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INTRODUÇÃO

Por estarmos ligados ao curso medio de música e motivados pelo trabalho de fim do
curso, decidimos abordar sobre uma temática pertinente e atual “ A influência da
música na infância” por percebermos que seja um tema ligado ao curso médio de
música e pelo facto de que a infância é o período do desenvolvimento humano onde
desenvolvem-se as capacidades de (perceção, atenção, memoria, cognição e criação)
elementos que desempenham papel fundamental no aprendizado das artes, e também
pelo facto destes elementos influenciarem no que será a personalidade do individuo.
Dai a preocupação de se abordar a relação música e infância para que se perceba o
real e se trate esta relação nos parâmetros ideais.

Questões como; que influência tem a música sobre a infância? Que papel exercer a
música na infância? Existe uma relação música e infância? Levaram-nos a profundar
mais sobre o tema. Temos como objetivo Compreender a influência da linguagem
musical na infância e Caraterizar esta influência musical no período infantil.

Este trabalho foi realizado em duas etapas, sendo a primeira uma pesquisa
bibliográfica, o que segundo Salvador (1987, apud ARAÚJO, 2003, p.29), quer dizer “
[...] utilização de fontes ou documentos escritos originais ou primários”. Tal Etapa
permitiu-nos o conhecimento da influência da linguagem musical na infância em áreas
como a Educação Infantil, cognição, socialização, processo de socialização e também
em aspetos do desenvolvimento físico. Os principais autores aqui abordados foram:
Piaget (1957); Philippot (1972); Freitas (1997); Isidoro e constantino (1989); Gessel
(1987); Sarynna (2001); Mafioletti (2001), Martins (1985) Rosa (1990) e outros que
procuram em suas respetivas literaturas, examinarem essa questão de uma forma
crítica, considerando a música como uma ferramenta influenciadora.

A segunda etapa foi uma pesquisa de campo, que ainda, conforme Salvador
referenciado por Araújo (2003, p.29), “ [...] é uma pesquisa feita na própria realidade”,
nesse sentido, foi realizado, por meio de um questionário, seguindo um roteiro escrito
que o víamos respondido em função do que as mais de 50 crianças e professores com
quem tínhamos o contato na escola primaria 2002 local onde cumprimos o nosso
estagio, nos apresentavam como resultado do contato que eles tinham com a
disciplina de educação musical e com enfase as experiencias que traziam fruto do
contato com a música no seu dia-a-dia.

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Estrutura do trabalho: esta pesquisa esta composta por II capítulos, sendo o primeiro
capítulo reservado para as definições de termos e conceitos, estudos e pesquisas
desenvolvidas em torno do tema.

Já no segundo capítulo, estabeleceu-se a relação entre o real e a leitura, dando origem


as nossas conclusões e sugestões sobre o problema de pesquisa.

Procedimentos: Fase inicial-pesquisa bibliográfica; Nesta fase fez-se o desenho teórico


da investigação e a recolha de dados bibliográficos necessários para a compilação do
trabalho. Fase secundaria-trabalho de campo; reconhecimento, escolha da área de
estudo e recolha de dados. Fase conclusiva-processamento e interpretação dos dados;
síntese, interpretação dos dados obtidos e elaboração do trabalho final.

Esta pesquisa levou-nos cerca de dois meses e meio para a sua conclusão, dificuldades
foram encontradas durante o levantamento bibliográfico, na escolha do local de
estudo e na seleção de crianças a serem submetidas ao nosso questionário, mas não
obstantes a estas dificuldades conseguimos cumprir com os prazos estalecidos pela
coordenação pedagógica da nossa instituição (cearte).

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CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E CONCEPTUAL

1.1 – Definições de termos e conceitos.

1.1.1– Influência

A palavra influência vem do termo em latim influens que significar segundo o


dicionário do porto Editora, capacidade que tem algo ou alguém para alterar o
comportamento de uma pessoa, animal ou coisa.

