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Noções
Avulsas de
Teoria
Musical
João Menezes
PREFÁCIO
Abrir um livro de teoria musical, nunca mais será como antes, quando
mergulharem na leitura deste magnífico trabalho do grande clarinetista, Professor e
Maestro João Alberto Menezes Santos.
Como o acesso aos conservatórios até aos anos setenta, oitenta era quase
impossível para a maioria dos jovens que iniciavam os estudos musicais nas
escolas das bandas filarmónicas, quer pela situação geográfica, quer pela
dificuldade de locomoção, quer ainda pelo fraco poder económico dos encarregados
de educação, na altura. Por este motivo os professores destas escolas das bandas
filarmónicas, eram normalmente os maestros, muitos deles músicos militares, ou ex-
músicos militares, cuja carreira se resumiu ao cumprimento do serviço militar
obrigatório. As escolas que existiam e existem nas bandas militares eram e sempre
foram muito formativas para os seus aprendizes de música como eram
denominados. Tinham sempre nos seus quadros monitores com muito saber e
conhecimento, toda esta formação assimilada nas Bandas Militares era transportada
para as bandas filarmónicas, para os seus aprendizes de musica, assim como para
os músicos amadores mais velhos.
Em jeito de conclusão, direi que esta compilação de saberes teóricos irá ser
muito útil para o engrandecimento das nossas bandas filarmónicas, assim para os
músicos em geral e recomendo a utilização deste manual nas escolas das bandas
filarmónicas, assim como em academias e conservatórios de música.
Valdemar Sequeira
INTRODUÇÃO
Esta compilação surge a partir da necessidade de informação teórica que o
autor detetou em alguns músicos amadores no seio das Bandas Filarmónicas. Não
segue uma ordem lógica tratando apenas um assunto em cada item. A música como
arte difícil e complexa, reflete essa mesma complexidade na sua sistematização.
Por essa razão, se apresenta este trabalho que, de forma algo desordenada
pretende responder às necessidades emergentes daqueles a quem é dirigida
derivando desta premissa o caráter evolutivo da obra. Espera o autor de forma
descontraída e informal contribuir para o esclarecimento de dúvidas cuja existência
possa provocar um défice de rendimento artístico àqueles que da música não têm
outros proveitos que não sejam a alegria de servirem a arte dos sons e a satisfação
de a poderem partilhar. Como trabalho evolutivo, que é, pode sempre ser
aumentado, melhorado e corrigido quando tal se afigure possível e necessário.
O Autor
https://www.facebook.com/charamela
ÍNDICE
Tema: Sub-Tema: nº: pg:
Abreviaturas Segundo o manuscrito de Baltazar (1983) 51 33
Abreviaturas Abreviatura de 2 compassos anteriores 44 24
Acorde de 5ª Aumentada 13 11
Acorde de 5ª diminuta 12 11
Acorde de 7ª da Dominante 14 11
Acorde Perfeito Maior , 10 10
Acorde Perfeito menor 11 10
Andamentos 1 5
Armações de Clave Círculo das quintas e das quartas 43 23
Staccato, Staccatissimo, Tenuto, Acentuação,
Articulações Picado/Ligado 5 7
Bemol 37 21
Bemol Duplo 40 22
Bequadro 38 22
Bibliografia ------ 47
Clave de Dó 25 16
Clave de Fá 24 16
Clave de Sol 23 15
Colcheia 32 20
Compasso Binário 2/4 17 12
Compasso Binário 6/8 20 14
Compasso Quaternário 12/8 18 13
Compasso Quaternário 4/4 15 12
Compasso Ternário 3/4 16 12
Compasso Ternário 9/8 19 13
Compassos 2/2, 3/2 e 4/2 21 14
Compassos 7/4, 5/4 22 14
Contratempo Segundo o manuscrito de Baltazar (1983) 47 .26
Dinâmicas Forte, meio-forte, piano, etc. 3 6
Dinâmicas Crescendo, Diminuendo 4 6
Enarmonia 55 49
Escala Cromática 56 50
lento até que apareça a indicação Tempo primo, Come prima, Tempo 1º ou a
Tempo (abreviado = a Tpº).
Da mesma forma existe também o Acellerando ou Affretando que quer dizer
que se deve tocar progressivamente mais rápido, até que surja a indicação de
novo andamento ou Tempo primo, Come prima, Tempo 1º ou a Tempo
(abreviado = a Tpº), para recuperar o andamento inicial.
A indicação Ritenuto quer dizer que devemos SUBITAMENTE (é aqui que está
a diferença) tocar mais devagar mantendo o tempo mais lento até que apareça
uma das indicações Tempo primo, Come prima, Tempo 1º ou a Tempo
(abreviado = a Tpº).
