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CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS: UNIVERSO LÚDICO NA

EDUCAÇÃO INFANTIL

Jéssica de Souza da Luz Campos 


Luciana A P Freire 

RESUMO

O universo infantil é riquíssimo; é através do ato de brincar que as crianças que


exploram a criatividade, imaginação e o repertório de vivências na qual as crianças
estão inseridas. Nesse sentido, a ludicidade é essencial à aprendizagem da criança. A
ludicidade na Educação Infantil requer planejamento adequado a faixa etária, com
objetivos e intencionalidade que favoreçam os requisitos educacionais de aprendizagem.
Tendo em vista a gama de atividades lúdicas que podem ser inclusas a rotina escolar, o
artigo em questão abordará a importância da Contação de Histórias como recurso
didático e lúdico ao universo da Educação Infantil. Elaborado a partir de uma revisão
bibliográfica; a partir dos materiais selecionados para elaboração do artigo, entende-se
que, a Contação de Histórias, além de ser um recurso lúdico que estimula as
capacidades do educando, tem caráter social e ético, permitindo às crianças ampliar seus
repertórios de vivências e por seguinte, aprender brincando.

Palavras – chave: Contação de Histórias. Educação Infantil. Ludicidade.

1. INTRODUÇÃO

A Educação Infantil e a primeira etapa da Educação Básica. Sendo uma


modalidade de ensino resguardada por lei a toda criança com faixa etária até 5 anos de

* Licenciada em Pedagogia pela Universidade Metropolitana de Santos. Atualmente professora de
Educação Infantil e Anos Iniciais na Prefeitura Municipal da Serra-ES.

Mestre em Políticas Públicas de Educação - Universidade Cidade de São Paulo (2017). Pós-graduação Lato-sensu
especialização: Educação a Distância: Elaboração de Materiais, Tutoria e Ambientes Virtuais pela Universidade
Cidade de São Paulo (2019). Gestão Hospitalar pela Universidade Cidade de São Paulo (2017). Docência no Ensino
Superior pela Universidade Cidade de São Paulo (2013). Formação Docente para o Ensino Superior pela
Universidade Cidade de São Paulo (2012). Graduação: Engenharia Ambiental pela Universidade Cidade de São Paulo
(2021). Pedagogia pela Universidade Camilo Castelo Branco (2010). Pedagogia pela Universidade Camilo Castelo
Branco (2002). Atualmente professora da pós-graduação na área de educação da Universidade Cidade de São Paulo
(UNICID), conteudista e orientadora de TCC na Pós-Graduação no ambiente Canvas.

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idade. Segundo a Lei de Diretrizes e Base da educação Nacional – LDB, em seu art. 29,
cabe à Educação Infantil “[...] tem como finalidade o desenvolvimento integral da
criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,
complementando a ação da família e da comunidade” (BRASIL, 2017, p.22).
No trabalho desenvolvido por Andrade (2010) a autora discorre sobre as
concepções de infância historicamente estabelecidas, não somente moral, mas também
política. A autora traça um retrospecto histórico acerca desse direito e traz provocações
sobre o caráter assistencialista e espaço de “cuidar” que outrora a Educação Infantil
exercia.
Partindo da concepção de criança como sujeito social, o processo de escolarização
torna-se um direito.

[...] creches e pré - escolas são elencadas como pertencentes ao


primeiro nível da educação básica no sistema educacional brasileiro,
devendo, concomitantemente, exercem as funções de cuidar e educar
[...] Podemos partir da compreensão do cuidar como dimensão
intenção integrante da proposta pedagógica das instituições de
educação infantil (ANDRADE, 2010, p.115).

A autora acrescenta que as relações de educar e cuidar deve garantir o


desenvolvimento pelo da criança e que cabe ao educador organizar seu trabalho
pedagógico, através de planejamento para dispor de materiais adequados à faixa etária,
organização de espaço – tempo que inclua atividades lúdicas (ANDRADE, 2017).
A Base Nacional Comum Curricular – BNCC, documento que contempla as
necessidades legislativas, pedagógicas e os direitos de aprendizagem para o exercício da
prática docente na Educação Infantil, ratifica que essa etapa da Educação Básica é de
suma importância ao desenvolvimento da subjetividade e construção da identidade.
(NOVA ESCOLA, 2018).
A BNCC para Educação Infantil estabelece seis direitos de aprendizagem que
deve fazer parte da rotina escolar, dentre os direitos de aprendizagem, pode-se citar:
Conviver, Brincar, Participar, Explorar, Expressar e Conhecer-se. Ressalta-se que, tais
direitos de aprendizagem não são explorados isoladamente, por se tratar de um processo
de interação e aprendizagem (NOVA ESCOLA, 2018).
Sabendo que os documentos oficiais contemplam o ato de brincar como processo
inerente a aprendizagem na Educação Infantil, a BNCC menciona que:
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Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e


tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e
diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos,
sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais,
corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais
(NOVA ESCOLA, 2018, p.5).