Outra definição encontrada na wikipedia, influência também pode significar ação que
alguém ou algo tem sobre outra coisa, ou seja, o poder, o controle ou a autoridade.

1.2 – Música

A palavra “música” tem sua origem no grego antigo. Vem de “TECHNE”, que significa
técnica, junto a “MOUSIKÊ”, que pode ser interpretado como musas. Para os gregos, a
música tinha um sentido muito mais amplo que o atual. A arte de ‘extrair’ sons de
instrumentos artesanais era toda a cultura da arte e estava ligada às divindades, às
belas artes e à vida social do povo – assim como as suas manifestações culturais.

“Música é um arranjamento ordenado de sons e silêncios cujo sentido é preservativo


ao invés de denotativo. (...) música é a realização da possibilidade de qualquer som
apresentar a algum ser humano um sentido que ele experimente em seu corpo”.

Clifton, traduzida por Freitas (1997:24)

1.3 – Infância

Etimologicamente, a palavra "infância" tem origem no latim infantia, do verbo fari


= falar, onde fan = falante e in constituem a negação do verbo. Portanto, infans
refere-se ao indivíduo que ainda não é capaz de falar, vai do nascimento à
puberdade, ou seja, do zero aos doze anos de idade.

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1.4 – Breve historial

Pesquisas relevantes foram desenvolvidas em diferentes países e em diferentes


épocas. No início do século XX, aparecem os métodos ativos de Declory, Montessori,
Dalton e Pakhurst, formando a nova escola. Esses pensadores outorgaram a música
como um dos principais recursos didáticos para o sistema educacional, reconhecendo
o ritmo como um elemento ativo da música, favorecendo as atividades de expressão e
criação. Na mesma época, alguns pedagogos musicais, ganharam destaque: Èmile
Jacques Dalcraze, Maurice, Martenot, Carle Orff, Zortan Kodaly, Shinichi e o famoso
filósofo e psicopedagogo musical Edgard Willems (VEJA, 2007).

No final do século XX pesquisas desenvolvidas pela Escola de Medicina de Harvard


(EUA) e pela Universidade de Jena (Alemanha) revelaram que, ao comparar cérebro de
músicos e não músicos, o grupo de músicos apresentavam maior quantidade de massa
cinzenta, particularmente nas regiões responsáveis pelo controle motor, audição e
visão.

Outros estudos posteriores também mostram que mesmo que o contacto com a
música for feita apenas por apreciação, e não tocando um instrumento, mas ouvindo
com propriedade os ritmos, melodias e harmonias, os estímulos cerebrais também são
bastantes intensos.

Vários autores escreveram sobre a influência que a música pode exercer em vários
estágios do desenvolvimento humano. As influências musicais estão presentes no
universo físico e celestial como afirma vários capítulos bíblicos dizendo que “os salvos
alcançaram a paz nos céus, e que suas almas ficaram felizes entoando louvores de
paz”.

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1.5 – Pesquisas e estudos posteriores

Estudos mostram que a música contribuiu no desenvolvimento cognitivo, motor e


linguístico. O contacto com a música por parte de uma criança nos seus primeiros anos
de vida (do nascimento aos 6) e fundamental para o auxílio no desenvolvimento das
capacidades citadas anteriormente.

Por intermédio da rítmica musical, a criança pode começar a coordenar os primeiros


movimentos motores, e num processo anterior a este, o ritmo ajuda na formação do
sistema nervoso, essa ajuda na construção do sistema nervoso da se pelo facto de a
musica favorecer na descarga emocional a reações motoras e aliviar as tensões.

Arnold Gessel em uma de suas publicações, diz que a partir dos 2 anos a criança já
adquire capacidade linguística de reproduzir canções com versos incompletos, e ela
mesmo não tendo ainda totalmente desenvolvida a fala, a criança repete esses versos
incompletos porque isso faz com que ela se sinta feliz e relaxada. Entre os 3 e 4 anos
ela já consegue reproduzir varias melodias, nesta idade a criança vai adquirindo o
controlo da voz ganhando o interesse de participar de jogos cantados.

