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INTRODUÇÃO

Sabe-se que, historicamente, a criança gosta de brincar, e cabe ao


educador desenvolver estratégias e metodologias para que se possa utilizar jogos
e brincadeiras para auxiliar na construção do conhecimento.
A educação deve ser vista como um processo global, progressivo e
permanente, que necessita de diversas formas de estudos para seu
aperfeiçoamento, pois em qualquer meio sempre haverá diferenças
individuais, diversidade das condições ambientais que são originários dos
alunos e que necessitam de um tratamento diferenciado.
Ongaro et al (2006, p. 01) observam que a educação deve ser vista como
um processo global, progressivo e é necessário adotar metodologias e estratégias
especificas, como é o caso da utilização do lúdico, das brincadeiras e da música
fase de educação infantil.
Logo, percebe-se que utilizar a música na sala de aula, auxiliando no
processo de ensino e aprendizagem infantil, pode contribuir significamente no
desenvolvimento do aluno, ou seja, é um meio de fazer parte da formação global
da criança, através da aquisição do conhecimentos específicos, no
desenvolvimento da sensibilidade, da criatividade, da sociabilidade, do gosto
artístico e etc.
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Esta pequisa justifica-se dada a necessidade de compreensão de que a


musica é uma forma de linguagem e pode ser uma alternativa para o
desenvolvimento do trabalho na sala de aula na fase de educação infantil,
ampliando os conhecimento de forma lúdica.
Para estruturar este trabalho, como objetivo geral, pretende-se analisar
através da pesquisa bibliográfica a importância da música, como estratégia
pedagógica, e contribuindo para uma aprendizagem que promova uma mudança
de comportamento no decorrer de sua formação social, cultural, afetiva e cognitiva
na fase de educação infantil.
Como objetivos específicos têm: Refletir sobre a sua prática educativa, no
que se refere à construção do conhecimento, para que este se processe de uma
maneira integral e global; Compreender que através da música você pode incluir,
integrar e socializar; Analisar de que forma que a musica pode ser trabalhada na
fase de educação infantil.
O presente trabalho será estruturado da seguinte forma: no primeiro
capitulo trataremos sobre a temática “Educação infantil: conceitos e significados”.
O segundo capitulo tem como tema, Musica e educação, como subitem têm-se:
Breve histórico da musica na escola. No terceiro e ultimo capítulo apresentaremos
as considerações finais à respeito da pesquisa realizada.
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REFERENCIAL TEÓRICO
CAPÍTULO 01: EDUCACAO INFANTIL: CONCEITOS E SIGNIFICADOS

A Educação Infantil é a primeira etapa da educação básica. Estabelece as


bases da personalidade humana, da inteligência, da vida emocional e da
socialização, de acordo com Oliveira e Silva (2007, p. 101) e ainda:

“Entende-se a Educação Infantil como compromisso social e


pedagógico por ser um espaço de produção de aprendizagens, pois se
considera a capacidade de construção de conhecimentos pela criança na
sua interação com o meio físico e social, bem como nas trocas interativas
com outros sujeitos e o mundo social (Oliveira e Silva, 2007, p. 101)”.

Reforçando esta conceituação, Nicolau (2000, p. 19) destaca:


“Considerando que os primeiros anos de vida são de fundamental
importância para o desenvolvimento subseqüente da criança, fica mais do
que evidente a relevância e o papel da educação infantil na formação
integral do indivíduo para uma sociedade em contínua mudança (Nicolau,
2000, p. 19)”.

Menestrina e Beyer (2006, p. 185) afirmam que na sala de aula, o lúdico


pode ser trabalhado em todas as atividades, pois é uma maneira de
aprender/ensinar que desperta prazer e, dessa forma, a aprendizagem se realiza,
pois sua vez destaca-se a necessidade de ser fundamentado, que objetivos que
se quer atingir e ressaltam:
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“É papel da escola garantir espaços para atividades lúdicas, tanto


em sala de aula como ao ar livre, pois a utilização das brincadeiras e dos
jogos no processo pedagógico podem garantir o conhecimento dos
conteúdos. A criança se prepara para a vida, assimilando a cultura do
meio em que vive, a ela se integrando e com ela convivendo como ser
social por intermédio da atividade lúdica (Menestrina e Beyer, 2006, p.
186)”.

