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1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1 A EMERGÊNCIA DA EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR EM ANGOLA


Durante a década de 90, surgiram respostas de Educação na Primeira Infância para as
crianças mais vulneráveis com a institucionalização de Centros Infantis (CI) em áreas
urbanas, para crianças dos 3 meses aos 5 anos de idade e os Centros Infantis
Comunitários (CIC), em áreas rurais e periurbanas, para crianças dos 3 aos 5 anos (em
várias Províncias), com apoio do Governo e de actores não-estatais, envolvendo as
comunidades. Neste período, as responsabilidades sobre o ensino pré-escolar estavam
repartidas entre o MED, com competências orientadas para a concepção e gestão
pedagógica dos currículos, e o MINARS, com a execução dos currículos e a gestão dos
centros infantis. (EPT, Rede & APDES, 2020, p. 24)

A rede Angola da sociedade civil educação para todos (EPT, Rede, 2020, p. 30) diz-nos
“de acordo com o Dec. Presidencial n.º 129/17, de 16 de Junho, o Estatuto do
Subsistema de Educação Pré-Escolar destina-se a crianças dos 3 meses aos 5 ou 6 anos
de idade. Estrutura-se em 3 etapas e pode ser ministrada em diferentes instituições

 3 meses a 3 anos - Creche; Centros Infantis (CI)


 3 a 5/6 anos - Jardim de Infância, Centros Infantis (CI)
 5/6 Anos – Iniciação, Centros Infantis, Jardins de Infância ou Escolas do Ensino
Primário”

Segundo a referência já focalizada (EPT, Rede & APDES, 2020, p. 30) os objectivos
gerais da Educação pré-escolar são:

 Estimular o desenvolvimento intelectual, físico, moral, estético e afectivo da


criança, garantindo um ambiente saudável;
 Permitir uma melhor integração e participação das crianças através da
observação e compreensão do ambiente natural, social e cultural que as rodeia;
 Desenvolver as habilidades de expressão, comunicação, imaginação criativa e
estimular a curiosidade e a actividade lúdica da criança

Porém acrescentando, que, em 2015, na sequência do Fórum Mundial da Educação, em


Incheon (Coreia do Sul), 160 Estadosmembros das Nações Unidas, incluindo Angola,
assumiram o compromisso de “não deixar ninguém para trás” e adoptaram os
Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), entre os quais, o de “garantir que
todas as meninas e meninos tenham acesso ao desenvolvimento de qualidade na
primeira infância, cuidados e educação pré-primária, até 2030” (Meta 2 do ODS 4), em
particular, com a “oferta de pelo menos um ano de educação pré-primária obrigatória,
gratuita e de qualidade, com especial atenção para as crianças mais pobres e
desfavorecidas” (EPT, Rede & APDES, 2020, p. 30)

Isto quer dizer que um pleno desenvolvimento na primeira infância pressupõe a


promoção do bem-estar físico, social e emocional das crianças e a promoção das suas
capacidades cognitivas, linguísticas, motoras, sociais e afectivas. Para que tal ocorra são
necessários cuidados e educação de qualidade, desde o início da vida conforme nos
esclarece a UNESCO. (UNESCO, 2014).

Silva nos diz:

“Os autores dizem ainda que quanto menor forem as crianças


mais as suas representações e noções sobre o mundo, são
associadas diretamente aos objetos. Para relembrar às educadoras,
os autores do curriculum dizem que tais domínios são construídos
gradualmente na medida em que as crianças desenvolvem atitudes
de crítica, de refutação e de reformulação, de explicação para a
pluralidade, diversidade e acontecimentos do mundo social e
natural. “O plano de estudo no âmbito do currículo, durante a
semana, a classe de iniciação terá 27 tempos que serão aplicados
com estratégias pedagógicas sob a forma de <a apreender
jogando> ” (Silva, 2016, p. 26).

1.2 DOS JOGOS E BRINCADEIRAS ÀS APRENDIZAGENS


Brincar é o acto ou efeito de brincar, portanto, para Crespo (2016) é a ação que a
criança exerce quando está no processo de autoconhecimento, e de conhecimento de
tudo o que a rodeia. Esta ação é uma necessidade da criança, que é visível desde muito
cedo quando a criança Interage com o seu próprio corpo, com os outros com os
brinquedos.

A brincadeira faz parte do universo infantil. Através dela a criança constrói, desde
pequena seu aprendizado. Sua cultura lúdica é formada desde os primeiros contatos com
a família e depois na escola, através da imaginação e da livre expressão, da liberdade de
explorar e se encantar com as descobertas, a se relacionar com o outro enquanto se
brinca. Mas como acontece a relação brincar/aprender?