Diante do exposto, a elaboração do artigo em questão pretende discorrer acerca


da Contação de História como recurso pedagógico lúdico à aprendizagem. Visto que, a
ludicidade está intrínseca à formação social da criança e que o lúdico pode ser
explorado através de jogos, danças, apresentações artísticas e através da literatura
infantil; propusemos uma reflexão acerca da dinâmica da Contação de Histórias na
Educação Infantil.
É sabido que, o ato de ouvir e contar histórias para crianças proporciona às
crianças: a afetividade, a curiosidade, estimula sua autonomia e imaginação, além da
relação consigo e com o outro.
Para elaboração do artigo foram selecionados materiais que abordam as
temáticas: ludicidade e Contação de Histórias na Educação Infantil. A construção da
revisão de literatura contempla os direitos de aprendizagens formulados pela BNCC.
E a partir da elaboração da redação do artigo pode-se ratificar que, a ludicidade
está intrínseca ao processo de ensino aprendizagem na educação Infantil. Cabendo ao
educador dispor de embasamento teórico – metodológico para elaboração de um
planejamento adequado ao grupo que ensina.

2. MÉTODO

A redação do artigo foi desenvolvida a partir da pesquisa bibliográfica. Segundo


Oliveira (1997, p.119) a pesquisa bibliográfica “[...] tem por finalidade conhecer
diferentes formas de contribuição científica que se realizaram sobre determinado
assunto ou fenômeno”.
Para a seleção de materiais foram utilizados, Trabalhos de Conclusão de Curso
(artigos, monografias e dissertação de mestrado), além de artigos de revistas científicas
disponibilizadas online, livros e documentos oficiais.
As publicações selecionadas para elaboração do artigo datam entre 1993 a 2018.
Durante a coleta de materiais foram selecionados materiais cujas temáticas: ludicidade,
Educação Infantil e Contação de Histórias.
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3. CONCEITO DE LUDICIDADE

O termo lúdico deriva da palavra em latim, ludus, cujo significado representa


jogo, o termo lúdico e ludicidade são predominantemente associados ao cotidiano
escolar. Luckesi (2002) afirma que, o termo ludicidade associa-se às experiências
vivenciadas pelo sujeito.

Visto que as experiências e conhecimentos prévios do sujeito são socialmente


construídos, Henriques (1997, p. 111) afirma que “o conhecimento é constituído a partir
da internalização de signos produzidos culturalmente (a linguagem, a escrita, o sistema
de números) através da interação com o outro”.

O lúdico é instrumento do imaginário e da linguagem, no qual a criança se


expressa de maneira espontânea e natural. Além de colabora para no processo de
socialização e internalização de conceitos (KISHIMOTO, 1994).

[...] no contexto cultural e biológico as atividades são livres, alegres e


envolve uma significação. É de grande valora social, oferecendo
possibilidades educacionais, pois, favorece o desenvolvimento
corporal, estimula a vida psíquica e a inteligência, contribui para a
adaptação ao grupo preparando para viver em sociedade, participando
e questionando os pressupostos das relações sociais. (KISHIMOTO,
1994, p.13)

Cunha (1995) comenta que é através do ato de brincar que as crianças expressam
suas emoções e sentimentos e manifestam suas potencialidades.
É brincando que ela expressa sentimentos e emoções que ela mesma
desconhece, é brincando que manifesta as suas potencialidades e,
assim, através de experiências as mais variadas, vai aprendendo a
viver, libertando – se de seus medos e amadurecendo de dentro pra
fora, devagarzinho e com segurança que só as coisas naturais e
verdadeiras oferecem (CUNHA, 1995, p.8).
Em complemento, Haetinger (2008) aponta que o jogo, como atividade lúdica
deve ser uma atividade intencional que permita à criança interagir e ao professor,
verificar suas habilidades e potencialidades.
Responder aos interesses específicos de cada criança; Dar
oportunidades para que as crianças o transformem, permitindo a sua
participação ativa; Possibilitar uma avaliação da atuação das crianças
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durante a atividade; Possibilitar uma relação com os conteúdos


escolares (HAETINGER, 2008, p. 08).