Ou seja, um espaço escolar lúdico não é, necessariamente, aquela que


ensina conteúdos através dos brinquedos, música, dança, teatro, fantoches, mas
aquela em que as características do brincar estão presentes, influindo no modo de
ensinar do professor, na seleção dos conteúdos, no papel do aluno, como por
exemplo, a musicalização.

RCNEI (1998, p. 43) contém referências e orientações pedagógicas que


visam contribuir com a implantação ou implementação de práticas educativas de
qualidade que possam promover e ampliar as condições necessárias para o
exercício da cidadania das crianças orienta o caráter educativo do atendimento à
criança de 0 a 6 anos, onde:
(i) Creche (0 a 3 anos) deixa a função assistencialista (uma vez que era
considerada como um meio de sanar problemas sócio-culturais dos
menos favorecidos, os de baixa renda);
(ii) Pré-escola (4 a 6 anos): caráter educacional qualificado e que não haja
divisão de classe social em seu atendimento;
Este referencial subdivide-se em três volumes, assim distribuídos: Volume 1:
Introdução; Volume 2: Formação pessoal e social; Volume 3: Conhecimento de
mundo e destaca-se a musica, que o objeto de estudo desta pesquisa, onde:
“Conforme consta no RCNEI a música uma das formas de
expressão dos sentimentos, pensamentos e comunicação, que está
presente em nossa cultura (em formas de cantigas passada de geração a
geração), na educação esta deve ser cultivada por proporcionar a
integração e interação”.

E para Ongaro et al (2006, p. 03):


“A expressão musical desempenha importante papel na vida
recreativa de toda a criança, ao mesmo tempo em que desenvolve a sua
criatividade, promove autodisciplina e desperta consciência rítmica e
estética. A música também cria um terreno favorável para a imaginação
quando desperta as faculdades criadoras de cada um. A educação pela
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música proporciona uma educação profunda e total (Ongaro et al, 2006,


p. 03)”.

Através desta estrutura, busca-se o educar com significado, onde:

“Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados,


brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que
possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de
relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica
de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos
conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural (RCNEI, 1998,
p. 44)”,

RCNEI (1998, p. 13) afirma que a educação infantil apresenta especificidades


afetivas, emocionais, sociais e cognitivas das crianças de zero a seis anos, a qualidade das
experiências oferecidas que podem contribuir para o exercício da cidadania, como se pode
observar na Figura 01, a seguir:

Figura 01: Princípios da educação infantil


Fonte: RCNEI (1998, p. 13)
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Brandão (2004, p. 15) sugere que enquanto educadores, ressalta-se a


necessidade de desenvolver um trabalho significativo através da ludicidade e
ainda:
“A escola deve favorecer o desenvolvimento de várias atividades
criadoras, desenvolvendo na criança sua capacidade de auto–expressão,
tais como: música, artes manuais, educação física, clubes literários, de
teatro e outros (Brandão, 2004, p. 15)”.

E indica etapas para o desenvolvimento deste trabalho na sala de aula,


como pode ser observado na Figura 02, a seguir:

Figura 02: Estratégias e metodologias do brincar no processo de ensino e


aprendizagem
Fonte: Brandão (2004, p. 15)

Que significam:
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(i) Conteúdo: Seria efetuado a partir do cotidiano local, podendo ocorrer mesmo
na atual organização curricular, ou seja, mesmo sem as condições ideais;
(ii) Forma: Respeitando o ritmo dos alunos, mas não ignorando as diferenças na
apropriação de saber entre professores e alunos, uma vez que esse
reconhecimento é necessário para a própria superação dessas diferenças;
(iii) Abrangência: Sua abrangência poderia ser efetuado ultrapassando o âmbito
dos alunos regularmente matriculados, mas se estendendo a família da
criança, usando como possibilidade de influência de conteúdo, calendário e
programações;
(iv)Espaço: Pode-se ultrapassar os limites dos muros dos prédios escolares,
estendendo-se a outros equipamentos da comunidade próxima;
(v) Elemento Humano: Envolve um grupo de educadores, englobando
professores, funcionários, administradores, lideranças culturais informais;
(vi)Recursos Materiais: Utilizando os parcos que lhe são destinados, aliado a
solução alternativa da comunidade local, não significando deixar de exercer
pressão para obtenção de recursos do poder público (isto no caso de escolas
públicas). Pode ser usado como material instrução ou de recreação.

