguagem musical demasiado técnica para uma linguagem
mais simples e acessível para todos os públicos.
Ainda assim, este estudo de caso permitiu-me limar várias arestas do guião como um
todo e possibilitou-me perceber, desde logo, aquilo que poderá ser, ou não, aplicável num
conceito mais global de exposição.
Posto isto, mesmo sabendo que este relatório é um exercício académico, trabalhei
sempre com a perspectiva de desenvolver um trabalho tão bom quanto as minhas capacidades

35
o permitissem e assim justifico o facto desta proposta ser tão ambiciosa, algo que se
relaciona, também, com a minha vontade de desenvolver um projecto com qualidade, que
possa honrar o museu e projectá-lo para o futuro.
Ainda a este propósito, realço o facto de que num contexto de um museu, este
trabalho nunca poderia ser desenvolvido por uma única pessoa, e muito menos sem ser
harmonizado com os demais programas da instituição.
Esta ideia foi-me transmitida ao longo da componente curricular do mestrado em
Museologia e pude, desde logo, comprovar isso mesmo na prática, pois senti muitas vezes a
necessidade de recorrer a ajuda de outras pessoas, de partilhar tarefas e, essencialmente,
discutir ideias e problemas, não só sobre a exposição permanente, mas também sobre o MNM
enquanto instituição museal. Ainda assim, tive a oportunidade de discutir muitos dos aspectos
deste trabalho com alguns técnicos do museu, incluindo o Rui Nunes, bem como com outros
estagiários que, por vezes, foram envolvidos nalgumas tarefas. Defendo, assim, a importância
de estabelecer uma equipa multidisciplinar para o desenvolvimento de qualquer exposição,
como está referido no capítulo 4 deste relatório.
Apoiando-me, ainda, nesta ideia, justifico o facto de existirem alguns aspectos desta
proposta que foram menos desenvolvidos, pois um guião de uma exposição deve incluir já
detalhes de objectos que serão utilizados, material gráfico e quaisquer outros elementos de
suporte.
Parece-me, assim, essencial referir que este guião não responde a todas as prioridades
identificadas em capítulos anteriores, pois está essencialmente centrado na história dos
instrumentos ocidentais, algo que justifico pelo facto de não ter tido tempo suficiente para
trabalhar numa perspectiva mais global. Daí ter escolhido o nome “Uma História Sobre os
Instrumentos Musicais” para a exposição, visto que o seu desenvolvimento e disseminação
não foi, de todo, linear em todas as zonas do mundo, o que significa que não existe uma única
história sobre os instrumentos musicais, mas sim várias que se podem cruzar, ou não, num
certo ponto da história da música. Este trabalho, não reprime, assim, a possibilidade deste
tema ser trabalhado numa perspectiva mais abrangente e global.
A este propósito, aproveito para destacar que no decurso do trabalho desenvolvido,
apercebi-me que a concretização prática deste guião, apesar de possível, implicaria que o
MNM trabalhasse também noutras frentes, especialmente no desenvolvimento das suas
colecções. Esta conclusão deve-se essencialmente ao facto de ter detectado que o acervo do
MNM não é suficientemente abrangente para incluir objectos de todos os períodos históricos
destacados neste guião, sendo menos rico no que respeita à história e à música mais

36
contemporânea. Assim, parece-me importante que a Política de Incorporações do museu seja
revista, para que se possam colmatar algumas destas insuficiências.
Por outro lado, entendo que toda a investigação e reflexão realizadas em torno deste
guião evidenciam que muitas das propostas apresentadas por Rui Pedro Nunes no seu
trabalho de projecto (2012), já referido anteriormente, se revelaram possíveis em termos mais
ideais e práticos, nomeadamente as questões relacionadas com a organização da exposição
por períodos históricos, a disposição contextualizada das peças, permitindo estabelecer uma
narrativa entre as mesmas, bem como dar a conhecer conteúdos sobre o tema principal da
exposição, a introdução de temas relacionados com a construção de instrumentos musicais,
bem como a utilização de elementos gráficos, audiovisuais e interactivos que complementem
toda a exposição.
Assim sendo, espero que este guião possa ter dado respostas às maiores preocupações
identificadas no diagnóstico, desde logo, a ideia de adopção de um critério de organização
mais lógico, que possibilite a criação de uma narrativa; a disponibilização de mais e melhor
informação, dando, assim, um carácter mais pedagógico à exposição; a possibilidade de
proporcionar experiências mais divertidas através da interactividade; a promoção da música,
da história e do panorama musical português; e, acima de tudo, a possibilidade de ter uma
exposição mais musical, representando todos os géneros musicais, tendo sempre por base a
história dos instrumentos musicais.
Aproveito ainda para evidenciar que durante a realização deste estágio curricular,
nunca me foi proposto ou requisitado que desenvolvesse algo original em relação à
musicologia ou à realidade dos museus, mas sim que apresentasse um contributo para o
MNM, enquanto instituição nacional.
Acredito, assim, que se o MNM conseguisse implementar uma exposição que desse
respostas positivas a todos os requisitos identificados neste relatório, evitando os problemas
actuais e continuando a colocar os instrumentos musicais e a música no centro da sua
abordagem, teria à sua disposição um meio de comunicação à altura do seu nome, da sua
missão e importância enquanto instituição nacional.
À vista disso, considero que ao realizar este trabalho de mestrado possa ter
contribuído com as minhas reflexões para um debate sobre o que poderá ser a futura
exposição permanente desta instituição, especialmente porque confio que quaisquer
contributos que possam ser dados actualmente, podem vir a ser discutidos, desenvolvidos e
colocados em prática.

37
Estas ideias traduzem, perfeitamente, a convicção de que este trabalho, apesar dos
resultados práticos obtidos, serve apenas como um ponto de partida para o futuro. Contudo,
se este projecto puder vir a ser trabalhado de uma forma mais aprofundada e rigorosa, no seio
da instituição, por uma equipa multidisciplinar e enquadrado com a programação das
restantes áreas do museu, acredito que o MNM poderá vir a dispor de uma exposição à altura
do seu nome, passível de refletir, perfeitamente, o trabalho desenvolvido pela instituição.