Ao inserir atividades lúdicas. à rotina da criança deve –se propor atividades


pertinentes ao estágio de desenvolvimento cognitivo (SOUZA, 2012). Cada fase do
desenvolvimento está associada a uma modalidade de atividade lúdica (PIAGET (1978)
apud SOUZA (2012))
 jogos de exercício: é a repetição de movimentos e ações que exercitam as
funções tais como andar, correr, saltar e outras pelo simples prazer funcional;

 jogos simbólicos: é a habilidade de estabelecer a diferença entre alguma coisa


usada como símbolo e o que ela representa seu significado;

 jogos de regras: constituem-se os jogos do ser socializado e se manifestam


quando, acontece um declínio nos jogos simbólicos e a criança começa a se interessar
pelas regras. (PIAGET, 1978 apud SOUZA, 2012).

3.1 ATIVIDADES LÚDICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

O processo de ensino aprendizagem através de atividades lúdicas estimulam o


aluno na construção do conhecimento. As atividades lúdicas estimulam a interação dos
alunos no ambiente escolar, além de contribuir para o desenvolvimento afetivo, social e
cognitivo (SANTOS, 2009).

Kishimoto (1994) destaca que no espaço escolar o jogo é um instrumento


didático eficaz para apropriação de elementos socioculturais.

O jogo como promotor de aprendizagem e do desenvolvimento passa


a ser considerado nas práticas escolares como importante aliado para o
ensino, já que coloca o aluno diante de situações lúdicas como o jogo
pode ser uma boa estratégia para aproximá-los dos conteúdos culturais
a serem vinculados na escola. (KISHIMOTO, 1994, p.13).

Cabe ao educador, adotar uma práxis pedagógica que favoreça a aprendizagem


da criança em aspectos biopsicossocial.

[...] os professores podem associar a prática com a teoria,


desenvolvendo a inteligência e a participação dos alunos no processo
pedagógico; através do jogo podem ser desenvolvidas diversos
aspectos da personalidade infantil, tanto no campo cognitivo como no
social e afetivo (SANTOS, 2009, p.11).
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Ao se propor atividades lúdicas em sala de aula, espera-se que a criança possa


explorar suas habilidades, os movimentos corporais e, interagir com o meio (ROSA E
DI NISIO, 1999).
 espera-se que a criança desenvolva a coordenação motora, a atenção, o
movimento ritmado, conhecimento quanto à posição do corpo, direção a seguir e outros;

 participando do desenvolvimento em seus aspectos biopsicológicos e sociais,


desenvolva livremente a expressão corporal, que favorece a criatividade;

 adquira hábitos de práticas recreativas para serem empregadas adequadamente


nas horas de lazer;

 adquira hábitos de boa atividade corporal;

 seja estimulada em suas funções orgânicas, visando ao equilíbrio de saúde


dinâmica que renova o espírito de iniciativa tornando-se capaz de resolver eficazmente
situações imprevistas (ROSA E DI NISIO, 1999, p.18).

4. LITERATURA INFANTIL

A expressão Literatura Infantil representa o conjunto de publicações de caráter


didático ou recreativo voltado ao público infantil (PAIVA E OLIVEIRA, 2010).
Para Costa (2010) a Literatura Infantil que expressa a criticidade, reflexão e
conscientização acerca de uma temática, seja acerca sobre valores ou contexto cultural e
social.
Segundo Paiva e Oliveira (2010), a Literatura Infantil é um recurso literário cujo
intuito é expandir a compreensão de mundo através do lúdico, da fantasia. Ao citar
Frantz (2001) os autores enfatizam que a Literatura Infantil é:
[...] ludismo, é fantasia, é questionamento, e dessa forma consegue
ajudar a encontrar respostas para as inúmeras indagações do mundo
infantil, enriquecendo no leitor a capacidade de percepção das coisas
(FRANTZ, 2001, apud PAIVA e OLIVEIRA, 2010, p.24)