Todavia, a atividade lúdica, na busca de novos conhecimentos, exige do


educando uma ação ativa, indagadora, reflexiva, desveladora, socializadora e
criativa, em total oposição à passividade, submissão, alienação e irreflexão,
condicionamentos tão freqüentes nas práticas que utilizam abordagens de ensino
e aprendizagem tradicionais e comportamentalistas.
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CAPÍTULO 02: MUSICA E EDUCAÇÃO

Chiarelli e Barreto citado por Bréscia (2003, p. 26) ressaltam que a musica
é uma linguagem universal, presente desde às primeiras civilizações e ainda:
“Atualmente existem diversas definições para musica. Mas, de
modo geral, ela é considerada ciência e arte, na medida em que as
relações entre os elementos musicais são matemáticas e físicas; a arte
manifesta-se pela escola dos arranjos e combinações (Chiarelli e Barreto
apud Bréscia (2003, p. 26)”.

E para Weigel (1988, p. 10) citado por Chiarelli e Barreto apud, destacam que
a musica apresenta uma estrutura, que pode ser observada na Figura 03, a seguir:
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Figura 03: Estrutura da música


Fonte: Chiarelli e Barreto apud Weigel (1988, p. 10)

E quantos aos atributos do som, têm-se:


(i) Altura: agudo, médio, grave.
(ii) Intensidade: forte, fraco.
(iii) Duração: longo, curto.
(iv) Timbre: é a característica de cada som, o que nos faz diferenciar as vozes
e os instrumentos.

Aspectos estes que podem ser desenvolvidos através do processo de


percepção, escuta sensível e ativa, ou seja, é fundamental fazer uso de atividades
com os objetivos específicos de musicalização que explorem o universo sonoro,
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levando os alunos a ouvir com atenção, analisando, comparando os sons e


buscando identificar as diferentes fontes sonoras.Quantos aos elementos da
música que correspondem a um aspecto humano específico, têm-se:
(i) Ritmo musical: leva ao movimento corporal;
(ii) A melodia: estimula a afetividade;
(iii) A estrutura musical (na harmonia ou na forma musical) contribui ativamente
para a afirmação ou para a restauração da ordem mental no homem
(Chiarelli e Barreto apud Weigel (1988, p. 10).
“A musicalização é um processo de construção do conhecimento,
que tem como objetivo despertar e desenvolver o gosto musical,
favorecendo o desenvolvimento da sensibilidade, criatividade, senso
rítmico, do prazer de ouvir música, da imaginação, memória,
concentração, atenção, auto-disciplina, do respeito ao próximo, da
socialização e afetividade, também contribuindo para uma efetiva
consciência corporal e de movimentação (Chiarelli e Barreto apud
Bréscia, 2003, p. 27)”.

Pelo exposto, observa-se que muitos são os benefícios da musicalização, pois


são atividades que permitem que a criança ou aluno, estabeleçam noções de ritmo
corporal, contribuindo como reforço para o desenvolvimento cognitivo/lingüístico,
psicomotor e sócio-afetivo, que podem ser mais bem compreendidos na Figura 04,
a seguir:
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Figura 04:Benefícios das atividades da musicalização


Fonte: Chiarelli e Barreto (2005, p.03)

Logo, é possível afirmar que a musicalização desenvolve a expressão


corporal e gestual, pois através da musica pode-se transmitir emoções, sentidos e
significados.
Seguindo esta conceituação, Jesus (2002, p. 20) enfatiza que por usos
múltiplos da musica, entende-se que durante a musicalização, especificamente na
educação musical não há exclusivamente a finalidade formar musicistas e
instrumentistas, mas sim, busca-se contribuir para a formação geral do aluno:
“A educação intelectual deve ser completada por métodos que levem em
conta uma variedade de possibilidades de expressão e exteriorização.
Nesse sentido, é importante que a educação musical seja incentivada e
desenvolvida desde os níveis mais elementares da escolarização de
crianças e sua inclusão no currículo escolar poderia contribuir para a
formação geral do cidadão (Jesus apud Joly, 2000, p.09)”.