38
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43
ANEXO I – GUIÃO DA EXPOSIÇÃO “UMA HISTÓRIA SOBRE OS INSTRUMENTOS MUSICAIS”

NÚCLEO TEMA SUBTEMA OBJETIVOS COMUNICACIONAIS FORMAS DE EXPRESSÃO

Texto nível 2 e 4
Explicar como é que o Homem adquire uma
1. Da Pré-História ao
Marcos Consciencialização consciência musical, isto é, a consciência de que
Declínio do Império Iconografia
Históricos do Homem consegue produzir sons de altura definida através da
Romano (476 DC)
sua voz e da manipulação de objectos.
Réplicas dos instrumentos

Texto nível 2 e 4

Abordar as questões relacionadas com a criação das Iconografia - que ilustre o conteúdo tratado no texto de parede
1. Da Pré-História ao
Marcos primeiras civilizações agrícolas sedentárias que vão
Declínio do Império Sedentarização
Históricos ser determinantes para a formação de uma tradição OU
Romano (476 DC)
musical.
Mini documentário - que ilustre o conteúdo tratado no texto de
parede

Texto nível 2 e 4

Iconografia
1. Da Pré-História ao Descobertas Explicar como é que a descoberta do barro vai ser
Declínio do Império Técnicas e Descoberta do barro fundamental para os primórdios da construção de
Mini documentário - demonstrar como era trabalhado o barro na
Romano (476 DC) Científicas instrumentos musicais primitivos.
construção destes instrumentos.

Réplicas de Instrumentos

I
Texto nível 5
Apresentar como uma forma de curiosidade alguns
1. Da Pré-História ao Construção de
progressos técnicos que surgiram durante esta
Declínio do Império Instrumentos Progressos Técnicos Iconografia
época, em relação à construção de instrumentos
Romano (476 DC) Musicais
musicais. Mencionar as membranas e as cordas.
Instrumentos Musicais + Mecanismos mencionados

Texto nível 2 e 4

Réplicas de Instrumentos

Explicar todas as novas possibilidades e as Iconografia - que demonstre como eram trabalhados estes materiais
1. Da Pré-História ao Descobertas
Descoberta da influências que o descobrimento do bronze e do na construção de instrumentos e/ou que permita visualizar exemplos
Declínio do Império Técnicas e
Metalurgia ferro tiveram na construção de instrumentos de alguns desses instrumentos.
Romano (476 DC) Científicas
musicais.
OU

Mini documentário - demonstrar como eram trabalhados estes


materiais na construção destes instrumentos.

Texto nível 2 e 4

Iconografia - que ilustre o conteúdo tratado no texto de parede


Explicar como é que a evolução de civilizações
1. Da Pré-História ao primitivas para civilizações mais desenvolvidas vai OU
Marcos Formação de classes
Declínio do Império determinar a emergência de uma classe profissional
Históricos profissionais
Romano (476 DC) de músicos e, com isso, a diferenciação entre certos Mini documentário - que ilustre o conteúdo tratado no texto de
instrumentos musicais. parede

[A informação deste subtema talvez pudesse vir associada ao


subtema "Sedentarização"]

II
Abordar as questões ligadas ao facto de os
Babilónios serem excelentes matemáticos. Referir
que na Mesopotâmia já se percebia uma relação
Texto nível 2 e 4
entre os comprimentos das cordas e as afinações dos
instrumentos, bem como o facto de o alaúde de
Iconografia - que demonstre como era utilizada a matemática para
braço comprido ter sido um instrumento
1. Da Pré-História ao Descobertas Desenvolvimento da trabalhar a afinação dos instrumentos
fundamental para o estudo da afinação na
Declínio do Império Técnicas e Ciência e da
Mesopotâmia. Referir, ainda, que alguns cálculos
Romano (476 DC) Científicas Matemática OU
poderão já ter calculado algumas escalas durante
este período.
Mini documentário - que demonstre como era utilizada a
Por fim, referir todas as descobertas científicas e
matemática para trabalhar a afinação dos instrumentos
matemáticas que terão surgido posteriormente e que
terão tido um impacto significativo para a música e,
mais concretamente, para os instrumentos musicais.

Texto nível 2

Multimédia Interactiva - Mapa onde o visitante poderia seleccionar


uma determinada zona geográfica para obter informação sobre a
Referir as invasões de toda a Ásia Central, bem
mesma. Esta informação poderia ser apresentada sob a forma de
como os contactos entre o Egipto e a Mesopotâmia.
textos (nível 5) e iconografia.
1. Da Pré-História ao Contacto entre Abordar as questões relacionadas com a migração
Egipto e
Declínio do Império diferentes de instrumentos musicais e com a adopção de
Mesopotâmia OU
Romano (476 DC) povos/culturas ideologias de uns povos para os outros, bem como
os processos de unificação cultural que estas
Texto nível 2 e 4
invasões potenciaram.
Mini documentário

Réplicas de alguns instrumentos musicais


Apresentar como uma forma de curiosidade alguns
Texto nível 5
progressos técnicos que surgiram durante esta
1. Da Pré-História ao Construção de
época, em relação à construção de instrumentos
Declínio do Império Instrumentos Progressos Técnicos Iconografia
musicais. Mencionar: Palhetas, Tampo Harmónico,
Romano (476 DC) Musicais
Braço, Cavalete, Trastos, Botão de Registo, Bocal,
Instrumentos Musicais + Mecanismos mencionados
Campânula, Caixa de Ressonância.

III
Texto nível 2

Multimédia Interactiva - Mapa onde o visitante poderia seleccionar


Referir as influências estrangeiras submetidas sob o uma determinada zona geográfica para obter informação sobre a
Império Romano através das invasões, guerras e mesma. Esta informação poderia ser apresentada sob a forma de
outros contactos que este povo teve com outras textos (nível 5) e iconografia.
1. Da Pré-História ao Contacto entre
culturas, especialmente os Gregos -> adopção de
Declínio do Império diferentes Grécia e Roma
instrumentos musicais, teoria e ideologias musicais. OU
Romano (476 DC) povos/culturas
Referir o mecanismo do órgão hidráulico como uma
prova do triunfo da mecânica nos últimos séculos da Texto nível 2 e 4
era pré-Cristã.
Mini documentário

Réplicas de alguns dos instrumentos mencionados

Texto Nível 5
Apresentar como uma forma de curiosidade alguns
progressos técnicos que surgiram durante esta
1. Da Pré-História ao Construção de Aplicação audiovisual - demonstrar o mecanismo do órgão
época, em relação à construção de instrumentos
Declínio do Império Instrumentos Progressos Técnicos hidráulico.
musicais. Mencionar os progressos já existentes no
Romano (476 DC) Musicais
Órgão Hidráulico: Filas de Registos e Gravuras,
Órgão Hidráulico (instrumento musical ou réplica) + Mecanismos
Someiros, Pistões, Acção Pneumática, Teclado
mencionados (réplicas ou iconografia)

Dar uma ideia geral do pensamento musical da


Antiguidade Grega e Romana. Referir que a teoria
musical começa a ser formulada a partir do século Texto nível 2 e 4
V pelos Gregos e que os Romanos tentam adoptá-la.
1. Da Pré-História ao
Teoria e Prática Explicar a mudança de estilo que houve a partir do Iconografia - manuscritos/réplicas dos documentos escritos pelos
Declínio do Império Teoria Musical
Musical século V devido a avanços técnicos e filosóficos, filósofos mencionados.
Romano (476 DC)
nomeadamente o movimento sofístico e os
progressos na construção de alguns instrumentos, Réplicas do aulos e da kithara.
como o aulos e a kithara. Por fim, referir e explicar
o Ethos musical.