No estudo desenvolvido por Costa (2010) a autora enfatiza que ao incluir a


Literatura Infantil na dinâmica escolar, o mesmo deve contemplar os seguintes aspectos:
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abrangência; relação entre autor, leitor e mensagem; e quanto aos objetivos na formação
de leitores.
No quadro a seguir (QUADRO 1), pode-se verificar que cada aspecto possui
uma finalidade específica para atender a finalidade da Literatura Infantil:

QUADRO 1 – ASPECTOS E FUNÇÕES DA LITERATURA INFANTIL


Aspectos Funções da Literatura Infantil
Quanto à abrangência  Individual ou social;
 Privado ou público.
Quanto à relação entre o autor,  Informar;
mensagem e leitor.  Educar;
 Entreter;
 Persuadir;
 Expressar uma opinião ou ideia.
Quanto aos objetivos da formação  Experiências pessoais;
de leitores.  Aprendizagem e conhecimento como
fonte de prazer;
 Prazer da leitura sem compromisso;
 Construção do leitor crítico.
FONTE: Adaptado de Costa (2007) apud Costa (2010).

Dentre as diversas os diversos tipos de textos infantis, Martins (2010) elenca


algumas modalidades textuais que estão inseridas no contexto escolar e que podem ser
explorados em cotidiano, são elas: fábulas; teatro; conto de fadas; lendas e poesias. A
seguir, serão apresentados a definição de tais modalidades textuais:

 Fábulas
Narrativa (de natureza simbólica) de uma situação vivida por animais, que
alude a uma situação humana e tem por objetivo transmitir certa moralidade.
(MARTINS, 2010, p.87). 

 Contos de fadas
Pode-se dizer que os contos de fadas, na versão literária, atualizam ou
reinterpretam, em suas variantes questões universais, como os conflitos do poder e a
formação dos valores, misturando realidade e fantasia, no clima do "Era uma vez..."
(MARTINS, 2010, p.87). 

 Lendas
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A lenda, em especial as mitológicas, constitui o resumo do assombro e do


temor do homem diante do mundo e uma explicação necessária das coisas. (MARTINS,
2010, p.87).

 Teatro
A dramatização aparece como uma nova alternativa para o aprendizado.
Através da representação é possível passar várias informações (MARTINS, 2010, p.87).

 Poesia
O gênero poético tem uma configuração distinta dos demais gêneros literários.
Sua brevidade, aliada ao potencial simbólico apresentado, transforma a poesia em uma
atraente e lúdica forma de contato com o texto literário (MARTINS, 2010, p.88).

 Narrativa
Há diversas formas de se narrar um texto; portanto em todos os gêneros
apresentados anteriormente encontramos formas diferentes de narração, seja esta com
rimas, como poesias, seja em prosa, como os contos, lendas, etc. (MARTINS, 2010,
p.88).

4.1 CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS

A Contação de História é um recurso pedagógico que tem por finalidade


estimular a imaginação, instruir, desenvolver habilidades cognitivas, além de dinamizar
o processo de leitura e escrita que potencializa a linguagem infantil (SOUZA E
BERNARDINO, 2011).
Abramovich (1993) aponta que a Contação de história na Educação Infantil é
fundamental, pois segundo Abramovich (1993, p.24) “o livro da criança que ainda não
lê é a história contada”.
Para Kraecher (2010), é na Educação Infantil, as crianças convivem diariamente
com o mundo letrado e que, nos grupos iniciais e finais da Educação Infantil a Contação
de Histórias é um recurso eficaz à exploração da Literatura.
Segundo Abramovich (1993) a Contação de histórias deve despertar admiração e
atenção e, quando preciso, evitar trechos imensos e detalhistas.
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[...] é que equilibra o que é ouvido com o que é sentido. O narrador


tem que transmitir confiança, motivar a atenção e despertar
admiração. [...], é bom evitar as descrições imensas e cheias de
detalhes, deixando o campo mais aberto para o imaginário da criança
(ABRAMOVICH 1993, p.21).

A Contação de histórias não se restringe a leitura em voz alta, o educador deve


ter a sensibilidade de suprimir trechos considerados longos e palavras desconhecidas
pelas crianças. (KRAECHER, 2010).
Costa (2010) acrescenta que para Contação de histórias o planejamento é
fundamental, pois o narrador deve atentar-se à voz, o ritmo, o espaço, o tempo, o meio e
aos sujeitos participantes e ouvintes (COSTA, 2010).
A autora frisa que além da técnica a ser adotada pelo narrador, este deve seguir
as seguintes etapas: escolha da história, estudo da história infantil, formas de
apresentação da história e narração da história (COSTA, 2010).
O educador deve mostrar detalhes da capa, uma breve biografia do autor/autora
e, ressalta a importância de recursos que contribuam à Contação tais como fantoches,
imagens, lanternas dentre outros (KRAECHER, 2010).
Em acréscimo, Pires (2011) elenca sugestões de recursos didáticos que podem
auxiliar o educador durante a Contação de Histórias. A autora ratifica que a Contação de
Histórias deve ser planejada e por seguinte, ser uma atividade com intencionalidade.