Ressalta-se que durante o período de aquisição da educação formal, à


musica como forma de linguagem pode contribuir no processo de criação,
interpretação e significação:
“A musica como disciplina curricular,(...) possui funções e
compromissos não apenas com a aprendizagem de conteúdos
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específicos como notações e teorias musicais, mas de incentivo e


desenvolvimento da sensibilidade estética e artística da criança, o
desenvolvimento da imaginação e do potencial criativo, atribuindo sentido
histórico à nossa herança cultural, fornecendo meios de transcender o
universo musical imposto pelo meio social e cultural, além do
desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor e da comunicação não
verbal pela junção da música, palavra, movimentos, interpretação e
representação (Jesus, 2002, p. 22)”.

Por sua vez, na prática, a musica no espaço escolar restringe-se à datas


escolares festivas e comemorações, ou seja, pouco se explora da musica e do seu
universo e ainda destaca-se que as metodologias e concepções acerca da
educação musical sejam em escolas formais, em conservatórios, ensinos
superiores entre outros têm sido fortemente repensados e redimensionados
visando formar não apenas alunos que tocam instrumentos e sim, focalizando
aspectos e objetivos mais abrangentes da constituição humana como estimulo ao
desenvolvimento cognitivo, afetivo, motos entre outros (Jesus, 2002, 22).
Diante deste quadro, observa-se na Figura 05, a seguir as aplicações e
sentidos da música na educação formal:

Figura 05: Sentidos na música na educação escolar


Fonte: Baseado em Jesus apud Joly (1994)
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Chiarelli e Barreto (2005, p. 02) observam a música deve ser vivenciada


não apenas como experiência estética, e sim, como facilitadora do processo de
aprendizagem, como instrumento para tornar a escola um local mais alegre e
receptivo, e também, contribuindo para ampliação do conhecimento musical, “(...)
a música é um bem cultural e seu conhecimento não deve ser privilégio de poucos
(Chiarelli e Barreto, 2005, p. 02)”.
Silva (1992, p. 92) ressalva que sendo a Escola a instituição responsável
pela formação cultura do aluno, cabe a ela também proporcionar o conhecimento
da musica popular, folclórica, clássica e erudita.
E Gonçalves et al (2007, p. 02) reforçam e finalizam:
“A musica é uma ferramenta que contribui para formação integral do ser
humano. Por meio dela a criança entra em contato com o mundo lúdico e
letrado. Ensinar utilizando-se da música, ajuda a criança a valorizar uma
peça musical, teatral, concertos, pois, dando a oportunidade do
conhecimento de vários gêneros musicais ela tem a oportunidade de
construir sua autonomia, criatividade, aquisição de novos conhecimentos
e criticidade (Gonçalves et al, 2007, p. 02)”.

2.1 Breve histórico da música


Amato (2006, p. 146) destaca que as primeiras informações musicais
eruditas foram trazidas ao Brasil pelos portugueses, por intermédio dos jesuítas,
“(...) Esses missionários, dispostos a conquistar novos servos para Deus,
encontraram na arte um meio de sensibilizar os indígenas”, eram musicas simples,
singelas, utilizadas nas missas.
E ainda,
“Com a vinda de D. João VI, a música recebeu especial tratamento,
principalmente quando da reorganização da Capela Real pelo padre José
Maurício Nunes Garcia, que lhe deu grande fulgor, mandando vir de
Lisboa o organista José do Rosário (Amato, 2006, p. 146)”.