IV
Texto nível 2 e 4

Abordar todas as questões relacionadas com o Iconografia - demonstrar os trajes dos músicos e os contextos nos
1. Da Pré-História ao estatuto social dos músicos na Antiguidade. Referir quais se inseriam.
Estatuto social
Declínio do Império – que os músicos do Império Romano foram o
do músico
Romano (476 DC) principal meio de transmissão das práticas musicais OU
da Antiguidade para os músicos da Idade Média.
Manequins/Maquetes - demonstrar os trajes dos músicos e os
contextos nos quais se inseriam.

Texto nível 2 e 4
Abordar o império romano e a relação da guerra
com a música, assim como as consequências do Réplicas dos instrumentos
1. Da Pré-História ao
Marcos Civilização Greco- declínio do império romano. Abordar as questões
Declínio do Império
Históricos Romana ligadas às invasões árabes na Península Ibérica e à [Realidade portuguesa] - poderia inserir-se na mesma tecnologia
Romano (476 DC)
romanização da mesma através das guerras interactiva com mapa utilizada para demonstrar os contactos entre
celtibéricas e lusitanas. os diferentes povos/culturas durante a Antiguidade entre o Egipto,
Mesopotâmia, Roma e Grécia.

Explicar de que modo é que a Igreja vai dominar


todo o panorama musical europeu após a ascensão
2. Da Antiguidade a Música e Primórdios da igreja do cristianismo em 391 DC. Referir o impacto
Texto nível 3
1300 Religião cristã negativo que este acontecimento teve sob os
instrumentos musicais, sendo estes associados a
rituais pagãos.

V
Abordar este período como uma mudança de
paradigma musical. Referir as questões ligadas à
ascensão do cristianismo e com as ideias musicais
ligadas à Igreja. Referir, ainda, o surgimento da
2. Da Antiguidade a Marcos
Idade Média notação neumática e da classificação das melodias Texto nível 3
1300 Históricos
de acordo com o sistema dos oito modos
eclesiásticos. Abordar as questões acerca da
implementação de instrumentos musicais na liturgia
da Península Ibérica durante a Idade Média.

Inserir no texto de secção do subtema "Idade Média"

Explicar como surge o Canto Gregoriano e como é OU


que este vai dominar a música da Igreja Cristã.
2. Da Antiguidade a Música e
Canto Gregoriano Referir ainda o impacto negativo que esta forma Texto nível 4
1300 Religião
musical teve sob a utilização dos instrumentos
musicais. Mini documentário - que permita ao visitante ouvir bem como
observar iconografia ou partituras relacionadas com o Canto
Gregoriano.

Inserir no texto de secção do subtema "Idade Média"


Abordar as questões ligadas às práticas de música
OU
profana durante a Idade Média e Renascimento e a
sua condenação por parte da Igreja, bem como o
Texto nível 4
2. Da Antiguidade a Música e impacto negativo que isso terá sob os instrumentos
Música Profana
1300 Religião musicais associados a essas práticas. No caso
Mini documentário - que permita ao visitante ouvir bem como
português, referir as práticas de música profana
observar iconografia ou partituras relacionadas com Música
durante a Antiguidade até à época Medieval. Referir
Profana.
ainda a prática musical profana na corte portuguesa.
Réplicas de instrumentos, caso haja referência aos mesmos.

VI
Inserir no texto de secção do subtema "Idade Média"

OU
Explicar como é que surge a polifonia, bem como a
2. Da Antiguidade a Teoria e Prática Texto nível 4
Polifonia influência que esta técnica de composição terá nos
1300 Musical
instrumentos musicais durante o período Medieval.
Mini documentário - que permita ao visitante ouvir bem como
observar iconografia ou partituras relacionadas com Polifonia.

Réplicas de instrumentos, caso haja referência aos mesmos.

Texto Nível 5
Apresentar como uma forma de curiosidade alguns
Construção de
2. Da Antiguidade a progressos técnicos que surgiram durante esta
Instrumentos Progressos Técnicos Iconografia
1300 época, em relação à construção de instrumentos
Musicais
musicais. Mencionar: cravelhas.
Instrumentos Musicais + Mecanismo (cravelhas)

Texto nível 2 e 4
Abordar todas as questões relacionadas com o
desenvolvimento e evolução da notação musical.
Mini documentário - que demonstrasse as formas de notação
Referir a notação literal utilizada pelos gregos por
utilizadas ao longo dos tempos, com iconografia e exemplos de
volta de 500 AC, a notação neumática desenvolvida
manuscritos.
2. Da Antiguidade a Teoria e Prática pela Igreja Cristã durante a Idade Média, bem como
Notação Musical
1300 Musical a tablatura, desenvolvida por volta do século XV.
OU
Explicar, ainda, a necessidade e as vantagens da
notação musical. No caso português, referir a
Cronologia - onde seriam apresentados pequenos textos que dariam
notação aquitana, a notação quadrada e a notação
informação genérica sobre os diferentes tipos de notação musical,
portuguesa.
acompanhados de manuscritos e/ou iconografia.

VII
Explicar como é que as migrações de estrangeiros
para a Europa vão proporcionar uma assimilação de
Texto nível 4
novos instrumentos musicais durante a Idade
Média, tendo uma grande influência na alteração
Contacto entre Iconografia - esquema/imagem de um mapa que demonstre as
2. Da Antiguidade a das ideias existentes de que os instrumentos
diferentes – migrações destes povos para a Europa.
1300 musicais estavam ligados a rituais pagãos (ideais
povos/culturas
disseminados pela Igreja Cristã). Referir o papel
Instrumentos musicais (ou réplicas) que tenham sido introduzidos
fundamental dos comerciantes, tribos nómadas e,
por estas culturas.
sobretudo, dos Árabes na migração de instrumentos
musicais para a Europa.