 Simples Narrativa
É uma das mais fascinantes de todas as formas de contar histórias, antiga,
tradicional e uma autêntica expressão do contador de histórias. Processa-se apenas por
meio da voz do contador e de sua postura, não requerendo acessórios, pois, com as mãos
livres, sua força se concentra na expressão corporal (PIRES, 2011, p.23).

 O próprio livro
O professor poderá fazer uso do livro para mostrar imagens, chamar a atenção de
algum detalhe da história, ler uma frase, até mesmo levantar hipóteses sobre o que irá
acontecer [...] É importante, também, promover o diálogo, conversando com os alunos
no decorrer da história, promovendo a interação (PIRES, 2011, p.23).

 Com gravuras
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Alguns livros de formato pequeno, de ilustrações que antecipam


acontecimentos ou não se correspondem com o texto, histórias em revistas ao lado de
outras matérias e anúncios diversos inviabilizam a utilização do livro como recurso
ilustrativo (PIRES, 2011, p.24).

 Álbum seriado
As imagens da história devem ser pintadas ou desenhadas em folhas de papel;
quanto maior as ilustrações, melhor será a visibilidade da criança. O ideal para crianças
pequenas é o uso do papel do tamanho de uma folha de cartolina (PIRES, 2011, p.26).

 Álbum sanfonado
É parecido com o álbum seriado, mas, ao invés de virar as folhas para trás, as
partes são desdobradas. É feito com papel cartão e dobrado em forma de sanfona; suas
partes são ligadas com fita adesiva, ou fita de tecido (PIRES, 2011, p.27).

 Mural didático
Sua base poderá ser feita em cartolina, ou outro material semelhante. É
importante que esteja colocado em uma altura de fácil visualização para o público. A
história pode ser montada e as gravuras serem cobertas e, aos poucos, no decorrer da
história, o professor vai revelando-as, de acordo com a sequência da história (PIRES,
2011, p.28).

 Cinema
Antigo e simples, este é um recurso que desperta o interesse e a curiosidade de
todos, pois a história aparece em pequenos pedaços (PIRES, 2011, p.28).

 Apresentações em slides (Powerpoint)


Este é um recurso de grande interesse do aluno, pois existem vários textos
acompanhados de imagens. Deve ser planejado como todos os outros. As imagens
poderão ser projetadas como estímulo, antes, durante, ou no fim da leitura do texto
(PIRES, 2011, p.28).

 DVD
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Nos ambientes em que é possível a utilização, o DVD é mais um recurso que


pode ajudar o professor na Contação de histórias. Em sua utilização, é importante que o
professor previamente prepare os alunos e a sala, e programe atividades posteriores, de
modo que este recurso propicie aprendizagem significativa (PIRES, 2011, p.28).

 Dramatização
[...] adaptação das histórias infantis para representação de seu texto para o
teatro; assim, as crianças assumem o papel dos personagens e os representam (PIRES,
2011, p.29).
 Fantoche
Esse é um recurso que desperta muito interesse nas crianças. [...] os fantoches
também poderão ser produzidos pelos alunos para representação da história, e após o
planejamento e execução dos bonecos, confeccionados com massa, meia ou sucata (de
acordo com a escolha dos alunos), a apresentação se fará da melhor forma (PIRES,
2011, p.30).

 Dobradura
O professor deve contar uma história que apresente condições para
representação em dobraduras, tais como peixe, barco, sapo, cão, gato, chapéu, flores etc.
Assim, cada aluno poderá escolher uma história, falar o porquê de tê-la escolhido, fazer
a dobradura, que poderá ser colada em uma folha de papel sulfite, e completar o cenário
de sua história (PIRES, 2011, p.32).