Seguindo a linha cronológica, Amato (2006, p.146) relata:


 Ano de 1813, se iniciou a edificação do Teatro São João, uma vez que o
velho Teatro de Manuel Luiz não era mais “digno” da corte portuguesa;
 Decreto federal de 1854: regulamenta o ensino de música no país e passou
a orientar as atividades docentes;
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 Decreto federal de 1855: exigência de concurso público para a contratação


de professores de música;
 Na primeira república, a legislação educacional evoluiu diversamente em
cada estado, cada região a estrutura e o funcionamento das escolas
adquirissem características muito específicas;
 Basicamente, o ensino primário oficial em São Paulo se organizou em dois
cursos: o curso preliminar (para crianças entre 07 e 15 anos) e o curso
complementar. O curso preliminar apresentava seis modalidades: as
escolas preliminares, as escolas intermediárias, os grupos escolares
(reunião de 04 a 10 escolas preliminares), as escolas provisórias, as
escolas noturnas e as escolas ambulantes;
 A escola preliminar (ou uma classe de 40 alunos) tinha como obrigação
oferecer o ensino primário gratuito e laico, uma “conquista da república”;
 O currículo era variado, e destaca-se a presença do ensino musical,
concebido àquela época como relevante agente na formação cultural da
sociedade:
“Quanto ao ensino da música externamente à escola, um aspecto
relevante tratou-se da criação do Conservatório Dramático e Musical de
São Paulo em 1906 – instituição baseada nos padrões pedagógicos do
Conservatório de Paris –, que se relevou por estabelecer padrões
artístico-pedagógicos para as demais escolas especializadas no estado
de São Paulo, sendo também um marco do ensino musical no Brasil
(Amato, 2006, p. 148)”.

 O ensino da musica garantia uma transmissão de saberes específicos,


apesar das diversas incongruências que esse momento histórico gerou no
sistema educacional;
 A partir da década de 1920, diversas transformações nos modelos e nas
legislações relativas ao ensino de música ocorreram:
“Um fato relevante para a educação musical sucedeu-se no ano de 1923,
quando as escolas públicas paulistas passaram a utilizar o método “tonic-
solfa” como modelo de musicalização. Outro grande avanço foi a
musicalização para crianças, a partir de sua instituição através de uma lei
federal de 1928, a qual criou os jardins de infância com orientação
especializada (Amato, 2006, p. 151)”.
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 Década de 30/40: período considerado como um dos momentos mais ricos


da educação musical no Brasil :
“Quando se implantou o ensino de música nas escolas em âmbito
nacional, com a criação da Superintendência de Educação Musical e
Artística (SEMA) por Villa-Lobos, a qual objetivava a realização da
orientação, do planejamento e do desenvolvimento do estudo da música
nas escolas, em todos os níveis (Amato, 2006, p. 151)”.

 Em relação à perspectiva pedagógica da SEMA foi instaurada de acordo


com os princípios: disciplina, civismo e educação artística;
“Com a evolução do ensino de canto orfeônico em todo o território
nacional, foi criado o Conservatório Brasileiro de Canto Orfeônico
(CNCO), em 1942, com a finalidade de formar professores capacitados a
ministrar tal matéria, constituindo-se numa notável realização a favor do
ensino da música (Amato, 2006, p. 151)”.

 Durante o período republicano salienta-se a importância da Reforma


Capanema (Leis Orgânicas do Ensino) e suas contribuições para o ensino
da música: nessa concepção de escola, o canto orfeônico fazia parte do
currículo durante quatro anos do primeiro ciclo e durante os três anos
posteriores do segundo ciclo, com a denominação “música e canto
orfeônico”;
 Ano de 1960: criação do primeiro curso para professores de música, em
São Paulo, pela Comissão Estadual de Música, ligada ao Conselho Federal
de Cultura, junto à Secretaria de Estado dos Negócios do Governo;
 Ressalta-se que a organização da música vocal na rede oficial de ensino,
possibilitada pelas iniciativas relatadas, permitiu uma maior veiculação da
música entre a população brasileira por muitas gerações, em um processo
de democratização e de valorização cultural;
 Ano de 1961: por meio da Lei de Diretrizes e Bases, o Conselho Federal de
Educação instituiu a educação musical, em substituição ao canto orfeônico
(por meio do Parecer nº 383/62 homologado pela Portaria Ministerial nº
288/62), provocando grande alteração no cotidiano musical escolar;
 Década de 70: educação musical transformou-se em disciplina curricular,
por sua vez, com a LDB 5692/71, o Conselho Federal de Educação instituiu
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o curso de licenciatura em educação artística (Parecer nº 1284/73),