Dos 5 anos de idade aos 6,ela já e capaz de sincronizar o movimento do corpo com a
música, Gessel também deixa claro que, as etapas e os acontecimentos variam, ou
seja, cada criança e uma criança mas independentemente dos avanços ou atrasos nos
acontecimento vão experienciar as etapas acima citadas se o fator música for um
elemento presente em suas vidas.

SARYNNA ZIRETTA FELICIANO afirma no seu Trabalho de Graduação do curso


Pedagógico apresentado ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium que ”
Desde pequenas as crianças começam a assimilar e a descodificar até sons que
demonstrem expressões de raiva, alívio, dor, ao ouvirem; ai, ah e hum”.

Ao contrario de SARYNNA, Maffioletti (apud, CRAYDY, 2001,p.127) diz que “O silêncio é


um elemento complementar ao som, muito importante para a organização do
comportamento das crianças”, e ainda MAFFIOLETTI (CRAYDY, 2001, p.130) contribui
em torno dessa temática escrevendo o seguinte dizer “a criança precisa aprender que
um som pode se combinar com outro som, mas, principalmente, que é possível
imprimir significado aos sons. É isso que fará dela um ser humano capaz de
compreender os sons de sua cultura e de fazer entender pelo uso deliberado dessas
aprendizagens nas trocas sociais”.

As citações acima divergem em alguns aspetos subjetivistas dos próprios autores mas
todos de uma forma objetiva concordam que a música influencia o ser humano.

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1.6 – Música, infância e o desenvolvimento socio emocional

A música e frequentemente experienciada e vista como parte do tempo de brincadeira


pela maioria das crianças, mas ao combinar a música, pessoas e as emoções associadas
a elas, transformam-se num exemplo ideal para que se estimule o desenvolvimento
sócio emocional com benefícios significativos.

A mãe ao cantar uma canção de embalar para a criança, consegue transmitir calor e
segurança para a criança fortalecendo o laço afetivo com os pais. As músicas da
infância encorajam naturalmente a interação social com os adultos, cuidadores e com
os pares em contextos musicais quer informais (nas brincadeiras) ou formais (atelier,
escola e creche).

Piaget (1957) referia que os sentimentos estão para a cognição como gasolina para o
automóvel, querendo com isso salientar que os sentimentos e o raciocínio estão
intimamente ligados. Para Piaget a melodia liga se de modo muito particular a
expressão dos sentimentos, pelo que os instrumentos que melhor se ligam a este tipo
de expressão são os que possuem características melódicas; xilofone, flauta e
instrumentos de cordas. Porem, a voz humana, e, o melhor dos instrumentos
melódicos.

Piaget também citou exemplos de jogos em que se podem usar os recursos musicais
que proporcionam a expressão das necessidades sentimentais;

*Ritmo inventado, tocando cada som em diferente altura.

*Melodização dos nomes; uma criança diz o seu primeiro nome cantando o, tocando
ao mesmo tempo os seus fonemas, em alturas diferentes.

*Fundo sonoro de leitura, declamação, desenhos, dança etc.

Piaget corrobora com a ideia de inclusão das artes e em particular a musica, para o
desenvolvimento de aspetos inerentes a criança. Para Piaget a música contribui no
descobrimento emocional por parte da criança pelo facto de cada música produzir
uma frequência característica que podem disparar gatilho que façam sentir alegria ou
tristeza.

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1.7– A educação pela música

Figura n 1: Crianças cantando

A educação musical e diferente da educação pela musica, na educação musical fala-se


dos elementos da musica (características do som, pulsação, ritmo, melodia, harmonia,
notação e etc.) já na educação pela musica esta objetivado o desenvolvimento da
criança nas áreas como (sensorial, atenção, perceção, memoria, pulsões, emoções,
sentimentos, socialização e etc.) constituindo jogos musicais expressivos criativos
associados a técnicas educacionais com o qual se processa o desenvolvimento destas
capacidades.