Texto nível 2 e 4
Abordar todas as questões relacionadas com o
estatuto social dos músicos na Idade Média.
Iconografia - demonstrar os trajes dos músicos e os contextos nos
Abordar a ascensão dos trovadores como um
quais se inseriam.
2. Da Antiguidade a Estatuto social importante factor para a disseminação de

1300 do músico instrumentos musicais por toda a Europa. Abordar
OU
ainda a realidade portuguesa, referindo a
degradação social dos trovadores no século XIV e
Manequins/Maquetes - demonstrar os trajes dos músicos e os
XV e os cargos dos músicos na corte e na igreja.
contextos nos quais se inseriam.

Apresentar como uma forma de curiosidade alguns Texto Nível 5


Construção de progressos técnicos que surgiram durante esta
2. Da Antiguidade a
Instrumentos Progressos Técnicos época, em relação à construção de instrumentos Iconografia
1300
Musicais musicais. Mencionar: Consola, Bordões, Cravelhal,
Foles, Pedais, Alavancas. Instrumentos Musicais + Mecanismos mencionados

Dar uma ideia geral do pensamento musical entre


1300 a 1600. Referir aspectos que se relacionam Texto nível 3
com o gosto musical dos Renascentistas, bem como
3. De 1300 a 1600
as implicações que isso terá para os instrumentos Instrumentos Musicais [Abordar a questão da Ars Nova, Reforma e
musicais, principalmente para os instrumentos Contra-Reforma como uma espécie de curiosidade]
harmónicos.

VIII
Inserir no texto de secção do núcleo "De 1300 a 1600"

OU
Abordar as questões relacionadas com o interesse
crescente na polifonia durante o Renascimento e as Texto nível 4
Teoria e Prática
3. De 1300 a 1600 Polifonia consequências que isso terá para os instrumentos
Musical
musicais harmónicos, principalmente para os Mini documentário - que permita ao visitante ouvir bem como
instrumentos de tecla. observar iconografia ou partituras relacionadas com Polifonia, bem
como os progressos técnicos referidos.

Instrumentos musicais

Texto nível 2 e 4

Abordar todas as questões relacionadas com o Iconografia - demonstrar os trajes dos músicos e os contextos nos
estatuto social dos músicos neste período. Referir os quais se inseriam.Instrumentos Musicais
Estatuto social
3. De 1300 a 1600 – contractos de associação de duração limitada e os
do músico
patronos e senhores dos quais os músicos OU
dependiam.
Manequins/Maquetes - demonstrar os trajes dos músicos e os
contextos nos quais se inseriam.Instrumentos Musicais

IX
Apresentar como uma forma de curiosidade alguns Texto Nível 5
Construção de progressos técnicos que surgiram durante esta
3. De 1300 a 1600 Instrumentos Progressos Técnicos época, em relação à construção de instrumentos Iconografia
Musicais musicais. Mencionar: Costilha, Rosácea, Vara,
Saltarelo, Chaves. Instrumentos Musicais + Mecanismos mencionados

Cronologia - demonstrar as diferentes escolas que emergiram em


Tratar a evolução do ensino musical, desde as Portugal ao longo dos tempos.
Igrejas às Capelas Reais e aos Conservatórios.
Referir as escolas nacionais bem como as OU
Ensino e
3. De 1300 a 1600 Ensino da Música Universidades. Em relação à realidade portuguesa,
Investigação
referir as instituições activas desde o reinado de D. Aplicação interactiva - com um mapa de Portugal que os visitantes
João V até ao Conservatório e à instituição da podem explorar para obter informações sobre as diferentes escolas
disciplina de música nas Universidades. que emergiram no nosso país. Aqui seria utilizada iconografia,
sempre que possível, e pequenos textos informativos.

X
Abordar todas as questões relacionadas com a
construção de instrumentos musicais desde meados
do século XIV até ao século XV. Referir que a Texto nível 4
Construção de
construção de instrumentos melhora devido a
3. De 1300 a 1600 Instrumentos –
avanços técnicos e foi muitas vezes aperfeiçoada Instrumentos musicais (seria interessante mostrar mecanismos e/ou
Musicais
devido às exigências dos músicos, compositores e peças de instrumentos ainda por construir)
do próprio gosto musical do público. Por fim, tratar
o caso português.

Abordar todas as questões ligadas à emancipação da


música instrumental neste período. Referir
compositores importantes para o seu
desenvolvimento, bem como o facto de, a partir do
século XVI, se começar a definir já um repertório
específico para instrumentos, anunciando algumas Texto nível 4
Teoria e Prática das formas instrumentais clássicas. Fazer referência
3. De 1300 a 1600 Música Instrumental
Musical à Música de Câmara e à Musique de l'Ecurie como Iconografia - sobre os compositores mais importantes e alguns
os "primórdios" das orquestras, bem como o manuscritos de composições relevantes.
surgimento da publicação de tablaturas para
instrumentos da família dos alaúdes. Tratar o caso
da realidade portuguesa, destacando alguns
compositores relevantes para o desenvolvimento da
prática instrumental no nosso país.

XI
Explicar como é que os Descobrimentos tiveram Texto nível 4
Contacto entre uma importante influência na migração de
3. De 1300 a 1600 diferentes Descobrimentos instrumentos musicais para a Europa e, em Iconografia - para demonstrar os contactos com outros povos e as
povos/culturas particular, Portugal, bem como na adopção de práticas musicais associadas a estes contactos.Instrumentos
ideologias musicais de outras culturas. musicais (ou réplicas)

Apresentar como uma forma de curiosidade alguns


Construção de Texto Nível 5
progressos técnicos que surgiram durante esta
3. De 1300 a 1600 Instrumentos Progressos Técnicos
época, em relação à construção de instrumentos
Musicais Instrumentos Musicais
musicais. Mencionar: tubo enrolado.

