MÚSICA E MATEMÁTICA

A Relação Música e Matemática

As notas musicais
 Como surgiram as notas musicais? Como são determinadas? Qual
deve ser a duração dos sons musicais? O nosso alfabeto tem 26 letras
e com ele escrevemos inúmeros textos. Com apenas 10 algarismos
representamos qualquer quantidade numérica. Com uma escala de
12 notas diferentes (dó, do#, ré, re#, mi, fá, fá#, sol, sol#, lá, lá# e
si) temos as mais variadas formas de expressão musical.     Os nomes
das notas musicais dó, ré, mi, fá, sol, lá e si surgiram no século XI e
foram extraídas de um hino latino do século VIII pelo monge Guido
d’Arezzo.

Utqueant laxis (Ut substituído por Do, de Dominus)

Ressonare fibris
Mira   gestorum
Famuli tourum
Solve polutti
Labil reatum
Sancte Ioannes
“Para que teus servidores sejam capazes de soltar suas vozes e
cantar os teus atos milagrosos, remove a culpa de seus lábios
impuros, São João”.

A distância sonora entre duas notas chama-se intervalo. As notas de

mesmo nome produzem sons semelhantes e se repetem a cada
intervalo de uma oitava. A evolução de linhas melódicas para linhas
harmônicas está ligada ao conceito de consonância que são sons
agradáveis ao  ouvido.

Pitágoras e as bases físicas da consonância

Há registros de que já no século VI a. C., na Grécia, o Matemático e
Filósofo Pitágoras  teria assentado as bases físicas da consonância.
Segundo Pitágoras e seus seguidores, os números eram a essência de
todas as coisas. Para Pitágoras, os sons melódicos agradáveis aos
ouvidos, os sons consonantes, eram obtidos quando se percutiam
numa corda comprimentos diferentes. Os valores desses
comprimentos formavam razões expressas por números inteiros.

Os intervalos, tomando-se como base o dó4 : uníssono, dó4 e dó4,

1:1; quarta, dó4 e fá4, 4:3; quinta, dó4 e sol4, 3:2; dó4 e dó5, oitava,
2:1. Basicamente, esses eram os intervalos aceitos como consonantes
nessa época. Com o tempo outros intervalos foram aceitos como
consonantes e dissonantes: os intervalos de terça, 5:4, sexta, 5:3
(consonâncias imperfeitas) e intervalos de segunda, 9:8, sétima, 15:8
(dissonâncias). E para completar, a razão do dó# é 16/15, do ré#,
6/5, fá#, 45/32, sol#, 8/5 e sib, 225/128. As razões se repetem em
todas as oitavas.     Na antiguidade a música se resumia basicamente
na melodia, que consiste numa sucessão de sons musicais. Foi a
partir  do século XVII que a música começou a se organizar com
melodia e harmonia, surgindo então os acordes (sons simultâneos).
Em meados do século XIX, Hermann L. F. Von Helmholtz, Físico,
Matemático e Fisiologista alemão, realizou pesquisas sobre o som. Os
resultados dessa pesquisas estavam de acordo com a formulação
pitagórica. À medida que aprofundamos na teoria musical,
percebemos como a Matemática está ligada à Música.

Escala natural e escala temperada

No princípio, as notas eram escolhidas de forma arbitrária, formando
uma melodia que pudesse agradar. Isso possibilitou o aparecimento
de escalas diferentes em culturas diferentes: grega, chinesa, hindu,
japonesa, etc.

É possível, com a voz humana, partir de um som e aumentar (ou

diminuir) a altura até atingir outro som mais agudo (ou mais grave),
produzindo assim uma contínua variação de frequências. Em alguns
instrumentos isso também é possível, como é o caso do violino. No
entanto, na maioria dos instrumentos musicais, isso não ocorre
(piano, violão, teclado, bandolim, trombone, flauta, etc.

Chama-se frequência o número de ondas ou ciclos repetidos por um

sistema vibratório em um intervalo de tempo (vibrações por
segundo). A unidade de medida é o hertz (Hz). As sequências de
notas constituem as escalas musicais.

Duas escalas são particularmente importantes, a natural e a

temperada. A escala natural, também chamada de diatônica, tem as
notas sucessivas de dois tipos, tom e semitom.
O padrão para as frequências das notas musicais tem sofrido
variações durante os últimos séculos. Em 1939, numa Conferência
Internacional realizada em Londres, foi fixado o lá4 como padrão com
frequência de 440 Hz.

Para se calcular a frequência de qualquer nota da escala natural,

calcula-se primeiro a frequência do dó4 em relação ao lá4 que é o lá
padrão, 440 Hz, por meio de uma regra de três simples, direta e , em
seguida, a frequência da nota desejada em relação ao dó4. Se a  nota
é de outra oitava calcula-se, primeiro, a frequência do dó da oitava
onde se encontra a nota desejada, sabendo-sa que dó4 = 2 dó3, dó4
= 4 dó2, e assim por diante.

Na escala natural a nota sustenizada deveria coincidir com a nota

seguinte, bemolizada, por exemplo, lá# e sib. No entanto, estas são
aproximadas. No piano, há só uma tecla para se executar essas duas
notas. No violão só uma casa entre o lá e o si. Na maioria dos
instrumentos ocorre fato semelhante. A rigor, o que se faz são
acomodações para viabilizar a execução das melodias.

Durante muito tempo foram testados vários tipos de acomodações

resultando na escala temperada que trata de substituir as notas que
são aproximadas (sustenizadas e bemolizadas) por outra , situada
entre duas notas naturais. É o temperamento. Criada em 1691 pelo
organista Werckmeister, a escala temperada teve a contribuição de J.
S. Bach (1685 / 1794) que compôs uma série de Prelúdios e Fugas,
reunidas no volume ” O Cravo Bem Temperado”.

Enquanto que na escala natural os intervalos são formados pelas

razões, na escala temperada, cada intervalo de meio tom é 1,059
vezes o anterior. Esse valor foi obtido da seguinte forma: de dó a dó,
2 para 1, são doze intervalos. Chamando de S cada intervalo, temos a
equação: S12 = 2 (S elevado ao expoente 12 é igual a 2) .
Resolvendo a equação, temos, S = 1,059.

Os tempos e os compassos
Os sons musicais e as pausas tem valores de duração que são os
tempos, indicados  na partitura pelas figuras. Veja o quadro abaixo.
Os valores dessas figuras e pausas  podem ser aumentados com o
ponto ou duplo ponto ou diminuídos com o ponto de diminuição.
 Toda composição musical é
dividida em compassos que, por sua vez, é formada pela reunião de
tempos. Os compassos são separados por linhas divisórias. Os
compassos são: 4/4 ou C, 2/4, 3/4, 6/8, e tantos outros.
Pode-se dizer que a Música, esta forma de expressão tão apreciada, é
técnica, inspiração e Matemática.