A educação pela música proporciona num ambiente menos formal ferramentas de


instrução, ou seja, ensina se brincando (brincadeiras cantadas) de uma maneira
eficiente e progressiva.

A educação pela música normalmente encontra se estruturada dentro de um modelo


lúdico, ou seja, associa se o conhecimento dentro das canções de modo a suavizar o
conteúdo que e passado para a criança de modos que ela não se sinta aborrecida. Por
exemplo, na brincadeira cantada “ todos os patinhos sabem bem nadar ” as crianças
aprendem conceitos de biologia e behaviorismo animal de uma maneira descontraída
e interessante para a maioria das crianças.

As histórias cantadas foram por muito tempo veículo de transmissão cultural. As


crianças aprendiam elementos complexos da cultura no ponto de vista explicativo, de
forma simples e resumida por intermedio destas mesmas histórias.

A educação pela música na cultura africana encontrasse presente muito pelo facto de
que o africano tem como seu modelo predileto de transmissão cultural as artes

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(música, dança e artes plásticas) fazendo com que as crianças presentes nessas
atividades artísticas recebam conteúdo inerentes a sua cultura.

Desde a Grécia Antiga, a música era considerada como fundamental para a formação
dos futuros cidadãos, ao lado da Matemática e Filosofia. A música no contexto da
educação infantil vem ao longo de sua história, atendendo a vários propósitos, como
formação de hábitos, atitudes e comportamentos: lavar as mãos antes do lanche,
escovar os dentes, a memorização de conteúdos, e números isso tudo traduzidos em
canções.

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1.8 A linguagem musical como processo lúdico e socializador de
Aprendizagem
A linguagem musical está presente na vida dos seres humanos e há muito tempo faz
parte da educação de crianças e adultos. Desde o nascimento, a criança tem
necessidade de desenvolver o senso de ritmo, pois o mundo que a rodeia, expressa
numa profusão de ritmos evidenciados por diversos aspetos: no relógio, no andar das
pessoas, no voo dos pássaros, nos pingos de chuva, nas batidas do coração, numa
banda, num motor, no piscar de olhos e até mesmo na voz das pessoas mais próximas.
No período da alfabetização a criança beneficia-se do ensino da linguagem musical
quando as atividades propostas contribuem para o desenvolvimento da coordenação
viso motora, da imitação de sons e gestos, da atenção e perceção, da memorização, do
raciocínio, da inteligência, da linguagem e da expressão corporal.
Essas funções psiconeurológicas envolvem aspetos psicológicos e cognitivos, que
constituem as diversas maneiras de adquirir conhecimentos, ou seja, são as operações
mentais que usamos para aprender, para raciocinar. Rosa (1990) afirma que a simples
atividade de cantar uma música proporciona à criança o treinamento de uma série de
aptidões importantes.
A musicalização é importante é importante na infância porque desperta o lado lúdico
aperfeiçoando o conhecimento, a socialização, a alfabetização, inteligência,
capacidade de expressão, a coordenação motora, perceção sonora e espacial e
matemática. Conforme estudos de Gardner (1996) sobre crianças autistas, em que
estas, são extremamente perturbadas e que frequentemente evitam o contato
interpessoal e talvez nem falem, possuem capacidades musicais incomuns. Isto talvez,
porque houvessem escolhido a música como principal canal de expressão e
comunicação, ou também porque a música é tão primariamente hereditária e que
precisa de tão pouca estimulação externa, quanto falar ou andar de uma criança
normal.
O estudo, entretanto, não conseguiu colocar um ponto numa questão que intriga os
cientistas há séculos: por que o ser humano começou a fazer musicas? Em a
Descendência do Homem, publicado em 1871, Charles Darwin, pai da teoria da
evolução, sustenta que as notas musicais e os ritmos foram desenvolvidos pela espécie
humana como o objetivo de atrair o sexo oposto, assim como fazem pássaros. “Como
ferramenta para ativar pensamentos específicos, a música não é tão boa quanto à
linguagem”, escreveu Livtin. “Mas, como ferramenta para suscitar sentimentos e
emoções, a música é melhor que a linguagem”. Não há cultura humana que não tenha
produzido músicas. Estudos recentes mostram que os bebês começam a ouvir e a
memorizar melodias ainda no útero da mãe. Pequenos, eles preferem músicas da
própria cultura. Na adolescência, escolhe o tipo específico de música de que vão se
lembrar e que apreciarão pelo resto da vida. “Nessa fase a tendência é se lembrar de
coisas com alto componente emocional porque junto os neurotransmissores e a
amígdalas cerebral estão trabalhando arduamente para ligar a memória a fatos