Abordar as questões ligadas ao surgimento da


Imprensa e publicação musical. Referir a tecnologia
Texto nível 4
de prensa móvel desenvolvida por Johannes
Guttenberg em 1440 e o ano de 1501 como a data
Iconografia - manuscritos das partituras referidas ou réplicas.
que assinala o início da imprensa musical. Explicar
Descobertas como é que esta técnica se desenvolve em diferentes
Imprensa e Réplica do mecanismo de prensa móvel
3. De 1300 a 1600 Técnicas e cidades e países e os impactos que terá sob a
Publicação Musical
Científicas sociedade e, em particular, sob a música e os
OU
instrumentos musicais. Referir, por fim, que o
desenvolvimento da edição musical "transforma" a
Mini documentário - demonstrar como era feita a impressão musical
música numa mercadoria. Tratar ainda a realidade
no século XVI
portuguesa, destacando algumas edições
importantes.

XII
Relacionar o interesse crescente pelos instrumentos
musicais com a publicação de monografias Texto nível 4
instrumentais. Especificar os assuntos tratados
nestes documentos e referir os trabalhos de Iconografia
Sebastian Virdung, Arnold Schlick, Han
Ensino e Monografias Judenkuning, Martin Agricola, Silvestro Ganassi, OU
3. De 1300 a 1600
Investigação Instrumentais Diego Ortiz, Tomas de Sancta Maria e Michael
Praetorius. No caso português, destacar os trabalhos Multimédia interactiva - Onde se poderiam observar partes das
de Alberto José Gomes da Silva, Francisco Inácio várias monografias mencionadas dos diferentes autores, quer da
Solano, Fr. Agostinho da Cruz, André Escobar, realidade portuguesa como da internacional. Assim os visitantes
Manuel da Paixão Ribeiro, António Abreu e poderiam "folhear" cada documento à sua vontade
António da Silva Leite.

Dar uma ideia geral do pensamento musical de entre


1600 a 1750. Referir as importantes alterações
musicais que se desenvolveram durante esta época,
bem como aspectos que se relacionam com questões
de gosto e de estética musical. Referir as
Texto nível 3
consequências que essas questões e alterações
4. De 1600 a 1750
tiveram na utilização e na construção dos
Instrumentos musicais
instrumentos musicais, bem como o facto de ter
sido neste período que as principais formas
clássicas se desenvolveram, como a ópera, a
oratória, a sonata, etc. Tratar, por fim, a realidade
portuguesa.

XIII
Abordar todas as questões relacionadas com a
construção de instrumentos musicais desde o séc. Texto nível 4
XVII até à primeira metade do séc. XVIII, dando
Construção de
um destaque ao caso português. Referir que a Instrumentos musicais (seria interessante mostrar mecanismos e/ou
4. De 1600 a 1750 Instrumentos –
construção de instrumentos melhora devido a peças de instrumentos ainda por construir)
Musicais
avanços técnicos e foi muitas vezes aperfeiçoada
devido às exigências dos músicos, compositores e Simulação de uma oficina.
do próprio gosto musical do público.

Explicar que neste período a música puramente


instrumental era muito estimada e, mesmo nas
Texto nível 4
composições vocais, os compositores recorriam a
instrumentos musicais para o acompanhamento das
Iconografia - manuscritos das peças referidas
vozes, o que implicará também a aquisição de um
Teoria e Prática
4. De 1600 a 1750 Música Instrumental certo estatuto para os mesmos. Referir as questões
Musical Instrumentos musicais (ou réplicas)
ligadas às escolas nacionais com diferentes estilos
de composição. Tratar o caso da realidade
Maquete da orquestra de D. João V para perceber os instrumentos
portuguesa, destacando alguns compositores
que a constituíam.
relevantes para o desenvolvimento da prática
instrumental em Portugal.

Referência no texto de secção do núcleo "De 1600 a 1750"

Explicar o que é o baixo contínuo e como é que esta OU


forma de acompanhamento vai impulsionar a
Teoria e Prática
4. De 1600 a 1750 Baixo Contínuo utilização e o estatuto de certos instrumentos Texto nível 4
Musical
musicais, como o órgão e o cravo. Especificar a
realidade portuguesa. Iconografia - partituras

Instrumentos musicais

Texto Nível 5
Apresentar como uma forma de curiosidade alguns
Construção de
progressos técnicos que surgiram durante esta
4. De 1600 a 1750 Instrumentos Progressos Técnicos Aplicação audiovisual - demonstrar a utilização das roscas
época, em relação à construção de instrumentos
Musicais
musicais. Mencionar: Roscas (metais).
Instrumentos Musicais + Mecanismo (roscas)

XIV
Explicar como surgem os Concertos Públicos.
Referir John Banister e Thomas Britton como
figuras importantes para a formação destes
concertos, bem como as associações de concertos
por assinatura. Referir ainda as audições privadas Texto nível 4
realizadas por compositores e virtuosos em seu
Comercialização Desenvolvimento de
4. De 1600 a 1750 benefício como os "primórdios" dos concertos Maquetes
da Música Concertos Públicos
públicos, bem como a formação de novos públicos.
Tratar com destaque a realidade portuguesa, Iconografia
referindo o surgimento das sociedades de concertos,
bem como a importância que Domingos Bomtempo
terá na promoção de concertos públicos em
Portugal.

Dar uma ideia geral do panorama musical deste


período. Referir aspectos que se relacionam com as
alterações musicais desenvolvidas entre os séculos
XVIII e XIX, bem como questões de gosto e de
estética musical. Explicar em que medida é que
Texto nível 3
estas questões e alterações vão influenciar a
5. De 1750 a 1820
utilização e a construção dos instrumentos musicais.
Instrumentos musicais
Tratar, por fim, a realidade portuguesa, referindo o
domínio da música vocal em relação à música
instrumental, bem como as consequências em
termos políticos, sociais e culturais da subida de D.
João V ao trono.

XV
Abordar as questões relacionadas com a igualdade
de direitos e com a ascensão de uma cultura social
democrática. Referir a ascensão de uma classe
média influente num processo de popularização da Texto nível 4
arte e do ensino, incluindo a música e a actividade
Marcos
5. De 1750 a 1820 Cultura Democrática de edição musical. Referir, ainda, a Revolução OU
Históricos
Francesa como um factor importante para a
evolução das artes, em particular da música e do Incluir no texto de secção do tema “De 1750 a 1820”
aumento das salas de concertos, o que terá uma
influência para as características organológicas de
alguns instrumentos musicais.

Abordar todas as questões relacionadas com a


construção de instrumentos musicais ao longo da
história da música, dando um destaque ao caso Texto nível 4
Construção de
português. Referir que a construção de instrumentos
5. De 1750 a 1820 Instrumentos –
melhora devido a avanços técnicos e foi muitas Instrumentos musicais (seria interessante mostrar mecanismos e/ou
Musicais
vezes aperfeiçoada devido às exigências dos peças de instrumentos ainda por construir)
músicos, compositores e do próprio gosto musical
do público.