alterando o currículo do curso de educação musical;
“Esse currículo passou a compor-se de quatro áreas artísticas
distintas: música, artes plásticas, artes cênicas e desenho. Assim, a
educação artística foi instituída como atividade obrigatória no currículo
escolar do 1º e 2º graus (ensino fundamental e médio), em substituição
às disciplinas artes industriais, música e desenho, e passando a ser um
componente da área de comunicação e expressão, a qual trabalharia as
linguagens plástica,musical e cênica (Amato, 2006, p. 152)”.

 Essas modificações também abrangeram os currículos dos cursos


superiores em música, que passaram a ter duas modalidades: licenciatura
em educação artística (habilitação em música, artes plásticas, artes cênicas
ou desenho) e bacharelado em música (habilitação em instrumento, canto,
regência e/ ou composição);
 Ano de 1986: principiou o processo de construção da Proposta Curricular
para o Ensino da Educação Artística:

“Entretanto, essas ações não permitiram a viabilização do


desenvolvimento das capacidades artísticas dos alunos desprovidos de
capital cultural, aqueles que já não eram incentivados no ambiente
familiar a adquirir conhecimentos sobre arte (Amato, 2006, p. 152)”.

 Ano de 1996: ano da atual LDB, estabelecendo que “o ensino da arte


constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da
educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos
alunos”;
 Ano de 1998: Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), elaborados pelo
Ministério da Educação como propostas pedagógicas, também não
contribuem para uma definição concreta sobre como a música deve ser
trabalhada em sala de aula:
“Não definem se o professor de arte deve ter uma formação geral, com o
conhecimento das várias linguagens artísticas, ou se deve ser
especializado em uma só modalidade (teatro, dança, música ou artes
visuais) (Amato, 2006, p. 152)”

Diante deste histórico, observa-se que ao longo da história, a educação


musical escolar no Brasil (instituída em 1854) proporcionou a diversas gerações
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uma vivência musical intensa, contribuindo para criação de escolas


especializadas, responsáveis pela formação de músicos e pela difusão do gosto
musical na sociedade.
Por sua vez, no âmbito escolar, aos poucos foi deixando de ser disciplina
curricular, perdendo-se e restringindo-se ao ensino de Artes, e ainda observa-se a
defasagem cultural em que vivemos, dificultando uma compreensão para um
ensino da arte eficaz e global, ou seja, não é suficiente que a escola transmita
conhecimentos, é necessário também estimular o desenvolvimento de um
conjunto de disposições e atitudes, através do domínio operacional de várias
línguas e linguagens:
“O ensino da música pode dar um impulso exemplar à
interdisciplinaridade, fazendo vibrar o belo em áreas escolares cada vez
mais extensas e que (...) para alguns alunos é a partir da beleza da
música, da alegria proporcionada pela beleza musical, tão
freqüentemente presente em suas vidas de uma outra forma, que
chegarão a sentir a beleza na literatura, o misto de beleza e verdade
existente na matemática, o misto de beleza e eficácia que há nas ciências
e nas técnicas (Amato apud Snyders, 1992, p. 135)”.

2.2 O papel da musica na educação infantil

Queiros e Marinho (2006, p. 74) ressaltam que o ensino de musica nas


escolas brasileiras é marcado pela forma como é utilizado, ou seja, “(...) Precisa
de ações concretas e de estudos que possam fortalecer a sua estruturação e os
direcionamentos pedagógicos na educação básica”.
E Silva (1992, p. 88) reforça:
“O tratamento metodológico dado a expressão musical na pré
escola e nas demais series iniciais tem-se restringido a um momento de
recreação, ou somente ao tempo em que se preparam números musicais
para festas comemorativas da escola (Silva, 1996, p. 88)”