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Importantes”, diz Daniel Livtin. (REVISTA VEJA, p. 97 De 10/01/2007).A educação
através das artes proporciona à criança descoberta das linguagens sensitivas e do seu
próprio potencial criativo, tornando-a mais capaz de criar, inventar e reinventar o
mundo que a circunda. E criatividade é essencial em todas as situações. Uma criança
criativa raciocina melhor e inventa meios de resolver suas próprias dificuldades
A música é uma linguagem muito expressiva e as canções são veículos de emoções e
sentimentos, e podem fazer com que a criança reconheça nelas seu próprio sentir.
Para Gainza, “a linguagem musical é aquilo que conseguimos conscientizar ou
aprender a partir da experiência”. (1988:119) Gardner (1996) admite que a inteligência
musical está relacionada à capacidade de organizar sons de maneira criativa e a
discriminação dos elementos constituintes da música. Em um trabalho pedagógico, a
linguagem musical deve ser valorizada como um mecanismo essencial na formação
intelectual da criança, os resultados no ensino da música são os mesmos durante as
atividades musicais, dançando, cantando, compondo, ouvindo, a partir desse
momento, o professor propicia situações que contribuem para uma aprendizagem
mais rica e significativa. O ensino da música favorece o desenvolvimento da expressão
artística além de despertar nas crianças o gosto pela música, contribuindo para a livre
expressão de sentimentos. Compreendendo o processo do desenvolvimento infantil do
ponto de vista sócio afetivo, enfatizamos a importância de que a criança tenha uma
autoimagem positiva e que devemos valorizá-la como pessoa, a interação e a
socialização contribuem para este processo. No entender de Moreira e Masini (1982) a
psicologia preocupa-se com o processo de aprendizagem. Segundo os autores citados,
do ponto de vista cognitivo, destacamos a necessidade de levar sempre em
consideração o fato de que a criança conhece e constrói as noções e os conceitos à
medida que interagem com outras pessoas e diferentes objetos, sons, lugares. Do
ponto de vista linguístico, coloca-se essencialmente o desenvolvimento das diferentes
formas de representação verbal. É neste sentido que a música exerce um papel
fundamental porque através dela a criança canta, dança, representa, imagina, cria e
fantasia sua própria expressão de comportamento e sentimentos. E já no ponto de
vista da psicomotricidade, entendemos que a criança precisa expandir seus
movimentos, explorando seu corpo e o espaço físico. Todos os aspetos estão
associados diretamente ao desenvolvimento infantil, portanto cabe a escola
proporcionar atividades que estejam relacionadas com a realidade das crianças, com
uma proposta pedagógica coerente às necessidades das mesmas. A música está
presente nas tradições e nas culturas dos povos em diferentes épocas. Sua presença
está dia a dia das pessoas e, pela sua complexidade de conhecimento, torna-se
necessário sua sistematização através da educação formal, como proposta curricular
pedagógica. Portanto, é preciso fazer uma reflexão crítica sobre as várias funções que
a música assume ao longo da história, a fim de construirmos uma estrutura sólida na
prática pedagógica da educação musical. Música é linguagem, portanto, devemos
seguir o mesmo processo de desenvolvimento que adotamos quanto à linguagem
falada, ou seja, devemos expor a criança à linguagem musical e dialogar com ela sobre
a mesma.