A maior confusão surge quando na partitura está escrito apenas Rit., ficando o
maestro ou executante sem saber se deve fazer Ritardando ou Ritenuto. No
caso do compositor querer Ritardando, deve escrever "Ritard." a fim de evitar
erros de interpretação. No caso de compositores mais antigos deve o maestro
ou executante procurar estudos musicológicos que legitimem a sua
interpretação, jamais se escondendo por detrás da frase idiota: "é assim que eu
sinto"
22 Tal como os outros compassos "por quatro" o 5/4 e o 7/4 são compassos
simples uma vez que os seus tempos são
divisíveis por 2 (duas colcheias). O primeiro tem
5 tempos e o segundo 7. A unidade de tempo
destes compassos é a Semínima. Nestes
compassos, chamados por alguns teóricos de
irregulares podem definir-se acentuações, ou
apoios, secundários. No 5/4 o apoio secundário
pode ser no 3º ou no 4º tempos consoante a estrutura rítmica ou harmónica
Por: João Menezes |
Noções Avulsas de Teoria Musical 15
nele contida prefigure 3+2 (primeira pauta da figura) ou 2+3 (segunda pauta da
figura). No 7/4 o mesmo se passa, sendo que, agora, os apoios secundários se
encontram no 4º ou no 5º tempos, consoante se trate, pelas mesmas razões
apontadas para o 5/4, de 4+3 (terceira pauta da figura) ou de 3+4 (quarta pauta
da figura).
Contrariamente aos outros compassos "por oito",
o 2/8, o 3/8, o 4/8, o 5/8 e o 7/8 NÃO são
compassos compostos. O 3/8 é um
COMPASSO TERNÁRIO (Três tempos) e a figura
rítmica que preenche 1 tempo é a colcheia que é,
claro está, a unidade de tempo para este
compasso. Cada um dos tempos divide-se em duas partes (SEMICOLCHEIAS)
sendo por isso um COMPASSO SIMPLES. Pode ser preenchido com figuras
rítmicas conforme se vê na figura ou com outras que totalizem o valor
equivalente a três COLCHEIAS. Alguns teóricos defendem que também pode
ser considerado um compasso composto (do 1/4) de apenas um tempo,
divisível por 3 tal como no 12/8, 9/8 e 6/8.
28 EXEMPLO 3
Assim, quando temos, por exemplo, um compasso 3/4, isso quer dizer que
esse compasso é preenchido na sua forma mais simples, com figuras que
totalizem três quartos da SEMIBREVE ou seja 3 SEMÍNIMAS.
De igual modo um compasso 6/8 terá que conter na sua forma mais simples
seis oitavos da SEMIBREVE ou seja, 6 colcheias.
O valor das figuras é sempre o dobro da que está a baixo (ver quadro) e
metade da que está acima.
É errado dizer-se que uma SEMIBREVE tem 4 tempos pois isso depende do
compasso onde está escrita. No compasso 4/4 tem efetivamente 4 tempos mas
no 4/2, 3/2 ou 2/2 tem apenas 2 tempos. Abordaremos mais tarde esta
questão.
Retenha-se apenas que a SEMIBREVE tem o dobro do valor das MÍNIMAS e
estas, o dobro do valor das SEMÍNIMAS etc. etc. (ver quadro).
29 SEMIBREVE
É na música a unidade de valor. Todos os compassos se
definem como frações do valor da SEMIBREVE quer
sejam simples, compostos, regulares ou irregulares.
Apresenta-se no EXEMPLO 3 desta compilação uma
tabela do valor relativo das figuras musicais, bem como uma descrição do
conteúdo da mesma.
MÍNIMA
30 É a figura musical cuja duração é metade da SEMIBREVE
e o dobro da SEMÍNIMA. Ver EXEMPLO 3 neste mesmo
álbum. A MÍNIMA é a unidade de tempo (tem o valor de 1
tempo) em todos os compassos cujo denominador
(número de baixo) seja 2 (2/2, 3/2, 4/2) e ainda no .
SEMÍNIMA
32 COLCHEIA
É a figura musical cuja duração é metade da SEMÍNIMA e o
dobro da SEMICOLCHEIA (ver quadro). A COLCHEIA é a
unidade de tempo (tem o valor de 1 tempo) em alguns
compassos cujo denominador (número de baixo) seja 8 (2/8,
3/8, 4/8, 5/8). Nos compasso 6/8 (binário, tem 2 tempos), 9/8 (ternário, 3
tempos) e 12/8 (quaternário, 4 tempos), a cada tempo corresponde o valor de
3 COLCHEIAS por isso, a unidade de tempo nesse compasso é a SEMÍNIMA
com ponto de aumentação. A estes últimos, bem como nos 12/4, 9/4 e 6/4 (de
que se falou junto com a imagem da semínima), por terem subdivisão ternária
(cada tempo divide-se em 3 partes) designam-se por COMPASSOS
COMPOSTOS. Os outros cuja subdivisão é binária (cada tempo divide-se em 2
partes) designam-se por COMPASSOS SIMPLES.