Por sua vez, a mesma autora adverte, como já foi mencionado


anteriormente, a música é uma forma de linguagem e de expressão, contribuindo
para formação global do aluno.
Scottini (2006, p. 10) destaca que muitas são as atividades que podem ser
desenvolvidas através do uso da música, e cabe ao educador trabalhar de forma
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diversificada: na comunicação, na expressão, na sensibilização, na disciplina


corporal, e outros.
Seguindo esta conceituação, Chiarelli e Barreto (2005, p. 05) observam que
através dessas atividades o educador pode perceber quais os pontos fortes e
fracos dos alunos, principalmente quanto à capacidade de memória auditiva,
observação, discriminação e reconhecimento dos sons, podendo assim vir a
trabalhar melhor o que está defasado e ressaltam o uso de jogos musicais, que
classificam em três tipos, correspondentes às fases do desenvolvimento infantil,
como pode ser observado na Figura 06, a seguir:

Figura 06: Jogos musicais


Fonte: Chiarelli e Barreto apud Bréscia (2003, p. 25)

Que constituem:
(i) Sensório-Motor (até os dois anos): referem-se às atividades que relacionam
o som e o gesto, contribuindo para a motricidade;
(ii) Simbólico (a partir dos dois anos): menciona-se a representação e o
significado da música, o sentimento, a expressão e contribuem para o
desenvolvimento da linguagem.
(iii) Analítico ou de Regras (a partir dos quatro anos): são jogos que envolvem a
estrutura da música, onde são necessárias a socialização e organização,
“(...) Ela precisa escutar a si mesma e aos outros, esperando sua vez de
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cantar ou tocar. Ajudam no desenvolvimento do sentido de organização e


disciplina (Chiarelli e Barreto apud Bréscia, 2003, p. 25)”.

Para Golçalves et al (2009, p.06) destacam algumas opções de trabalho


com a musica na fase de Educação Infantil:
(i) Atividades de Estimulação da percepção musical (sensibilidade, raciocínio e
expressão corporal);
(ii) Aquisição de novos conhecimentos (musicas de outros países, culturas,
instrumentos musicais);
(iii) A música como linguagem (conceito de som e silencio);
(iv) Atividades para desenvolver o ritmo, marcação da pulsação;
(v) Atividades que incentivem o aprender à ouvir;

Ou seja, diante destas sugestões pode-se afirmar que é possível


desenvolver na sala de aula, um trabalho com musica de forma significativa e
com significado:
“Não tem sentindo, por exemplo, forçar a criança a entender,
teoricamente, que a música acontece no tempo e no espaço. Ela vai
tomar consciência da linguagem musical se conseguir ouvir e diferenciar
sons, ritmos e culturas, saber que um som pode ser grave ou agudo,
curto ou longo, forte ou suave Golçalves et al (2009, p.08)”.

Outro ponto de destaque no uso da musica nos espaços escolares,


apresentado neste trabalho por Chiarelli e Barreto citando Gardner (1995, p. 21)
abordam a teoria das inteligências múltiplas, que indica que existe um conjunto de
habilidades, chamadas de inteligências, e que cada indivíduo as possui em grau e
em combinações diferentes e destaca a inteligência musical:
“Uma inteligência implica na capacidade de resolver problemas
ou elaborar produtos que são importantes num determinado ambiente ou
comunidade cultural”. São, a princípio, sete: inteligência musical,
corporal-cinestésica, lógico-matemática, lingüística, espacial, interpessoal
e intrapessoal. A inteligência musical é caracterizada pela habilidade para
reconhecer sons e ritmos, gosto em cantar ou tocar um instrumento
musical (Chiarelli e Barreto apud Gardner, 1995, p. 21)”.
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E ainda, ressalta-se ao considerar as diferentes habilidades, a escola pode


contribuir de forma significativa para que o se destaque em pelo menos uma
delas, ao contrário do que acontece quando se privilegiam apenas as
capacidades lógico-matemática e lingüística.
“Tais competências intelectuais são relativamente independentes,
têm sua origem e limites genéticos próprios, substratos neuroanatômicos
específicos e dispõem de processos cognitivos próprios. Embora estas
inteligências sejam, até certo ponto, independentes uma das outras, elas
raramente funcionam isoladamente (Chiarelli e Barreto apud Gardner,
1995, p. 23)”.