4.2 CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS: UMA ATIVIDADE LÚDICA NA


EDUCAÇÃO INFANTIL

Contar histórias é uma atividade que estimula a imaginação. Ao propor a


Contação de Histórias na educação Infantil, o educador tem por finalidade conduzir às
crianças um exercício entre o real e o fictício.
Rodrigues (2005) comenta que o universo da Contação de Histórias: os fatos, as
cenas e os contextos conduzem à imaginação, mas, as expressões e sentimentos
vivenciadas pela criança ao ouvir a história são produtos de suas vivências pessoais.
A contação de histórias é atividade própria de incentivo à imaginação
e o trânsito entre o fictício e o real. Ao preparar uma história para ser
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contada, tomamos a experiência do narrador e de cada personagem


como nossa e ampliamos nossa experiência vivencial por meio da
narrativa do autor. Os fatos, as cenas e os contextos são do plano do
imaginário, mas os sentimentos e as emoções transcendem a ficção e
se materializam na vida real. (RODRIGUES, 2005, p. 4).

Explorar a ludicidade através de atividades como danças, jogos, brincadeiras e a


contação de histórias estimulam a criança à percepção de mundo e a construir seu
conhecimento. Souza e Bernardino (2011) ressalta que é através de atividades lúdicas
que as crianças são incentivadas no processo de ensino aprendizagem.
A ludicidade com jogos, danças, brincadeiras e contação de histórias no
processo de ensino e aprendizagem desenvolvem a responsabilidade e a
auto expressão, assim a criança sente-se estimulada e, sem perceber
desenvolve e constrói seu conhecimento sobre o mundo. Em meio ao
prazer, à maravilha e ao divertimento que as narrativas criam, vários
tipos de aprendizagem acontecem (SOUZA E BERNARDINO, 2011,
p.237).

Souza e Bernardino (2011) apontam que contar histórias além de promover um


momento lúdico, torna-se uma fonte de aprendizagem devido às temáticas que as
histórias abordam, ligadas aos valores universais, tais como: liberdade, justiça, amizade,
dentre outros.
[...] Outra fonte de aprendizagem pode ser apontada nos contos. Nos
enredos de suas histórias, aparecem situações ligadas a valores
universais como a liberdade, a verdade, a justiça, a amizade, a
solidariedade, etc. Levando a criança a refletir sobre o convívio em
sociedade (SOUZA E BERNARDINO, 2011, p.239).

As autoras enfatizam que existe uma relação de afeto por parte da criança ao
ouvir histórias. Essa relação e manifestada através da identificação com as temáticas
abordadas pelas histórias; que estão associadas às experiências de vida das crianças.
Acrescentam que a Contação de Histórias tem um caráter formador ou ético.
Na interação com as histórias a criança desperta emoções como se a
vivenciasse, estes sentimentos permitem que esta pela imaginação
exercite a capacidade de resolução de problemas que enfrenta no seu
dia a dia, além disso, esta interação estimula o desenho, a música, o
pensar, o teatro, o brincar, o manuseio de livros, o escrever e a
vontade de ouvir novamente (SOUZA E BERNARDINO, 2011,
p.240).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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O lúdico para as crianças não se restringe ao ato de brincar. É através de


atividades lúdicas que a criança manifesta toda sua bagagem social e afetiva. Dentre
uma gama de recursos didáticos em que o educador pode explorar a ludicidade, a
Contação de História desperta a imaginação da criança e sua criatividade.
Como visto no decorrer do trabalho, a Contação de Histórias requer pesquisa e
planejamento por parte do professor.  Contar histórias pode ser utilizado como um
momento de diversão para as crianças como também uma proposta de sequência
didática ou projeto. No entanto, ambos exigem intencionalidade.
A escolha do livro, o público alvo, a temática abordada no livro, à linguagem
utilizada no livro, são alguns critérios que o educador deve se ater ao desenvolver uma
proposta de Contação de histórias.
Diante o exposto, o artigo em questão teceu reflexões da importância da
ludicidade na Educação Infantil e como o educador pode dispor de recursos
pedagógicos que garanta os direitos de aprendizagem da criança. 
A função desempenhada pelo educador é de suma importância para que a
criança saiba apreciar e interagir nas atividades proposta. Por fim, compreende- se que o
lúdico como atividade humana estará presente no universo infantil, no entanto é a partir
da intencionalidade que ampliaremos o universo social, cultural e afetivo da criança e
por seguinte, conduzi-la a uma aprendizagem significativa.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
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Disponível em:
http://saber.unioeste.br/index.php/educereeteducare/article/viewFile/4643/4891 . Acesso
em: 15 out. 2019.

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