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O educador consciente tem como objetivo principal, trabalhar todas as áreas de
conhecimento do seu aluno, inclusive a linguagem musical. Esta vem como
instrumento, recurso para as aulas Desta forma, a música contribui sistematicamente e
significativamente com o processo integral do desenvolvimento do ser humano. A
música tem uma linguagem abrangente. E o ensino dela favorece o gosto estético e de
expressão artística. Formando o ser humano com uma cultura musical desde criança,
estaremos educando adultos capazes de usufruir a música, de analisá-la e de
compreendê-la.

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1.9 – A educação musical
Figura n 2: Criança manual de Educação Musical

Dentre muitas definições, podemos definir a educação musical como o processo em


que se visa o desenvolvimento harmónico do homem nos seus aspetos intelectual e
moral, tendo como base os elementos da ciência musical, tornando o ouvinte
informado e esclarecido vindo assim a fazer parte de um público com maior
consciência musical.

O processo de inserção da disciplina de educação musical no subsistema educacional


angolano começou em 1983 com a abertura da academia, e entra no sistema de
ensino em 1994 dando formação básica. No dia 19 de Janeiro de 2012 começou a
vigorar a disciplina de educação musical surgindo como um dos ganhos da reforma
educativa.

O trabalho com a musicalização infantil permite ao aluno desenvolver a perceção


sensitiva quanto aos parâmetros sonoros – altura, timbre, intensidade e duração –,
além de favorecer o controlo rítmico-motor; beneficiar o uso da voz falada e cantada;
estimular a criatividade em todas as áreas; desenvolver as perceções auditiva, visual e
tátil; aumentar a concentração, a atenção, o raciocínio, a memória, a associação, a
dissociação, a codificação, a decodificação etc.

Para WEIGEL,1988, p.12 a música é uma linguagem tão rica em todos os aspetos, que
desperta libertação na vida do ser humano, na liberdade de expressão, comunicação,
socialização, na criação de algo nova, tornando-se um recurso forte na área educativa.

No período da alfabetização a criança beneficia-se do ensino da linguagem musical


quando as atividades propostas contribuem para o desenvolvimento da coordenação

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viso motora, da imitação de sons e gestos, da atenção e perceção, da memorização, do
raciocínio, da inteligência, da linguagem e da expressão corporal.

Essas funções psiconeurológicas envolvem aspetos psicológicos e cognitivos, que


constituem as diversas maneiras de adquirir conhecimentos, ou seja, são as operações
mentais que usamos para aprender e para raciocinar. Rosa (1990) afirma que a simples
atividade de cantar uma música proporciona à criança o treinamento de uma série de
aptidões importantes.

A musicalização é importante na infância porque desperta o lado lúdico aperfeiçoando


o conhecimento, a socialização, a alfabetização, inteligência, capacidade de expressão,
a coordenação motora, perceção sonora, espacial e a matemática.

Conforme estudos de Gardner (1996) sobre crianças autistas, em que estas são
extremamente perturbadas e que frequentemente evitam o contato interpessoal e
talvez nem falem, possuem capacidades musicais incomuns. Isto talvez, porque
houvesse escolhido a música como principal canal de expressão e comunicação, ou
também porque a música é tão primariamente hereditária e que precisa de tão pouca
estimulação externa, quanto falar ou andar de uma criança normal.

A educação musical contribui sistematicamente e significativamente com o processo


integral do desenvolvimento do ser humano. A música tem uma linguagem abrangente
e o ensino dela favorece o gosto estético e de expressão artística. Formar o ser
humano com uma cultura musical desde criança, estaremos educando adultos capazes
de usufruir a música, de analisá-la e de compreendê-la. O educador pode trabalhar a
música em todas as áreas da educação, daí a importância de se ter a educação musical
dentro do sistema de ensino.