A seguir, na Figura 07, pode-se observar os motivos pelos quais a inteligência


musical deve ser considerada:

Figura 07: Inteligência musical


Fonte: Chiarelli e Barreto apud Gardner (1995, p. 21)

E ainda:
“A inteligência musical se manifesta através de uma habilidade
para apreciar, compor ou reproduzir uma peça musical. Inclui
discriminação de sons, habilidade para perceber temas musicais,
sensibilidade para ritmos, texturas e timbre, e habilidade para produzir
ou reproduzir música. A criança pequena com habilidade musical especial
percebe desde cedo diferentes sons no seu ambiente e, freqüentemente,
canta para si mesma (Chiarelli e Barreto apud Gardner, 1995, p. 23)”.
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Reforçando esta conceituação, Bacellar e Bortoletto (2008, p.03) salientam


que a inteligência musical e que o uso apropriado da música como ferramenta
didático-pedagógica oferece aos alunos a oportunidade de integração das quatro
habilidades da língua: ouvir, falar, ler , e escrever, “(...) Bem como permite a
revisão de vocabulário e estruturas gramaticais, pois retratam a língua no seu
contexto real (inteligência lingüística)”.
Segundo Zenhas (2007, p. 01), os professores podem incentivar e ajudar os
alunos no desenvolvimento desta inteligência musical através:
(i) Criando um ambiente musical;
(ii) Dando-lhes oportunidade de aprenderem a tocar um
instrumento;
(iii) Utilizando canções adequadas na apresentação de matéria
nova em diferentes disciplinas;
(iv) Criando canções, raps, poemas ou mnemónicas para a
aprendizagem dos conteúdos e ensinando-os a criarem eles
próprios esses tipos de textos para o seu estudo autônomo;
(v) Levando-os a verbalizarem em voz alta diferentes atividades
que realizam, por exemplo: leitura, pensamento durante a
resolução de um problema, raciocínio acerca de informação
nova;
(vi) Sugerindo-lhes e proporcionando-lhes a audição de música
como forma de relaxamento;
(vii) Permitindo que ouçam música enquanto estudam (Zenhas,
2007, p. 01).

Ou seja, a musica é uma arte, e na sala de aula pode propiciar ao aluno


um aprendizado global, emotivo com o mundo e finalizamos apresentado o perfil
de aluno que já possui inteligência musical:
“Os jovens com inteligência musical gostam de estar
rodeados de som. Gostam de estudar com música. Ouvem
muita música e aprendem facilmente canções e ritmos. No seu
pensamento surgem muitas vezes ritmos e melodias.
Possivelmente cantam com freqüência e/ou tocam/querem
aprender a tocar um instrumento. Poderão também gostar de
assobiar e de cantarolar. Gostam mais de contar histórias do
que de lê-las. Podem gostar de marcar ritmos com o corpo, por
exemplo, com o pé, ou batendo com um lápis ou uma caneta
(Zenhas, 2007, p. 01).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Evidenciou-se através desta pesquisa a importância da musica no ambiente


educacional, destaca-se as possibilidades de trabalhar nas diversas áreas do
conhecimento, de forma integrada e interdisciplinar (na matemática, na contagem
dos ritmos), na educação física com o desenvolvimento corporal, na língua
portuguesa na produção de rimas e construção de musicas, na história nas
pesquisa de outras culturas e povos,e muitas outras opções.
De acordo com a literatura consultada, observa-se que nas escolas, seu
ensino limita-se às datas comemorativas e folclóricas, não é trabalhada em sua
plenitude, ou seja, a educação musical (musicalização) dentro da disciplina arte
faz parte meramente de manuais e propostas curriculares veiculadas por órgãos
governamentais (RECNEI).
A musicalização é uma estratégia de intervenção, que pode facilitar a
formação integral do ser humano e portanto deve ser possibilitado e incentivado o
seu uso em sala de aula, através de estratégias e metodologias especificas, e não
meramente como passa tempo.
Finalizamos esta pesquisa destacando que a musica realmente é um
instrumento pedagógico e cabe à nos educadores desenvolve-lo de forma plena e
significativa.
31

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