SEMICOLCHEIA
33 É a figura musical cuja duração é metade da COLCHEIA e
o dobro da FUSA (ver quadro). Nos compasso 6/16
(binário, tem 2 tempos), 9/16 (ternário, 3 tempos) e 12/16
(quaternário, 4 tempos), a cada tempo corresponde o valor
de 3 SEMICOLCHEIAS por isso, a unidade de tempo nesse compasso é a
COLCHEIA com ponto de aumentação.
Armações de Clave –
43 CÍRCULO DAS QUINTAS (ou
das Quartas, se for lido no
sentido contrário aos ponteiros
do relógio).
Já vimos o que são sustenidos
e bemóis, e que eles
aparecem por uma certa
ordem. Já reparámos que nas
músicas que tocamos, nem
sempre aparece o mesmo
número de alterações fixas
(bemóis ou sustenidos).
Algumas têm, por exemplo, 1
sustenido e outras 2 ou três bemóis, chegando mesmo a mudar a armação de
clave durante a mesma música. Para cada armação de clave (quantidade de
sustenidos ou bemóis logo a seguir à clave) definem-se duas tonalidades: Uma
Maior e outra menor. Estas duas tonalidades dizem-se "relativas". Assim a
tonalidade relativa de Dó Maior é lá menor ou, indo buscar outro exemplo, a
tonalidade relativa de fá menor é Lá bemol Maior. Veja-se a figura acima.
Acerca da confusão existente entre se é correto dizer-se CÍRCULO ou CICLO
das quintas/quartas, diga-se que o CÍRCULO é a representação gráfica que
serve para visualizar o CICLO (sucessão periódica) das quintas ou das quartas.
44 ABREVIATURAS
B. Desigual ou Irregular, se uma das partes tiver mais valor que a outra.
Qualquer figura de ritmo representando uma nota pode ter valor absoluto ou
relativo.
Semibreve
Mínima
Semínima
Colcheia
Semicolcheia
Fusa
Semifusa
Cada figura vale em tempo, metade da que lhe está antes e o dobro da
seguinte.
As outras figuras são frações da semibreve. Porém, nenhuma delas pode ser
naturalmente3 dividida por número ímpar.
Pausa de Máxima:
Pausa de Longa:
Pausa de Breve:
e Pausa de Quartifusa:
4 Quartifusa, por valer um quarto da Fusa ou seja, metade da Semifusa. Ver opinião diferente
no nº 28 desta compilação, onde se apresenta nomenclatura diferente.
5 No seu Diccionário Musical, Ernesto Vieira refere esta figura designando-a ainda por Quarto
de Fusa
| Por: João Menezes
30 Noções Avulsas de Teoria Musical
Seria mais prático escrever a figura que lhe corresponde e liga-la ao compasso
anterior.
6Nota: O conceito de Ponto de Diminuição é bastante discutível pois abstratamente não altera
o ritmo da figura apenas lhe reduzindo a componente sonora e aumentando o silêncio de
articulação, por forma a separá-la da figura seguinte. É pois, este ponto, um sinal de
articulação e não de ritmo. O efeito que se pretende com este sinal é que se toquem as notas
separadas umas das outras, sem alterar o tempo. A este efeito musical chama-se staccato, que
em italiano quer dizer precisamente destacado, isolado, separado. Nas figuras mais longas o
exemplo não deve ser tomado, porquanto seria ridículo dar apenas dois tempos a uma
semibreve com staccato, em compasso 4/4, fazendo pausa nos outros dois. O AUTOR DESTA
COMPILAÇÃO NÃO CONCORDA COM O CONCEITO DE PONTO DE DIMINUIÇÃO.
| Por: João Menezes
32 Noções Avulsas de Teoria Musical
LIGADURA, é uma linha curva que indica que a execução das notas por ela
abrangidas, deve ser feita numa só emissão de voz, na música vocal, ou sem
interrupção de sopro, na música instrumental de sopro.
Exemplo:
• Sinais de 1ª e 2ª vez.
Designam-se assim as linhas horizontais seguidas, com as
extremidades voltadas para baixo verticalmente, separando alguns
compassos antes e depois do sinal de repetir.