Fazer uma ligação entre a emancipação da música


instrumental do século XVII com os séculos XVIII
e XIX. Referir os pequenos ensembles de cordas
como o núcleo que iria formar as orquestras. Fazer
Texto nível 4
uma ligação entre as alterações nas composições
clássicas com os desenvolvimentos na execução
Teoria e Prática Maquetes - demonstrar a evolução da orquestra
5. De 1750 a 1820 Música Instrumental instrumental, bem como uma ligação entre a
Musical
evolução da orquestra clássica com inovações no
Iconografia - manuscritos ou réplicas de partituras das peças
desenho e na técnica dos instrumentos. Em relação
mencionadas na realidade portuguesa
ao caso português, referir as primeiras orquestras
criadas bem como alguns compositores importantes
para o desenvolvimento da prática instrumental no
nosso país.

XVI
Texto nível 2 e 4

Iconografia - demonstrar os trajes dos músicos e os contextos nos


Abordar todas as questões relacionadas com o
quais se inseriam.
estatuto social dos músicos nos séculos XVIII e
XIX. Referir a independência que os compositores
Instrumentos musicais
Estatuto social começam a adquirir nesta época. Referir o papel de
5. De 1750 a 1820 –
do músico Beethoven na emancipação do artista. Explicar o
OU
papel da Revolução Francesa no estatuto social dos
músicos e referir a legislação que define o direito do
Manequins/Maquetes - demonstrar os trajes dos músicos e os
criador a partir de 1793.
contextos nos quais se inseriam.

Instrumentos musicais

Explicar como é que a Revolução Industrial vai ser


Marcos um elemento fundamental para os progressos nas
5. De 1750 a 1820 Revolução Industrial Texto nível 4
Históricos descobertas científicas e técnicas, nomeadamente na
construção de instrumentos musicais.

Abordar as questões relacionadas com o


estabelecimento de uma cultura musical popular de
massas em meados do século XIX. Referir o
crescimento de uma classe média na Europa
Ocidental como um meio para o desenvolvimento
Marcos Texto nível 4
5. De 1750 a 1820 Cultura de Massas das artes e da cultura, a riqueza crescente que cria
Históricos
um novo mercado de consumo para a música e a
disseminação da mesma acentuada através de meios
tecnológicos de reprodução de música,
nomeadamente a pianola, o fonógrafo, a rádio, a
televisão, entre outros.

XVII
Texto Nível 5
Apresentar como uma forma de curiosidade alguns
Construção de progressos técnicos que surgiram durante esta Aplicação áudio visual - demonstrar a utilização das válvulas
5. De 1750 a 1820 Instrumentos Progressos Técnicos época, em relação à construção de instrumentos
Musicais musicais. Mencionar a invenção das válvulas por F. Iconografia - sobre os inventores
Blühmel e H. Stölzel (1818).
Instrumentos Musicais + Mecanismo (válvulas)

Dar uma ideia geral do pensamento musical do


Texto nível 3
Século XIX. Referir aspectos que se relacionam
com alterações musicais, bem como questões de
Instrumentos musicais
gosto e de estética musical. Referir a importância da
6. De 1820 a 1900
música instrumental durante este período, bem
Maquete - demonstrar as alterações da orquestra
como as alterações que se desenvolveram na
fisionomia da orquestra, Abordar o tema dos
Iconografia - para abordar o tema dos virtuosos
virtuosos. Tratar, por fim, a realidade portuguesa.

Abordar as questões ligadas à música instrumental Texto nível 4


Teoria e Prática em Portugal, referindo João Domingos Bomtempo
6. De 1820 a 1900 Música Instrumental
Musical como a figura que domina toda essa prática durante Iconografia - manuscritos ou réplicas de partituras das peças
este período. mencionadas na realidade portuguesa

XVIII
Texto nível 2 e 4

Iconografia - demonstrar os trajes dos músicos e os contextos nos


Abordar todas as questões relacionadas com o quais se inseriam.
estatuto social dos músicos no século XIX. Referir
o estabelecimento da legitimidade do direito de Instrumentos musicais
Estatuto social
6. De 1820 a 1900 – autor após a Convenção de Berna (1886) e o apoio
do músico
da classe média como um factor importante para a OU
independência e liberdade de composição dos
músicos. Abordar, ainda, a realidade portuguesa. Manequins/Maquetes - demonstrar os trajes dos músicos e os
contextos nos quais se inseriam.

Instrumentos musicais

Abordar todas as questões relacionadas com as


tendências que surgiram em meados do século XIX
Texto nível 4
em relação à redescoberta da música antiga. Referir
6. De 1820 a 1900 Revivalismo –
todos os trabalhos de compositores anteriores que
Iconografia e/ou instrumentos musicais (ou réplicas)
foram editados bem como a construção e
revivalismo de instrumentos antigos.

Abordar todas as questões relacionadas com a


construção de instrumentos musicais ao longo da
história da música, dando um destaque ao caso Texto nível 4
Construção de
português. Referir que a construção de instrumentos
6. De 1820 a 1900 Instrumentos –
melhora devido a avanços técnicos e foi muitas Instrumentos musicais (seria interessante mostrar mecanismos e/ou
Musicais
vezes aperfeiçoada devido às exigências dos peças de instrumentos ainda por construir)
músicos, compositores e do próprio gosto musical
do público.

XIX
Explicar quando surge a Musicologia e a sua
importância para a investigação e estudo da música
praticada antes do século XIX. No caso de Portugal,
Ensino e
6. De 1820 a 1900 Musicologia referir o desenvolvimento que se dá a partir dos Texto nível 4
Investigação
anos 30 do século XX, bem como a sua integração,
a partir de 1980, no quadro dos estudos
universitários.

Explicar como surge a electricidade e os impactos


que esta terá na música e nos instrumentos
Descobertas Texto nível 4
musicais. Referir os sintetizadores, computadores e
6. De 1820 a 1900 Técnicas e Electricidade
todos os instrumentos musicais que surgem com
Científicas Instrumentos musicais
esta descoberta. Referir também o surgimento da
música electrónica.

