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FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE

PÓS GRADUAÇÃO EM TUTORIA E DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR

JEANE DOS SANTOS ALMEIDA RODRIGUES GOMES

O IMPACTO NEGATIVO DA CARÊNCIA DA DIDÁTICA NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR

Araruama
2022
Jeane dos Santos Almeida Rodrigues Gomes

O Impacto Negativo da Carência da Didática Nas Instituições de Ensino Superior

Artigo apresentado como requisito para aprovação


pelo Programa de Pós-Graduação em Tutoria e
Docência do Ensino Superior da Faculdade Venda
Nova do Imigrante – FAVENI.

Araruama

2022
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O IMPACTO NEGATIVO DA CARÊNCIA DA DIDÁTICA NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO


SUPERIOR

*Jeane dos Santos Almeida Rodrigues Gomes


*Jeane dos Santos Almeida Rodrigues Gomes

Resumo: A didática é a arte de ensinar. Sendo assim, é esperado que qualquer que se coloque no lugar de
docente numa instituição de ensino domine tal arte. Infelizmente, tal afirmação não condiz com a realidade em
milhares de instituições de ensino, principalmente no segmento do ensino superior, em cursos onde o
conhecimento tecnicista é supervalorizado em detrimento ao preparo desse docente, com o objetivo de que ele
transmita todo seu conhecimento e experiência para seus alunos.

Palavras-chave: Didática. Pedagogia. Docente.

1 INTRODUÇÃO

É uma queixa comum de discentes do ensino superior, principalmente de cursos da área a saúde
como: medicina, psicologia, fisioterapia e cursos de outras áreas como direito e engenharia, de aulas
onde o professor lê slides. As aulas expositivas, muitas vezes se resume em um monólogo entediante,
onde o professor finge que ensina e o aluno finge que aprende. Há uma grande problemática em
relação a este tema, principalmente pela falta de uma legislação específica. Faz-se necessário um
estudo sobre o tema e mudanças estruturais no ensino.

*Jeane dos Santos Almeida Rodrigues Gomes


*Gestora de Recursos Humanos, Pós Graduanda em Tutoria e Docência do Ensino
Superior.. Email: jsargomes@yahoo.com.br
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2 DESENVOLVIMENTO

Conforme a apostila de Didática e Metodologia do Ensino Superior do curso de Tutoria e Docência do