As indicações 1 e 2 (ou 1ª Vez e 2ª Vez ou ainda I e II), que se
encontram dentro da primeira e segunda casas, respetivamente,
advertem de que, ao repetir, se substituem os compassos da primeira
pelos da segunda. Da mesma forma, poderão existir indicações para
uma 3ª vez, 4ª vez, etc. sendo no início da repetição indicado o número
de vezes a repetir.
Exemplo:
Exemplos I:
Exemplos II:
Exemplos III:
Exemplo:
8 Nota do Editor: Em Portugal é uso designar-se este sinal por “ésse” pela semelhança com a
letra ésse e que é a inicial da palavra italiana segno. Da mesma forma mas desconhecendo o
editor a origem, o sinal que mais adiante se descreve é designado por sinal “ó”.
Por: João Menezes |
Noções Avulsas de Teoria Musical 37
• Linha de Oitava
Dá-se o nome de linha de oitava a uma linha tracejada que se escreve
sobre ou sob uma ou várias notas, com a indicação de 8ª.
Usa-se escrever sobre para que se execute uma oitava acima e sob
para uma oitava abaixo.
Exemplos:
9 Existem ainda outros casos, em peças que devido à sua forma assim o determinam mesmo
sem estar expressamente escrito. É o caso do Minuetto D.C.. O Minuetto é uma dança do séc.
XVII em que se voltava ao princípio da música (D.C.) mas por norma, dessa vez, sem
repetições, se as houvesse. Alguns compositores de Minuetti para fazerem lembrar isso,
escrevem Minuetto D.C. em vez do simples D.C.,que bastaria neste caso.
| Por: João Menezes
38 Noções Avulsas de Teoria Musical
Tem na frente uma pequena régua metálica graduada do vértice para a base,
contendo números de 40 a 208, números esses relativos às oscilações
necessárias para determinar os andamentos.
Assim: se quisermos dar 100 semínimas por minuto num determinado trecho
musical, ajustaremos o contrapeso da verga exatamente ao número 100 da
régua graduada. O metrónomo marcará, então, 100 oscilações que
corresponderão a 100 semínimas.
40 a 60 = Largo – Adágio
60 a 72 = Larghetto
72 a 80 = Andante
11 À data da escrita dos manuscritos de Baltazar, 1983, ainda não existiam metrónomos
eletrónicos nem digitais. Hoje, basta marcar o número de pulsações que se pretende no ecrã
digital dos metrónomos modernos, que nos oferecem ainda muitas outras funcionalidades, tais
como a divisão do tempo (pulsação) em colcheias, tercinas, semicolcheias, colcheia com ponto
e semicolcheia, tercina com semínima e colcheia etc.
12 Estas graduações variam com o compasso, com a unidade de tempo, com o compositor e
(Phillips, 1997)
Marcação a 2 Tempos (Binária) – Usada nos compassos 2/2 (ou ₵), 2/4, 2/8,
6/8 (andamentos moderados) e em 4/4 e (andamentos rápidos).
(Phillips, 1997)
(Phillips, 1997)
Por: João Menezes |
Noções Avulsas de Teoria Musical 41
(Phillips, 1997)
(Phillips, 1997)
(Phillips, 1997)
Marcação a 4 Tempos – Usada p. ex. nos compassos 4/4 e 4/2 e em 2/4 e 4/8
(andamentos lentos). Ao acento secundário, no terceiro tempo, corresponde
| Por: João Menezes
42 Noções Avulsas de Teoria Musical
(Phillips, 1997)
(Phillips, 1997)
(Phillips, 1997)
(Phillips, 1997)
(Phillips, 1997)
(Phillips, 1997)
(Phillips, 1997)
(Phillips, 1997)
(Phillips, 1997)
(Phillips, 1997)
(Phillips, 1997)
57 QUIÁLTERAS
13
Ver explicação na página 57.
| Por: João Menezes
52 Noções Avulsas de Teoria Musical
NOTA:
Esse composto, por sua vez, é já resultante de uma longa evolução, em que
provavelmente, semel et semis, ou semel semisque (alter, altera ou alterum,
conforme o caso14), queria dizer: semel = uma vez; et semis = e meia; ou semel
semisque, ou ainda, semel semisque altera = uma vez e outra meia.
14
Da gramática do Latim.
Por: João Menezes |
Noções Avulsas de Teoria Musical 57
Exemplo:
Bibliografia
Lefèvre, Jean Xavier(1939). Metodo per Clarinetto, vol.II. Ricordi (rev. Alamiro
Giampieri). Milão.
Michels, Ulrich (2007). Atlas de Música II. Gradiva. Lisboa. ISBN 978-989-616-
167-5