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CAPITULO II – APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRENTAÇÃO DOS RESULTADOS

3.1– Apresentação de categorias e resultados com base o questionário submetido


aos alunos e professores da escola primaria 2002

Durante a nossa pesquisa bibliográfica nos deparamos com resultados que nos
obrigaram a realização de estudos de caso fazendo com que recorresse-mos a
pesquisa de campo. Desta forma, elaboramos um questionário que levamos para a
escola 2002 que os alunos e professores participavam respondendo as questões de
forma descontraída sem perceber que estavam a ser submetidos a um levantamento
cientifico.

Aqui vamos ressaltar algumas perguntas feitas aos professores e alunos da escola…

1– duranta a aula de educação musical como as crianças comportam-se?

Andreia Cardoso (mono – docente) o que dizer…ah! Elas ficam mais emotivas, mais
soltas e a sala por vezes fica fora de controlo principalmente quando é dia de canções
livres, uns querem cantar outros pular…epá! Se a pessoa não ter a situação sobe
controlo vira uma selva!

Luísa g. De jesus (mono – docente) nós até por vezes sentíamos que elas precisavam
mais do que simplesmente cantar e dançar nas aulas de educação musical porque
sentíamos que elas naquele ambiente de música entregavam-se um pouco mais…
quando vocês chegaram então! Eeeeh já não queriam saber mais de nós era só já “os
professores de músicas hoje não vão vir?”

Andreia Cardoso (mono – docente) se vocês professor de música pudessem conciliar já


os conceitos de outras disciplinas na vossa aula! Nos facilitavam! Porque na vossa aula
até os calados falam.

2– vocês gostam de música?

Alunos da sala número 5 (escola primaria 2002) Sim.

3– porquê?

Kiame (aluno da escola primaria 2002) ohm! Porque gosto professor…me sinto bem!

Clara (aluna da escola primaria 2002) a música me faz feliz…posso cantar a música do
coelho professor?

“Coelhinho escova os dentes ao amanhecer

Coelhinho tem amigos!

Coelhinho joga bola (…).

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CONCLUSÕES

Os resultados parciais indicam a necessidade de se tratar a relação música e infância


com maior atenção pelo facto de existir transformações resultantes desta relação.
Estudos sobre socialização, cognição, motricidade e perceção infantil mostraram que a
música pode ser o elemento catalisador para a obtenção de excelentes resultados no
desenvolvimento de aspeto inerentes as mesmas áreas. Em virtude dos fatos
mencionados concluímos que:

● A música exercer uma influência sobre a infância facilitando o desenvolvimento do


sistema nervoso através de grandes impulsos (sinapse) que ocorrem quando ela ouve a
mãe cantando e consequentemente responde com movimentos motores que ajudam
a moldar o sistema em si e também pelo facto de a música favorecer na descarga
emocional a reações motoras e aliviar as tensões.

● A música serve de ferramenta para que a criança aprenda a socializar-se com outras
crianças partindo do pressuposto de que nesta fase a maioria das brincadeiras são
cantadas e feitas em grupo.

● A música é uma excelente ferramenta para a transmissão de conhecimento, fomento


da perceção e cognição motivo pelo qual vários sistemas educacionais a têm como
aliado de outras áreas do saber.

● Suscita o interesse da criança em participar de outras atividades que são combinadas


com a música como por exemplo a dança ou exercícios acrobáticos.

● Pela complexidade e ambiguidade de informações que a música pode transportar, a


música torna-se num elemento de expansão da área criativa do cérebro, uma área que
tem papel relevante durante a infância.

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SUGESTÕES

Com base nos resultados obtidos sugerimos o seguinte:

1) Desenvolver espaços na comunicação social para a transmissão e debate de


assuntos relacionados a educação musical.

2) Desenvolver fóruns e programas nacionais sobre o papel social da música nos


municípios, distritos, bairros, comunas e povoações.

3) Apoiar iniciativas privadas que promovam a música nas escolas primárias.

4) Servir-se da música para a transmissão cultural angolana e africana em atelier,


escolas e creches.

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