Texto nível 5
Apresentar como uma forma de curiosidade alguns
Construção de progressos técnicos que surgiram durante esta Sistema de Boehm
6. De 1820 a 1900 Instrumentos Progressos Técnicos época, em relação à construção de instrumentos
Musicais musicais. Mencionar a invenção do Sistema de Aplicação audiovisual
Boehm, por Theobald Boehm.
Instrumentos Musicais

Unificação da Explicar que a afinação dos instrumentos musicais


Construção de
afinação dos variava de época para época e de país para país.
6. De 1820 a 1900 Instrumentos Mini documentário
Instrumentos Referir as necessidades de se unificar a afinação e o
Musicais
Musicais modo como o fizeram.

XX
Explicar como surge a gravação e o impacto que
Texto nível 4
terá para todo o mundo musical, seja na
6. De 1820 a 1900 Gravação –
disseminação da música, na formação de públicos
Exposição de diferentes meios de gravação musical
ou na conservação de uma memória.

Texto nível 5
Explicar o que é e como surge o fonógrafo, bem
6. De 1820 a 1900 Gravação Fonógrafo como o impacto que este terá para o mundo Fonógrafo
musical.
[este seria um subtema do tema acima]

Abordar todas as questões relacionadas com os


desenvolvimentos científicos nos transportes e as
incidências que estes meios terão na vida musical Texto nível 4
Descobertas
Desenvolvimento dos do século XX. Referir a intensificação da vinda de
6. De 1820 a 1900 Técnicas e
Transportes músicos estrangeiros a Portugal com a Iconografia - documentação relacionada com a vinda dos músicos
Científicas
modernização dos meios de transportes, dando mencionados a Portugal
origem a uma nova fase da vida concertística
portuguesa.

Explicar como e quando surge a rádio e de que


modo é que este desenvolvimento tecnológico vai
ser essencial para o desenvolvimento de uma
Descobertas Desenvolvimento das
cultura de massas musical bem como para a
6. De 1820 a 1900 Técnicas e Telecomunicações - Simulação de um estúdio de rádio.
disseminação e comercialização de certos géneros
Científicas Rádio
musicais. No caso português, referir a criação da
Emissora Nacional em 1933 e da Orquestra
Sinfónica.

XXI
Dar uma ideia geral do pensamento musical do
século XX. Referir aspectos que se relacionam com Texto nível 3
7. De 1900 à Actualidade alterações musicais, bem como questões de gosto e
de estética musical. Tratar, por fim, a realidade Instrumentos musicais
portuguesa.

Referir as sociedades de concerto como um ponto Texto nível 4


7. De 1900 à Teoria e Prática de partida para o desenvolvimento da música
Música Instrumental
Actualidade Musical instrumental em Portugal, referindo ainda alguns Iconografia - partituras de peças relevantes e retratos de
compositores relevantes deste período. compositores importantes

Abordar todas as questões relacionadas com a


construção de instrumentos musicais ao longo da
Texto nível 4
história da música, dando um destaque ao caso
Construção de português. Referir que os instrumentos da orquestra
7. De 1900 à Instrumentos musicais (seria interessante mostrar mecanismos e/ou
Instrumentos – no século XX e XXI são réplicas dos modelos já
Actualidade peças de instrumentos ainda por construir)
Musicais utilizados nos séculos XVIII e XIX e que os seus
papéis permaneceram iguais. Abordar as questões
relacionadas com as invenções de instrumentos
eléctricos.

Abordar todas as questões ligadas às novas


tendências neo-clássicas da música do Século XX
bem como a tendência de reconstruir instrumentos Texto nível 4
7. De 1900 à
Revivalismo – do passado. Tratar, ainda, o caso português,
Actualidade
referindo a promoção do revivalismo de Iconografia e/ou instrumentos musicais (ou réplicas)
instrumentos antigos como o cravo, clavicórdio,
viola de arco e viola dedilhada, no Conservatório.

XXII
Explicar e como e quando surge a televisão e de que
modo é que este desenvolvimento tecnológico vai
ser essencial para o desenvolvimento de uma
Descobertas Desenvolvimento das
7. De 1900 à cultura de massas musical bem como para a
Técnicas e Telecomunicações - Material audiovisual.
Actualidade disseminação e comercialização de certos géneros e,
Científicas Televisão
como consequência, de instrumentos musicais
associados aos mesmos. Referir os canais dedicados
a música.

Explicar as novas possibilidades que a fita


magnética oferece aos compositores. Referir que Texto nível 4
7. De 1900 à
Gravação Fita Magnética com esta inovação a voz humana e os instrumentos
Actualidade
musicais deixam de ser as únicas formas de Mini documentário - demonstrar as possibilidades da fita magnética
composição e de manipulação de som.

Explicar e como e quando surge a internet e de que


modo é que este desenvolvimento tecnológico vai
Descobertas Desenvolvimento das ser essencial para o desenvolvimento de uma
7. De 1900 à
Técnicas e Telecomunicações - cultura de massas musical bem como para a Material audiovisual.
Actualidade
Científicas Internet disseminação e comercialização de certos géneros
musicais e, como consequência, de instrumentos
musicais associados aos mesmos.

Legenda (Textos):

Nível 1 – Títulos

Nível 2 – Subtítulos

Nível 3 – Painéis de Secção (textos de parede introdutórios)

Nível 4 – Texto de Parede

Nível 5 – Texto Detalhado

Nível 6 – Tabelas

XXIII
ANEXO 2 - NÚCLEO 4: "DE 1600 A 1750"

TIPOLOGIA DE
TEMA SUB-TEMA IDENTIFICAÇÃO IDENTIFICADOR FOTOGRAFIA CONTEÚDOS
CONTEÚDOS

Introdução dos temas que se seguem. Deverá


De 1600 - mencionar alteração da perspectiva e do
Texto de Secção
1750 pensamento artístico que ocorrem no início do
século XVII.

De 1600 -
Texto de Parede Texto de parede sobre cordofones.
1750

De 1600 - Instrumento
Saltério MM 317
1750 Musical

De 1600 - Instrumento
Virginal MM 393
1750 Musical

XXIV
De 1600 - Instrumento
Violone MM 14
1750 Musical

De 1600 - Instrumento
Mandora MM 283
1750 Musical

XXV
De 1600 - Instrumento
Cítara MM 281
1750 Musical

De 1600 -
Texto de Parede Texto de parede sobre aerofones
1750

De 1600 - Instrumento
charamela MM 177
1750 Musical

XXVI
De 1600 - Instrumento
Oboé MM 260
1750 Musical

De 1600 - Instrumento
Dulcien MM 173
1750 Musical

De 1600 - Instrumento
Fagote MM 184
1750 Musical

XXVII
De 1600 - Instrumento
Flauta de Bisel MM 204
1750 Musical

De 1600 - Instrumento
Flauta Transversal MM 137
1750 Musical

De 1600 - Instrumento
Trompa Natural MM 127
1750 Musical

De 1600 - Instrumento Trombone com


MM 171
1750 Musical pavilhão zoomórfico

Construçã Texto de parede sobre a construção de


o de instrumentos musicais entre meados do século
Instrumen Texto de Parede XVII até à primeira metade do século XVIII.
tos Destacar a construção de instrumentos musicais
Musicais em Portugal.

