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A tecnologia a serviço da arte musical Tema 8

O Órgão Eletrônico
E seu registro essencial Matéria extraída da convenção Organística & Liturgia

É indiscutível os benefícios da tecnologia à música.


Neste cenário competitivo projetos são substituídos por outros mais avançados, constantemente. Porém, não
substitui-se a presença do instrumentista, pois só se interpreta algo se o humano estiver presente.

No universo das teclas, os teclados reproduzem um conjunto inteiro, os pianos acústicos são imitados pelos pianos
digitais e os órgãos de tubos, pelos órgãos eletrônicos.
Trataremos aqui do órgão:

O Órgão de Tubos:
O órgão é um instrumento musical da família dos aerofones de teclas.
O órgão de tubos é um dos maiores e mais sofisticados instrumentos, um feito incrível
de engenharia e habilidade artesanal, cujos sons são produzidos através da passagem
de ar comprimido pelos vários tubos, agrupados por classes, com timbres e volumes
diferentes.

Os comprimentos mais usados em órgãos de tubos são 64’, 32’, 16’, 8’, 4’, 2’, 1’ e ½’.
Quanto maior o tubo, mais grave é o som.
Estes órgãos encontram-se sobretudo nas igrejas de culto cristão católico e protestante,
e também em teatros e salas de concerto.
Porém existem apenas dois órgãos de tubos que possuem realmente um tubo de 64’,
Sydney Town Hall, na Austrália e o Boardwalk Hall Auditorium Organ, nos Estados Unidos.

O Órgão Eletrônico:
O órgão eletrônico veio para simular, de maneira mais barata, o órgão de tubos.
É um sintetizador que gera seus sons eletronicamente.
Versátil e manejável, teve desempenho também em outros gêneros musicais, do rock ao
jazz americano.
No Brasil, fez parte de conjuntos que integravam o movimento cultural conhecido como
Jovem Guarda.

Mas foi na música sacra que o órgão eletrônico adquiriu uma forte índole, porque suas características acústicas o
tornam ideal para acompanhamento e sustentação de cantos, coros e solos instrumentais cuja finalidade seja
introduzir, preludiar, interludiar, posludiar os mesmos cânticos, tendo o organista uma função importante na
cerimônia religiosa.

O fenômeno evangélico brasileiro é, sem dúvidas, o responsável pela manutenção e sobrevivência desse
maravilhoso instrumento.
Segundo o IBGE, o país passa por uma grande transição religiosa, com a diminuição de católicos e crescente número
de evangélicos, com a presença do órgão eletrônico em muitas liturgias.

Um engenheiro dos EUA, Laurens Hammond pretendia imitar o som do órgão de tubos, desenvolvendo na década
de 30 os maravilhosos órgãos eletromecânicos Hammond.
No mercado há ainda excelentes marcas como Yamaha, Roland, Bohm e Wersi, etc.

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O avanço do órgão eletrônico e o desvio de sua identidade:
A partir de 1950 foram desenvolvidos vários modelos eletrônicos, adicionando timbres e ritmos, além de
acompanhamentos automáticos. Esses sintetizadores foram afastando o órgão eletrônico de seu desígnio inicial, de
imitador do órgão de tubos.

As várias marcas nacionais:


Aqui no Brasil temos várias fábricas que juntas produzem mais de 1.500 órgãos por mês. Ambas utilizam-se de
tecnologia bastante similar.
Aliás, fabricar órgãos no país não é uma tarefa das mais complexas, pois há ofertas de kits completos, restando ao
fabricante desenvolver apenas seu gabinete, sua mobília.
Por extensão não há a menor dificuldade na manutenção desses instrumentos, pois um técnico atende qualquer
instrumento, independente da marca.

Qual marca nacional comprar:


Não é objetivo desta matéria indicar quais marcas nacionais são melhores, mesmo porque ainda não temos nenhum
instrumento bem projetado e que mereça indicação. Certamente há a intenção em produzir bons instrumentos, mas
é a economia quem dita uma produção.

Portanto, mesmo que o organista não tenha um bom produto, ou um bom produto não teria um organista para
adquirí-lo, pelo alto preço, o que se espera é que os instrumentos expostos no mercado apresentem no mínimo, os
recursos essenciais.

O registro essencial no órgão:


O órgão é um instrumento harmônico que reproduz vários sons simultaneamente.
Mesmo com a emissão de um único som, outros vários serão percebidos, são os
harmônicos que ocupam e enriquecem o som fundamental.

Os registros chamados Drawbars (engates deslizantes) reproduzem os “tubos”.


Ainda que num órgão tenha uma grande oferta de recursos digitais, porém é essencial e indispensável conter os
Drawbars, além de ser um grande prazer puxar e empurrar esses engates e modificar o timbre, segundo o gosto e
a finalidade musical, é também uma necessidade. É com eles que podemos dar ao estudante, futuro organista, um
básico conhecimento sobre os registros do instrumento, onde os “tubos” estarão representados na ordem numérica
16’, 51/3’, 8’, 4’, 22/3’, 2’, 13/5’, 11/3’, 1’.
Alguns órgãos economicamente apresentam apenas os registros 16’, 8’, 4’, 2’.

Para o manuseio dos Drawbars deve se considerar o propósito musical, além de


sua aplicação, se em solo ou em acompanhamento. Para tanto é necessário conhecer a série harmônica, esta é o
principal fenômeno acústico de criação da escala musical e da harmonia.

Portanto, os Drawbars são essenciais e indispensáveis.

Conclusão:
Neste texto fazemos um apelo aos professores, formadores e difusores da arte organística, sobretudo aos professores
de teclas que, com boa vontade, se aventuram também a ensinar órgão:
Ajudem a salvar a cultura organística!
Jamais indiquem órgãos que não contenham Drawbars, pelo menos.

“Órgãos sem Drawbars não são órgãos.


São simples teclados fixados em móveis”. J. F. Böhm CO& L

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