Quem nos ajuda responder esta questão é o autor Kishimoto (1993), quando afirmava
que a criança aprende quando tem contato com novos jogos e regras diferentes em
brincadeiras em grupo, com músicas, movimentos, jogos de regras, uso de novas
tecnologias e meios de comunicação, brincadeiras de imaginar, de construir, enfim na
convivência com seus pares.

Acrescenta Souza (2018) que ao brincar a criança é capaz de fazer a relação entre as
pessoas e as coisas de forma tão envolvente que ela se esquece do tempo, levando em
conta apenas a diversão vivida no momento. Podendo afirmar que através da brincadeira
a criança recebe estímulos que favorecem seu desenvolvimento não só físico, mas
também intelectual.

Nesta senda Kishimoto (2010) realça a importância de ver as crianças como seres
únicos e Individuais, ou seja, existem crianças que gostam de brincar sozinhas e outras
em grupo, e ambas têm direito a ter à sua disposição brinquedos que lhes possibilitem
desenvolver as suas capacidades sensoriais e cognitivas.

Piaget, na sua concepção distingue o brincar em dois grupos, que: os jogos sensórios-
motores e o jogo simbólico. Este último acontece quando a criança executa algo e
repete essa ação para o seu simples prazer. Isto ocorre quando a criança já assimilou
conteúdos e já os compreendeu, conseguindo, assim, realizá-los.

Portanto, Crespo (2016) diz que Jerome Bruner e Marchão caracterizam o


desenvolvimento cognitivo da criança através de diversas etapas, sendo elas: uma
criança dos 0 aos 3 anos de idade passa por uma etapa de respostas motoras, em que a
criança vai descobrindo o seu corpo e as suas potencialidades; dos 3 anos 9 anos de
idade, a criança utiliza as representações icónicas, ou seja, a criança estabelece relação
entre o real e o que está a representar, a partir dos 10 anos, de idade, a criança liberta-se
do real e torna-se capaz de representar através de símbolos, utilizando muito a sua
imaginação. Portanto a passagem por estas três etapas pode ser acelerada através do
envolvimento que a criança tem com o meio cultural e linguístico, sendo que estes
devam ser ricos e estimulantes.
O que julgamos nós, em suporte destes citados e muitos outros autores, que a
brincadeira cantada, os jogos motores, os jogos sensoriais, os jogos teatrais, os jogos
recreativos, os jogos populares e jogos de tabuleiro poderão ser as actividades uteis para
o desenvolvimento psico-motor e não só da criança.

2 Referencia Bibliográfica
Rolim; Guerra, & Tassigny (2008). Uma leitura de Vygotsky sobre o brincar na
aprendizagem e no desenvolvimento Infântil. Revista Humanidades.

Silva, M. C. (2010). No jardim de Infância ao centro de atividades de tempos livres:


representação das crianças sobre o brincar. Braga: Universidade do MInho

Sousa, J. (2012). As brIncadeiras livres no Jardim de Infância: percepção da educadora


e dos pais de uma criança. Faro: Universidade do Algarve.

Ferreira, M. (2004). A gente gosta é de brincar com os outros meninos. Porto: Edições
Afrontamentos.

Ferreira, M. S. & Santos, M. R. (2000). Aprender a ensinar: ensinar a aprender (3. ed.).
Porto: Edições Afrontamento.

Figueiredo, A. (2010). Espaços do brincar em contextos de infância. Cadernos de


educação de infância.

Oliveira, L. P. (2011). Psicologia da Aprendizagem e do Desenvolvimento. Centro


Universitário De Maringá, Maringá.

Oliveira, V. B. (2000). O brincar e a criança do nascimento aos seis anos. Petrópolis,


RJ: Vozes.

Peterson, R., & Felton-Collins, V. (1998). Manual de Piaget para professores e pais.
Lisboa: Instituto Piaget. Projeto Educativo (2016). Saúde e Bem-estar. Santarém.

160297018, Teófilo, V. (2019) A Importância do Brincar no Processo do


Ensino/Aprendizagem da criança. Santarém.

Souza, J. P. (2018) Influência Dos Jogos E Brincadeiras No Desenvolvimento


Psicomotor De Crianças De 0 A 5 Anos, Arapongas
Crespo, T. P. N. (2016) A importância do Brincar para o desenvolvimento da criança,
Portalegre.

Silva, L. C. O. H. (2019) A importância do brincar no pré-escolar porquê brincar.


Lisboa

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