XXVIII
Construçã
o de
Instrumento
Instrumen Cravo MM 372
Musical
tos
Musicais

Construçã
o de
Instrumento
Instrumen Pianoforte MM 425
Musical
tos
Musicais

Aplicação interactiva que permita observar


Construçã gravuras de construtores, bem como fotografias
o de de outros instrumentos fabricados por esses
Instrumen Multimédia mesmos construtores e que não pertençam ao
tos acervo do MNM.
Musicais As gravuras devem ser acompanhadas por
breves biografias.
Construçã
o de
Instrumen Oficina Simulação de uma oficina da época
tos
Musicais

XXIX
Aplicação audiovisual em que se apresente um
Construçã breve texto sobre as roscas, bem como imagens
o de que demonstrem a aplicação prática desta
Progressos
Instrumen Multimédia inovação técnica. É importante que as imagens
Técnicos
tos sejam acompanhadas por som para que o
Musicais visitante consiga compreender a alteração da
afinação de um instrumento com e sem roscas.

Construçã
o de
Progressos
Instrumen Acessório Roscas MM 795
Técnicos
tos
Musicais
Construçã
o de
Progressos Instrumentos Trompa ou trompete
Instrumen
Técnicos Musicais natural
tos
Musicais

Teoria e Texto que evidencie a emancipação da música


Música
Prática Texto de Parede instrumental que se realiza durante o século
Instrumental
Musical XVII.

Teoria e Alguns exemplos de partituras de música


Música
Prática Partituras + áudio instrumental acompanhadas por uma aplicação
Instrumental
Musical áudio dessa mesma peça.

XXX
Teoria e O objectivo é descrever o facto de o violino ser
Música Instrumento
Prática Violino MM 710 um dos instrumentos que mais se destacam
Instrumental Musical
Musical como instrumento solístico entre 1600 a 1750

Teoria e
Música Instrumento
Prática Violino pochette MM 48
Instrumental Musical
Musical

Teoria e
Música
Prática Acessório Caixa de Violino MM 367
Instrumental
Musical

Teoria e
Música
Prática Acessório Arco de Violino MM 700
Instrumental
Musical
Teoria e
Música
Prática Texto de Parede Sobre música instrumental em Portugal
Instrumental
Musical

XXXI
Teoria e
Música
Prática Partituras + áudio Composições portuguesas
Instrumental
Musical
Teoria e
Música
Prática Maquete Maquete da orquestra de D. João V
Instrumental
Musical
Teoria e Aplicação audiovisual onde será apresentado
Baixo
Prática Multimédia um texto explicativo sobre o baixo contínuo e a
Contínuo
Musical sua utilização durante este período.
Teoria e Partituras com baixo contínuo acompanhadas do
Baixo
Prática Partituras + áudio respectivo áudio. Este conteúdo poderá ser
Contínuo
Musical inserido na aplicação audiovisual.

Teoria e
Baixo Instrumento
Prática Viola da Gamba MM 5
Contínuo Musical
Musical

Teoria e
Baixo Instrumento
Prática Alaúde MM 254
Contínuo Musical
Musical

XXXII
Teoria e
Baixo Instrumento
Prática Tiorba MM 252
Contínuo Musical
Musical

Teoria e
Baixo Instrumento
Prática Violoncelo MM 47
Contínuo Musical
Musical

XXXIII
Teoria e
Baixo Instrumento
Prática Cravo MM 375
Contínuo Musical
Musical

Teoria e
Baixo Instrumento
Prática Órgão MM 582
Contínuo Musical
Musical

XXXIV
Texto de parede sobre a origem dos concertos
Desenvolvime
Comerciali públicos nos finais do século XVII e a sua
nto dos
zação da Texto de Parede ascensão enquanto uma actividade regular da
Concertos
Música vida musical do século XVIII. Dar algum
Públicos
destaque à realidade portuguesa.
Desenvolvime
Comerciali
nto dos Iconografia ou
zação da
Concertos Maquetes
Música
Públicos

XXXV
ANEXO III – EXEMPLOS DE TEXTO DE SECÇÃO E TEXTO DE PAREDE

Texto de Secção – “De 1600 a 1750”

A grande alteração do pensamento e das práticas musicais que teve lugar no início do século
XVII resultou numa mudança radical e decisiva para a música. Neste período, começa a
desenvolver-se um interesse crescente pelos contrastes extremos e, com o surgimento da
ópera, uma cultural teatral ligada à música. Com as alterações de gosto a transitarem da
polifonia praticada nos séculos anteriores para um estilo monódico (melodia solo
acompanhada), os instrumentos com uma gama suficientemente ampla e com sonoridades
mais cantantes, suaves e expressivas gozaram de uma certa preferência entre os compositores,
tendência que foi, obviamente, levada em linha de conta pelos construtores de instrumentos
musicais. É também nesta época que surge uma importante especialização dos instrumentos,
passando uns a ter um carácter mais solístico e outros um papel de acompanhamento.

Texto de Parede – Teoria e Prática Musical: Música Instrumental

A emancipação da música instrumental realiza-se plenamente entre o século XVII e o século


XVIII, pois é quando se estabelece como uma forma completamente independente das formas
litúrgicas e vocais. Na primeira metade do século XVII existiam já, em Itália, ensembles ou
conjuntos de instrumentos de corda, compostos pelos membros da família do violino, os
quais iriam formar o corpo das orquestras do período Clássico. Em Portugal, o
desenvolvimento da música instrumental no século XVII, está ligado, por um lado, aos
ambientes religiosos (música de tecla) e, a partir do século XVIII, a uma maior difusão entre
a corte e a aristocracia. Durante este período, muitos instrumentos musicais irão adquirir um
certo estatuto enquanto instrumentos solísticos, como o violino, o oboé, a flauta transversal, o
órgão e grande parte dos instrumentos de tecla.

XXXVI

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