Ensino Superior, a didática é definida como um conjunto de atividades organizadas pelo docente,
visando a construção dos saberes pelo aluno. Sua importância é fundamental no processo de
aprendizagem e formação universitária. Os conceitos de didática e suas aplicações foram
remodeladas de acordo com o passar dos anos e seu estudo. Comenius (1571 – 1635) é considerado
o pai da didática, sua cooperação no assunto com a obra “Didática Magna” defende a ideia de que é
possível ensinar tudo a todos.
As relações entre docentes e discentes mudaram e evoluíram nos últimos tempos. A aula baseada em
“cuspe e giz”, já não prende a atenção dos alunos, e mostra-se ineficiente para a construção do
conhecimento. Atualmente, o docente deixou de ser aquela figura que detém todos os saberes e
transmitia aos seus discentes. Na realizade, o conhecimento é descoberto a cada etapa, em cada
pesquisa ou atividade, em trabalhos utilizando métodos em consonância com a tecnologia disponível.
De nada adianta hoje um professor proibir o uso do telefone celular ou smartphone, tablets e
notebooks, pois eles incorporam a vida atual e fazem parte dela. Porém, o professor não deve
também posicionar-se num extremo, onde está somente presente em sala de aula (seja ela presencial
ou virtual), sem atuar ativamente, deixando seus alunos sem assistência, sem orientação para o
aprendizado.
Nos cursos de licenciatura, a didática faz parte da estrutura curricular, pois ensinar é uma arte
complexa, onde não basta ter domínio do conteúdo a ser ensinado, mas também saber ensinar esse
conteúdo, estimulando o máximo aproveitamento pelos alunos. A problemática da questão, é a
ausência da didática em cursos com ênfase no conhecimento técnico, como por exemplo os cursos
na área de saúde: medicina, enfermagem, fisioterapia, psicologia, odontologia, biomedicina, nutrição,
farmácia, fonoaudiologia, medicina veterinária e outros. Normalmente são contratados profissionais
com formação na área do curso e o conhecimento técnico é supervalorizado em detrimento da
formação pedagógica e didática.
No Brasil, corroborando para essa realidade, há a falta de regulação para o exercício da docência no
ensino superior. A Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996, que trata das Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, apesar de ter sofrido algumas alterações em 2022, não assegura que nos cursos
supra citados o doente tenha que obrigatoriamente ter uma formação em didática ou pedagogia.
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Assim, o médico que aprendeu a ser médico na faculdade, é contratado como professor e pode ter
um conhecimento exacerbado na sua área técnica, mas fica a indagação: Será que esse profissional
está preparado para participar do processo de formação de outro médico? Será que ele saberá
organizar de forma assertiva toda sua experiência e conhecimento de forma a transmitir aos seus
alunos, levando-os a construção do seu próprio conhecimento e formação profissional? São inúmeros
os profissionais que vislumbram na docência, um complemento de renda ou um “algo a mais” além
da sua profissão de origem, não sendo a docência sua prioridade. Muitos alunos se queixam de
professores que ministram aulas monótonas, onde só lêem slides.
É impossível não estabelecer uma relação intrínseca entre a docência e a didática, uma vez que os
sujeitos cognoscentes (professores e alunos) devem interagir com o objeto cognoscível
(conhecimento), articulando os saberes, para que possam ser evocados na ocasião oportuna durante
a prática profissional. A heterogenia do corpo discente, conforme as normas de ingresso nos cursos
superiores de cada instituição, é outro fator de suma importância, pois cada vez mais o professor
recebe alunos com uma diferença aumentada na sua bagagem de conhecimento. Sem a didática,
muitos docentes apresentam uma real incapacidade de transmitir seu conhecimento e experiência e
os discentes não absorvem e constroem o conhecimento de saberes de extrema importância no dia a
dia de sua futura profissão. Não encontram maneiras de formular e trabalhar o conteúdo de modo a
torná-lo compreensível aos alunos, como demonstrações, analogias, exemplos e outros tantos
métodos de ensino. O professor deve desenvolver formas criativas e inovadoras para explicar temas
complexos ou “desinteressantes, porém necessários”.
Foi realizada uma pesquisa, disponibilizada no Google Forms, com alunos de algumas instituições de
ensino superior, que corrobora com a problemática anteriormente citada. Segue abaixo observações
e algumas perguntas e respostas obtidas:

1- Seus docentes ao iniciarem as aulas apresentaram o plano de ensino em cada disciplina?


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2- Como você avalia os procedimentos de ensino adotados pela maioria dos professores
e/ou orientadores acadêmicos, quanto à adequação aos objetivos do curso?

3- Durante seu curso foram utilizados instrumentos eficazes que promovessem a interação
entre alunos e professores (chats, whatsapp, telefone e etc) ?

4- Como você se sente quanto a disponibilidade dos professores/tutores/orientadores


acadêmicos para a orientação e esclarecimento de dúvidas?
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Na última pergunta, indagamos em resposta aberta se o aluno teria alguma sugestão para melhoria
na transmissão do conhecimento de seus docentes para os alunos. Destacaremos abaixo algumas
respostas de confirmam a necessidade da melhoria na didática do ensino superior:
“Adequar a metodologia aplicada com a realidade social e/ou cultural do aluno”
“Aulas mais dinâmicas, menos monótonas e sem slides com tantos textos que não contribuem de
forma eficaz para a compreensão do conteúdo.”
“Uma comunicação mais eficiente, atender demandas, ouvir os alunos. Provavelmente se tiver uma
demanda de vários alunos , é eficiente atendê-los, para a possibilidade de resolução.”
“Não gosto quando eles colocam os slides e ficam lendo, não tendo muita didática.”
“Atribuição de mais materiais para além aula: textos, vídeos didáticos, um filme recomendado para
correlacionar com o tema da aula... não ficar somente no uso de slides e exposições de aula.”
“Qualificação dos docentes para novos métodos de ensino. Tendo em vista que a nova geração,
infelizmente se tornou imediatista... É necessário adaptar o ensino para o novo público. Vídeos de
longa duração e aulas com 4 horas ou mais não são produtivas.”
“Mais recursos, inovação... é sempre o mesmo feijão com arroz de slide durante a aula com o
professor comentando os slides.”

Fica evidente na pesquisa realizada a insatisfação dos alunos, que percebem que seu ensino poderia
ser de melhor qualidade.
Também há um peso na relação do docente com a instituição de ensino, pois o capital humano é o
que há de mais precioso numa organização (seja ela pública ou privada). De nada adianta adquirir um
maquinário ultra moderno, softwares de última geração se não houver um indivíduo atribuindo os
comandos
A qualidade de vida no trabalho (QVT) é um conceito que tem sido de grande relevância nas
organizações, pois as organizações são movidas por pessoas, por seres humanos, que devem ser
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compreendidos de maneira holística. As pessoas são o diferencial competitivo que mantém e


promovem o sucesso organizacional (CHIAVENATO, 2010).

QVT (Qualidade de Vida no Trabalho) é uma compreensão abrangente e


comprometida sobre as condições de vida no trabalho, incluindo aspectos de
segurança física, mental e social e capacitação para realizar tarefas com segurança e
bom uso da energia pessoal.(LIMONGI, 1995, P. 26)

.
Sendo assim, entende-se que a gestão de pessoas deve ser tratada com a importância devido dentro
das instituições de ensino. Por muitas vezes, o professor tem uma expertise prática muito boa e só
precisa ser desenvolvido como docente. Podem ser oferecidos cursos e treinamentos para a
compreensão e capacitação da didática e outras técnicas pedagógicas.

2 CONCLUSÃO

Mediante todo o anteriormente exposto, faz-se necessário que sejam tomadas medidas para a
incorporação da didática como pré requisito para todo docente. As instituições de ensino deveriam
investir no capital humano e oferecer cursos e capacitações para os profissionais, corroborando para
a entrega de um ensino de melhor qualidade. As autoridades deveriam regulamentar a atividade
docente no Brasil, como por exemplo a exigência de cursos de especialização em práticas
pedagógicas e didáticas para o profissional que almeja exercer a docência. Fica evidenciado que para
um exercício no mínimo adequado da docência, não é necessário apenas ser conhecedor das técnicas
inerentes da profissão de origem. O profissional docente deve aprender a compartilhar seu saber e
junto com o discente contribuir para a formação de profissionais de excelência, que servirão a sua
comunidade, contibuindo para uma sociedade mais justa e um mundo melhor
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3 REFERÊNCIAS

Associação Brasileira de Normas Técnicas. Disponível em: https://www.normaseregras.com/normas-


abnt/ . Acesso em 01 de junho de 2021.

CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 3ª
Edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

LIMONGI-FRANÇA, A.C.; ASSIS, M.P. de Projetos de Qualidade de Vida no Trabalho: Caminos


Percorridos e Desafios. ERA-Revista de Administração de Empresas, v. 35, n. 2, mar-abr,1995.

Martin Seligman e a Psicologia Positiva: O Guia Completo. Disponível em


https://www.sbcoaching.com.br/martin-seligman-psicologia-positiva/ . Acesso em: 14 de junho de
2021.

Scorsolini-Comin, F. (2012). Por uma nova compreensão do conceito de bem-estar: Martin Seligman e
a Psicologia Positiva. Paidéia (Ribeirão Preto), 22 (53), 433-435. doi:http://dx.doi.org/10.1590/1982-
43272253201315. Acesso em: 05 de junho de 2021.

Seligman, Martin E. P. Florescer[recurso eletrônico]: uma nova compreensão sobre a natureza da


felicidade e do bem-estar / Martin E. P. Seligman; tradução Cristina Paixão Lopes- Rio de Janeiro:
Objetiva , 2012. Recurso digital. Acesso em: 10 de junho de 2021.

Zanon, C., Dellazzana-Zanon, L.L., Wechsler, S.M., Fabretti, R. R., & Rocha, K. N. (2020). COVID-19:
implicações e aplicações da Psicologia Positiva em tempos de pandemia. Estudos de Psicologia
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(Campinas), 37, 2 20072. https://doi.org/10.1590/1982-0275202037e200072. Acesso em: 15 de


junho de 2021.

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